O estrangeiro

O estrangeiro Albert Camus




Resenhas - O Estrangeiro


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Fabio 24/10/2023

"Estrangeiro a si mesmo"
A obra-prima 'O Estrangeiro' de Albert Camus, publicada em 1942, convida o leitor mergulhar mesmo que sutilmente nos temas filosóficos existenciais, através do olhar Meursault, um indiferente colono francês na Argélia dos anos 40.

Albert Camus, nos apresenta a história do apático Meursault, um homem que, alheio as coisas a sua volta, e possui uma enorme dificuldade na capacidade simbólica de representar emoções, e interesse as emoções alheias. E narra logo na primeira frase de forma fria e indiferente o falecimento de sua mãe.

Meursault, com suas reações de "indiferença", choca o leitor desde as primeiras páginas e após passar por uma série de situações, logo após o funeral de sua genitora, acaba condenado por um crime hediondo, com motivações irrisórias, por que é incapaz de demostrar e descrever seus sentimentos, e muito menos entender, as motivações pelas quais o levaram até o fatídico dia de sua prisão e que somente no final, ele dá conta dos acontecimentos e que, tudo lhe foge da percepção e constata que, o mundo não tem sentido nem razão, e que a vida é absurda e fantasiosa.

Camus, nos entrega um texto duro, chocante e extremamente melancólico, repleto de simbolismos, que, nos faz mergulhar no absurdo existencial, e mostra um mundo onde não existem consistências, certezas e garantias, e que toda a existência humana está relacionada ao sentimento, e a forma que se conviver com eles, bem tipo da filosofia absurdista camusiana.

Na vida de Meursault, podemos observar que a rotina e a extrema monotonia transforma a capacidade do personagem de mensurar seus atos, passando a não dar mais importância as coisas mais fundamentais tais, como o trabalho, os relacionamentos, os amigos, e mesmo as situações mais extremas, são entendidas como cotidianas e banais, transformando a vida em algo sem sentido, e que nada pode mudar isso.

O Estrangeiro, também nos intima a refletir sobre as relações humanas, e a intrínseca capacidade de convivermos e relacionarmos com o próximo, e como devemos lidar com os nossos sentimentos, e a visão que temos sobre os sentimentos alheios, mesmo os mais tênues e os inverossímeis, e também sobre os problemas relacionados a aleximitia e ao confinamento social.


"Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem." É considerado um dos inicios mais impactantes da história da literatura mundial, e que acaba por ser o cartão de visitas de “O estrangeiro”, e nos dá uma breve introdução do que encontraremos no decorrer das páginas, dessa magnifica obra-prima, que foi amplamente elogiada por escritores e filósofos tais quais, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Maurice Merleau- Ponty.

O Estrangeiro, obra indispensável para todo a amante da literatura, e que deseja conhecer a forma de pensar do escritor e filósofo Albert Camus, na sua forma mais sutil e lúcida

Recomendo absolutamente a todos!
@Francielly 24/10/2023minha estante
Fabio,
Como sempre, mais uma resenha escrita incrivelmente bem!
Parabéns, amigo! ???


Fabio 24/10/2023minha estante
Rô, muito obrigado, pelas palavras carinhosas!?
Eu fico feliz que tenha gostado da resenha, e agradeço pela paciência de sempre, em ler e dar sua opinião!
Sabe que é importante não é?
Muito obrigado pelo carinho, querida!?


Fabio 24/10/2023minha estante
Ahh, Fran, querida, muitíssimo obrigado!?
Vindo de uma escritora como você, é um elogio e tanto!?


Camila Felicio 24/10/2023minha estante
Excelente resenhaa do excelente Camus!! Se não leu ainda te recomendo "A Peste"


Fabio 24/10/2023minha estante
Muito obrigado, Camila, querida!?
Realmente o Camus é espetacular, e pode deixar que eu já coloquei "A Peste"na lista! ?


Fabio 24/10/2023minha estante
Faço das suas as minhas palavras, Rô!!!?


RayLima 24/10/2023minha estante
Ótima análise e adorei o título ??????


Fabio 24/10/2023minha estante
Obrigado, Ray!?
Lisonjeado ?


RenatoVM 25/10/2023minha estante
Terei que parar de ler suas resenhas, ou então minha lista de livros a ler aumentará drasticamente. Impossível não querer ler as obras após suas resenhas. Parabéns.


Fabio 25/10/2023minha estante
Renato, muito obrigado pelas palavras!?
Lisonjeado!!!!!
Fico feliz que tenha gostado da resenha que ela tenha ajudado a aumentar sua lista de leitura!?


-Rachel 25/10/2023minha estante
Resenha perfeita, Fabio!!! ?
Sério, sua escrita é sensacional, não duvido nada que um dia acabarei sendo influenciada por suas resenhas e lerei um desses livros.


Fabio 25/10/2023minha estante
Ahhh Rachel, muito obrigado pelo carinho e pela presença!?
O maior presente para um resenhista, e quando alguém diz que vai ler algo sobre o que foi resenhado!
Muito obrigado e vindo de uma escritora como você, é um elogio gigantesco!?


Pedro 25/10/2023minha estante
Conselho de amigo: fique longe de pessoas apáticas e niilistas. Essas pessoas são abismos.

Excelente resenha, Fábio... como sempre. ?


Fabio 25/10/2023minha estante
Obrigado, Pedro, meu amigo!?
Concordo contigo quanto ao niinistas e nietzschianistas ..... abismos!


Ma_ah 25/10/2023minha estante
Dica anotada!! Uma ótima resenha. Parabéns!!!


Fabio 25/10/2023minha estante
Obrigado, Mah!?
Feliz que tenha gostado da resenha!!!


Aline MSS 25/10/2023minha estante
Estou com o Renato, vou ter parar de ler suas resenhas, pq mha lista não está suportando mais. ???
Ficou excelente como sempre! Manda mto!


Fabio 26/10/2023minha estante
Muito obrigado, Aline!?
Fico feliz que, que estou ajudando aumentar alista de vocês!!!


Regis 26/10/2023minha estante
Adorei sua resenha, Fábio. ???
Esse livro está na minha lista tem um tempo, vou apressar a leitura. ??


Fabio 26/10/2023minha estante
Obrigado, Regis!?
Fico feliz que tenha gostado da resenha, mas fico ainda mais, em saber que incentivei a adiantar a leitura!
Vou acompanhar todas as suas impressões e depois, venha aqui me contar o que achou!


CPF1964 26/10/2023minha estante
Excelente Resenha, Fabio.. As usual.


Fabio 26/10/2023minha estante
Muito obrigado, Cassius!?




Arsenio Meira 26/11/2013

Mersault no século XXI

Curto e acachapante, O estrangeiro é o primeiro romance de Camus. (Penso em Augusto dos Anjos, que ainda imberbe escreveu os famosos Versos Íntimos aos 17 anos!)

Conta a história de Mersault, homem de vida aparentemente previsível, funcionário mediano, de pouca conversa, sorumbático (como diria Machado), cultivador de relações esporádicas, que mora em Argel. Camus destila uma narrativa seca em primeira pessoa, e nos revela, desde o primeiro instante, o alheamento do personagem, fixado no desapego à vida, aos valores da sociedade e ao seu próprio cotidiano e destino.

Relendo-o pela terceira vez, posso assentar que a sensação de impacto permanece inalterada. Impressionante a destreza literária de Camus; a maneira como constrói o protagonista. Sua alienação e estranheza poderia desnudar um universo artificial e inverossímil, mas o Argelino o faz parecer perfeitamente natural. A espontaneidade do discurso de Mersault lhe dá vida e consistência. Mersault não sofre ou se encanta.

Começa seu relato soltando , de bate pronto, um pontapé na olhar do leitor: (Mamãe morreu hoje. Ou talvez ontem, não sei). Segue sua vida sem sobressaltos: relaciona-se com Marie com certa indiferença (se ela quiser, ele casa; senão quiser, um dar de ombros é o máximo que se traia dele); aceita as propostas do patrão sem nenhum muxoxo (vai para Paris, se ele assim o designar; se não fica tateando o invisível em seus recantos, e estamos conversados); participa da vida dos vizinhos sem maior emoção (ajuda o macho Raymond, o velho Salamano como quem conserta automóveis).

Um dia, envolvido involuntariamente nas brigas de Raymond, Mersault acaba por cometer uma atrocidade, em plena praia, com sol a pino, no desnorteio do calor, da luz do sol e de sua própria insensibilidade moral. Desse fato, desencadeia-se seu julgamento, no qual ele enfrenta uma penca de juízes, procuradores, testemunhas; parece que o mundo inteiro quer sua jugular. E no julgamento a pena máxima é a pena de morte.

A história de Mersault, durante o julgamento e a prisão, é a de uma ligeira autodescoberta, de uma gradual autoconsciência, que não chega a anular, no entanto, a sua condição de estrangeiro aos outros e aos valores sociais em geral. Porém ele acaba menos insensível à vida, afinal o homem não é um monstro; um pequeno idílio saudoso desponta dos seus olhos, como o amor por Marie, o súbito carinho por Céleste, dono do bar e velho conhecido. Mas o comportamento e os pensamentos ainda persistem, são de alguém estranho às coisas da vida. Como todos estão carecas de saber, "O Estrangeiro" é um típico romance existencialista, como A Náusea, de Sartre, onde o vazio do personagem (e a imotivação de suas ações) é o tema principal.

Além de ser uma enxuta reflexão sobre o alheamento, O Estrangeiro trata ainda, filosoficamente, do confinamento e da pena de morte. Camus nos fala da relatividade de ser um acusado: a memória ou uma fresta de luz ou de céu podem dar mais liberdade do que a aparente liberdade da vida social. Eu, cá do meu lado, não estou muito seguro disso...

Quanto à pena de morte, em poucas e certeiras linhas, ele destrincha a inexorabilidade do destino do condenado, em contraste com a imprevisibilidade de uma hipotética condenação no momento do julgamento. Duas lógicas distintas, uma a da inevitabilidade, outra a da contingência.

Não deixa de ser uma obra que exala tristeza. E seu enredo tem seus pontos alegóricos e proféticos: as pessoas do século XXI, embora conectadas e deslumbradas com isso, continuam adeptas da nefasta "ideologia" do "Vem a nós e ao vosso reino, nada"; estão cada vez mais individualistas, narcísicas, e solitárias.

Agora esporadicamente se renuem em passeatas, protesto mil (alguns vão única e exclusivamente para postar fotos suas no face, twitter e o diabo a quatro, querendo provar sei lá o que e para quem). A despeito desse mundo interligado, voltam sozinhas pra casa. Estrangeiras em seus próprios trilhos. Alguns percebem e pulam fora; outros permanecem alheios até o fim.
Renata CCS 26/11/2013minha estante
Que resenha perfeita, Arsenio! Você escreve de uma forma que é um convite à leitura!


Arsenio Meira 26/11/2013minha estante
Renata, obrigado! Te mandei uma mensagem.
Ps - onde se lê: "(se ela quiser, ele casa; senão quiser, um dar de ombros é o máximo que se traia dele);" leia-se: "(se ela quiser, ele casa; senão quiser, um dar de ombros é o máximo que se extrai dele);


Alisson 18/03/2014minha estante
Resenha magnífica!


Arsenio Meira 18/03/2014minha estante
Valeu, Alisson. Camus - em pouco mais de cem páginas - escreveu uma obra tão fundamental, que daqui a dois mil anos, se Terra ainda houver e ser humano idem, o romance continuará clássico, continuará sendo lido, debatido e admirado. Abraços!


Ulisses 15/02/2015minha estante
otima resenha arsenio!


kitsune1977 11/01/2016minha estante
gostei bastante da sua resenha mas, talvez por ser meio limitada ao entendimento da profundidade das obras clássicas, eu achei q o livro deveria se chamar "o psicopata". talvez fosse chamado assim se fosse escrito hj em dia, acredito q na época esse termo ainda não existia...mas foi exatamente o q me passou. mersault, pra mim, é pura e simplesmente um psicopata, lembrando q nem todo psicopata sai matando a torto e direito, normalmente eles são assim, alheios à realidade...desprovidos de sentimentos, tanto faz como tanto fez...


Nik 12/04/2017minha estante
adoreeeeeeeeeeeei


midauer 27/12/2019minha estante
Arsenio, eu já quero ler o livro... mas despois da sua resenha eu quero ler um livro seu!
Excelente escrita! Lindo de ler!


Fábio M. Pacheco 13/10/2020minha estante
Um livro marcante e humanizados.


Fábio M. Pacheco 13/10/2020minha estante
Um livro marcante e humanizador.


Belinha 06/12/2020minha estante
Hoje acordei com vontade de reler o estrangeiro, ótima resenha colega.


Marcia 23/01/2021minha estante
Uma visão existencialista da sociedade do século XX e ainda muito real no século XXI


leo 13/05/2021minha estante
????????


Mateus438 30/03/2023minha estante
Que maravilha de Livro, realmente precisa de mais tonalidade em nossa vida cotidiana.


Daianebcs 11/06/2023minha estante
Ainda bem que não li sua resenha antes do livro. Iria estragar todo impacto e surpresa l.




Marcos 17/07/2009

O livro "cult"
Podem me chamar de ogro, insensível, mas achei este livro uma porcaria. Um cara que mata o outro a troco de nada, não liga para ninguém, uma história banal, que nada me acrescentou nem em termos de diversão, nem de conteúdo. Li até o fim pelo simples fato de esperar que a impressão que tinha formado desde as primeiras páginas pudesse mudar.







Dramas, todos têm na vida. Não entendo como alguém pode idolatrar um livro cujo conteúdo nada tem de mais importante do que qualquer história de vida que vemos por aí. Considero que seria muito mais produtivo pegar uma pessoa ao acaso e perguntar sobre sua vida do que ler algo tão banal como esta estória. Nem mesmo o estilo de escrita do autor me impressionou, não vi nada de mais. Aliás, vi sim, mas de menos: me pareceu retratada a famosa xenofobia francesa, especialmente em relação ao povo árabe.







Que me desculpem os fãs ardorosos do livro, tive que baixar a média dele. Uma estrela foi muito.







almeidarenato91 12/05/2011minha estante
Eu ri.


caioamce 18/06/2011minha estante
Entenda que Camus quis transmitir a essência de um tempo marcado pela indiferença e o protagonista é o estereótipo exagerado dessa idéia. Ele teve muito sucesso em retratar esse panorama. O Estrangeiro é uma obra prima e um dos maiores expoentes dessa filosofia. Você não passou do sentido literal do texto nem contextualizou o livro com sua época por isso não conseguiu entender o real sentido do livro.


Marcos 18/06/2011minha estante
Oi, Caio. Bem, você foi o primeiro que fez uma crítica construtiva, resolveu tentar defender o ponto de vista do autor, em vez de simplesmente torcer o nariz, dizer que o livro é "bom" e que eu apenas "não teria entendido", ponto para você nesse sentido. Eis minha réplica.

Sim, contextualizo o livro com sua época e entendi a sua essência. E continuo achando banal. Eu digo que Camus tem toda essa pompa de "grande escritor" justamente por causa da época, é superestimado porque é francês, sofreu os horrores da guerra e porque o existencialismo estava em voga, não porque sua obra é realmente grandiosa.

Para um autor ser considerado realmente grandioso, ele precisa ir muito além do que simplesmente retratar o espírito presente na sociedade da época. Isso não é lá muito difícil de fazer, uma vez que você também é parte daquela sociedade. O autor precisa acrescentar algo ao leitor com seu texto. Camus não me acrescentou absolutamente nada. E posso mostrar bem o que é um livro que trata de assunto semelhante, escrito numa época bem próxima e que é realmente brilhante: A Montanha Mágica, de Thomas Mann. O autor reconstroi a sociedade da época dentro de um sanatório. Então não só ilustra bem o que foi a época, como seus personagens são realmente vivos. Não são 200, 300 páginas de indiferença. São quase mil de diálogos riquíssimos, teorias sobre diversos assuntos, análises e uma crítica muito boa sobre o panorama. Camus é o aluno que responde a uma pergunta na sala de aula e Mann foi o professor que deu a aula completa.

Então como estou acostumado com autores como Mann, Dostoiévski, Hesse, Huxley, aqueles que realmente dissecam as questões e não são "autores de um tema só", eu acho que Camus é medíocre. Li o livro com expectativas altíssimas e não vi nenhum diferencial. A crítica acima é ao melhor estilo de Nietzsche, é ácida, feita para chocar, para sacudir as pessoas dessa idolatria e fazê-las parar pra pensar: "será que esse livro é isso tudo mesmo ?". E assim como Nietzsche não foi compreendido por muitos e na sua época foi um debochado maluco, que parecia não entender aquilo que criticava, muita gente acha que eu não entendo. Para você, que se deu ao trabalho de comentar, eu explico.

Abraços !


caioamce 24/06/2011minha estante
Surpresa. Não imaginava que ia receber uma resposta quando fiz o primeiro comentário. Mas foi uma surpresa boa já que agora você bem mais completo e usou bons argumentos. Eu entendi agora seu ponto de vista e até concordo. Uma vez uma amiga disse coisa parecida.

Não li Mann, li apenas um livro de Dostoiévski e realmente entendo que pode haver uma disparidade em relação ao valor literário entre os dois, mas isso não diminui a obra de Camus.

Talvez você tenha lido com uma expectativa muito grande e com um grau de exigência alto e por isso se decepcionou tanto, enquanto eu tive a sorte de ler desprovido de qualquer preconceito.

Além disso um livro ganha um valor extra dependendo de quem o lê, até pela temática, que pode agradar mais ou menos, mas principalmente pela interpretação única que cada leitor dá ao livro de acordo com sua experiência de vida.

Infelizmente me identifiquei um pouco com Mersault e desde o começo o livro se revelou como parte do meu mundo. Então é claro que pra mim ele tem mais valor que pra você, independentemente do valor literário. Ainda sobre a classificação do livro, o calor da decepção pode ter atrapalhado um pouco teu julgamento, afinal, uma estrelinha solitária é um castigo muito grande, não?

Abraço.


Nathallia 30/04/2012minha estante
Olá Marcos, sou um leitora iniciante e gosto de opiniões de quem gostou e de quem não gostou. Quando todo mundo gosta de alguma coisa e ninguém grita: isso é uma merda! eu começo a acreditar na teoria da conspiração e que alguém tá querendo fazer lavagem cerebral. Não conheço Thomas Mann, e pelo jeito você deve gostar da obra dele. Qual você me indicaria para ler, que fosse bom pra começar.

Abraço Nathallia


Marcos 30/04/2012minha estante
Oi, Nathallia. Pois é, viva à diversidade de opiniões, fico satisfeito quando as pessoas entendem isso. Quanto a Thomas Mann, eu li A Montanha Mágica e comecei a ler Doutor Fausto, ainda não terminei. Você pode dar uma lida na resenha que escrevi sobre aquele livro.

Não sei se você é realmente iniciante ou está sendo modesta. Mas se ainda está se aprofundando na literatura, na minha opinião nessa fase autores como Orwell e Huxley te servirão melhor. A escrita é mais agradável sem perder em conteúdo. Livros como 1984 e Admirável Mundo Novo vão te agregar muito sem parecerem chatos. O mais importante em qualquer hábito ou aprendizado é manter a motivação em alta no início, pois é a fase em que muitos desistem. Deixe Mann pro futuro, quando você estiver com necessidade de mais complexidade. Você vai saber quando esse momento chegar.

Ainda assim, se quiser ler Mann, acho que A Montanha Mágica é o livro mais "popular" dele. Um amigo leu "Carlota em Weimar" e não gostou nada.

Abraços.


Mey 29/06/2012minha estante
Oi Marcos. Confesso que quando li sua resenha achei ácida demais. Mas lendo a réplica que vc fez ao Caio compreendo o seu ponto de vista.
Pessoalmente, achei o livro apenas interessante, terminei a leitura com aquela sensação de que falta algo à mais.


Marcos 29/06/2012minha estante
Pois é, Mey, mas a ideia de uma resenha ácida, polêmica, é justamente tirar as pessoas da zona do conforto, fugir do clichê, abordar de uma forma diferente e chamar para participação (nem que seja pela indignação). Senão, fica aquela coisa de lordes tomando chá inglês. Acho que de certa forma fui bem sucedido nisso. Se tivesse feito uma resenha escrevendo diretamente o que escrevi para o Caio, talvez a mensagem passasse despercebida. Abraços.


Baixando 13/04/2013minha estante
Baixar o Filme - O Estrangeiro - Baseado na obra homônima de Albert Camus - http://mcaf.ee/pumqx


RICARDO 26/06/2013minha estante
Fantástico Marcos, também achei medíocre, não vi nada de mais e fiquei com vontade de ler a montanha mágica, O Estrangeiro passa longe de ser um clássico, não entendi a fixação de Sartre nesse livro, não conheço muito de Sartre, li dele apenas Sursis e fiquei me perguntando porque teria ele gostado do Estrangeiro. Parabéns, não consegui postar aqui minha resenha mas comecei esses dias um blog meio particular pra colocar resenhas http://atormentandoautores.blogspot.pt/ é mais ou menos o que vc disse e critico também a introdução e as comparações ao Hemingway ao Kafka etc. Abraço


Chay3 21/03/2014minha estante
Eu também não simpatizei pelo personagem, o cúmulo do que é ser vazio, achei ele um porre, o estilo de escrita do Camus não me ganhou também.
Mas gostei do livro por razões especiais.


luke - among the living. 11/06/2018minha estante
Resenha honesta ~as fuck~. Gostei.




Victor Dantas 14/01/2021

É preciso mesmo um sentido? #35
“O Estrangeiro” (1942), foi o meu primeiro contato com a obra de A. Camus, romance esse que foi sua estreia.

O livro narra a vida de Mersault, um jovem que vive em Argel – Argélia, e leva um a vida comum como todos... ou talvez, não tão comum assim, diria que leva uma vida estrangeira.
Estrangeira, pois, em uma sociedade baseada em sonhos, metas, ambições, desejos, sentido, o Mersault é exceção... é o estrangeiro.

Em uma sociedade que se ampara em religião, posição política, ideologia, arte, consumo, fé, ciência, e tantos outros campos, que servem de muleta, justificativa para dar um sentido à vida, Mersault é a personificação da recusa e aversão a tudo isso.

Afinal, a vida precisa mesmo de um sentido?
A que ponto o “sentido” não é uma desculpa?
O sentir já não é o viver?

E essa recusa e aversão, que o faz ser considerado um estrangeiro, por não seguir o script da sociedade, qual faz parte, por não atender as normas que lhe são impostas, o correto, o ético, o moral.

Ele é o que é. Se tem vontade de comer, come, se tem vontade de dormir, dorme, se tem vontade de ir à praia, vai, se não quer chorar pela morte de seu parente, não chora, se não quer ficar de luto, não fica, e assim o Mersault aprecia sua existência.
Entre negativas e afirmativas, vontades e não vontades, mas sempre com a aceitação dos fatos.
São os fatos que movimentam o Mersault.
Nada mais.

E é justamente por viver os fatos, que o Mersault expressa uma indiferença a tudo que desvie disso. Para ele não é preciso sentido, o fato é a máxima. A vida é um fato, assim como a morte, outra máxima.

Com uma narrativa objetiva, sem excessos e nem faltas, “O Estrangeiro” é original em tudo que se propõe a passar ao leitor, desde reflexões subjetivas até análises mais críticas.
A filosofia aqui inserida, e que viria a se desdobrar em outras do autor é o “Absurdismo”.

“O Estrangeiro” nos mostra que viver como o Mersault, é um ato de coragem, revolta. Paradoxo entre liberdade e prisão.
Ser livre de tudo, mas ser prisioneiro de si mesmo.

De longe, Mersault é um dos personagens mais memoráveis e ícones da literatura universal, o que sem dúvidas, coloca o “O Estrangeiro” em posição de uma obra atemporal.

Prepare-se. Você está diante de uma obra que vai te colocar em conflito com seus posicionamentos, crenças e valores.
Um personagem que vai te causar inquietação.

E ao final da leitura, a questão vai vir:
Alguma vez já vivi como um estrangeiro?

Uma obra que não se esgota na primeira leitura.

Débora 14/01/2021minha estante
Que resenha incrível, Victor! Preciso ler essa obra!


Edison.Eduarddo 14/01/2021minha estante
Agora tem q ler "O caso Meursault" de Kamel Daoud....


Victor Dantas 14/01/2021minha estante
Obrigado Débora! :)
Acredito que você vai gostar muito.


Victor Dantas 14/01/2021minha estante
Sim, Edison, me falaram sobre esse livro. Vou ler em breve :)


Edison.Eduarddo 14/01/2021minha estante
Blza, Victor.... Depois conta pra gente já q vc lê tudo bem rapidinho.... Eu querendo muito fazer essas duas leiturinhas.... ehehhee...


Alexandra.Sophia 14/01/2021minha estante
Sensacional ????


Victor Dantas 14/01/2021minha estante
Obrigado Alexandra ??


Roneide.Braga 16/01/2021minha estante
Livro sensacional!
Resenha incrível, me fez lembrar de vários momentos ?




Gilberto Alves 02/02/2021

Meh...
Pensei bastante antes de fazer esta resenha, li outras resenhas, tentei digerir melhor o conteúdo antes de expor minha opinião aqui.

O que posso dizer é que: ou eu não entendi, ou então o livro é apenas razoável.
Há dezenas de questões que o livro expõe que são interessantes para debater, discutir etc., porém, não achei (como ouvia falar) um livro incrível; profundo; sufocante; etc e tal ou que aborde grandes questões filosóficas e bla bla bla....

No livro acompanhamos um relato em primeira pessoa de Angelino Meursault. Não sei muito bem como descreve-lo corretamente sem distorcer o que o livro realmente passa, mas poderia dizer que é uma pessoa que não liga muito, talvez meio insensato, sem sentimentos, mas não de um jeito ruim. O cara simplesmente é meio diferente mesmo.

A primeira frase do livro já é um grande spoiler: "Hoje minha mãe morreu, ou talvez foi ontem, não tenho certeza." Convenhamos que o cara não saber se a mãe morreu ontem ou hoje é realmente algo a se questionar rsrs.
A trama toda se desenrola em torno dele. A narrativa (em minha opinião) chega quase a ser entediante. A escrita é toda em frases curtas e sem emoção. Eu quase dei o título desta resenha como "Memórias de um Robô", pois sinceramente, olhar uma parede vazia ou acompanhar a vida desse cara, é a mesma sensação.

Aí o livro acaba e você fica tipo: Ok, mas e aí? O que você quis me dizer?
Eu senti como se o autor simplesmente escreveu a esmo sobre um cara chato pra caramba, sem emoções, que vive uma vida meio despreocupada, aí fez uma escolha errada e deu no que deu.
Senti que na hora de realmente mergulhar em um debate filosófico sobre existencialismo (que aparentemente é o que o livro propõe), o livro simplesmente acaba. Ou então poderia realmente abordar durante o livro e explorar o fato do sujeito ser considerado um estranho (vide título original: The Stranger) pois é mdio "diferente" à certos padrões esperados, como por exemplo chorar no enterro de sua mãe...

Enfim, terminei a leitura com a sensação de ter lido um trabalho inacabado, escrito às pressas ou sem um objetivo claro. Talvez seja somente eu mesmo que também seja meio Estrangeiro e não entendi nada, pois me faltam sentimentos para ser afetado pela apatia do protagonista rsrs.
Lelouch_ph 02/02/2021minha estante
Sua resenha me fez se interessar no livro. Vlw.


LarissaaRodrigues 02/02/2021minha estante
Eu amei sua resenha mds ri demais, vc nunca pensou em ter um canal no youtube? Você consegue transmitir muito bem suas opiniões, e eu me senti igual quando n gosto de um livro kkkkkkkkk


Gilberto Alves 02/02/2021minha estante
Lelouch, leia sim, espero que goste. Vou acompanhar para ver o que vc acho caso leia.


Gilberto Alves 02/02/2021minha estante
Larissa, canal no YouTube? Kkkk isso sim foi engraçado hahaha.. a galera ia me esculhambar pelas minhas resenhas sinceras haha


Lelouch_ph 02/02/2021minha estante
Vou ler. E se o Skoob add a função de marcar pessoas, te marco kkkkk.


Gilberto Alves 02/02/2021minha estante
Kkkk show!!!


LarissaaRodrigues 02/02/2021minha estante
Kkkkkkkkk que nada, canais assim que faz sucesso como Geak freak e Paulo Ratz. Pense nisso, seria uma boa




Luiz Miranda 13/06/2018

"I'm alive. I'm dead. I'm the stranger"
Há teorias e interpretações a respeito desta mais famosa obra de Camus. Vou me poupar de pseudices e focar em critérios paupáveis: a primeira coisa que me chamou atenção foi a escrita magnética, você gruda os olhos e sempre quer avançar. O modo como o protagonista enxerga o mundo é tão inusitado que merece a expressão "nunca li nada igual".

Meursalt é um enigma: parece ser indiferente, frio, no entanto é um observador preciso e objetivo. É inteligente, de poucas palavras e não segue cartilhas de comportamento social, apesar de educado. Não é óbvio, um inconsequente apenas, é sim um grande personagem que justifica o culto ao livro.

No início fiquei aborrecido de estar lendo uma edição traduzida em português de Portugal, mas acho que isso até abrilhantou o texto. Uma bela tradução que acentuou o rigor da prosa.

E por falar em prosa, a de Camus parece simples, apenas parece, porque pra se atingir esse resultado ultra polido, seco, direto, quase telegráfico, imagino muita transpiração e talento. Com certeza um dos melhores que li este ano.
Aline 13/06/2018minha estante
"killing an arab"


Luiz Miranda 13/06/2018minha estante
Cure rs


Aline 14/06/2018minha estante
Heuehuheuhe. Que mané MC Kevinho, rapá? Bota aí um The Cure.
Pena que eu era muito nova quando li esse livro. Não tive maturidade para ler "direito". Finalizei a leitura que nem o Mersault: Não fedeu, nem cheirou.
Mas a música é indefectível. Altas festinha, né?
"TSSS ... Parara-ram... TSSS para-rim....ram, Parara-raaammmm... ....TSSSSSSS".
Standing at the beach with a gun in my hand
Staring at the sea, staring at the sand....


Luiz Miranda 14/06/2018minha estante
Essa era a faixa de abertura do famoso "disco do velho na capa". Embalou muitas festinhas...


Aline 14/06/2018minha estante
Poxa, esse é um dos meus discos favoritos. Eu gosto de muita coisa, dos mais variados estilos, mas ESSE CD está no meu coração. A propósito, chato isso da molecada não saber mais as capas dos discos, né? Aliás: discos? faixa de abertura? Que papo mais vintage (heuheuheuheuh).


Luiz Miranda 14/06/2018minha estante
Os tempos mudaram. Adoro viver nos dias de hoje, mas no que diz respeito a música era mais divertido no passado. Um disco tinha um valor enorme, era um objeto de desejo. Papo de velho, claro hehe




@tigloko 12/04/2016

Tanto Faz
O que dizer dessa obra que tem um enredo simples e complexo ao mesmo tempo?

O romance conta a história Meursault, um homem que recebe a noticia da morte da mãe (que mora no asilo para idosos) e então vai ate lá. Mais pra frente ele então comete um assassinato e é julgado por esse ato. Quando perguntado o motivo do assassinato ele responde que foi por causa do sol. A ação desenrola-se na Argélia na época em que ainda era colônia francesa, país onde Albert Camus viveu grande parte da sua vida.

Não tem como explicar como essa obra é intensa e sincera. É um show de absurdos que se desenrolam conforme a historia avança. Chega a ser surreal de tão absurdo. E o protagonista Meursault (que a primeira vista se tem a impressão de ser apático e sem emoções) tem um jeito verdadeiro de ver o mundo. Ou tanto faz como ele diria.

Uma frase que resume bem isso é a que abre esse livro:
- Hoje mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei. Recebi um telegrama do asilo: "Mãe morta. Enterro amanhã. Sinceros sentimentos. Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.

O estilo da prosa do livro é direto (detalhando tudo que ele faz) sem muitos pensamentos grandiosos por parte do protagonista.

Mais um pra lista de favoritos.
Micaele.Santos 06/03/2020minha estante
Já leu "A metamorfose" de Franz Kafka?
São semelhantes...


@tigloko 06/03/2020minha estante
Já li. Sem dúvida, os dois tem muito do absurdo como seu fio condutor, dois livraços.


@tigloko 06/03/2020minha estante
Tem outro livro mais atual q é praticamente um pouco dos dois chamado O Homem sem Doença, já leu?


Micaele.Santos 10/03/2020minha estante
Hummm... não, nunca li.
Vou dar uma procurada.


@tigloko 10/03/2020minha estante
:)




Diogo Crema 04/09/2023

O ABSURDO vs EXISTENCIALISMO MONOTEÍSTA
Viver é um absurdo, procurar significado é absurdo, morrer é um absurdo, porém, isso não significa que é ruim...

Este o pensamento do nosso protagonista, Mersault, um homem que abraça o absurdo da vida em todas as suas formas.

O livro, nos prepara durante 90% do caminho para o embate final entre Mersault e o padre. Embate este, que nada mais é que o contraste entre o "salto da fé" e o absurdismo.

O padre, claramente o defensor do existencialismo monoteísta, tentará de todas as formas, convencer o protagonista que somente através da crença em Deus, poderemos encontrar um sentindo para a vida, sendo que o mesmo conclui, que a única solução para o absurdo, é pular de cabeça na crença.
Porém, Mersault o contrapõe dizendo que "nunca saberemos", e que se nosso pensamento lógico nos leva a crer que nossa existência não tem sentido algum, então ele abraça de bom grado está realidade.

Se para o padre, a resolução da busca pelo sentido da vida somente faz sentido tendo Deus como a verdade final, Camus, nos mostra que abraçar o absurdo, permite encontrar alegria e sentido na própria vida, uma vez que a morte é inevitável....

Simplesmente, um final fantástico...
alice 04/09/2023minha estante
O diálogo de Meursault com o padre foi um dos melhores que já li. Meursault em cólera diante da fé inabalável do homem, sentindo pela primeira vez algo diferente de sua habitual apatia. O melhor é ele afirmando ter consciência de seu fim e que todos estamos condenados a ele (tementes a Deus ou não).


alice 04/09/2023minha estante
Que bom que gostou do livro!


Diogo Crema 04/09/2023minha estante
Sim !!!!! Que final, até agora pensando nele sabe...
Provavelmente, seja aquele livro que cresce em nossa cabeça conforme o tempo passa....


Diogo Crema 04/09/2023minha estante
A peste, segue esta linha ?


alice 04/09/2023minha estante
A Peste segue essa linha mas segue outras também, já que acompanha mais de um personagem e Camus traz o ser humano em sua essência ? seja ela boa ou ruim, heróica ou vilã, corrupto ou justo, cristão ou ateu ?, tem um pouco de tudo que nos compõe.




Cafeína 18/06/2023

Um estrangeiro no mundo
É um livro complicado de se dizer sobre o que, ou melhor, afinal, o que ele quer te dizer. Não se trata exatamente de algo mais próximo do que seria a representação da filosofia do autor através de uma história, inclusive muito pelo contrário. Na verdade é fácil a associação com o trabalho filosófico do Camus, mas eu acho que o livro é até mais do que a ilustração de uma parte desse trabalho.
E justamente com o que o livro quer dizer que a coisa começa a ganhar substância. Resumindo a brincadeira: a trama gira em torno de um sujeito apático e alheio a tudo, que sem justificativa alguma, puramente pelo acaso, intencionalmente mata alguém.
A começar pelo protagonista, que é o centro sobre o qual orbitam todas as questões, é quase como se não fosse a representação de uma pessoa, não se tenta um estudo psicológico ou o entendimento da natureza humana; o personagem é uma idéia, a representação de um estado de alheamento do mundo, uma melancolia niilista ou falta de empenho em seguir com a vida. Dessa forma, sobretudo na primeira metade, acompanhamos o cotidiano desse coitado, um marasmo sem empolgação no qual nada consegue interferir à sua inércia, o que é trazido à tona muito bem pela escrita pela qual ele opta por utilizar: anotações em primeira pessoas, sóbrias e objetivas, fora alguns poucos pontuais momentos, sempre enfatizando o desapego do sujeito, indiferente mesmo a morte da própria mãe. Apesar de um triunfo, essa escolha estética não entrega a mais palatável das narrativas, ou talvez sejam as voltas que a trama insiste em dar, atravessando o dia a dia do protagonista, dando profundidade a questão, para só então chegar ao ponto em que quer tratar; em outras palavras, não consegui me deixar levar o suficiente pela narrativa, a ponto de desejar que o ponto mais importante chegasse de uma vez. Ainda sobre a narrativa, é interessante a atenção que ele dá na criação de alguns simbolismos, o que vão dando ainda alguns planos para localizar a discussão, como a relação com a religião, ou ainda, qualquer ideologia; mas é claro que no campo do subtexto, nenhum brilha mais do que a metonímia que envolve a presença do sol, onipresente e inabalável, uma representação profunda da relação problemática entre o homem e o universo onde ele se encontra.
E com isso é, por fim, alcançado o objetivo que o autor parece ter tido com o livro, por as cartas na mesa e entregar as perguntas, isso porque ele não se empenha muito, ou pouco, em concluir algo a partir disso; é tanto quanto sobre explicitar algo que sempre esteve lá, um sentimento, uma angústia, a sensação de estar perdido, como necessitamos de criar tantas e tantas razões e justificativas para conseguir tomar a vida; ou talvez seja mais justamente sobre essas ilusões que criamos, sobre como usamos, nas palavras de outro autor, ?desse nosso falso poder secundário? para tentar definir e aplicar significado ao mundo e acabamos enclausurados pelas barreiras que nós mesmos criamos e que não estão além das nossas percepções. A história também põe em xeque a importância da experimentação, é quase como se a resposta para esse niilismo estivesse num entregar-se.
É um livro profundo, ainda que esta profundidade parece se encontrar mais fora do livro do que dentro, contudo, no que tange mais cruamente a construção da história, sobre como esses temas vão sendo levantados e como a coisa toda se decorre, o romance acaba, por vezes, deixando a desejar.
DHPCarn 18/06/2023minha estante
Muito boa a resenha!


Cafeína 19/06/2023minha estante
Valeu!


nat 19/12/2023minha estante
terminei ele recentemente e gostei bastante!!


Cafeína 19/12/2023minha estante
Gostei um bocado, mas de alguma forma eu esperava mais...
Acho que acabei deixado minha leitura desgastar, sem dúvidas vou ler ele no futuro de novo, como estou fzd com o mito de Sísifo; eu amo muito esse autor


nat 19/12/2023minha estante
tô querendo o mito de sísifo tb




Jeanne22 14/02/2019

Esperava muito de Camus mas ao final dessa primeira experiência não encontrei nada de especial, nada que me agradasse. Uma escrita comum, de uma história dispensável. Tanto faz tudo, é isso?
Talvez, no futuro, eu volte a ler Camus.
Fernanda.Gehrke 18/02/2019minha estante
também não curti esse rs


Juliana 05/03/2019minha estante
Bem, eu acho q a questão é que realmente não existe o 'e daí'... Talvez o que ele quis mostrar foi esse absurdo de que 'tanto faz' pro personagem, como pra gente mesmo...


Fernanda.Gehrke 20/03/2019minha estante
Isso ?


DIRCE 28/05/2019minha estante
Desculpe- me, mas a escrita não é comum- é refinada. E o Estrangeiro contraria " tanto faz a vida que levamos".


Jeanne22 31/05/2019minha estante
Obrigada pelos comentários. Como eu disse ali em cima, talvez um dia eu leia mais Camus e mude de opinião.




OshoTemRazao 30/01/2023

O estranho n'O Estrangeiro
"Mamãe morreu hoje..."
"Aujourd'hui maman est morte"

Assim começa a primeira obra de Camus, O Estrangeiro. Depois de muito adiar essa leitura, resolvi lê-la, e para minha surpresa, superou minhas expectativas. É um livro curto, direto, sem "enrolação", porém, cada detalhe dele possui uma profundidade psicológica que só as obras de Camus conseguem transmitir sem exageros: O Sol escaldante, a rotina de sempre, a insensibilidade do personagem, a frieza, a falta de perspectiva do mesmo, são estes os elementos cruciais do livro.

O livro em si já passa um ar de estranho, e é nisso que está o toque perfeito, pois é no comportamento de cada personagem que caberá o seu julgamento do Estranho. Desse julgamento sairão indagações. Aliás, quem é o estrangeiro em O Estrangeiro? O que há de estranho nele?

Eu poderia dar mais detalhes, mas comprometeria a leitura dos caros leitores. Seguindo essa mesma lógica, não recomendo que leiam o prefácio introdutório, pois entrega de bandeja toda a dimensão psicológica do livro, além de spoilers.
aartemesalva-nat 30/01/2023minha estante
Sempre pulo os textos introdutórios.


OshoTemRazao 30/01/2023minha estante
Comecei a pular depois de ler Pedro Páramo, a introdução entregou a história toda haha


aartemesalva-nat 30/01/2023minha estante
Todo leitor já passou por isso. No meu caso, foi com Jane Eyre, de Charlotte Brontë. :(


OshoTemRazao 30/01/2023minha estante
Terrível né, ainda mais com uma das irmãs Bromte, que tem plots bem trabalhados




Sara 03/03/2022

Eu não entendi muito bem a história
Eu não entendi muito bem a história, teve algumas coisas que ficaram confusas, irei ler novamente daqui a algum tempo.
Vivi Martins 03/03/2022minha estante
Foi o último livro que li. Acredito que o autor fez uma crítica. O personagem principal vivia a vida sem emoções, um eterno "tanto faz". Pagou o preço pela sua insensibilidade


moacircaetano 03/03/2022minha estante
O personagem apresenta traços de psicopatia, incapacidade de empatia... No mínimo uma depressão crônica. Isso lhe causa uma apatia profunda, que desemboca no assassinato e na prisão...


moacircaetano 03/03/2022minha estante
A banda The Cure tem uma música inspirada nesse livro, Killing an Arab.


Vivi Martins 03/03/2022minha estante
Matar um árabe e por azar ainda ser preso em uma cela cheia de árabes kkkk




aaclrsz 26/12/2023

Grande parte dos leitores que pretendem começar a ler as obras de Camus começam por essa literatura, e da mesma forma eu os imitei.

Uma obra tão profunda que te cativa em pouquíssimas páginas. Frases tão descritivas, a quais você sente a dor e a aflição daquele em que se encontra em tal situação.

Acredito que o protagonista, nada mais é do que um de nós, uma escória da sociedade, aquele em que os dias monótonos não começam mais a fazer sentido, em que toda essa vida em que muitos acreditam ser a divindade e a única esperança que temos, não ultrapassa de um sentimento fragilizado com uma limitação e uma linha tênue entre a dor, o fracasso, a pouca perspectiva e o encontro com a indiferença entre tudo aquilo que vivenciamos.

Sempre estaremos a beira da loucura, como tal. Todos estamos propenso a sermos sensibilizados ao ponto de não conseguirmos mais expor uma expressão a determinada situação. E, de contra partida, a única coisa esperam nós é uma reação, e um posicionamento que não seja pacato.

Enfim, leitura fluída e densa. Pretendo ler mais obras do autor. Amei.
Samuel809 26/12/2023minha estante
até a crítica da minha mulher é uma escrita impecável digna de ser impressa


Samuel809 26/12/2023minha estante
ainda bem q jaja vou ler o livro, amo as indicações da minha princesa


Samuel809 26/12/2023minha estante
verdade amor, concordo


aaclrsz 26/12/2023minha estante
TE AMO MOR




ElisaCazorla 04/08/2015

Qual a diferença entre o cachorro e a mulher que são surrados?
Este livro me atormentou um pouco...ou muito, não tenho certeza. Ainda estou digerindo. No início do livro senti uma certa aversão pelo protagonista, depois senti vergonha por ter me sentido assim com relação à ele. Depois fiquei buscando sentir empatia ou criar algum laço e quando não consegui nada disso me atormentei e me perguntei por que não era possível. Ao final, me deparei com um espelho terrível e com um conflito: a vontade de ser como o protagonista e o pavor de ser como ele. Acho que terei que ler esse livro mais vezes para que ele não persiga meus pensamentos.

Uma obra prima que deve ser lida com cuidado.
Carol Montezuma 04/08/2015minha estante
Merecia mais uma estrela, vai... ; )


ElisaCazorla 04/08/2015minha estante
Coloquei 5 estrelas =] você tem razão =]


Catia.Rissardo 30/08/2015minha estante
Eliza, faço das suas palavras as minhas. Sem tirar nem por.


gs 03/10/2015minha estante
Eu me senti um pouco atormentada também! Parece que todos em algum momentos somos igual o protagonista só não nos damos conta.
Depois de ler este livro eu fiquei algum tempo com aquela sensação de desconforto; mas vale a pena parar pra refletir.




Rosangela Max 07/02/2022

Leitura curta, mas significativa.
Esta é a história de um homem que vivia a vida em um estado entorpecido. Tudo pra ele era um grande ?tanto faz?. E por viver desta forma, acabou fazendo algo estúpido.
Em algumas passagens, me lembrou ?O último dia de um condenado? de Victor Hugo.
A escrita do autor é fluída e honesta. Mostra o ser humano em sua forma crua, sem aquela camada ?sociável?.
Gostei bastante. Principalmente dos personagens fora do padrão.
Recomendo a leitura.
Hannah 07/02/2022minha estante
Maravilhoso! Seria magnífico se todos tivessem a oportunidade de sentir como é enxergar a vida pela perspectiva do personagem principal sem fazer juízo de valor ou de moral


Rosangela Max 07/02/2022minha estante
Seria um tanto perigoso.
Sem consciência de bem e mal, certo e errado? seria um caos. Já estamos caminhando pra isso, vendo as pessoas se tornando insensíveis ao sofrimento alheio, a violência etc.
Não devemos medir os outros de acordo com a nossa própria régua, mas precisamos de limites.
O ser humano não sabe lidar com a ?liberdade?. Rs


Alan kleber 07/02/2022minha estante
A Peste e A Queda também são livros sensacionais. Camus era um gênio.


Rosangela Max 07/02/2022minha estante
Sim, estes dois livros estão na minha lista. ??




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