Uma voz feminina calada pela Inquisição

Uma voz feminina calada pela Inquisição Rute Salviano Almeida




Resenhas - Uma voz feminina calada pela inquisição


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Julia.Marcondes 11/06/2023

Deveria ser mais conhecido aos cristãos.
Rute Salviano consegue, com uma linguagem simples e eficaz, trazer à luz muitas informações sobre os cristãos e sua crueldade e absurdos feitos em nome de Deus na época da Idade Média, sobre a Inquisição e sobre mulheres que foram queimadas, mal vistas até hoje, por viverem de acordo com o que Jesus ensinou, e assim confrontarem a Igreja, ou seja, o Poder da época.
Como cristã que ama sua fé e busca entender mais sobre, achei necessário entender um pouco sobre a visão que ainda é disseminada hoje sem o entendimento do que realmente era.
O livro não me fez repudiar minha fé, mas me fez repudiar o que foi feito em nome do meu Deus a ponto de me fortalecer para viver e compartilhar informações corretas e bem embasadas. Me faz querer estudar mais, pedir a Deus misericórdia e humildade para viver de acordo com o que Ele ensinou MESMO e não com o que o egoísmo e orgulho humano pode fazer.
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Osório 11/08/2021

O início do livro é muito interessante, a autora demonstra o papel da mulher na sociedade, no âmbito público, o que era muito difícil de ser estudado e até mesmo difícil delas exercerem algum papel nessa sociedade patriarcal. O final eu achei meio parado e repetitivo, focando nas beguinas e nas condenações feitas pela Igreja Católica, mas no geral é um livro bom, com uma leitura agradável.
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Christiane 24/07/2021

O projeto que venho desenvolvendo em busca da voz feminina, do pensar feminino me levou às Beguinas, e entre elas Marguerite Porete que escreveu "O espelho das almas simples e Aniquiladas e que permanecem somente na vontade e no desejo do amor". Se inicialmente pensei que havia pouca informação aos poucos vou encontrando livros, teses, estudos sobre estas mulheres que entre a opção de casar ou entrar para um convento encontraram uma alternativa, a de criar uma comunidade onde viviam e trabalhavam sem prestar votos ou serem ligadas à uma instituição religiosa, o que obviamente acabou desagradando o clero que as oprimiu obrigando-as a se tornarem ligadas à igreja.

Algumas resistiram e entre elas Marguerite Porete que acabou condenada como herege relapsa, ou seja, reincidente na heresia, e condenada à fogueira sendo queimada viva junto com seu livro. Para nossa sorte alguns volumes escaparam, mas levou um longo tempo para que viessem à luz novamente.

Antes de iniciar a leitura do livro de Marguerite estou lendo um pouco sobre seu contexto, sobre a situação da mulher na idade média, e este pequeno livro de Rute Salviano Almeida está sendo muito bom.

Inicia dando um panorama da Idade Média, da espiritualidade e do secular, a luta entre o clero e os reis pelo poder. Em seguida nos traz uma visão misógina dos homens sobre as mulheres. Nesta época o casamento não era valorizado, apenas o primogênito buscava o casamento em função de preservação de riquezas e descendência, os outros filhos preferencialmente iam para a igreja, eram monges. O casamento era realizado na porta das igrejas, e não dentro delas. Em torno de 1268 se defendeu que era essencial uma cerimônia religiosa para o casamento e foi apenas depois do Concílio de Trento em 1563 que se exigiu a presença de um sacerdote para a cerimônia. Apenas pelo casamento um mulher tinha acesso a existência social, porque antes como moça era designada como "mesquinha", porque antes de casar ela não era nada, o que significa que fora do casamento ela estava numa posição perigosa.

O interessante é que antes do Concílio de Trento o que validava um casamento era a relação sexual entre os noivos que desde que fosse completa validava o casamento como autêntico, para o direito canônico. Era o pai quem entregava a noiva ao noivo e que normalmente oficializava a união, e não o sacerdote.

A mulher na idade média possuía apenas dois espaços: sua casa ou o convento, mas algumas delas não desejavam isto, possuíam uma vocação cristã que queria exercer no mundo e não na clausura. Na época existiam dois movimentos em quais elas criam: o misticismo de Bernard de Clairvaux e a vida apostólica de São Francisco de Assis.

O místico Bernard de Clairvaux declarou na época: " O amor não requer nenhum outro motivo, além de si mesmo, e não busca frutos. Seu fruto é o gozo de si próprio." Ele foi um dos responsáveis pela mudança da concepção do amor.

A partir dos anos 1200 "a devoção feminina que não foi mera cópia da masculina, evoluiu de modo discreto, mas crescente, ao ligar salvação ao amor, à contrição e partindo, então, para uma busca profunda de comunhão com Deus."

O livro traz um breve relato dos principais místicos da Idade Média e depois temos um capítulo sobre as Beguinas. A diferença delas para com as religiosas é que não vivem no mundo mas também não fora dele. O principal objetivo era permanecer neste mundo para fazer nele uma diferença, cuidando das pessoas, mas não apenas do físico, mas também dando um alimento espiritual. Elas se colocam no liminar, e como todos os que estão na margem acabam sendo marginalizadas. As freiras viviam no claustro, no convento, as esposas estavam submissas aos seus maridos e família, mas as beguinas não estavam submissas a ninguém e isto incomodava a sociedade medieval e principalmente a igreja católica.

As beguinas são mulheres cultas, elas escrevem e falam ao público, e isto não era admitido. A igreja tem medo de perder seu poder. Elas atacam o clero devido sua ganância e desejo de poder.

Marguerite de Porette é uma beguina errante, ela não vive nas comunidades. Ela prega e escreve um livro, suprema heresia, ainda mais para uma mulher. É condenada, mas não obedece. Seu destino é a fogueira. Temos um relato no livro sobre a inquisição.

O livro serve como uma introdução ao tema. Não falo muito aqui de Marguerite de Porette pois vou ler o livro dela antes.
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Bruna 03/07/2021

É um bom estudo para quem está começando os estudos sobre a inquisição ou sobre a religiosidade na Idade Média.
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