IBM E O HOLOCAUSTO

IBM E O HOLOCAUSTO Edwin Black




Resenhas - IBM e o Holocausto


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Fábio Valeta 19/02/2023

“Ninguém estava imune àquilo. Tratava-se de algo novo para a humanidade. Nunca dantes, tantas pessoas haviam sido identificadas com tanta precisão, de maneira tão silenciosa, tão rapidamente e com consequências tão avassaladoras.
A alvorada da Era da Informação começava com o ocaso da decência humana." (pág. 120)

A história da II Guerra Mundial e o Holocausto são talvez os temas mais exaustivamente estudados na História recente. Existem milhares de livros, artigos e matérias sobre os mais variados aspectos do conflito/massacre que devastou a Europa em meados do século passado: sobre a ascensão e queda do nazismo; sobre o conflito em si; sobre os campos de concentração e câmaras de gás, etc. Mas um ponto nunca havia ficado muito claro: Como os nazistas sabiam exatamente quem eram, onde estavam e para onde transportar dezenas de milhares de judeus dia após dia? Como eles sabiam quais deveriam ir direto para o sacrifício e quais deveriam ser mantidos vivos para o trabalho? Como eles mantinham os trens funcionando de forma extremamente meticulosa e precisa em uma época anterior à automatização e a computação? Como eles sabiam quem era judeu (ou outra minoria a ser exterminada) e quem não era? Como eles sabiam os nomes de quem perseguir?

Para responder essa pergunta, Edwin Black, historiador e jornalista americano especializado no Terceiro Reich se debruçou entre milhares de documentos que mais uma vez mostram um tema recorrente quando se estuda o nazismo: de que ele só prosperou com a ajuda de muita gente que não se considerava nazista ou mesmo antissemita. É o caso da Internacional Business Machines (IBM) e aquele que foi seu CEO entre os anos de 1914 (antes mesmo de ter o nome pelo qual é conhecida hoje) a 1956 – Thomas J. Watson.

Para quem não sabe, por muitos anos a IBM foi uma das maiores e mais poderosa empresa norte americana (ainda é, embora não seja tão influente quanto já foi), sendo pioneira no processamento de informações em uma época anterior à existência de computador. Tudo graças às máquinas de tabulação Hollerith criadas ainda no século XIX por Herman Hollerith. Uma máquina capaz de “ler” e processar uma quantidade imensa de informações a partir de cartões perfurados.

Com as máquinas Hollerith, qualquer tipo de informação poderia ser analisada. Bastava saber fazer a pergunta correta. Então quando o nazismo chegou ao poder na Alemanha querendo saber quem era judeu, cigano, alemão ou estrangeiro, a tecnologia Hollerith caiu como uma luva para seus planos. E a IBM e seu líder estavam de braços abertos para recebê-los.

Não há indícios de que Thomas Watson tenha sido antissemita. Ele era apenas um exemplo clássico de capitalista predatório que não se importava de fazer negócios com qualquer pessoa, desde que esse negócio desse lucro. E durante seus anos no controle da IBM, a empresa usava todas as medidas legais possíveis (e algumas não tão legais assim) para manter seu monopólio no processamento de dados. Como a documentação analisada por Black deixa claro, era impossível para a IBM alegar que desconhecia que tipo de trabalho era feito com suas máquinas - uma das formas de manter o monopólio era apenas alugar e nunca vender as máquinas de tabulação, e a complexidade delas exigia a presença de funcionários da IBM para seu uso e constante manutenção – já que elas poderiam ser encontradas inclusive nos campos de concentração tais como Auschwitz, Dachau ou Treblinka. A filial alemã da IBM, chamada Dehomag possuía vários funcionários simpatizantes ao nazismo, mas apesar de ser considerada uma empresa alemã, Watson fazia questão de microgerenciar a empresa, bem como as demais filiais espalhadas pelo mundo. Demonstrando um interesse particular em atender às solicitações do partido nazista. Thomas Watson inclusive chegou a receber uma medalha de Hitler por serviços prestados ao país em 1937.

IBM e o Holocausto faz uma análise do horror da II Guerra a partir da ganância de uma empresa no lucro acima de tudo. A IBM não foi a única empresa estrangeira a compactuar com os nazistas, mas eles jamais teriam realizado o seu genocídio de forma tão eficiente e rápida sem seu suporte. E se hoje a IBM não é mais tão poderosa quanto antes, nada tem a ver com as consequências de seus atos, já que a empresa nunca foi condenada ou mesmo indiciada pelo seu envolvimento no Holocausto. Afinal, ela era grande demais, poderosa demais e rica demais para que algo ínfimo como seis milhões de mortos atrapalhar seu lucro.
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Clio0 11/06/2021

Edwin Black é reconhecido como um dos melhores jornalistas historiográficos da atualidade e isso o é merecidamente. Em IMB e o Holocausto, ele desencava os arquivos de uma das maiores empresas de informática e tecnologia do mundo e expõe sua relação com o Terceiro Reich.

Para se ter uma ideia de como esse tipo de pesquisa é importante, basta lembrar que por mais que doa, por mais que magoe, que ofenda e insulte, a verdade é que a máquina administrativa nazista foi uma das melhores do mundo e não teria conseguido nem metade do seu alcance se não fosse o acesso e aplicação de invenções tecnológicas de ponta.

Não estou falando simplesmente de maquinário bélico, mas sim de aparelhos de organização como os utilizados para o registro e organização da burocracia e do extermínio de judeus.

Black não apenas facilita a vida do leitor narrando a conjuntura histórica, como também explica a forma que Watson - o empresário que viria a ser a força motriz de toda a transação - se envolveria com Hitler e manteria toda a estrutura nazista fornecendo os meios logísticos para isso.

São páginas e mais páginas de um ótimo trabalho investigativo sobre como a indústria estadunidense lucrou com a guerra pelo Eixo e, mais tarde, retirando esse apoio.

Embora haja uma certa indagação sobre a postura política interna e a diplomacia estadunidense em relação a Alemanha Hitlerista, Black tem o cuidado de não ir muito a fundo nesse assunto... afinal de contas, nada mais espinhoso do que insinuar que os EUA não foram os "únicos" e "heróis" da Segunda Grande Guerra.

Quase todo o material utilizado pelo autor para a investigação já estão publicados. Porém, como quase tudo ainda está em inglês, pode exigir um pouquinho de esforço para quem quiser checar as fontes primárias.
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naldho 14/12/2013

Querem saber como a IBM nasceu,cresceu e tornou-se uma poderosa ferramenta nas mãos dos alemães na caça aos judeus?Este livro fala sobre o lado triste da tecnologia da informática dos anos 1940.Uma boa leitura
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Vanessa 05/08/2013

Leitura dificil
O livro é confuso e tem muitos nomes parecidos, de difícil pronuncia em português, não consegui passar do meio.
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Joao366 23/06/2013

"Os fins justificam os meios", justificam?!
Parafraseando Maquiavel, inicio a resenha de "IBM e o Holocausto". Um livro polêmico por tratar de um tema tão critico e associar a participação, aliás, a viabilização, de uma operação tão assustadora por uma empresa tão reconhecida e presente no nosso cotidiano!

Cronologicamente espetacular e com uma divisão em capítulos bem estruturada, o autor, Edwin Black, nos traz um documentário (com base factual e referências muito bem estruturadas ao longo do livro) que nos leva a entender desde o conceito de mecanização da estatística nos idos de 1930 a participação da IBM na intrincada estrutura do 3º reich, e, vai além, contextualizando a participação de Thomas Watson - quem já leu "7 HOMENS E OS IMPÉRIOS QUE CONSTRUÍRAM" (http://www.skoob.com.br/livro/89826) o conhece de outra forma - como homem "focado" na atuação da IBM e seus negócios com a Alemanha Nazista.

Passível de muitas críticas e manifestações apaixonadas pós leitura, esse livro nos faz refletir sobre muitos aspectos, por exemplo, os limites do que é, e até onde vão, os negócios; sobre participação de empresas (civis) em ambientes de guerra; sobre o nosso (importante) papel como consumidores, tanto no embargo a produtos de origem alemã (descapitalizando a economia), quanto na compra de produtos IBM (deixando de compactuar com a postura empresarial); sobre o quanto sabemos hoje sobre negociações de empresas que somos consumidores, e assim vai.

Denso em muitos momentos, pelo excesso de formalização da informação (dados e referências) - compreensíveis pela natureza do tema - (poderia facilmente ter uns 5 capítulos, e aproximadamente, 250 páginas a menos), o "IBM e o Holocausto" é um livro bom para quem gosta de 2ª guerra, um livro mediano para quem gosta de leitura de negócios, mas excepcional para quem gosta dos dois.

Boa leitura, e que, se ela não for boa, que nos fomente a reflexão sobre nosso papel como consumidor.
Fábio 04/04/2016minha estante
Amigo, não há como parafrasear Niccolo Machiavelli, porque ele nunca disse tal sentença. Boa leitura!




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Leonardo787 25/06/2012

Informações
É um livro com bastante informações. Pra quem gosta de história, vai ser um baita livro.
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JPHoppe 11/03/2011

Leitura interessante
Não fui atrás desse livro.

Um amigo, ao saber que gosto de ler, simplesmente me emprestou e disse que era bom. De início, fiquei com um pé atrás, achando tratar-se de mais uma dessas obras de "Teorias da Conspiração".

Não é isso. Edwin Black organiza o trabalho de pesquisa em cima de documentos do Holocausto e da IBM em um belo relato histórico, mostrando como os horrores da Alemanha nazista de Hitler não seriam possíveis sem a tecnologia dos cartões perfurados da IBM.

Definitivamente, uma boa leitura.
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Lucas Muzel 14/05/2009

Uma espécie de documentário em forma de livro
A história apresentada nesse livro mostra todos os percalços da parceria entre o Reich e a IBM. Além disso, também trás um panorama global do mundo antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. As informações sobre o início dos "processamentos de dados" também é muito interessante, já que foi o início da "era da informação" que vivemos hoje.
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Márcio.Santos 15/01/2009

Bom porém lotado
Eu gostei do livro porque explica uma parte da história que ainda carece de informações. A parte ruim é que tem muito nome para decorar, e alemão... Haja memória!
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