Bóris e Dóris

Bóris e Dóris Luiz Vilela




Resenhas - Bóris e Dóris


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Cassionei 15/11/2021

Mestre do diálogo
Duas pessoas conversando. Chama-se isso diálogo. Mas quando há dois personagens dialogando em um livro de Luiz Vilela, temos a literatura no seu mais alto grau. Mestre nessa arte que se confunde com o teatro ou com textos filosóficos como os de Platão, o escritor mineiro mostra como se pode criar uma história em que o narrador quase nunca aparece. As poucas palavras e o silêncio são suficientes para o leitor construir o enredo, o cenário e a descrição dos personagens.

Nascido em Ituiutaba, Minas Gerais, Luiz Vilela começou a escrever aos 13 anos de idade. Mais tarde formou-se em Filosofia, mas trabalhou como jornalista. Tremor de terras, seu primeiro livro, publicado às próprias custas em 1967, quando tinha 24 anos, fez jus ao título ao causar polêmica quando recebeu, em Brasília, o Prêmio Nacional de Ficção. Escritores consagrados como José Condé e José Geraldo Vieira protestaram por perderem o prêmio para um “menino saído da creche”. O fato é que esse livro de contos, quando tive a felicidade de lê-lo pela primeira vez, me causou um grande impacto. Contos como “Chuva”, em que um homem tenta conversar com um cachorro que encontra na rua numa noite chuvosa, e “Enquanto dura a festa”, que, apesar do título, é um monólogo de um jovem sobre o velório do seu pai, pelo qual não sente afinidade nenhuma, são mostras de um exímio contista. Publicou ainda quatro romances nas décadas de 70 e 80, mas foram os contos e as novelas curtas, como O choro no travesseiro, que trouxeram reconhecimento ao autor.

Bóris e Dóris (Editora Record, 94 páginas), novela lançada em 2006, narra um dia na vida de um casal hospedado num hotel. Ele, um executivo, preocupado com o horário de suas reuniões, pretende assumir um cargo importante na empresa; ela, muitos anos mais nova, apenas acompanha seu marido na viagem e tenta dialogar com ele. O que pode parecer uma situação banal torna-se uma reflexão sobre o relacionamento de pessoas tão diferentes. Ao “ouvir” a conversa dos dois no café da manhã e à noite, desvendamos, paradoxalmente, um relacionamento em que não há comunicação, o que faz a personagem se questionar se valeu a pena ter deixado de lado seus sonhos para viver com um homem sem tempo para ela.

Se o diálogo se sobrepõe à narrativa em Bóris e Dóris e em outras obras, pode-se perguntar por que Vilela não escreve peças de teatro? Perguntado sobre esse assunto pela escritora Edla van Steen, ele respondeu que nunca tentou. “Mesmo como espectador, o teatro não me atrai muito.” Acredito que Luiz Vilela escolhe as palavras cuidadosamente para serem lidas, não ouvidas. No palco, se perderia a naturalidade que o escritor reproduz no texto escrito, visto que a palavra no teatro está a serviço da interpretação, que pode ser até natural, mas depende muito mais do ator do que do dramaturgo. Da mesma forma, levando-se em conta as rubricas teatrais no texto escrito, os espaços para o leitor refletir se reduziriam.

Quanto à comparação com os diálogos platônicos, Vilela não estende a fala dos personagens por várias páginas como fazia o pensador ateniense. As falas são curtíssimas. No entanto, se depreende no texto do escritor uma filosofia inquietante, na tentativa de entendermos esse ser tão complexo que é o ser humano. Como afirmou Clara Maduro, na antiga revista O Cruzeiro, Luiz Vilela tem “uma enorme capacidade de transmitir essa coisa essencial (e tão difícil de fazer) que é: gente vivendo”.

site: https://cassionei.blogspot.com/2011/09/meu-texto-na-gazeta-do-sul-de-hoje.html
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Curumin 14/04/2021

Um livro pra ler numa tarde
É um dialogo de um casal, durante o café da manhã. Sobre temas gerais e a carreira do homem e o vazio da vida da esposa, que esta reflexiva sobre as escolhas q vez.

Boris é um chato. Eu te entendo, Doris haha.
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Rafa 05/04/2013

Bóris e Dóris - Luiz Vilela
Certos estavam os que disseram para nunca se julgar um livro pela capa. Um bom exemplo é Bóris e Dóris, do contista mineiro Luiz Vilela. Com uma apresentação simples e uma mensagem extremamente direta, a novela de 96 páginas surpreende ao expor uma realidade comum, e até mesmo banal.

Como diz o título, a história gira em torno de Boris e Dóris, um casal com uma grande diferença de idade que, ao decorrer das situações, imprime uma forte imagem de subordinação. Boris é um senhor empresário que dedicou toda sua vida a tentar se tornar um homem rico, enquanto Dóris, uma jovem que deixou sua carreira de professora para seguir o marido.
O livro, todo em diálogo, demonstra como a mulher é submetida às vontades do homem. Em todas as falas de Dóris, percebe-se certo receio em expressar-se, a maioria delas são curtas e diretas, apenas concordando com o que foi dito anteriormente pelo esposo.
Em um ambiente fisicamente aberto, o casal pouco interage com outras personagens, quando outra pessoa aparece na narração, geralmente é apenas em uma citação ou referência. Resumindo-se às discussões internas, Luiz Vilela descreve claramente a ânsia de Dóris em ter, nem mesmo que por apenas um momento, a atenção do parceiro, o que raramente acontece.
A história se passa durante o café-da-manhã do casal, e em parte da noite. Apesar da simplicidade nas palavras, a obra trás uma intensidade social e psicológica facilmente identificada. Com um término previsível, porém simbólico, a narrativa se fecha sem um clímax bem definido, que é o que se espera durante seu desenvolvimento, todavia, deixando uma grande tensão no ar, devido à não manifestação de Dóris sobre seus verdadeiros pensamentos acerca de toda a situação.

Post completo em: http://temporaldesonhos.blogspot.com.br/2013/03/boris-e-doris-luiz-vilela.html
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Eduardo 11/04/2012

Livro delicioso de ler. Rí muito. Indico a todos.
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F . 15/05/2009

Um casal divertido
Bóris e Dóris, sem sombra de dúvidas, é um dos casais mais divertidos da literatura (pelo menos dos livros que eu li) Os diálogos são o grande barato da leitura. Um livro simples, gostoso de ler, enfim, se você quer satisfação garantida: leia!
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