Letícia 24/09/2016O livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria foi lançado em 2011, pela editora Companhia das Letras. Escrito pelo autor e jornalista Fernando Morais, o livro conta a história de 14 agentes cubanos que foram enviados para os Estados Unidos logo após a queda da URSS.
Enquanto Cuba era um país comunista e havia a URSS, a atividade principal do país era a produção de açúcar. Chegaram a produzir 8 milhões de toneladas em apenas um ano. Porém, com a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria com os países capitalistas como vencedores, a situação mudou.
Para a sorte do país aos poucos o foco do mercado já estava mudando de açúcar para o turismo. Com a abertura do governo cubano para empresas de capital privado esse mercado se intensificou e Cuba conseguiu uma solução para seu problema financeiro.
Porém muitos habitantes do país haviam fugido de lá e se refugiado em Miami, Flórida. A maioria dessas pessoas era anticastrista. Para quem não sabe, anticastrista são aqueles que são conta o governo Castro, na época do livro Fidel Castro.
Os EUA deram um apoio imenso para pessoas que fugiam de Cuba e se instalavam em seu país, o que futuramente tornou-se um grande problema. Essas pessoas uniam-se em associações cujo objetivo principal era ser contra o governo Castro. Porém, enquanto oficial e legalmente seu objetivos eram majoritariamente humanitários, como ajudar a localizar balseiros nos mares da Flórida, na prática eles cometiam atos terroristas contra seu país natal. Atos que iam desde a invasão de seu espaço aéreo até a contratação de mercenários para colocar bombas em hotéis e armamento nas mãos de rebeldes. Apesar das reclamações do governo cubano ao americano, os anticastristas continuavam impunes em suas atividades.
É aí que os nossos personagens entram: o governo cubanos os envia para os Estados Unidos para se infiltrarem nessas organizações e ajudar a prevenir os ataques. Cria-se então a Rede Vespa.
Muitos dos fatos do livro eu não conhecia e foi possível ter uma visão bem ampla desta longa história de problemas entre os dois países. Confesso que, apesar de não concordar com a política cubana, em algumas partes tive que tirar o chapéu para Fidel Castro: ele fez o governo americano de bobos de uma maneira que beira a comicidade. E a atitude de fazer vista grossa para os atentados não foi algo muito "legal" da parte americana, afinal de contas vidas estavam sendo postas em risco.
A leitura do livro, apesar de não ser tão rápida pelo seu tamanho, é bastante fluida. Os fatos são narrados em sequência cronológica e estão todos conectados. Por ser uma história não fictícia eu fiquei com um pouco de medo de que fosse ser cansativo, mas me surpreendi. Os acontecimentos são narrados de uma forma bastante objetiva, sem muitos floreios.
Outra coisa que gostei bastante é que a minha visão de agentes secretos iguais ao 007 mudou neste livro, eles foram narrados como realmente viviam: suas dificuldades financeiras e amorosas, o que foi bastante legal.
Recomendo este livro para quem gosta de histórias não fictícias e para aqueles que acham interessante a história política do mundo, o livro fala bastante de questões políticas entre os dois países. Para quem deseja se aventurar por este meio, assim como eu, também é uma leitura bem válida, gostei muito do estilo.
site:
http://madminds.weebly.com/blog/resenha-os-ultimos-soldados-da-guerra-fria