Ópera dos mortos

Ópera dos mortos Autran Dourado




Resenhas - Ópera dos Mortos


60 encontrados | exibindo 46 a 60
1 | 2 | 3 | 4


Lucas.Batista 26/01/2021

Colocou o autor no meu panteão dos melhores autores brasileiros.
desde pequeno, minha mãe sempre me recomendou dois autores: Guimarães Rosa e Autran Dourado. De Guimarães eu já li tudo, agora, admito que o clique para ler Autran foi um vídeo da Tati Feltrin.
E como eu perdi tempo...Desculpe, mãe kkk.
Tudo o que faz de um autor, um BOM autor, está presente aqui: Domínio narrativo, controle total sobre o ritmo, apresentação de personagens com aprofundamento na medida certa... enfim tudo.
E tudo o que de um autor, um EXCEPCIONAL autor, também está aqui: Personagens com psique trabalhada ao limite, com uma profundidade que deixa o leitor crente de que aqueles personagens e fatos são reais; de que eles, de fato, ocorreram. Transmitir ao leitor toda uma angústia, raiva, medo, nojo, amor, carinho... fazer com que, ao lermos o livro, passemos por uma experiência que em nada fique devendo às sensações que temos quando ouvimos um fato real. Poucos são os autores que conseguem fazer o leitor maduro adentrar de tal modo sua ficção, que se sinta assim.
Pois Autran faz isso em Ópera Dos Mortos, e eu só posso dizer que lê-lo foi uma experiência incrível que ficou comigo e me marcou. Já adquiri outros 5 livros do autor e pretendo ler a obra completa.
Mais do que recomendado.
comentários(0)comente



Luiz Gustavo 26/12/2020

Comecei 2020 concluindo a leitura de “O risco do bordado”, do Autran Dourado, e resolvi terminar o ano com outro romance do escritor. “Ópera dos mortos” apresenta a história de três gerações dos Honório Cota, família responsável pela fundação da fictícia cidade de Duas Pontes, com ênfase em três personagens: Lucas Procópio, o patriarca bandeirante; João Capistrano, seu filho, produtor de café; e Rosalina, herdeira do casarão e dos traumas da família. A história é narrada por uma voz coletiva, “a gente” da cidade, que incrementa os fatos com suas próprias ideias e suposições a respeito do que acontecia no casarão da família Honório Cota, da qual todos os habitantes de Duas Pontes haviam sido rejeitados após uma traição política. A maior parte do romance é focada na relação de Rosalina com Quiquina – negra e muda, filha de escravos, atua como empregada e protetora da única herdeira dos Honório Cota –, e José Feliciano, também chamado de Juca Passarinho, forasteiro que bate à porta do casarão em busca de trabalho. Essas três personagens transgressoras – a mulher branca que ocupa uma posição masculina de poder; a mulher negra que mantém a ordem dentro do casarão; o estrangeiro desterrado – ocupam o centro da narrativa, e atuam diante da voz coletiva da cidade que representa uma ordem autoritária, com raízes latifundiárias e escravistas. Embora haja uma linearidade na narração dos acontecimentos ao longo do romance, muitas vezes os tempos se misturam. Fatos e sonhos se fundem, personagens se entrelaçam, acontecimentos marcantes e/ou traumáticos ressurgem diversas vezes, e é preciso ter atenção para acompanhar o fio da meada (ou o risco do bordado, hehe). Embora o enredo tenha me parecido um pouco previsível, gostei muito da linguagem e da narração do romance, e há críticas muito interessantes ao funcionamento da cidade que permanecem terrivelmente atuais. Gostei mais de “Ópera dos mortos” do que do primeiro livro que li do Autran Dourado, e foi uma boa leitura para encerrar esse ano esquisitíssimo. Afinal, precisamos honrar nossos mortos, especialmente os coletivos, que nos acompanham mesmo quando não percebemos sua presença ao nosso redor.
comentários(0)comente



Carlos Nunes 31/07/2020

Uma pequena obra-prima
Observando o título e a capa dessa edição, não dá para se ter a menor ideia do que se trata o livro. O início do livro causa uma certa estranheza. Mas a beleza da escrita cativam logo no início, e à medida que a trama vai se desenrolando, o leitor vai se sentindo cada vez mais preso. Livro com uma história simples, poucos personagens, mas narrado de uma forma fantástica! A trama acompanha a chegada de um forasteiro, o Juca Passarinho, falastrão, mulherengo, que adora uma caçada, a uma cidadezinha de Minas, e lá fica sabendo da história do único casarão da cidade, que se destaca na paisagem, e está praticamente em ruínas. Nele moram apenas a jovem Rosalina e uma criada muda, a Quiquina. Rosalina há anos vive isolada, sem nenhum tipo de contato com qualquer pessoa de fora. Intrigado com essa situação, ele resolve empregar-se no casarão e descobrir os segredos por trás daquelas paredes. O livro é narrado fora de ordem cronológica, com algumas mudanças de foco narrativo, e até mesmo, em vários momentos, fluxo de consciência. São descrições longas, mas bastante poéticas, com muita simbologia nas entrelinhas. Um livro magnífico e pouco conhecido, ao qual vale muito a pena dar uma chance.
Evelize Volpi 16/01/2022minha estante
Carlos, sua resenha sobre esse livro foi maravilhosa.
Acabei de chegar nele pelo skoob, acredito que vale a pena dar uma chance.




Geovanna Ferreira 18/07/2020

Um dos melhores e mais esquecidos livros brasileiros
Por acaso conheci Ópera dos Mortos, ainda bem! A história da pomposa e decadente família Honório Cota é uma das mais tristes e esquecidas da literatura nacional, a meu ver.

O autor, Autran Dourado, é um mestre das palavras, não é à toa que fui um dos primeiros a lançar livros sobre o ofício do escritor. Autran dominava a linguagem, e por isso criou a sua própria, bem construída e rica. Além disso, o autor soube criar personagens densos, emaranhados em dramas complexos e comoventes.

A protagonista Rosalina é muito marcante, uma de minhas favoritas da literatura. Uma mulher divida entre a moral de sua família e seus próprios desejos, entre permanecer sufocada por um ódio familiar ou viver a própria vida. Como todos e tudo no livro ela é repleta de camadas. Mesmo tendo lido o livro 2 vezes acho que não tenha captado a protagonista em sua totalidade, o que está implícito, o não-dito, é quase um outro personagem da história, é bem gritante, tamanha a habilidade do escritor em criar uma atmosfera crível, tensa e melancólica.

Ópera dos Mortos traz críticas políticas, sociais, culturais, aborda em suas linhas e entrelinhas, o machismo, doenças mentais, elitismo, desigualdades, Minas Gerais e o Brasil de ontem e hoje. Realmente é tão intenso e sombrio que remete à opera, à tragédia grega, uma das grandes inspirações do livro e de Autran Dourado. Um livro que devia ser mais conhecido e apreciado, de uma qualidade técnica e psicológica notável.
comentários(0)comente



Frankcimarks 03/07/2020

O esmero da linguagem
Terceiro livro do Autran Dourado lido nesse ano. Até agora esse foi o que mais gostei. Não é a toa que dei 5⭐.

O livro é muito bem construído. Dá pra notar o esmero da linguagem usada. Certeza que o autor utilizou muita simbologia para criar as personagens, bem como fez uso de metalinguagem. O casarão é, a meu ver, a peça chave do romance.

O que mais me agrada em Autran é sua simplicidade e fluidez, uma delícia de texto. Geralmente ele retrata a vida do interior de MG. Nesse caso, a da família Honório, família importante e respeitada por todos os habitantes de uma pacata cidade. Rosalina é nossa protagonista, órfã de mãe e pai, ressentida e enclausurada em sua casa. Sua única companhia é uma mulher muda. Sua vida muda com a chegada de Juca passarinho, um caçador, conversador todo, contador de histórias.

O livro quase não tem diálogos, mas é imersivo. Conhecemos cada personagem de dentro pra fora. Pura narrativa brasileira.
Antonyassy 18/10/2022minha estante
Como se lê livro por aqui


Frankcimarks 21/10/2022minha estante
Aqui vc apenas registra suas impressões...


Perdida_nas_Estrelas 03/03/2023minha estante
Sua resenha me fez querer ler




Lilly.Elli 20/05/2020

A primeira vez que li, esse livro me causou náuseas. É bastante interessante a forma que o autor passa os sentimentos dos personagens, hora causa aflição e a outro momento dúvida. É um livro que vale a pena ser lido mais de uma vez , a releitura mostra fatos muito interessantes sobre ele.
comentários(0)comente



Natália | @tracandolivros 10/10/2018

Como se tivessem lhe contando uma história de forma oral
“Ópera dos Mortos” é um livro contado de uma maneira diferente. O narrador é “a gente”, e ele fala em forma de monólogo, com suas opiniões também no meio do relato.

Primeiro ele explica sobre a construção da casa de Lucas Procópio, que era um homem sério, rude e que fazia tudo como queria; ninguém na cidade gostava dele, e todos o temiam. Após sua morte o sobrado ficou para seu filho, o Coronel João Capistrano Honório Cota, um homem já mais bem centrado, adorado pela cidade e o completo oposto do pai; o que ele sempre tentou ser.

Honório Cota reformou a casa, mas deixou do jeito do pai e acrescentou o dele, agora os dois eram apenas um. Se casou com Genu e depois de muitas tentativas o casal conseguiu ter uma filha, dona Rosalina.

Um dia o Honório Cota se envolveu na política e tomou uma rasteira dos empresários, que tiraram ele da jogada. Assim ele acabou perdendo um pouco a simpatia. Depois da morte de sua mulher Genu ele se isolou total com a sua filha.

Agora Rosalina é a dona do sobrado, e depois da morte de seu pai ela ficou ainda mais isolada; com raiva da cidade por ter acabado com os sonhos do pai. Ela vive com a negra Quiquina, que é quem a ajuda nas compras. A calmaria na vida das duas acaba com a chegada de um estrangeiro chamado José Felíciano.
.
É um livro difícil de falar, porque ele é ao mesmo tempo muita coisa para explicar e pouca coisa para comentar. A escrita é um tanto confusa de início, porque é bem diferente do que estamos acostumados.
O livro começa a prender de uma forma inesperada. A trama fica muito interessante, e apesar de ficar entre passado e presente, é fácil se apegar e sentir curiosidade sobre o que vai acontecer. Além de que o narrador é lento, parece que ele tem a intenção de levar o máximo de tempo para contar tudo, então há várias vezes a repetição de alguns fatos. “Ópera dos Mortos” é um livro que tira o leitor da zona de conforto por causa da escrita e da linguagem, mas que traz vários ensinamentos da época, da vivência. Um livro interessante, e que me deixou muito animada para ler os outros livros do autor.

site: https://www.instagram.com/p/BlTCK6bnqba/
comentários(0)comente



Henrique Fendrich 25/09/2017

Muito bem arquitetado e executado. A fluidez dos monólogos interiores é notável. Uma história triste e com personagens marcantes. Sem dúvida o autor precisa ser mais conhecido.
comentários(0)comente



Deghety 14/03/2017

Ópera dos Mortos
Ópera dos Mortos - Autran Dourado,  escritor mineiro.

Confesso que nunca tinha ouvido falar de Autran Dourado, isso mostra, baseando-se em mim, o quanto desconhecemos de nossa própria literatura.
Em Ópera dos Mortos toda uma cidadezinha numa região mineira é regida direta e indiretamente pelas memórias e imponência da tradicional família Honório Cota. Desde o Temido Lucas Procópio, passando pelo admirado João Capistrano e chegando na reclusa e misteriosa Rosalina.
 A história se passa quase toda em torno do que acontece no imponente sobrado da família Honório Cota, sobretudo nas mudanças do modo de vida de suas gerações em relação aos habitantes da cidade.
A obra toma corpo quando entra em cena Juca Passarinho, um andante, metido a caçador e contador de histórias, que consegue trabalho no sobrado onde até então viviam a isolada Rosalina e sua empregada Quiquina.
 Cultural, poética, reflexiva e bem humorada, essa obra é sensacional, ainda mais quando se trata de personagens que carregam a acentuada identidade mineira.
"Pensa num livrim bão, sô.
Se gostô, leia,  uai"
rsrs desculpem, parei.
comentários(0)comente



Thiago 11/04/2016

Quando os relógios param.
Autran Dourado é sem sombra de dúvidas um dos maiores estilistas de nossa língua, e mesmo tendo sido reconhecido em vida, com a premiação do "prêmio Camões", "jabuti" e com toda a sua reeditada pela editora Rocco, ele é ainda muito pouco lido, é praticamente um ilustre desconhecido, e "ópera dos mortos", é um dos romances mais importantes, ao lado de "sinos da agonia" e "uma vida em segredo". A trama da obra se resume a chegada de Juca passarinho ao sobrado, depois de uma longa caminhada pelo sertão mineiro, pulando de emprego em emprego como um vagamundo, Quiquina a preta-velha e muda o recebe, quando ele pede um copo d'água, e depois ele pergunta se não precisam de alguém para trabalhar no sobrado como biscateiro, ele recebe o silêncio como resposta, e Quiquina fecha a porta, e quando ele ia embora ouve a voz de Rosalina, que o chama e o convida a trabalhar na velha casa.Por um tempo a vida transcorre tranquilamente, Juca passarinho se mostra um trabalhador diligente cuidando da horta, picando lenha e afugentando os moleques que roubam frutas e jogam pedras nas janelas e perturbam a vida das moradoras do sobrado, Mas Rosalina e Juca Passarinho começam a se envolver num misto de asco e desejo carnal violento, e com essa dicotomia acaba levando-os um fim trágico, e assim parando o último relógio do sobrado.
A trama é recheada de rememorações dos antepassados e da vida dos personagens antes e durante a chegada de Juca ao sobrado, e é narrado com muitos fluxos de pensamentos, as vezes dificultando para saber quem está narrando a história, ou se determinado fato realmente ocorreu, ou se foi somente um vislumbre do narrador.
comentários(0)comente



Valério 27/11/2015

Tesouro esquecido
Em uma prosa envolvente, os protagonistas se encontram e suas vidas se unem quase sem querer. Tão diferentes quanto podiam ser, Juca Passarinho, andante sem rumo, e Dona Rosalina, última e solitária remanescente de família tradicional da pequena Paracatu acabem com destinos enrodilhados.
Ela como patroa, ele como faz-tudo de seu grande sobrado. Por testemunha, apenas Dona Quinina, governanta do casarão e muda.
Dona Rosalina mantém o casarão isolado do mundo externo e não mantém quaisquer tipos de relações com os demais habitantes da cidade.
Por sua vez, Juca Passarinho, homem cego de um olho, por ferimento, é conversado.
Logo que chega à cidade, consegue o emprego na casa de Dona Rosalina.
A história é toda contada na linguagem do interior mineiro.
Não há como ler sem imaginar o sotaque, sem enxergar a vida na Paracatu de outrora.
Uma gostosa leitura. Cheia de nostalgia. Nos faz imaginar que cenas como as que ali somos levados a imaginar não mais existirão, compondo o quadro de um saudoso passado remoto.
Autran nos leva a tempos e lugares remotos, onde somente poderemos ser alçados à força de obras deliciosas como essa.
Uma breve amostra: "O que ficou pra trás, pra trás ficou, volta mais não. A gente recomeça sempre é o movimento. Daqui pra diante, não recomeça de trás, de onde parou. A gente nunca volta pra casa, a casa nunca é a mesma [...] O mundo não tem paradeiro, a gente recomeça do principinho, de onde mesmo principiou. Não é feito lousa de escola, basta um pano molhado pra apagar as contas, as letras da escrevinhação. A gente longe, tem sempre alguém que continua escrevendo."
É uma pena que tão bom livro seja tão pouco conhecido e difundido.
Boa leitura. Será garantida.
comentários(0)comente



Carlos Aglio 24/09/2011

Um romance de imagens fortes e encantadoras que me fez fã do autor...
Esse romance constava de uma lista de bibliografia básica, organizada pelo escritor Furio Lonza, que à época ministrou um curso, uma oficina de contos que participei, na Estação das Letras (RJ). Segundo Furio, a lista continha todas as obras mínimas, nacionais e estrangeiras, que um aprendiz de escritor deveria ler. E desde então, procurei ler as obras citadas, na medida do possível, já que queria escrever.
Ao organizar a minha estante no Skoob, separei o livro como meta de leitura, mas agora que cheguei ao fim da leitura conclui que já o tinha lido antes. É incrível como não registrei a época da primeira leitura, o quanto ele era maravilhoso, a ponto de me tornar fã do autor com uma única obra lida. Com certeza, esta segunda leitura se deu no momento certo!
Assim, a leitura fluiu-me bem interessante, nas belas descrições da trama e das personagens mineiras, bem como dos “causos” contados, aqui e ali, especialmente pelo Juca Passarinho. Apenas no finalzinho do livro, é que fiquei um pouco desapontado, não estava tão belo quanto todo o resto do livro, não pela história em si, que é forte por natureza, mas pela forma da escrita. Acho que teve um pouco de "encheção de linguiça" e o fato em si mesmo da história final, ficou prejudicado, perdido em poucas linhas que achei um tanto quanto confuso, ou seja, não sei se entendi bem... Vou reler o final mais para frente, Num momento oportuno, quem sabe não desfaço a minha má impressão?
O que achei interessante em Autran Dourado, pelo que li a respeito dele, é que ele escreveu suas obras, sem se prender a um único estilo. Isso já me despertou o interesse na leitura das outras obras, inclusive aquelas em que ele fala do seu próprio processo criativo.
comentários(0)comente



danizinha 17/04/2009

brasileirinho
Autran é ótimo, sua narrativa então fora de questão adorei li em dois dias .
MUITO fantástico nda relacionado a terror qualquer um q ler vai identificar algo em si muito próximo ao q o livro narra
RECOMENDO
comentários(0)comente



Camilo 15/03/2009

Uma viagem sensorial
O romance é de uma beleza plástica incrível. É preciso ler com olhos de quem quer descobrir o que há por trás das imagens, das descrições e do mistério que parece percorrer cada um dos personagens. Reflete um quê de barroco, de reflexo de um mundo barroco, com suas contradições que convivem simultaneamente. A linguagem de Autran Dourado beira a poesia.
comentários(0)comente



60 encontrados | exibindo 46 a 60
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR