Livy 14/09/2011
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Um detetive de homicídios da polícia de Washington, USA, linha dura. Um assassino internacional, mercenário, cruel, violento e sanguinário. Uma família é assassinada com requintes de extrema selvageria. Uma das vítimas, Ellie Cox era conhecida do detetive Alex Cross. A morte de Ellie desencadeará uma caçada ao criminoso através de um rastro de sangue e chacinas que partirão dos Estadus Unidos em direção à África: Nigéria e Serra Leoa. Alex Cross colocará em risco a integrigade fídica e moral de sua família para caçar esse assassino cruel e impiedoso nos reconditos das savanas africanas, num safari em que, certamente, de caçador ele acabará se tornando a caça.
De antemão vou dizer que o livro me pegou de surpresa. A capa é bem chamativa, bem como a sinopse. São 207 páginas divididos em 157 capítulos. Aliás, capítulos bem curtinhos de uma página ou duas, no máximo. Porém, o que me surpreendeu de verdade é que James Patterson conseguiu dizer tudo o que pretendia dizer, e alguma coisa mais, em uma história que poderia render, brincando, umas boas 400 ou 500 páginas. No entanto, ele o fez em um livro com pouco mais de 200 páginas. Isso, por si só, demonstra o quanto ele é um excelente ecritor. Pois, foi capaz de criar uma história tão complexa e espremê-la em pouco mais de duas centenas de páginas, sem perder o conteúdo, a qualidade e o interesse do leitor, o que, por si só, é um feito digno de mérito.
Quanto ao estilo do livro, coloco-o como um policial de ação com doses bem generosas de violência. Mas não se trata apenas de violência urbana, marginal e criminosa, como vemos frequentemente nos noticiários da TV. É, também, uma violência que estrapola o convencional de bandido-crime-investigação-prisão, muito comum nos romances policiais. A violência descrita em O Dia da Caça aponta para um caminho mais denso, visceral, enraizada no egoismo humano. Uma visão assombrosa da ganância e da intolerância humana, capaz de cometer atrocidades que vão além do racional e dos conceitos básicos do cristianismo. Mas, fiquem tranquilos. O bom estilo policial de O Dia da Caça não se sobressai apenas pela violência. O livro também tem ação, muita ação, do começo ao fim. Alex Cross é colocado no limite da sua condição física e da sua sanidade mental. O que me fez lembrar de Bruce Willis na série Duro de Matar.
Além disto, O Dia da Caça é um romance que prende você pela exuberância narrativa. James Patterson sabe escrever e sabe como manter o clima e o suspense, prendendo o nosso interesse até a última página. Os seus personagens, mocinhos ou bandidos, são cativantes, apesar de amá-los ou odiá-los, incondicionalmente. Alex Cross mesmo é uma ambiguidade. Em certos momentos você está do seu lado, torcendo por ele, sofrendo com ele; noutros, você torce para que ele apanhe um pouco mais para ver se coloca um pouco de juízo naquela cabeça dura. Mas não tem jeito, o cara é teimoso feito uma mula. Coragem e loucura é que não lhe faltam. Desta forma, amado ou odiado, Alex Cross é um nome que figurará entre os melhores detetives linha dura dos romances policiais de últimos tempos.
Narrativa perfeita, estilo impecável, personagens convincentes, diálogos inteligentes, ação e suspense investigativo, violência selvagem, miséria humana e social, corrupção e ganância. Bons ingredientes é que não faltam nesse livro que, sem sombra de dúvida, é um livro que merece ser lido por todos. Pois O Dia da Caça é um grito de alerta; um brado no meio da savana africana de nativos relegados à miséria, humilhados e abandonados à própria sorte. Consumidos pelas guerras fraticidas, a violência nos países africanos é de uma brutalidade inimaginável. Os horrores cometidos naqueles países, por homens insanos que detém o poder e o destino daquela gente, nos faz repudiar a violência e execrá-la como um câncer global que precisa ser extirpado, antes que acabe com o pouco de dignidade humana que ainda nos resta.
E achei interessante uma comparação que o autor faz em dado momento da história em que os noticiários da TV norte-americana estão mais peocupados noticiando a morte de uma modelo famosa, exibindo simultaneamente o seu falecimento em todos os canais, enquanto que o drama que se desenriola na Nigéria não é mencionado nem mesmo por breves segundos. Ironicamente, me lembrei do seguinte ditado: pimenta no olho dos outros é colírio.
Para finalizar, só faltou dizer que adorei o livro. Tanto que já estou ansiosa pela próxima aventura - ou loucura - de Alex Cross. Aliás, gostei muito da inserção dos três primeiros capítulos da próxima aventura do personagem, no final desse livro. Um toque bem legal da Arqueiro que deveria ser seguido por outras editoras. É uma forma bem legarl de promover seus livros e, de quebra, nos dar aquele gostinho de conhecermos um pouco da narrativa desses livros antes de decidirmos comprá-los.
Mais do que recomendado, O Dia da Caça é leitura obrigatória para os aficcionados por romances policiais, ou, ainda, para você que está procurando um bom livro de ação e suspense investigativo.
Ao ler esse livro compreendo por que James Patterson já foi traduzido para mais de 100 países e já vendeu mais de 200 milhões de livros em todo o mundo. Sem dúvida alguma, merece o título de um dos maiores escritores da atualidade. Porque, certamente, O Dia da Caça tem todos os elementos necessários para virar filme e ser um sucesso de bilheteria.