S. Bernardo

S. Bernardo Graciliano Ramos




Resenhas - São Bernardo


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Mateus 25/08/2011

Grande parte dos alunos das escolas brasileiras não gostam de ler e não sentem nenhuma atração pelos livros. Na verdade não grande parte, mas a maioria. E por que isso ocorre? A resposta está nos livros nacionais que os professores os obrigam a ler. O que era pra ser um estímulo à leitura, acaba se tornando um empecilho para os jovens.

Felizmente consegui perder meu preconceito por livros brasileiros há algum tempo atrás, após ler livros nacionais que acabei gostando bastante. Com São Bernardo, porém, me voltou o desânimo em relação a tais livros. Uma leitura nem um pouco atrativa, extremamente egocêntrica e de história vazia. Aí está um ótimo exemplo de porque os jovens não gostam de ler. Sendo obrigados a ler algo assim, é impossível pegar gosto pela leitura.

São Bernardo é narrado por Paulo Honório, um homem que carrega a angústia no coração e resolve contar sua história. Vai desde sua juventude pobre, passando pela conquista da fazenda São Bernardo, até chegar à grande fazendeiro, tudo isso marcado por grandes dificuldades. Uma história direta e nada mais. Sua importância histórica é indiscutível, pois foi uma das obras mais importantes do modernismo. Mas de resto não tem nada a acrescentar.

O que há de pior em São Bernardo são os personagens secundários quase sem característica alguma. Como é Paulo Honório quem conta a história, tudo no livro gira apenas em torno de suas opiniões e pensamentos. Sua personalidade sem dúvida é fascinante, e duvido que exista nos livros brasileiros alguém igual. Mas os outros personagens, que surgem no desenrolar do livro como peças quase imóveis do cenário, deveriam ganhar mais espaço, pois só assim a leitura se tornaria interessante. Ou não.

E quanto a sua história, tudo parece conspirar para que seja extremamente monótona e fácil de abandonar. Li cada página pensando em parar, e apenas cheguei ao fim porque precisava terminar um trabalho sobre ele. Mas é claro que o livro tem toda uma filosofia por trás de sua narrativa, pois se não não seria um clássico. Porém li, entendi e posso dizer que não gostei. Graciliano Ramos jamais.
Ariadne 29/08/2011minha estante
Querido, Modernismo é meio barra mesmo... Mas confesso que um representante do Romantismo em Portugal me deixou traumatizada... Fuja de "Amor de Perdição"... rsrs


Mateus 01/09/2011minha estante
Se nem os livros Modernistas brasileiros eu aguento, imagina os portugueses? Pode deixar que fico longe deles. Hehe' ;)


Bruna Britti 11/09/2011minha estante
Acho que estímulo a leitura é deixar cada um ler o que quiser, o que infelizmente isso está longe de acontecer nas escolas. Por isso os brasileiros logo cedo pegam o desgosto pela leitura. Existem livros maravilhosos de escritores brasileiros da atualidade que, infelizmente, não ganham tanto destaque porque estamos sempre valorizando apenas os clássicos. Enfim, tive a mesma sensação que vc. Li porque precisei, pra fazer uma prova da faculdade, mas minha vontade foi parar a cada página, rsrs.


Milena Karla - Mika 23/03/2012minha estante
Também estou tendo que fazer um trabalho sobre Graciliano Ramos. Uma chatice devo admitir. Até hoje não li nenhum livro brasileiro que realmente me fascinou.


Ana 02/06/2012minha estante
Não acho que a leitura de autores nacionais de outrora seja negativa. Certamente que o prestígio é merecido; São Bernardo é uma obra consagrada e merece respeito. Pode não ter sido, a meu ver, absolutamente fascinante, mas também não creio que seja motivo para desânimo. Graciliano Ramos não merece o preconceito que recebeu entre a juventude. Obviamente que deve se levar em consideração a época em que o livro foi escrito - os aspectos, já hoje não considerados inovadores, na época de publicação tiveram sua importância, até hoje reconhecida. A literatura do século passado tem seu valor. Uma pena que nem todos o reconheçam.


Milena Karla - Mika 15/06/2012minha estante
Concordo Mateus, sou louca para ler um Livro de Jô Soares. Soube que ele escreve muito bem. É realmente ruim ser obrigado a ler Livros tão chatos e monótonos.


Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Acho esse debate muito legal porque vejo um problema real nele: as obras clássicas frequentemente são pesadas e difíceis de apreender sobretudo porque a educação geral das pessoas é medonha, por isso, são julgadas "chatas" ou qualquer bobagem assim, o que acaba fazendo com que as pessoas abandonem a leitura crendo que leitura se resume à isso. O ruim é que a escola é o espaço onde justamente o clássico deveria ser apresentado, onde as pessoas poderiam ser formadas com o que há de melhor na cultura de seu país, já que quando saírem não terão que ler esse tipo de obra e poderão ir, por exemplo, para literatura de massa que vocês citaram, Jô Soares, Paulo Coelho e qualquer coisa do tipo.

O ideal seria melhorar a educação das pessoas ao ponto que um clássico se torne uma coisa incrível independentemente de se gostar, achar chato ou qualquer avaliação subjetiva do tipo. Porém, dadas as condições brasileiras acho que isso não virá tão cedo. Particularmente, eu gostaria que quando jovem me tivessem apresentado outros clássicos os quais me motivariam mais a ler para que hoje, com mais cultura, eu pudesse voltar aqueles de difícil digestão, como Lima Barreto, São Bernardo e livros do tipo.


Caroline Gurgel 09/05/2013minha estante
Mateus, penso exatamente da mesma forma que você. Brasileiro não gosta de ler porque é obrigado a ler livros chatíssimos e rebuscados quando ainda não tem maturidade pra isso. Lembro de ter sido obrigada a ler livros como Vidas Secas, São Bernardo, entre outros, quando muito nova na escola e aquilo vira sinônimo de obrigação das mais insuportáveis. Está na hora disso mudar, os clássicos nacionais devem ser inseridos no nosso dia a dia aos poucos, misturados com livros divertidos, de autores contemporâneos, livros de fantasia... Enfim, esperamos que isso mude, não é?! :)


Sergio 11/08/2013minha estante
Se vc pensa isso desse livro então se vc leu algum do Jose de Alencar vc queimou ele na primeira pagina né? Pq o cara tem o tedio e a monotonia em cada ponto, e no caso do dom casmurro , por exemplo q tem uma tematica parecida vc tentou o suicidio


Sergio 11/08/2013minha estante
Na escola me pediram pra ler um livro pra fazer trabalho pela primeira vez em 1986, tava na terceira serie, a professora pediu Vinda Com a Neve, é livro infantil, próprio pra alguem q tem 9 anos, depois ela foi pedindo os do Pedro Bloch, tudo livro infantil, como eu já lia quadrinhos foi tranquilo, agora na 8 serie a professora pediu pra ler Senhora, eu desejei q ela queimasse no inferno, e hj com 36 anos se vc falar em José de Alencar perto de mim vc esta tentando fazer um inimigo


Mizael 21/09/2013minha estante
Sinceramente não compartilho nem um pouquinho que seja de sua opinião. Primeiro, não acho nem um pouco chata e monótona a leitura de S. Bernardo nem muito menos Graciliano Ramos, ao que me parece é "chato e monótona' pra quem não entende o por que do livro ser feito dessa forma. Segundo, para Tuila Ziliotto, acho, sinceramente, que leituras como Graciliano divertem muito, e mais tem uma significação diferente a cada vez que leio. Não é à toa que tenho um cachorra chamada Baleia. Terceiro, me desculpe a sinceridade Matheus, você leu S. Bernardo obrigado, e diferindo do que você disse, VOCÊ NÃO ENTENDEU O LIVRO, vc o leu apenas pelo simples (des)prazer da obrigação, o que a meu ver, lhe bota uma venda nos olhos impedindo de ver o além-horizonte desse livro. Adoro esse livro, assim como Vidas Secas, sou fã de Graciliano e acredito que suas obras além de divertir bastante nos fazem pensar, são livros que não acabam quando acabam. Provocam, como li um dia desses, um êxtase literário, um ótimo indicador de um bom livro. PS. Nicholas Sparks é sim uma "literatura de papel higiênico".


Mateus 29/09/2013minha estante
Acho que o mais fascinante das pessoas é que cada uma possui uma opinião diferente, né Mizael? Achei bem legal tudo o que você disse em relação a São Bernardo, e é bem perceptível em suas palavras o quanto você gosta das obras do Graciliano Ramos. Mas minha opinião está expressa no que eu disse aí em cima, e nada mais. Achei chato mesmo, monótono e super cansativo, e ponto final. Ter lido obrigado para a escola pode ter contribuído para isso, mas já li outros livros na mesma situação, como Iracema e Memórias de um Sargento de Milícias, e que eu acabei gostando muito. Dizer que não entendi ou que não estava no momento certo para a leitura são só desculpas esfarrapadas para um livro que eu não gostei de verdade. Tenho um respeito enorme pelo Graciliano Ramos, e sei bem o quanto o autor contribuiu para enriquecer a literatura brasileira, mas infelizmente os livros dele não são do meu agrado e pronto. A Tuila disse certo aí embaixo, existem a "literatura de papel higiênico", que é a que todo mundo lê e é só para diversão (estilo Nicholas Sparks), e os livros clássicos, que são pra instruir, despertar nosso senso crítico. Com sinceridade, eu gosto muito de livros clássicos, mas se for pra ler algum, eu fico com os clássicos mundiais ou até mesmo com José de Alencar, que acho bem mais agradável e com uma narrativa mais bela do que o Graciliano. Pelo menos tenho a honra de ter lido e dado minha opinião, ao contrário de tanta gente que diz que odeia literatura brasileira mas não sabe quase nada a respeito. O importante é tentarmos diversificar nossas leituras, criar um senso crítico e respeitar a opinião de cada um como estamos fazendo.


Muan Murt 07/10/2013minha estante
E um livro não monótono para você é exatamente o que? Dragões cuspindo jetskis em anões assassinos de golfinhos? Ou as trapalhadas do "50 tons de cinza"? Ou as terríveis aventuras de "Eu Sou o Numero Quatro"? São Bernardo traz consigo dezenas de criticas sociais e analises possíveis que provavelmente você não captou. Impossível uma obra como essa ser considerada monótona. Sua opinião é superficial e não me instiga nem um pouco.


Arsenio Meira 14/01/2014minha estante
Olá Mateus,
Respeito sua opinião (é, aliás, a obrigação de todos respeitar o pensamento divergente); porém não concordo com sua análise. "São Bernardo", de fato, requer um pouco de maturidade, e essa maturidade pode ser trabalhada com o pessoal mais novo. É um romance pleno. Um joia rara. O fato de o Narrador centrar suas opiniões não justifica o vazio do enredo; Paulo Honório exteriorizou as suas reflexões; a partir delas, as denúncias sociais são explicitamente grafadas pelo gênio do escritor alagoano. Até mesmo Graciliano, que escreveu o romance em 1934 (!!) entendeu o absurdo que é, quando um ser humano tenta anular o outro. Naquela época a coisa mais comum entre as gentes, era subjugar a mulher. Quando o homem, fosse da cidade ou do campo, pisava nas mulheres, ficava tudo por isso mesmo. Fosse em São Paulo, no Rio ou no sertão de Pernambuco. Até nisso, é um livro pioneiro. Pouca gente no Braisl olhava para tal questão. Outro ponto: o livro foi escrito em plena ditadura Vargas, e mostra como a ambição é capaz de matar um ser humano. É um petardo contra o próprio Getúlio, que de político bonachão, passou a torturar, prender e matar quem estivesse pelo meio do caminho. A garotada precisa conhecer isso, e também, como nem tudo são cinzas, a face iluminada da personagem Madalena. E, por fim, Graciliano escrevia em dois parágrafos o que muita gente graúda por aí não consegue escrever em 5 páginas. E isso, definitivamente, não é para qualquer um. Mas o seu ponto de vista, assim como o de outros que concordaram, precisa ser preservado ao máximo, de modo que a minha discordância é meramente isso: uma questão, cujo meu ponto de vista é diferente do seu. E nada mais. Nem eu sou mais inteligente que você e vice-versa. O importante é o diálogo. Abraços.


Júlia da Mata 13/02/2014minha estante
Gostei bastante da sua resenha, mantendo a sua opinião sem se importar se as pessoas não concordam. Concordo contigo quando diz sobre os jovens brasileiros não lerem por conta da maneira que os professores nos obrigam a ler livros chatos. Até hoje, mesmo sendo uma leitora avida, sofro com isso, mas sobre o que diz sobre o livro, vou me abster até ter lido o livro e ter uma opinião própria.

Além disso, parabéns pela boa resenha.


Thiago Ernesto 07/03/2014minha estante
Mateus, devo discordar da sua análise. São Bernardo é escrito de acordo com a visão de Paulo Honório, de modo que a falta de descrição dos personagens seja uma marca de seu egocentrismo. Creio que este romance é ainda melhor que Vidas Secas também de Graciliano. Graciliano Ramos escreve com um pessimismo em relação aos humanos e é um mestre nas palavras. Na minha humilde opinião, logo após Machado, excluindo a genialidade de Guimarães Rosa com seu neologismo, é o escritor que mais bem domina nossa língua e sabe construir uma história. Graciliano sempre!


Ed Ribeiro 03/03/2015minha estante
São Bernardo é top! O que tu gosta de ler Mateus?


Ana 20/07/2015minha estante
Pouco atrativo para a juventude brasileira? Com certeza. Chato? Talvez. Agora, HISTÓRIA VAZIA? JAMAAAAAIS!!!


relamounier 23/11/2015minha estante
Engraçado que eu sempre fui uma leitora voraz, aprendi a ler pouco antes dos 4 anos, antes mesmo de ir para escola, de pura curiosidade - minha mãe era professora e eu ficava o tempo todo prestando atenção quando ela estava preparando aula.
E desde os 11 anos, quando li Memórias Póstumas de Brás Cubas com acompanhamento de uma tia que era professora de português, tenho profundo carinho pela literatura clássica brasileira.
Estou relendo S. Bernardo agora e me surgem novos questionamentos acerca da reitificação, da maneira genial como o livro é todo estruturado na divisão do trabalho, na maneira como foi escrito na língua coloquial sem que isso comprometesse a qualidade literária.
Tenho muita dificuldade em ler são esses livros escritos em massa, que até bastante gente gosta. Escritores como "Nicholas Sparks", "John Green", "Stephanie Meyer", "Dan Brown" não me descem com facilidade, principalmente quando tento ler um segundo livro deles e vejo que é praticamente igual na estrutura ao anterior.
Às vezes noto muita gente com dificuldade de sair da zona de conforto, taxam um livro como ruim ou enfadonho porque o mesmo possui palavras que não conhecem ou porque têm informações que precisam ser digeridas, analisadas, repensadas. Sempre gostei daquilo que me fazia procurar o dicionário, me gerava perguntas e até uma certa dificuldade, misturando lazer e conhecimento.
Não gosto de livros "Sessão da Tarde", mas claro, isso é uma questão pessoal.


mpin 27/08/2017minha estante
Verdade. A forma como literatura é ensinada no Brasil ainda é muuuuuuito canônica. Li esse livro na faculdade, também. Não me marcou pelos motivos que você cita. Hoje em dia a faculdade mudou bastante a forma de se ensinar literatura, mas essa abordagem canônica ainda resiste. Eu sou formado em Letras, mas só me reconciliei com a literatura depois de velho, escolhendo minhas próprias leituras, sem preconceitos. Vou da literatura mais pop à de mais alto nível. Mas os professores insistem em se refugiar apenas nos clássicos e se sentem inseguros de abordar com mais seriedade os aspectos técnicos que fazem uma história funcionar desse ou daquele jeito. Pena.


Maleno Maia 06/12/2017minha estante
Devido a sua resenha negativa vou correr para ler avidamente, pois eu adoro clássicos brasileiros. Já li muitos e todas as escolas literárias. Nunca tive problemas com clássicos; aliás, sempre me instigaram e dou graças a Deus que a escola me os ofereceu (eu não via como obrigação) e assim aumentei minha paixão por eles. Meu gosto pelos livros nacionais foi por conta da escola. Como sou grato a ela.


Jeze 13/12/2018minha estante
Discordo de sua opinião.


Caio 25/12/2018minha estante
Discordo. Para mim a literatura brasileira é ótima, no meu caso, sempre tive dificuldade em Machade de Assis mas APRENDI a ler e agora entendo a sua mensagem. O problema tbm é que as pessoas só querem ler coisas fáceis, simples de acordo com ela sabe, dificil as pessoas pegar um livro dificil pq tem preguiça ou nao tem vontade de aprender algo mais dificil e novo. Eça de Queirós outro exemplo de leitura realista detalhista, alguns não gostam pela linguagem, estilo mas adoro e já li 3 livros dele. Eu gosto e prefiro livros dificeis e que tenha muitas citações.


Caio 25/12/2018minha estante
Graciliano é um grande representante e gosto muito li tres livros dele (Vidas Secas terminando), Caetes e São Bernardo e falo para vc: Vlw mt a pena.


Elomar 27/05/2019minha estante
É por causa de pessoas como essa que as embalagens de xampu vem com manual de uso, pois se não elas são capazes de ingerir o conteúdo do frasco.


strangrish 16/07/2019minha estante
eu gosto muito da literatura brasileira mas graciliano ramos é um caso a parte, um absurdo de chato...


Ednaldo 03/10/2020minha estante
Cada um tem seu próprio mundo na cabeça, por isso há muitas visões. Já li São Bernardo há muitos anos atrás, e para mim foi emocionante, vivi ao lado de Paulo Honório sentimentos fortes que só quem pode sentir é quem desenvolve uma sensibilidade de sentir a dor do outro. Talvez não seja a leitura desses clássicos que seja chata ou monótona, os mundos de hoje parecem serem muito pequenos para abraçar a profundidade de um universo tão rico e vasto, menos chato...


Anderson 27/10/2020minha estante
Que discussão incrivel nos comentarios, haha. Acho que depende bastante do modo em que o conhecimento da literatura é apresentado, pois foi justamente na escola através de um seminário dessa obra que eu me apaixonei por Graciliano Ramos, modernismo melhor movimento literário junto com o realismo


Thales.Santos 05/11/2020minha estante
A primeira coisa a se considerar é o caráter político de Graciliano, q inclusive foi preso na era Vargas por ser comunista. Suas impressões políticas estão impressas no romance.

O livro começa com Paulo citando os personagens pela divisão do trabalho. N sabemos quase nada sobre eles, apenas suas profissões. N sabemos nada tmbm sobre o próprio Paulo, q só é revelado o nome pro final do primeiro capítulo e suas características no segundo capítulo. Mas ainda assim já fica claro como o Paulo é o catalisador daquele universo. Ele é um homem de ações e todas as ações é deflagrada por ele.

Tmbm fica claro como o Paulo vê TD como uma propriedade a ser conquistada. Até msm suas relações. Por isso msm os personagens n são tão explorados, pq eles estão ali para serem manipulados conforme a necessidade do narrador. Pra ele é tudo lucro ou prejuízo. Vale lembrar a forma como ele narra sobre o incidente na pedreira, como se a morte de homens se resumisse a prejuízos e ND mais. o pode diminuir os prejuízos.

A única que foge disso é Madalena, q n aceita ser apenas um objeto a ser possuído e q não aceita a forma bruta e desumana que ele trata os trabalhadores. O primeiro desentendimento entre eles, após 8 dias de casado, é sobre questões financeiras, pois ela acha injusto o salário do Ribeiro. Os outros dois desentendimentos , advinha? Questões financeiras tmbm

Outro ponto é o contexto histórico. É uma época marcada por banditismo, disputas por terras e coronelismo. Disputas de terras marcadas por bala e sangue, como fica evidente com o assassinato de Mendonça. Outro era a "ameaça comunista", q aterrorizava os cidadãos (como até hj). Isso tmbm fica evidente em diversas partes. As conversas entre o Paulo, Gondim e Nogueira me pareceu uma forma do Graciliano mostrar como as pessoas eram desinformadas sobre o assunto e suscetíveis a propagandas anticomunistas das mais bizarras.

Enfim, vc n gostar da obra é compreensível. Mas dizer q a "história é vazia" e "nada a acrescentar" é um total absurdo. Espero q um dia vc pegue o livre para uma releitura e veja o quão enganado vc estava.


Milena Karla - Mika 12/11/2020minha estante
Gente, essa resenha é de 9 anos atrás, acalmem-se.


Eduardo 23/11/2020minha estante
O enredo de S.Bernardo é muito simples, é verdade. Porém, Paulo Honório não destaca os outros personagens porque, para ele, eles são irrelevantes, são meras criaturas para obedecer a ele, indivíduo extremamente egocêntrico. A linguagem de Graciliano é bem objetiva. Não acho ele chato de ler.


Ariadne 31/01/2021minha estante
Hahaha. Vivi para ver os comentários (que eu iniciei) durar nada menos que 09 anos e o fluxo ainda tá seguindo. Seguinte: não mexam com o meu Teteus hahaha. Abraços, pessoal!


Mateus 01/02/2021minha estante
Ariadne, rindo muito do seu comentário hahaha meu eu de 26 anos de hoje se sente envergonhado pelos comentários do Mateus de 16 anos, mas vida que segue. Minha cabeça e meus gostos mudaram totalmente e, hoje, sempre pego algo da literatura brasileira para ler. Até pensei em apagar essa resenha, mas acho que vale para ver meu amadurecimento. Quando reler o livro, o que pretendo fazer em breve, volto aqui para atualizar a resenha.


Ariadne 03/02/2021minha estante
Apague não. Minha visão de mundo hoje também é diferente.


Vitor 26/03/2021minha estante
Esse comentário é antigo, não sei se o autor dele ainda pensa do mesmo jeito. Mas, assim... jamais poderia estar mais longe da razão. Com todo o respeito. Graciliano foi um gênio. São Bernardo é uma obra-prima, um mergulho nas trevas do coração de um homem atormentado, um triunfo literário de rara composição, geometricamente pensada. Um livro maravilhoso. Leiam.




Claire Scorzi 28/03/2021

Seco. Contido. Poderoso.
Tivesse eu ainda entusiasmo, faria um vídeo disto. Não tendo mais, vai esta resenha que como sempre ficará aquém do livro.
Li São Bernardo na juventude; Embora reconhecendo mérito ao autor, vi frieza e distância na forma de narrar. Passaram-se anos. Fiz as pazes com Graciliano através de "Angústia", que continua meu favorito.
Porém reler depois de mais de vinte anos "São Bernardo" foi uma surpresa.
Primeiro: no dia que comecei, havia tentado começar outros livros: tudo soando pretensioso, fraco; eu mal passava das páginas iniciais. Aí peguei São Bernardo e veio a primeira alegria: antes da página 20, estava fisgada. Escrita seca, ágil, sem firulas e sem adornos, sem pretensão alguma - e poderosa. O que os outros autores - 3 ao todo - não tinham conseguido, Graciliano fez sem demora: me conquistou, me ganhou cativa para a sua história.
Que é uma grande história. De um 'made self man' brasileiro, Paulo Honório, que resolve contar sua vida. Há de tudo: violência, paixão, ciúme, ódio, revolta, ambição, desencanto, corrupção, reflexão sobre si e a vida, até sobre o ato de escrever. Acho que Lúcia Miguel Pereira tinha certa razão em ver um defeito no romance no fato de ser tão bem escrito - sendo o 'autor' um protagonista pouco instruído que se assume como autor do que lemos. Ao mesmo tempo, a força do livro é tal que passamos por cima desse defeito. É grande. É forte. Poderoso, como disse. Mergulhamos com Paulo Honório em tudo que nos conta, ao seu lado mesmo quando em desacordo com ele (e há muito com que discordar, aliás).
Não dei 5 estrelas por duas coisinhas que me incomodaram, e aqui, um aviso - darei spolier para explicar (não leia se não quiser saber detalhes do enredo):
- O suicídio de Madalena. Sendo ela uma pessoa boa, generosa, compassiva, só pode estar se matando porque o marido a maltrata grandemente. Aí, ela se suicida, mas - se era ela tão boa pessoa, não pensou no filhinho bebê que abandonava ao marido violento? Não teve escrúpulo de deixar nas mãos de Honório a criança indefesa?
- A referência feita por Paulo à carta deixada pela esposa destinada a ele. Graciliano não achou necessário citar sequer um trecho dessa carta, que seria tão importante para entendermos o ato último de Madalena, nós, leitores, mesmo que o marido não entendesse - Paulo só diz que a carta traz umas palavras difíceis que ele não entende. Seria este o propósito de Graciliano, deixar que nós imaginássemos a dita carta? Não sei. Pode ser, mas deu-me certa frustração.

Fim do spoiler -
Nada disso muda o fato de estar-se diante de um grande romance, decerto um dos nossos maiores. "Angústia" continua meu favorito. Mas, agora, "São Bernardo" não me fala de um escritor frio, mas sim artista, contido e seco e sutil naquilo que não diz, só insinua ou nos deixa especular. Grande.
Pavozzo 28/03/2021minha estante
Ah senhorita Claire! Não nos tente com pensamentos sobre gravar vídeos de novo... Só nos deixará passando vontade! rsrs.

Comentários belíssimos, como sempre.


Wallace 29/03/2021minha estante
#VoltaProYoutubeClaire


Claire Scorzi 29/03/2021minha estante
Infelizmente o entusiasmo necessário nunca voltou...


Marcio 29/03/2021minha estante
#VoltaProYoutubeClaire


Mayara Beatriz 29/03/2021minha estante
Não precisa voltar, só grava um vídeo, depois grava outro, depois outro srrsrs. Espero que um dia se entusiasme com o nosso entusiasmo ^^


Claire Scorzi 30/03/2021minha estante
Vocês são gentis, como sempre. :) Obrigada.


Cris 30/03/2021minha estante
#VoltaProYoutubeClaire


Cris 30/03/2021minha estante
Li São Bernardo durante as eleições, onde em minha própria casa e entre amigos, expor opiniões se tornou quase impossível. Chorei ao me identificar com a esposa, que se vê calada, silenciada, não validada. Sinto que o que a levou ao suicídio - mesmo reconhecendo aí um ato egoísta - foi perceber que seu espírito foi assassinado e ela não encontrou forças em si para se refazer. Foi tratada como fraca, menos...Que acreditou. Ñ viu saída.


Claire Scorzi 30/03/2021minha estante
Cris: Muito obrigada por colocar o que você achou.


Cris 30/03/2021minha estante
Eu que agradeço, Claire. Acho que destoei em pouco...masss


Karen 23/12/2021minha estante
? o que eu sinto lendo a primeira frase da resenha em uma única imagem. Que falta fazem os seus vídeos...


Sena 22/02/2024minha estante
Acabei de reler S. Bernardo e também gostaria de parte ou a carta toda de Madalena tivesse sido exposta. Em boa parte da narrativa fiquei pensando na Madalena e gostaria de ter visto pelos seus olhos (pela carta) mais dela, a relação com o Paulo e o que a levou a algo tão irreversível.




Natalie Lagedo 15/09/2017

É deveras difícil falar sobre um livro excelente. Quando ele nos toca a alma. Descrições do ambiente, não há. Do físico dos personagens, só remotamente. Mas em Graciliano isso não é defeito, é mérito. A densidade psicológica é a maior que já tive contato em obra escrita em língua portuguesa. Imergimos juntos com Paulo Honório na dor resultante da desconfiança.

O projeto de escrever um livro é calculado pelo narrador. Aliás, tudo na vida dele é fruto do muito pensar. As adversidades externas foram vencidas a todo custo, por meios lícitos ou não. No entanto, essa força para mudar o mundo o torna "inimigo' das outras pessoas, na medida em que passa a suspeitar de todos. Ascender a proprietário de terras quando veio do mais baixo nível foi um fato não superado pelo protagonista, que precisava reafirmar sua autoridade a todo o momento.

São Bernardo também trata de adultério, talvez apenas imaginado, de suicídio, este comprovado. Mais do que isso, da falta de comunicação, do orgulho. Da tristeza, solidão. A aridez aparente de Paulo Honório é quebrada pelo fantasma de Madalena e do que poderia ter sido e não foi. Ele escreve para si, na tentativa de entender ou, no mínimo, justificar o passado e a desesperança para o futuro.
Salomão N. 15/09/2017minha estante
Livro do Desassossego.


Cy 15/09/2017minha estante
Viva, Graciliano! *corações eternos*


PC_ 15/09/2017minha estante
A dócil? :(


Wagner 15/09/2017minha estante
Simplesmente brilhante, parabéns ancestral Natalie.


Andrade 15/09/2017minha estante
Resenha ótima!! Parabéns!


Wagner 16/09/2017minha estante
... simplesmente brilhante, parabéns!


Thiago 27/09/2017minha estante
Dividimos a mesma devoção a esse grande escritor.




Fabio Shiva 25/01/2018

Simplesmente brutal!!!
Esta pungente tragédia nordestina é tão forte e contundente porque é, sobretudo, uma tragédia essencialmente humana. Paulo Honório, protagonista e narrador de “São Bernardo”, é tão universal quanto Édipo ou Hamlet, em suas ações e motivações. Se Édipo age porque não sabe, e Hamlet não age porque sabe, talvez Paulo Honório seja aquele que age para descobrir que não sabe...

Otelo e Dom Casmurro são outras figuras clássicas evocadas nesta poderosa obra, por conta do avassalador ciúme de Paulo Honório. Ao contrário de seus ilustres predecessores, contudo, o ciúme do herói de “São Bernardo” não nasce do amor, mas do sentimento de posse, que coisifica pessoas e relações. Madalena recusa-se a ser um mero objeto possuído, tal como a fazenda de São Bernardo, e por ousar expressar opiniões próprias incorre na ira ciumenta de Paulo Honório.

A prosa de Graciliano Ramos é poderosa e angustiante, enxuta ao extremo, onde não há sequer uma vírgula sobrando. A narrativa é de uma aridez tamanha que deixa a garganta da gente seca, implorando por uma gota de umidade! Isso aliado a uma concepção literária das mais altas, a serviço de um profundo questionamento sobre o sentido da vida humana e da ordem do mundo, imaginem! Tudo considerado, em minha opinião teria sido merecidíssimo se Graciliano tivesse sido o primeiro brasileiro a ganhar o Nobel de Literatura...

A edição que li traz, após o magistral romance, um ensaio crítico de João Luiz Lafetá, muito interessante, de onde copio algumas ideias para referência futura:

* “Sumário Narrativo” X “Cena”: “O ‘sumário narrativo’, explica-nos Norman Friedman, ‘é a exposição generalizada de uma série de eventos, abrangendo um certo período de tempo e uma variedade de locais’; a cena, por sua vez, implica a apresentação de detalhes concretos e específicos, dentro de uma estrutura bem determinada de tempo e lugar.” (177)

* “V. Propp demonstrou que os contos populares se constituem sempre em torno de um núcleo simples: o herói sofre um dano ou tem uma carência, e as tentativas de recuperação do dano ou de superação da carência constituem o corpo da narrativa” (V. Propp, Morfologia del cuento). (179)

* “O romance, segundo Lukács, é a história da busca de valores autênticos por um personagem problemático, dentro de um universo vazio e degradado, no qual desapareceu a imanência do sentido à vida” (G. Lukács, A Teoria do Romance). (195)

* “Como afirma Lukács, a mais humilhante impotência da subjetividade manifesta-se menos no combate contra estruturas sociais vazias do que ‘no fato de lea estar sem forças diante do curso inerte e contínuo da duração’.” (196)

Curiosamente, em seu brilhante e extenso ensaio o crítico deixa de mencionar dois aspectos que muito chamaram minha atenção:

1) O cachorro da fazenda chama-se Tubarão, em um rico e sugestivo paralelismo com a cachorra Baleia de “Vidas Secas”.

2) O que para mim sintetizou de forma brilhante a coisificação (ou reificação) de pessoas e relações em “São Bernardo” é o filho de Paulo Honório de Madalena, “franzino e amarelo”, rejeitado por todos, que é destituído até mesmo da simples dignidade de um nome. Ele é apenas o “menino”. Brutal!!!

E viva a Literatura Brasileira! Viva Graciliano Ramos!

http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/2018/01/sao-bernardo-graciliano-ramos.html


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Juliana 26/01/2018minha estante
Suas resenhas são sempre inspiradoras. Quantos não foram os livros que li por causa delas! Fugi desse livro na época da escola, e hoje mais velha, estou fazendo o seguinte experimento: dar uma chance a minha pessoa de aceitar as indicações dos meus professores.


Fabio Shiva 27/01/2018minha estante
Oi Juliana, fiquei muito feliz com seu comentário, que alegria saber disso!
Sobre os livros que nos obrigam a ler na escola, acho que simplesmente não funciona obrigar a pessoa a ler tendo que decorar fatos e nomes para depois fazer uma prova, e ainda esperar que a leitura seja agradável e proveitosa! Lembro de "Iracema" do José de Alencar, que odiei quando li na escola, e tempos depois, ao reler por livre e espontânea vontade, amei!


faelfloriano 07/02/2018minha estante
Terminei de ler o livro hoje, justas as suas palavras!


Carolina 08/02/2018minha estante
As resenhas do Fabio dão vontade de ler os livros mesmo


Fabio Shiva 15/02/2018minha estante
Gratidão, amigos!


Nathalia.Ramos 02/04/2018minha estante
Tenho esse livro em casa, comecei mas não terminei. Agora quero saber da história :D


Fabio Shiva 17/04/2018minha estante
Que bom, Nathalia! Boa leitura!




Ariadne.Esqueisaro 17/09/2016

São Bernardo
Apesar de Clássico, Graciliano Ramos é chato. Tem seu contexto histórico e social mas é uma leitura difícil
Samara 09/06/2017minha estante
Difícil? Difícil, é Clarice Lispector


faelfloriano 07/02/2018minha estante
Uma leitura equivocada causa essa impressão.


Ariadne.Esqueisaro 14/02/2018minha estante
O que seria uma leitura equivocada?


Adoni 22/04/2019minha estante
Estou lendo e também estou achando estremamente chato. Com todo o regionalismo e, talvez, a "falta" de clareza (Não sei se intencional ou não) é difícil criar na mente os cenários descritos. Talvez seja imaturidade minha, mas, até o momento, estou decepcionado.


Ariadne.Esqueisaro 28/04/2019minha estante
Concordo. Difícil visualizar espaçoe personagens




marcelo.batista.1428 01/03/2022

Paulo Honório, um rico fazendeiro do interior de Alagoas, é a personagem principal e o narrador dessa estória, que conta sua vida, da infância a velhice. A leitura tem fácil fluência, pois a escrita é simples, sem floreios, e mais, seguindo a personalidade do narrador, é também: bruta, seca, indiferente.
Paulo Honório segue a si mesmo, raras vezes duvida de si, é sincero em seus escritos. Com isso, através da ótica do dominante (em sua maior parte), encontramos um pouco da dura vida do nordeste brasileiro no começo do século vinte, e no meu caso, tento empatia (e acho que o autor me ganhou) com os sofrimentos individuais de uma personagem que tem tantos desacordos com o meu pensamento.
Uma observação: empatia não me faltou por Madalena: pensamento progressista silenciado apesar de todos os desvios tentados e de concessões realizadas por ela. Infelizmente me lembrou os dias atuais, parece que voltamos um século.
Juliane.Motta 22/06/2022minha estante
Ano este livro ?


marcelo.batista.1428 13/07/2022minha estante
eu gostei bastante também. Fiz as pazes com Graciliano depois de Angústia rs


Juliane.Motta 14/07/2022minha estante
Hahahaha eu tô na metade de Angústia... Não se compara a São Bernardo e Vidas Secas, dá um nó na minha cabeça às vezes, mas precisava ler mais alguma coisa dele.


marcelo.batista.1428 31/07/2022minha estante
Li Vidas Secas há muito tempo, para a escola. Acho que será o próximo livro que lerei dele. Lembro bem pouco do que li.




spoiler visualizar
Henrique Fendrich 23/07/2020minha estante
Esse é bão mesmo.


23/07/2020minha estante
Um dos livros da minha vida. Depois de Angústia, este é meu Graciliano favorito.


Maria 23/07/2020minha estante
Não li Angústia. Ainda. Partiu colocar na lista. :-P




@tigloko 06/10/2022

Narrativa seca e brutal
O livro começa com Paulo Honório, dono da fazenda São Bernardo, que construiu sua reputação sem escrúpulos e sentimentos, escrevendo suas memórias desde a infância até se tornar um grande fazendeiro no sertão alagoano. Em determinado momento da sua trajetória, ele decide se casar para construir uma família. Já casado com Madalena, professora com uma visão de mundo totalmente diferente, o casamento entra em conflito por ele não conseguir entender a esposa e seguimos essa narrativa.

No início foi difícil entrar nessa história. O autor tem uma forma direta de escrever, sem dar muito contexto. Além da linguagem regional ser muito presente. Longe de isso ser algo ruim, apenas que foi dificil mergulhar no começo. Mas a partir do casamento eu não consegui largar o livro, até saber o que aconteceria. A leitura toma uma proporção frenética, mais pela tensão do que por grandes acontecimentos.

Tive aquele sentimento de bomba relógio nessa leitura. Como se a qualquer momento fosse acontecer uma desgraça, elevando o nível de tensão a cada página. Muito relacionado pelo ciúme doentio que Paulo tem por Madalena. Não lembro de ter lido uma narrativa que tratasse o ciúme de forma tão realista, brutal.

O tema de arrependimento também ecoa bastante durante o livro, já que acompanhamos um Paulo perdido nas memórias da sua vida passada e no casamento com Madalena. Se ou como ele poderia mudar os fatos passados, se ele faria algo diferente, são partes bem triste.

E ainda pra fechar, tem muito contexto político da época, algo que gosto e é sempre bem vindo.

Poderia falar bem mais desse livro mas já ficou claro que gostei muito, recomendo!
Fernanda 08/10/2022minha estante
Não acredito que depois dessa resenha estou tentada a ler Graciliano Ramos ? muito boa ???


@tigloko 08/10/2022minha estante
Obrigado Fernanda ? que bom q gostou! Fico feliz.




Francelle 24/01/2017

Melhor maneira de conhecer Graciliano Ramos, com certeza.
Essa foi a primeira obra do Graciliano Ramos que eu li. Portanto, não conhecia nada sobre o estilo da escrita do autor, e só sabia, a respeito dele, que era o autor de Vidas Secas.
Mesmo que São Bernardo não tenha tanta fama quanto Vidas Secas, é um livro tão maravilhoso e escrito com tamanha qualidade, que já me motivou a ler mais do Graciliano.
A história de Paulo Honório e de sua obsessão em possuir tudo e todos ao seu redor nos é contada pelo próprio Paulo, em uma tentativa de se entreter ao escrever um livro sobre sua vida. Ele não tenta, a princípio, nos dar lições de moral. O que encanta na escrita é justamente isso: ele não é um personagem 100% mal e também não é nem um pouco santo, e nos transmite sua forma de pensar e justificativas para suas ações de forma direta, sem pedir desculpas. Conhecemos a fazenda de São Bernardo pelos olhos de seu dono e adorador, e conhecemos um pouquinho de cada personagem que cruza a vida de Paulo, pela ótica dele e sob a teia de seus preconceitos e sentimentos em relação às pessoas. A lição de moral nos é dada no desenrolar da narrativa e pelo rumo que a vida de Paulo Honório vai tomando.
Em certo momento, nos damos conta de que existem muitos Paulos espalhados por aí, preocupados apenas com cifras e posses, esquecendo-se da humanidade e da sensibilidade enquanto acumulando valores desenfreadamente. E podemos perceber, ainda, o quanto alguns temas bem atuais permeiam a história, tais como: as consequências do modo de vida capitalista quando este é levado ao extremo, o machismo (que observamos na relação de Paulo com Madalena) e a valorização do ter em detrimento do ser de cada um. Temas estes abordados com uma grande sensibilidade do autor (em contraste com a brutalidade de pensamentos do personagem principal).
Tive uma certa dificuldade em me acostumar com a escrita por causa de algumas palavras que não costumamos utilizar em pleno 2017, mas com a ajudinha de um dicionário, esse problema foi facilmente superado e a narrativa fluiu de forma tranquila na maior parte do tempo.

Aliás, recomendo demais essa edição da Record: o texto inicial é uma ótima introdução à obra de Graciliano, mesmo tendo menos de uma página; já o texto de apoio escrito por João Luiz Lafetá é esclarecedor e auxilia demais na compreensão do lado psicológico do personagem Paulo Honório, explicitando também a forma de escrita utilizada pelo autor no desenvolvimento de São Bernardo.
Marcos.Azeredo 13/02/2017minha estante
O escritor brasileiro que mais gosto. Seu estilo lembra um pouco Dostoiéviski, sendo sua escrita bem enxuta, seca, árida como é o sertão de suas vidas secas. São Bernardo é o romance de Graciliano Ramos que mais gosto. Não li Memórias do Cárcere, seu relato na prisão.


Rosa Santana 01/04/2017minha estante
Tenho Paulo Honório como um excelente personagem, no plano técnico/ideológico, pensando na luta contra o capitalismo que empreendeu seu autor, GR! Ver o gigantesco dono da fazenda, dos trabalhadores, da mulher e do filho se desmoronar, penso, foi o sonho do seu criador.
Amo esse livro!
Amo Graciliano!
Amo Paulo Honório!
(Ótima sua resenha!)




Fernanda 29/05/2022

São Bernardo Graciliano Ramos
Graciliano Ramos é um dos meus escritores favoritos, gosto da escrita e de como se desenvolvem as suas histórias. No livro São Bernado mostra a ascenção do personagem Paulo Honório, narrada pelo próprio personagem de forma cruel e antiética. A história começa quando Paulo Honório concretiza o desejo de comprar a fazenda de São Bernardo, onde trabalhara anteriormente. Se recorda apenas de ter sido criado pela Margarida, desconhecendo assim sua própria origem. Em sua juventude o narrador fora preso por quase quatro anos por esfaquear uma pessoa, e foi na cadeia que aprendeu a ler e escrever. Assim, a fim adquirir aquele bem, se sujeitou a diversas situações de risco, enfrentando conflitos gerados por cobranças de dívidas e desavenças com seus companheiros. Ele resolve se casar com Madalena e coitada sofre um pouco na mão dele. Li esse livro quando estava no ensino médio reli ano passado para o clube de leitura. O personagem Paulo Honório é detestável, mesmo assim gosto do livro.
Cleber 30/05/2022minha estante
Valeu pela resenha, fiquei curioso para ler também :)


Fernanda 30/05/2022minha estante
E gosto muito desse livro recomendo.




Allana209 28/02/2013

A vida é muito curta para me forçar a ler algo que não suporto.
Eu juro que tentei ler esse livro. Não foi uma, nem duas vezes.
Preciso lê-lo para a escola, como a maioria; sou uma das alunas mais "afobadas" e não abandono livros solicitados no colégio. Mas esse não desceu.
Simplesmente não consigo. Li outras resenhas, muitas pessoas gostaram, e me envergonho de não ter conseguido acompanhar o livro.
Mas é isso. Juro que "Vidas secas" eu lerei assim que for pedido.
Allana209 13/05/2013minha estante
Pronto. Depois de alguns meses, missão cumprida: li Vidas Secas. E sim, perdi o trauma do Graciliano.


Nathália 17/08/2017minha estante
Pela graça. Eu vendo todo mundo falando bem tava sem crer q eu somente não tava gostando mds tô achando horrível. Ele fica 12 páginas falando q só escreve coisa podre e depois fica matando e torturando umonte de gente. Mas tenho fé que melhore mais pra frente jsbdudsjab




Fabio Michelete 22/09/2011

Lógica da Experiência vs Livros
Me chamou a atenção o choque entre os aprendizados rudes e crus que a vida trouxe à personagem principal (Paulo Honório), e a arrogância (talvez apenas suposta por ele) das pessoas que trouxe para seu convívio e que tinham mais estudo do que ele.

Ao fugir de seu mundo prático, em que a sobrevivência é garantida pela garra e pelo trabalho - mesmo pela violência ao garantir posições - a personagem principal sofre por não ter elementos para transitar neste mundo novo, de palavras empoladas, politicas, letras. Assim, faz afundar seus relacionamentos em ciúmes e dúvidas, vitimando a esposa,a família e empregados mais estudados.

Tenho visto algo semelhante quando comparo as experiências de vida de pessoas realmente boas com as quais tenho sorte de conviver - e a arrogância daqueles que defendem posições políticas - em especial de esquerda, sem nunca ter conhecido nada além de sua vida de condomínio fechado e escolas particulares.
Bruno Oliveira 08/01/2013minha estante
Interessante, pois eu passei pelo mesmo percurso que você em termos de pensamento, mas lembrei do pessoal mais conservador.

Fiquei pensando no Paulo Honório e como encontro pessoas que pensam como ele de algum modo, sendo antiintelectuais, valorizando imensamente suas próprias biografias e se vendo como alguém apartado dos outros por ter conseguido mais dinheiro e inteligência na vida.


Fabio Michelete 08/01/2013minha estante
É mesmo Bruno. Pra qualquer lado dá pra exagerar, e é meio inevitável a gente tentar defender nossas fortalezas. É sempre a ação do ser humano buscando espaço entre seus pares.




Adriano 05/12/2013

Quando você chega no topo, não encontra nada lá em cima!
São Bernardo narra a vida e ascensão social de Paulo Honório, que foi guia de cego na infância e tornou-se um latifundiário de Alagoas. Depois de alcançar seu objetivo, ele se propõe a escrever um livro, procurando uma justificativa para o desmoronamento da sua vida, do seu fracassado casamento e da distância que separa ele e seu filho.

A confissão do narrador faz com que percebamos que para alcançar sua ascensão ele destrói seu caráter e perde a sua humanidade, tornando-se áspero, mesquinho e rude, fruto da corrente científica do Determinismo.
"Princípio segundo o qual tudo no universo, até mesmo a vontade humana, está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente predeterminado pela natureza, e o sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva". Fonte: Infoescola.
Paulo Honório é o típico capitalista, fazendeiro, ambicioso e que faz tudo para conseguir o que deseja. Ele representa uma força que transcende limites e em função da qual vive: o sentimento de propriedade. Já as pessoas que o rodeiam são apenas frágeis, distantes e nada mais do que objetos, peças que devem estar a disposição do narrador.

Paulo Honório é muito esperto, isso é inquestionável. Ele molda as relações, os negócios e o diálogo de modo a favorecê-lo sempre, ou seja, ele não aceita as derrotas facilmente.
O próximo lhe interessa na medida em que está ligado aos seus negócios e interesses. Até as pessoas a quem desenvolve gratidão e amor são taxadas como objetos e suas relações são quantificadas.

Segundo alguns críticos, São Bernardo nos mostra como a escrita de Graciliano é enxuta, curta, direta e bruta. Essa característica é adotada pelo narrador quando se amesquinha até nas palavras que usa:
"É o processo que adoto: extraio dos acontecimentos algumas parcelas; o resto é bagaço."

Sobre a vida afetiva, percebemos que ela não é intensa e sempre permanece em segundo plano. Paulo não se vê um homem capaz de ser amado. Casa-se por conveniência e passa a descobrir na mulher, Madalena, tudo que ele não é: carinhoso, caridoso, humanitário. Esse conflito entre seres tão diferentes é explorado de forma magistral!

De modo geral, a leitura de São Bernardo é monótona por se tratar de uma confissão, porém nos faz pensar e repensar nossas atitudes em relação ao amor versus dinheiro.

Gostei demais da leitura desse livro e recomendo para aqueles que gostaram de Dom Casmurro (eles são parecidos no modo de contar a estória)!

site: http://geracaoleiturapontocom.blogspot.com.br/2013/11/resenha-sao-bernardo-graciliano-ramos.html
Gu 08/12/2013minha estante
Fiquei encantado com a narrativa do Graciliano nesse livro e como a trama foi construída!
Quero ler!
Abraço, meu amigo


Juraski 25/06/2016minha estante
Cara, graças ao teu comentário, vou reler...




bardo 11/07/2021

Esse é um livro que provavelmente será lido de forma diversa a depender do repertório do leitor, é muito difícil não se recordar de outros protagonistas que tem comportamentos ou características semelhantes. Algo que chama a atenção é a crueza com que o protagonista fala de si mesmo, sendo um narrador em primeira pessoa ao contrário de outras obras temos um narrador que é extremamente duro consigo. Aparentemente o narrador "deseja" ser odiado pelo leitor ao mesmo tempo que em diversos momentos nos mostra um lado humano que inspira alguma compaixão apesar de tudo. É difícil não pensar na famosa frase de Paulo Freire ao ler esse livro. Outro ponto a ser considerado é que a despeito da monstruosidade do narrador, é um livro que captura o leitor, tanto que seu fim é abrupto, perde-se a noção do tempo de tão fluída que é a narrativa.
Fabius 12/07/2021minha estante
Um dos livros preferidos de Antonio Candido, provavelmente o que mais vezes leu, segundo suas próprias palavras, e isso já diz muito sobre a obra.


bardo 12/07/2021minha estante
Fabius, está aí um ponto que esqueci de mencionar esse é um livro que exige releituras, ele parece simples mas tem diversas camadas e nuances.




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