@pedro.h1709 20/10/2019Memória da Casa dos MortosO livro "Memória da Casa dos Mortos", da autoria de Fiódor Dostoiévski, e que possui um título muito chamativo por sinal, contém as experiências pessoais do autor durante o período em que esteve detido por quatro anos em uma prisão na Sibéria.
A realidade do presídio russo descrita pelo autor é chocante, mas parece mostrar como o ser humano é adaptável ao meio em que se encontra, devido ao seu instinto de sobrevivência e mesmo à vaga esperança que os condenados nutriam por liberdade; fazendo-os suportar as jornadas de trabalho forçado, os castigos físicos e até mesmo se empenhando, durante os horários de descanso, em pequenos serviços ou artimanhas que lhes renderiam alguns copecks (unidade monetária russa).
O autor não encara os detentos como pessoas incompreendidas, apesar de fazer parte daquele grupo no momento (mesmo que de maneira deslocada por sua origem fidalga), mas também não julga o mérito de cada um por ter sido condenado a um futuro de degradação; ainda assim, ele busca observar e compreender o valor de cada indivíduo.
Os períodos mais significativos da narrativa, em minha opinião, são:
Primeiro, a amizade de Fiódor Dostoievski com um cão que vivia por entre as casernas do presídio; além da descrição dos outros animais que habitavam o lado de dentro dos muros como demais cachorros, uma águia ferida e um cavalo para auxiliar nos trabalhos internos;
Segundo, a dificuldade em despir-se para poder se lavar devido aos grilhões que usavam, e de mover-se dentre a grande quantidade de presos que se amontoavam e disputavam qualquer espaço dentro das salas de banho, evento que ocorria uma vez por ano;
Terceiro, a grande dedicação e preparo dos detentos que integravam o teatro carcerário de final de ano, que era assistido até mesmo pelos guardas;
Quarto, e por último, uma tentativa de fuga que deixou todos os detentos empolgados em saber mais notícias sobre aqueles que teriam conseguido realizar tamanha façanha, além de deixá-los a conjecturar se outros seriam capazes de fazer o mesmo ou sobre quanto tempo levaria até que os fugitivos fossem recapturados.
Pessoalmente, demorei bastante para completar a leitura do livro, apesar deste não possuir grande número de páginas... não pelo livro ser desinteressante, certamente não o é, mas por ter considerado o desenvolvimento um tanto monótono, de maneira que não havia para mim um encorajamento nem ansiedade de seguir virando páginas sem parar. No entanto, ainda mantenho a vontade de voltar à literatura de Dostoiévski em livros como "Crime e castigo" ou "Humilhados e ofendidos" em um futuro próximo.