Adriana 19/12/2011Essa capa fofa, que logo me chamou atenção e me fez desejar o livro, foi o anúncio de que era muito possível eu não gostar da obra. Explico: logo que peguei Amor fora de hora para ler, comecei a reparar nos pequenos detalhes da capa (a essa altura vocês já sabem que sou praticamente paranóica com relação a todo tipo de detalhe, coisas fora de proporção, ordem ou simetria, o que é uma característica marcante dos arquitetos, então me perdoem, mas estou sendo preparada diariamente para isso).
Tudo ia muito bem, a foto da capa tinha uma idéia legal para passar, as cores estavam bonitas… Mas aí os braços do cara que estão agarrando a moça começaram a me incomodar. Minha mente não aceitava aquelas mãos tão próximas à bunda da garota. Por que não segurar a cintura ou então as pernas? Eu sei, paranóia minha! Então, comecei a analisar melhor a sandália da garota sou mulher né, sapato é um outro vício e fiquei horrorizada. Sério, deram uma sandália no mínimo uns três números maior do que a modelo calça!!! Ela ficou com uma enorme parte da sandália sobrando na frente! Passei a detestar a capa depois disso… Que falta de cuidado ao tirar uma foto. E uma foto que vai parar na capa de um livro!
Agora o que todas essas minhas loucuras e divagações tem a ver com a trama do livro? Elementar: um livro que começou sua história comigo com o pé esquerdo é muito difícil de me agradar. E não deu outra, terminei sentindo que havia desperdiçado meu dinheiro ainda bem que foi bem pouco nesta obra.
Amor fora de hora conta a história de Desirée, uma viúva jovem ainda, sem filhos e sem grandes perspectivas de vida. Ela vai muito ao cemitério descarregar sua raiva no marido morto por tê-la abandonado e também para refletir sobre seu casamento, que nunca foi dos mais amorosos ou perfeito.
Quem também vai muito ao cemitério, para trabalhar, admirar e cuidar a lápide vizinha à de Desirée é Benny. Ele é um fazendeiro simples, que perdeu a mãe recentemente e não sabe lidar muito bem com sua vida sem ela. Apesar de já ser bem grandinho, Benny era extremamente dependente dela, e agora se vê num grande vazio, solitário e sem companhia que não seja a das vacas.
Um cemitério é o lugar mais improvável para que o amor aconteça, mas este é o destino dos dois, que embarcam em uma relação profunda, cheia de conflitos internos e diferenças culturais. Se você, assim como eu, leu a sinopse e saiu pensando em um lindo e maravilhoso romance, pode esquecer…
Desirée é uma mulher da cidade, acostumada a fazer apenas seu trabalho na biblioteca e nada mais. Já Benny necessita de uma mulher que preencha a lacuna que sua mãe deixou: faça comida, limpe a casa, ajude na fazenda, etc. Caramba, como esse cara é machista, não consegui me identificar com ele por causa disso. Porém, também não consegui gostar muito de Desirée, que é tão prepotente e petulante em algumas partes.
O amor dos dois tinha tudo para dar certo, mas ambos parecem fazer o máximo possível para que isso não aconteça. As páginas que são poucas passaram rápido, mesmo que eu não estivesse conectada à trama. Acabei terminando um tanto quanto frustrada. O livro não trouxe nada daquilo que eu esperava e ainda fiquei com uma capa que não posso nem ver junto à minha coleção.
Fazer o que, apostei e perdi, não queria ter comprado o livro e esta é uma leitura que não me faria falta. Não gostei do final, que ficou solto e deixou o romance todo em suspenso, queria saber o que acontece com os dois e fiquei chupando dedo.
Não recomendo se você vê problemas nos pontos que eu citei. Agora, se você é daqueles leitores que não se importa com uma narrativa mais parada, personagens que dão vontade de bater e um final não tão bom quanto você quer, leia Amor fora de hora sem medo.
Resenha em: http://mundodaleitura.wordpress.com/2011/12/14/katarina-mazetti-anor-fora-de-hora/