Por el camino de Swann

Por el camino de Swann Marcel Proust




Resenhas - No Caminho de Swann


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Ana Flávia 09/12/2014

Ler esse livro é se permitir. À vida que não percebemos. Aos momentos que não deixamos nos pertencer. Ao olhar que Proust nos empresta, magistralmente, sobre tudo que está aí e não enxergamos.
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Daniel 17/11/2014

Lista de Personagens Principais de Em Busca do Tempo Perdido
Esperando ajudar os leitores que se aventuram pelos 7 volumes do Proust (sem spam)

# Família do narrador:

- O Narrador (Marcel): jovem sensível, de saúde frágil, que deseja se tornar escritor
- Pai do narrador: um diplomata que inicialmente desestimula o narrador da sua vocação
- Mãe do Narrador: dama honrada, afetuosa, que enche o narrador de mimos
- Bathilde ou Madame Amédée: avó do narrador, sobre o qual tem grande influência e afinidade
- Tia Leonie: tia-avó de saúde frágil, a quem o narrador visita durante suas estadias em Combray
- Tio Adolphe: tio-avô do narrador, militar reformado, tinha muitas amigas/amantes atrizes
- Françoise: cozinheira da família, posteriormente empregada do narrador, fiel e teimosa

# Os Guermantes:

- Barão de Charlus, ou Palamède Guermantes: aristocrata decadente, é um esteta
- Duquesa de Guermantes, ou Sra. De Guermantes, ou Oriane: pertence a alta sociedade, seu salão é um dos mais disputados de Paris. Uma esnobe
- Duque de Guermantes, ou Basin: homem pomposo, superficial, é marido de Oriane e irmão de Charlus. Tem uma sucessão de amantes: Sra.D’Arpajon, Senhora Surgis Le Duc
- Robert de Saint-Loup: oficial do exército e melhor amigo do narrador, sobrinho da Duquesa de Guermantes
- Marquesa de Villeparisis: Tia do Barão de Charlus e da Duquesa de Guermantes. Ela é uma velha amiga da avó do narrador
- Princesa de Guermantes (Marie Gilbert): prima da Duquesa, menos requintada, mas de melhor caráter, foi apaixonada por Charlus
- Príncipe de Guermantes (Gilbert): marido da Princesa de Guermantes
- Sr de Norpois: diplomata e amigo do pai do narrador, amante da Sra. de Villeparisis
- Sra. de Marsantes: mãe de Robert de Saint-Loup, irmã do Duque e do Barão de Charlus

# Os Swann:

- Charles Swann: judeu, amigo da família do narrador. Suas opiniões políticas favoráveis no Caso Dreyfus e seu casamento com Odette vão afastá-lo da alta sociedade
- Odette de Crécy: uma bela cortesã parisiense, esposa de Charles Swann
- Gilberte Swann: filha de Swann e Odette, primeiro amor do narrador

# Os Artistas:

- Elstir (Sr. Biche): pintor famoso pelas interpretações do mar e do céu
- Bergotte: escritor cujas obras o narrador admirava desde a infância
- Sr. Vinteuil: compositor obscuro que ganhará reconhecimento póstumo
- Berma: famosa atriz

# "O Pequeno clã" dos Verdurin:

- Senhora Sidonie Verdurin: burguesa que mantém um grupo social a base de interesse
- Sr. Gustave Verdurin: marido da Sra. Verdurin, seu cúmplice fiel
- Conde de Forcheville: esnobe e grosseiro, desperta ciúmes em Swann
- Dr. Cottard: médico idiota na primeira fase no salão dos Verdurin, torna-se repeitável
- Brichot: pomposo professor da Sorbone
- Saniette: paleógrafo humilde, é ridicularizado pelo clã Verdurin

# As raparigas em flor de Balbec:

- Albertine Simonet: órfã privilegiada de beleza e inteligência, por quem o narrador se apaixona
- Andrée: amiga Albertine, a quem o narrador ocasionalmente se sente atraído
- Gisele: outra moça do grupo das raparigas
- Octave: um menino rico, que leva uma existência ociosa em Balbec

# Outros:

- Albert Bloch: amigo do narrador, judeu, pretensioso
- Sr. Legrandin: engenheiro em Paris, amigo esnobe da família do narrador
- Marquês e Marquesa de Cambremer: aristocratas provinciais de Balbec; ela é irmã de Legrandin
- Jupien: alfaiate que tem uma loja no pátio no Palácio de Guermantes, tem relações secretas com Charlus
- Charles Morel: filho de um criado do tio Adolphe, interesseiro, torna-se um violinista famoso com a ajuda do Barão de Charlus
- Senhor Vaugoubert (Marques): amigo de Norpis, também diplomata, casado com a Sra. Vaugoubert que aparenta ser lésbica
- Sra. Bontemps: tia e guardiã de Albertine
- Rachel: amante de Robert de Saint-Loup, atriz e ex-prostituta
- Senhorita Vinteuil: filha lésbica do compositor Vinteuil
- Lea: atriz, tem relações com Srta. Vinteuil, Albertine e, mais tarde, Bloch
- Aimé: mordomo do Grande Hotel de Balbec
Nanci 17/11/2014minha estante
Presente de natal antecipado. Obrigada!


Daniel 18/11/2014minha estante
De nada, Nanci! Acho que a lista é muito útil principalmente a partir do terceiro volume, no qual aparecem vários personagens - alguns importantes e outros que são apenas citados, e não vão influenciar muito na trama mais adiante. Os personagens listados são os mais relevantes, ou os que irão aparecer novamente nos volumes finais. O leitor precisaria ser muito atento para se lembrar de alguém que é casualmente apresentado nos primeiros volumes e só vai dizer a que veio, por exemplo, no sexto livro...


Helena 27/07/2015minha estante
Obrigada!!!! Era o que estava procurando para orientar melhor a leitura!!


Cello 23/07/2016minha estante
Melhor do que dar sua opinião é ajudar outros a formar sua própria opinião. Valeu pela ajuda!


Carlos.Vergueiro 26/04/2020minha estante
Quem é Gilberto, o mau?




Valério 28/04/2014

Fenomenal
Mesmo sendo ainda o primeiro volume, arrisco dizer que a obra "Em busca do tempo perdido" é o que de melhor li em toda a minha vida.
Ainda que se leve em consideração já ter lido grandes livros da humanidade, como Guerra e Paz (Tolstói), Crime e Castigo (Dostoiévski), Cem Anos de Solidão (Gabriel García Marquez), Os Miseráveis (Victor Hugo), e Ulysses (James Joyce) entre outros grandes clássicos.
A profunda análise psicológica dos personagens foge muito ao padrão. Quem mais se aproxima é Tolstói, mas de forma diversa, abordando mais a filosofia moral e religiosa.
Dividiria este primeiro volume em três fases distintas:
A infância de Proust, marcada por momentos que quase se tornam nossas lembranças próprias de infância, tamanha a carga emocional.
Logo após, o envolvimento e a perdição de Swann por Odete, que quase o leva à loucura.
Por fim, a paixão de Proust por Gilberte, também quase o levando à loucura.
O sofrimento de amantes e apaixonados é detalhadamente debulhado por Proust em todas as agruras de seres que se perdem no meio de sua idolatria por outro ser, transtornando-se.
Sempre como pano de fundo a análise de Proust extremamente aprofundada do pensamento e lógica humanos. Proust vê como ninguém a compreensão de nós mesmos. E coloca em palavras, magistralmente, tudo que podemos até saber, mas que nunca fomos capazes de externar. Sensacional. Uma obra fantástica, com uma profundidade que nunca vi antes.
Pedróviz 06/03/2020minha estante
Tenho esse livro há DÉCADAS e jamais o li. Há alguns meses o encarei e o estranhei, mas recentemente peguei o embalo e não parei mais. Nunca é tarde.




Teeh 24/04/2014

Em Busca do Tempo Perdido – No Caminho de Swann de Marcel Proust
"O que censuro aos jornais é fazer-nos prestar atenção todos os dias a coisas insignificantes, ao passo que lemos três ou quatro vezes na vida os livros em que há coisas essenciais"

Já no começo percebemos que Em Busca do Tempo Perdido será uma grande busca por lembranças e, nessa viagem, Marcel Proust nos guiará. Toda a volta começa através de uma xicará de chá, o autor nos revela.

A princípio, Proust nos conta como é estar na casa dos seus avós e como ele sofre de amores por sua mãe, uma pequena criança que fica muito triste por não receber muito carinho de sua mãe antes de dormir. Principalmente quando a sua casa recebe um visitante em especial: Sr. Swann.



site: http://livrosaquaticos.com/2014/04/22/em-busca-do-tempo-perdido-no-caminho-de-swann-de-marcel-proust/
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Henrique 04/01/2014

Lembranças de um mundo que o vento levou.
Um livro que nos leva a uma França inesquecivel, de mundo de camélias e familias que se honravam por seus hábitos e nomenclaturas que possuiam.
O autor tem uma narrativa descrita as vezes dificil para quem tem pouca kilometragem de leitura,mas é rica em detalhes dos lugares, do tempo, dos costumes, do raciocinio que é uma página fantástica do que Marcel Proust é capaz.
Alguns momentos quando descreve os sentimentos do narrador perante as situações de sua infância, rastros de memórias tão vivos que parece estarmos vendo aos nossos olhos.
O personagem Swann com uma auréa enigmática no inicio, e depois o desnuda com uma propriedade única, sem fazer julgamentos, apenas descrevendo os acontecimentos.
É um romance que destila as nossas mentes diante dos amores inatingiveis, diante de nos acharmos muito forte diante daquilo o que nosso próximo possa nos afetar.
No inicio um livro dificil, que muitos vão abandonar, mas com um desenlace e final dignos da reverência que os criticos dizem de Marcel Proust.
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Gabriel 26/12/2013

Um grande livro sobre sentimentos e emoções
Não sei porque não fiz resenha desse livro ainda. Talvez porque qualquer coisa que eu vier a escrever aqui não seja digno de uma única linha sequer do que Proust escreveu. Este é, sem sombra de dúvida, o livro mais perfeito que já li, tanto no sentido puramente técnico, como no que se refere à emoção contida ao longo de suas 500 páginas (claro, refiro-me ao primeiro volume).
Como não se encantar com a beleza do tema proposto por Proust, que dá nome ao próprio livro, ou seja, a busca pelo tempo que já se foi, que não pode voltar atrás, mas que nos deixa lembranças profundas em nossos corações? Proust analisa, com uma profundidade única, o que há na situação mais que banal, evocando as lembranças involuntárias. Podemos usar como exemplo o caso de um amor platônico que nunca se concretizou por pura timidez de ambas as partes, mas que marcou as descobertas do amor na juventude, e várias das associações que fazemos com esse período mágico, como por exemplo, as músicas que associamos à pessoa amada. Ou as reminiscencias dos sabores de refeições que nossa mães e avós preparavam ao jantar. O que aconteceria se depois de tantos anos, quando nem mais pensássemos no passado, nos deparássemos com essas músicas ou refeições? Talvez nós, que somos jovens, não tenhamos tanta sensibilidade para entender o que Proust nos está a mostrar, pois nosso passado ainda está próximo de nosso presente, mas o tempo correrá logo, e as memórias involuntárias virão. Não é a toa que esse tipo de memória seja muitas vezes designada de memória proustiana, visto a destreza com que o autor soube explorar nossos sentimentos.
Proust escrevia como um bicho-da-seda produz a seda, continuamente, quase que sem interrupções, ao longo de frases e orações enormes, num fluxo constante de pensamentos, em que até mesmo os comentários e descrições são minuciosos, fruto da memória que o autor tem do que ele está narrando, e não descrições de um tempo presente. Ou seja, ele reflete, com toda a experiência de vida ao longo dos anos, sobre tudo o que descreve. Mas diferentemente de descrições que vemos em autores da escola realista, tal qual Eça de Queirós, a descrição desse livro é de uma poeticidade, de uma singeleza cativante, ainda que não tenha nenhum traço que remeta ao romantismo, sendo portanto mais apropriado classificá-lo, só para fins didáticos, como uma obra impressionista, sendo as impressões pessoais a respeito de tudo o que guia a obra. Como exemplo, a descrição do narrador, relembrando sua juventude, a respeito de Méseglise (o caminho de Swann) antes de ver Gilberte, seu amor de infância, e como por conta disso aquele ambiente se tornou tão precioso em sua memória.
Quanto a técnica do fluxo de pensamentos, vários autores a usaram, sendo a mais famosa entre nós Clarisse Lispector. Acontece que Proust soube utilizá-la como ninguém. Seu pensamento contínuo surpreendentemente não foge nunca do foco da narrativa, não perde a coerência, e isso é muito difícil, visto a dimensão da obra. Quem adora Clarisse e nunca leu Proust não sabem o que estão perdendo, apesar do intimismo da brasileira ser bem mais acentuado, mas ao mesmo tempo, confuso.
Este não é um livro em que a narrativa e enredo seja o mais importante; como dito antes, é uma obra a respeito da memória e por consequência, do pensamento. Mas não só isso: é uma grande obra sobre a passagem do tempo e seus efeitos na vida em geral, as mudanças que ele traz, tanto mudanças arquitetônicas (tem uma passagem curiosa que remete ao ditado popular Água mole em pedra dura tanto bate até que fura, a respeito de uma fonte batismal da igreja de Combray), como também na vida das pessoas, no que tange status sociais, personalidade e pensamentos. Um personagem influente numa época numa outra não mais o será, assim como o contrário ocorre. Isso nos mostra a inutilidade de julgar os outros. Nunca sabemos o que o futuro nos aguarda. E não adianta nos vangloriarmos ou nos desprezarmos pelo que somos hoje. Nada é estático.
Além disso tudo, o livro é um reflexo da modificação da vida social. Adentramos no meio da alta nobreza francesa e da burguesia ascendente à luz da segunda fase da revolução industrial, e percebemos seus costumes, suas hipocrisias, seus preconceitos, e além de tudo, a superficialidade e a ociosidade da grande sociedade. O livro nos faz sentir o tédio que os personagens sentem na pele, e isso é um elogio. Além disso, nos deleitamos com a sensibilidade de Proust ao não transformar o retrato que está expondo numa caricatura: desvendamos um humanismo muito grande dentro de corações fúteis, e isso é fantástico. Sua obra não é de crítica e denúncia social, como as obras do realismo, mas antes de uma apreciação de um quadro pontilhado. Proust jamais toma partido de coisa alguma, e isso é ótimo no caso de um romance. Um romance se torna mais completo quando não sabemos que ideais e que personagem ou grupo de personagens o autor se identifica (por isso que as obras com teor panfletário no geral são um tremendo pé no saco).
Em Busca do Tempo Perdido foi dividido em 7 volumes. Esta resenha se refere ao volume 1, denominado No Caminho de Swann. O título se refere aos dois caminhos que existem, a partir da residência do narrador e herói do romance - Combray. De um lado, há o caminho que vai dar para as terras do Senhor de Guermantes, que será melhor explorado no terceiro volume, e Méseglise, que é o Caminho de Swann. Charles Swann é um personagem sofisticado e elegante que exercerá uma longa influência no narrador ao longo da narrativa. Neste primeiro volume, que retrata a infância do herói do romance, somos apresentados ao grande mote de todos os volumes, que é sua jornada em busca de se tornar um escritor. Swann sonhando em escrever uma obra crítica a respeito do pintor holandês Vermeer, porém, não conseguindo ir nunca em frente em seus intentos, por puro tédio e ociosidade, exercendo sobre Marcel (o narrador, que não é Marcel Proust, apesar de a obra ter um grande tom autobiográfico) uma influencia negativa do qual este tem que lutar contra, para que possa realizar seu sonho. Ao mesmo tempo, somos apresentados a Gilberte, a filha de Swann com Odette de Crécy (cuja história será explorada na segunda parte do primeiro volume, numa única parte dos 7 volumes em que há uma narração em terceira pessoa - mas que ainda percebemos ser uma narrativa feita por Marcel por menções a seu avô - denominado Um amor de Swann), que se mostra como a primeira paixão do narrador. As descrições sobre os amores juvenis, ainda que platônicos muitas vezes, estão entre algumas das mais belas passagens do romance. Se alguém compreendeu a natureza do amor, este foi Proust. Na verdade, não tem um tipo sentimento e de sensação que Proust não soube analisar com profundidade magistral. Pois este livro, antes de tudo, é um livro que nos faz ter sensações as mais variadas, indo da mais pura alegria a uma grande tristeza, indo do puro encanto por vislumbrar a luz do dia a mais terrível opressão por se deixar corromper por um amor muitas vezes sem sentido, como no caso de Swann, um homem refinado, que se apaixona por Odette de Créci, que nada tem de brilhante, além de ser uma mulher fútil e de passado suspeito. Quando terminamos a narrativa, pensei que eu mesmo era Swann. Swann somos todos nós.
Ah, tem-se muito a se falar de Proust, e eu bem que queria me deter em cada detalhe da obra, mas são tantos... Proust, ao nos transportar a esse turbilhão de pensamentos, visões críticas, vislumbre, encantamento, ao nos incentivar a encarar um olhar único sobre a infância, nos envolve, transforma sua história em nossa própria história, transformando o EU em NÓS, compartilha o que há de mais bonito no coração humano: o amor. Só posso dizer que se há um livro que merece ser lido e relido, é este.

Outras resenhas: http://oquadropintadodecinzas.blogspot.com.br/
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Betinha 09/06/2013

"No caminho de Swann" é o início da jornada "Em busca do tempo perdido", dividido em sete volumes que Proust demorou 14 anos para escrever e não chegou a ver sua obra concluída.

Nesse primeiro volume, o narrador conta passagens de sua juventude em Combray, onde sua tia-avó tinha uma casa na qual a família passava férias no feriado da Páscoa. A história é um mergulho nas memórias do rapaz, mas narrada como se fosse um sonho, com divagações, ondulações entre a realidade e a sua percepção, sensações desencadeadas pelo contato com a natureza, com a arte e com a literatura.
Em Combray o narrador realiza passeios diários, que podem seguir por dois caminhos: o de Méséglise que passa pela propriedade de Swann, e o caminho de Guermantes. O vizinho Swann é amigo da família e seu estilo de vida será modelo futuro para o herói proustiano, outra explicação para o "caminho de Swann".

Outro aspecto que se destaca na narrativa são os costumes da época, os hábitos dos dois círculos sociais de Swann: um cercado pela aristocracia e outro em que o amor e a arte se misturam e rejeitam qualquer outra forma de viver. Swann é atormentado por um amor doentio por Odette. A ambiguidade é representada no seguinte trecho: "A gente não conhece a própria felicidade. Nunca se é tão infeliz quanto se pensa" e um pouco depois "A gente não conhece a própria desgraça, e nunca se é tão feliz quanto se pensa".

Não foi uma leitura fácil, ao contrário! A escrita é densa e profunda, as ideias se misturam a ponto de deixar o leitor perdido em algumas passagens, como em uma sequência em que Swann observa alguns quadros e a cena é narrada como se ele fizesse parte de cada um deles. Fascinante, envolvente!

Quanto à edição, minha ressalva é para as notas de rodapé. Apesar de serem explicativas sobre fatos históricos e muitas obras artísticas citadas, muitas delas antecipam fatos que só serão revelados em outros volumes do livro, o que me parece completamente desnecessário.
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andré 17/02/2013

Anatomia do tempo
É redundante qualquer alusão à importância do tempo na obra proustiana, o próprio titulo já denuncia isso, mas em caráter pessoal, o que me chama a atenção é a maneira como o tempo se desdobra na narração, amarrando-se em milhares de caminhos que tornam a leitura, mesmo intensa, uma luta contra a maré do fluxo de acontecimentos. O tempo segue um ritmo, que de tão profundo, absorto nas reminiscências do narrador, da voltas sobre si mesmo, retardando o avanço, quase como um eterno retrocesso, às vezes cansativo, mas nem por isso menos prazeroso. O tempo é um corpo arquitetônico, construído sobre outros tempos, que se completam e se conflitam-se, ao ponto de o narrado não serem os fatos e sim a própria essência temporal que divaga na alma do autor, são memórias, mais que isso, memórias de sensações, memórias sensíveis que traduzem, ou buscam fazer, o indelével. O universo em absoluto é interiorizado, medido e reconstruído dessa ótica profunda, e finalmente refeito quase filosoficamente. Esse tempo se reflete na própria construção das sentenças, normalmente longas, que delongam-se no percurso de várias idéias sobrepostas. O narrador monta o enunciado, o interrompe com outra idéia, uma explanação maior dessa idéia, uma metáfora, uma observação, e a conclusão do enunciado original. Razão pela qual não raramente se encontram parágrafos de três a quatro páginas.

De qualquer modo, a obra propõe uma leitura quase experimental, de um tempo quase experimental, que leva o leitor para outra dimensão, ao mesmo tempo que invoca neste uma dimensão intima, que todos possuem, mas muitas vezes se faz inexplorado, e o tempo da narração, se torna, desta forma, o tempo de nós mesmos.
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KenEdy 28/01/2013

Recomendado
São quase 500 páginas nessa que é a primeira parte da obra completa: em busca do tempo perdido, de quase 3500 páginas. A tradução é de Mario Quintana: maravilhosa.
A obra completa foi escrita entre 1909 e 1922; Proust considerou esta obra como o objetivo da sua vida.
Após ler o livro resolvi ler a obra completa: trata das lembranças da vida de uma pessoa culta e aristocrática na Paris do início do século 20, sendo que neste volume vemos as memórias da criança.
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Letícia 20/11/2012

Faça um favor a si mesmo: leia Proust!
E o mais rápido possível.

Sou bastante burra por ter demorado tanto, imaginando que seria uma leitura extremamente difícil. Ficava intimidada pela profundidade, e também porque uma preguiça forte bate em mim quando eu preciso me esforçar para focar a atenção, aí imaginei que faria como a Lorelai Gilmore: renovando eternamente esse livro na biblioteca. Enfim, deixava Em Busca do Tempo Perdido pra depois, e nem preciso fazer um trocadilho infame para ilustrar como me arrependo disso.

Ler No Caminho de Swann é apreciar a arte e o poder que ela tem de revelar, antecipando-se à ciência, toda a verdade humana. Acho mesmo que se podem encontrar todas as respostas, o tal sentido da vida, através dela. E o que Proust faz nessa obra é um verdadeiro manifesto artístico, não só pelas menções a pintores, estéticas, música, estilos arquitetônicos ou literários, mas o próprio romance é uma homenagem à literatura. O ambiente da história é pintado como um quadro através das palavras, nos fazendo mergulhar em suas memórias como uma madeleine em uma xícara de chá. Sobre essa cena, eu nunca teria sonhado que relembrar um sabor pudesse ser tão poético, ainda mais descrevendo um mecanismo mental tão intricado! É a verdadeira percepção do tempo através dos sentidos, o despertar de sensações adormecidas. Momentos como esse colorem o livro, que é repleto de uma introspecção deliciosa e nostálgica, o que nos faz pensar que a importância não está nos acontecimentos, como o simples ato de subir uma escada, mas os pensamentos que nos ocorrem e a maneira como nos transformam e se transformam. E é dessa forma que ele analisa as mais diversas personalidades, sentimentos e opiniões, somente afirmando suas existências e importâncias, sem julgamentos, inclusive seu próprio passado. É alguém consciente de que o presente se delineou através de coisas que pareciam insignificantes ou imutáveis, e que o decorrer do tempo roubou da memória até mesmo das mais agradáveis sensações.

“A realidade que eu conhecera não mais existia. Bastava que a sra. Swann não chegasse exatamente igual e no mesmo momento que antes, para que Avenida fosse outra. Os lugares que conhecemos não pertencem tampouco ao mundo do espaço, onde os situamos para maior facilidade. Não eram mais que uma delgada fatia no meio de impressões contíguas que formavam nossa vida de então; a recordação de certa imagem não é senão saudade de certo instante; e as casas, os caminhos, as avenidas são fugitivos, infelizmente, como os anos.”

A arte é mais precisa que a ciência. E a literatura é mais completa que a vida.

clorofilarosa.blogspot.com.br
milena gomes 15/05/2013minha estante
essse seu comentario do primeiro paragrafo foi o que eu fiz parecia ate eu que tinha escrito adorei sua resenha parabens




LUCIANE 25/02/2012

Por que começar a ler um livro de quase 3 mil páginas
"Mal suspeitamos que ele abrirá para nós as portas do jardim de delícias. Não seria esse um sonho comum a todos nós?
Sonho de no momento de maior fragilidade e desesperança de nossa existência, no instante em que o tênue fio que nos prende à vida está prestes a romper-se ou, quando não, já há algum tempo se esvaiu, sem que o notássemos e, de repente, pudéssemos recuperar, sem qualquer esforço, uma vibração que nada mais é do que o sentido profundo de tudo aquilo que até então vivemos?"
(prefácio)

Numa realidade "absurda" em que sua vida está UMA MERDA, Proust pode mudar sua vida......... espero que mude a minha.
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