No caminho de Swann

No caminho de Swann Marcel Proust




Resenhas - No Caminho de Swann


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Daniel 17/11/2014

Lista de Personagens Principais de Em Busca do Tempo Perdido
Esperando ajudar os leitores que se aventuram pelos 7 volumes do Proust (sem spam)

# Família do narrador:

- O Narrador (Marcel): jovem sensível, de saúde frágil, que deseja se tornar escritor
- Pai do narrador: um diplomata que inicialmente desestimula o narrador da sua vocação
- Mãe do Narrador: dama honrada, afetuosa, que enche o narrador de mimos
- Bathilde ou Madame Amédée: avó do narrador, sobre o qual tem grande influência e afinidade
- Tia Leonie: tia-avó de saúde frágil, a quem o narrador visita durante suas estadias em Combray
- Tio Adolphe: tio-avô do narrador, militar reformado, tinha muitas amigas/amantes atrizes
- Françoise: cozinheira da família, posteriormente empregada do narrador, fiel e teimosa

# Os Guermantes:

- Barão de Charlus, ou Palamède Guermantes: aristocrata decadente, é um esteta
- Duquesa de Guermantes, ou Sra. De Guermantes, ou Oriane: pertence a alta sociedade, seu salão é um dos mais disputados de Paris. Uma esnobe
- Duque de Guermantes, ou Basin: homem pomposo, superficial, é marido de Oriane e irmão de Charlus. Tem uma sucessão de amantes: Sra.D’Arpajon, Senhora Surgis Le Duc
- Robert de Saint-Loup: oficial do exército e melhor amigo do narrador, sobrinho da Duquesa de Guermantes
- Marquesa de Villeparisis: Tia do Barão de Charlus e da Duquesa de Guermantes. Ela é uma velha amiga da avó do narrador
- Princesa de Guermantes (Marie Gilbert): prima da Duquesa, menos requintada, mas de melhor caráter, foi apaixonada por Charlus
- Príncipe de Guermantes (Gilbert): marido da Princesa de Guermantes
- Sr de Norpois: diplomata e amigo do pai do narrador, amante da Sra. de Villeparisis
- Sra. de Marsantes: mãe de Robert de Saint-Loup, irmã do Duque e do Barão de Charlus

# Os Swann:

- Charles Swann: judeu, amigo da família do narrador. Suas opiniões políticas favoráveis no Caso Dreyfus e seu casamento com Odette vão afastá-lo da alta sociedade
- Odette de Crécy: uma bela cortesã parisiense, esposa de Charles Swann
- Gilberte Swann: filha de Swann e Odette, primeiro amor do narrador

# Os Artistas:

- Elstir (Sr. Biche): pintor famoso pelas interpretações do mar e do céu
- Bergotte: escritor cujas obras o narrador admirava desde a infância
- Sr. Vinteuil: compositor obscuro que ganhará reconhecimento póstumo
- Berma: famosa atriz

# "O Pequeno clã" dos Verdurin:

- Senhora Sidonie Verdurin: burguesa que mantém um grupo social a base de interesse
- Sr. Gustave Verdurin: marido da Sra. Verdurin, seu cúmplice fiel
- Conde de Forcheville: esnobe e grosseiro, desperta ciúmes em Swann
- Dr. Cottard: médico idiota na primeira fase no salão dos Verdurin, torna-se repeitável
- Brichot: pomposo professor da Sorbone
- Saniette: paleógrafo humilde, é ridicularizado pelo clã Verdurin

# As raparigas em flor de Balbec:

- Albertine Simonet: órfã privilegiada de beleza e inteligência, por quem o narrador se apaixona
- Andrée: amiga Albertine, a quem o narrador ocasionalmente se sente atraído
- Gisele: outra moça do grupo das raparigas
- Octave: um menino rico, que leva uma existência ociosa em Balbec

# Outros:

- Albert Bloch: amigo do narrador, judeu, pretensioso
- Sr. Legrandin: engenheiro em Paris, amigo esnobe da família do narrador
- Marquês e Marquesa de Cambremer: aristocratas provinciais de Balbec; ela é irmã de Legrandin
- Jupien: alfaiate que tem uma loja no pátio no Palácio de Guermantes, tem relações secretas com Charlus
- Charles Morel: filho de um criado do tio Adolphe, interesseiro, torna-se um violinista famoso com a ajuda do Barão de Charlus
- Senhor Vaugoubert (Marques): amigo de Norpis, também diplomata, casado com a Sra. Vaugoubert que aparenta ser lésbica
- Sra. Bontemps: tia e guardiã de Albertine
- Rachel: amante de Robert de Saint-Loup, atriz e ex-prostituta
- Senhorita Vinteuil: filha lésbica do compositor Vinteuil
- Lea: atriz, tem relações com Srta. Vinteuil, Albertine e, mais tarde, Bloch
- Aimé: mordomo do Grande Hotel de Balbec
Nanci 17/11/2014minha estante
Presente de natal antecipado. Obrigada!


Daniel 18/11/2014minha estante
De nada, Nanci! Acho que a lista é muito útil principalmente a partir do terceiro volume, no qual aparecem vários personagens - alguns importantes e outros que são apenas citados, e não vão influenciar muito na trama mais adiante. Os personagens listados são os mais relevantes, ou os que irão aparecer novamente nos volumes finais. O leitor precisaria ser muito atento para se lembrar de alguém que é casualmente apresentado nos primeiros volumes e só vai dizer a que veio, por exemplo, no sexto livro...


Helena 27/07/2015minha estante
Obrigada!!!! Era o que estava procurando para orientar melhor a leitura!!


Cello 23/07/2016minha estante
Melhor do que dar sua opinião é ajudar outros a formar sua própria opinião. Valeu pela ajuda!


Carlos.Vergueiro 26/04/2020minha estante
Quem é Gilberto, o mau?




Pedróviz 10/03/2020

Nunca é tarde...
Não vou mentir. É preciso ter certa paciência - sorte de quem tem - para não desistir em função do estilo sem pressa de Proust em "No Caminho de Swann".

Se há uma coisa que Proust consegue fazer é ativar a imaginação do leitor que consegue captar o ritmo do texto, criar imagens, fazer o leitor ver o que está sendo contado pelo protagonista-narrador,  o que está sendo sentido pelos personagens. É um ótimo criador de perfis psicológicos. Segundo o próprio autor, não se explora, na obra, o raciocínio, mas os sentidos, as emoções.

Sentidos que evocam memórias, como aqueles cheirinhos que nos lembram da casa da avó, da mãe, de alguma coisa boa que ficou guardada para ser ativada a qualquer momento. Como se vê, pouco há de racional e muito de intuitivo.

Na obra se depara com a manifestação do belo, seja na arte, seja na natureza. Um jardim artificial como os Campos Elíseos não é, para o protagonista, um modelo de beleza; esta ele encontra na natureza de Combray.

Além da questão estética, há o ambiente psicológico muito bem elaborado. As intrigas de salão são bem exploradas, mas é  especialmente no amor entre Swann e Odette, escrito com paciência, que se constrói um enredo psicológico magistral.

Um livro excepcional, como devem ser os demais livros que compõem a obra Em Busca do Tempo Perdido, que pretendo ler. Pois nunca é tarde.
Dan 13/03/2021minha estante
Você foi na mosca: "É preciso ter paciência". É uma obra magnífica, porém desgastante!


Dan 13/03/2021minha estante
De fato, o perfil psicológico dar personagens é completo. Harold Bloom afirmava que "Em busca do tempo perdido" tem as melhores personagens do século XX. Acredito nisso.


Dan 13/03/2021minha estante
Uma coisa que me deixa espantado, é como Proust consegue tratar de uma variedade imensa de temas! E parece que tal variedade não se esgota! Quando pensamos que não há mais possibilidade de falar sobre mais nada, na próxima página, Proust nos surpreende.


Dan 13/03/2021minha estante
das*


Pedróviz 13/03/2021minha estante
Os outros volumes de Em busca do Tempo perdido não devem ficar atrás.




Lorena K. 22/08/2018

Dramático e verborrágico: como todo francês
Talvez eu tivesse gostado muito desse livro quando era adolescente e me apegava a esse tipo de descrição: exagerada, dramática e até certo ponto vazia. O livro poderia ter cem páginas, mas tem muito, muito mais! É arrastado e descritivo demais, mas não de um modo bom e sim de um modo afetado.
Entendo a importância de obra dentro da literatura mundial e recomendo a leitura porque esse livro conversa com a tradição literária e todo leitor assíduo de literatura clássica deve ler até o que não gosta, mas precisa. O livro, aliás, correspondeu as minhas expectativas porque já tive contato com literatura francesa através de Balzac e outros e sei que é o modo pessoal deles de escreverem. Eu sou mais a literatura russa.
Achei que a narrativa ficou muito boa quando Proust, no capítulo do meio, começa a descrever o amor de Swann. Creio que na terceira pessoa ele se dê melhor que na primeira, pois o primeiro e último capítulos são um verdadeiro inferno. Me peguei revirando os olhos diversas vezes e me maldizendo por estar lendo uma coisa assim, quando tenho os dois volumes de Guerra e Paz me esperando na estante.
Por incrível que pareça: pretendo ler os outros seis livros. Não por ter me apaixonado pela narrativa, mas pela importância da obra dentro da literatura mundial e do respeito que tenho por Proust, apesar de tudo.
Amisterdan 31/08/2018minha estante
Também tive essas sensações que você descreve e concordo com seu comentário, mas diferente de você, o meu "verdadeiro inferno" foi o capítulo Um Amor de Swann, amigo, que desperdício de tempo, mas igual a você , também pretendo ler toda a saga. Que os deuses dos livros os de coragem rs


N'yFër 18/09/2018minha estante
Proust quer se nós sintamos assim mesmo, como se estar vivo fosse um fardo necessário na jornada do descobrimento, para se reconhecer durante todo o percurso, para no final apreciarmos a importância dos eventos em nossas vidas, e por fim, redescobrirmos o verdadeiro valor do tempo


Juraski 17/01/2019minha estante
Simples e direto: o livro é muito enfadonho (chato).


TatiLedo 10/02/2019minha estante
Pra mim a beleza do livro resume-se a compreensão dos pensamentos do heroi e do turbilhão vivido pelo amor de Swann. A colocação em palavras de tantos sentimentos e comportamentos complexos.
Mas sim, a leitura é difícil... parágrafos que compreendem a página toda. Só o amor pela literatura faz-nos vencer




Renato 13/09/2015

Trinta anos depois
"Em busca do tempo perdido" aos dezoito anos foi muito mais uma aventura. Uma espécie de dizer para mim mesmo e para os outros "Já li". Perverso para os clássicos. Contribuiu para erigir uma "base" por um lado, mas foi um desperdício, por outro. Ninguém nunca se importou com o que eu estava lendo, fora eu mesmo. Quantos Tolstois, Dostoievskis, Guimarães Rosas e Graciliano Ramos não foram desperdiçados, gerando uma preguiça tardia de releitura, afinal, eu já li.

Com Proust, a minha curiosidade se reacendeu. Graças à leitura de autores novos, frequentemente comparados ao inovador francês, autores que buscaram o detalhe da memória em seus extensos romances semibiográficos. Tomei a coragem de pegar Proust, de novo, e registrar rapidamente uma leitura mais madura, confrontando com a vontade que um adolescente tinha de se tornar um adulto.

Eu poderia falar do estilo de Proust, de sua linguagem, de seu detalhismo. A importância histórica de seus livros. Sobre a memória e o papel do universo interior na fabricação da realidade. Falar com outras frases as mesmas palavras que já foram ditas, por críticos, estudiosos e acadêmicos, em teses, artigos e entrevistas. Eu poderia me parecer tão inteligente quanto aquilo que eu queria ser aos dezoito anos, mas vou me resumir para escrever sobre a minha leitura. Nunca antes ler foi um processo tão pessoal.

Quando me emociono sobre as páginas agora eletrônicas de "Em busca do tempo perdido", me aproximo mais daquilo que enxergo que foram estes trinta anos entre as leituras. Não sei se um livro como "No caminho de Swann", ou "A morte do pai", de Knausgard, ou "A amiga genial", de Elena Ferrante podem ser captados em toda a sua extensão por alguém que tem dezoito anos. Não porque lhe falte cultura ou capacidade de discernimento. Há algo na literatura que está na identidade entre o escritor e o leitor, e este algo é algo que não pode ser aprendido, mas vivenciado. O que há de mais em comum em todos estes "clássicos" ou novos, insistentemente classificados como "iguais", cada um com sua dimensão de grandeza, é a maturidade. Proust, Knausgard e Ferrante contam suas memórias, nunca através de lembranças puras. Escondem nas entrelinhas segredos que todos entendemos, ainda que sem palavras, nas perdas e conflitos que a vida nos oferece no lugar de sonhos. Uma vida que é construída sobre fatos, ou aquilo que que fazemos com eles. Nos diz Proust:

"E acaso não era também meu pensamento um refúgio em cujo fundo me sentia oculto, até mesmo para olhar o que se passava fora? Quando via um objeto exterior, a consciência de que o estava vendo permanecia entre mim e ele, debruava-o de uma tênue orla espiritual que me impedia de jamais tocar diretamente sua matéria; esta como que se volatilizava antes que eu estabelecesse contato com ela, da mesma forma que um corpo incandescente, ao aproximar-se de um objeto molhado, não toca sua umidade, porque se faz sempre preceder de uma zona de evaporação. Na espécie de tela colorida de diferentes estados, que minha consciência ia desenrolando simultaneamente enquanto eu lia e que iam desde as aspirações mais profundamente ocultas em mim mesmo até a visão puramente exterior do horizonte que tinha ante os olhos, o que havia de principal, de mais íntimo em mim, o leme em incessante movimento que governava o resto, era minha crença na riqueza filosófica, na beleza do livro que estava lendo, qualquer que fosse esse livro."

É muito difícil para um adolescente ler "A morte do pai" e não ficar com raiva da violência e da quase crueldade do pai. A lembrança crua nos passa a impressão de maldade. Mas Knausgard parece nos dizer outra coisa. Mais do que perdoar, ele compreende o pai. Ele relata um homem que ama sua família, mas que em um dado momento decide abdicar de tudo por causa de sua própria infelicidade. Poupa sua família de seu sofrimento e de sua degradação. Enfim, o pai decide, em nome da infelicidade, buscar terminar sua existência através de uma vida de prazeres, alegrias efêmeras que nada mais são do que ruídos gerados para calar a sonoridade interior de suas frustrações. O pai de Knausgard não vê sentido, e de certa forma protege sua família poupando-os de seu sofrimento. Não seria esta uma forma de amor? Como entender um afeto tão destrutivo em plena adolescência?

Ferrante é igualmente rica. A inveja, a sociedade que olha para os outros continuamente é o principal mote de "A amiga genial". Tão íntima e memorialista quanto o francês e o norueguês. Mais uma vez, no meio de tantos conflitos e violências, sem vivência e sem o desprazer da realidade é difícil compreender a diferença entre cobiça e inveja. A relação entre Elena e sua amiga Lila é fabulosa. Uma está sempre olhando a outra, cobiçando seu sucesso, sentindo-se infeliz a cada passo para frente da outra. Ao invés de seus vizinhos, que olham para os outros mirando toda sua fúria e seu ímpeto de destruição, a inveja natural do ser humano, Elena e Lila fazem da diferença um motor para crescimento. Elas carregam um amor entre elas que é imbatível, somente uma consegue enxergar seu fracasso como chance de se espelhar na outra, uma relação que dificilmente conseguirão repetir com outras pessoas.

Proust é igualmente destinado aos mais vividos. Não é imediato e dificilmente consegue ser absorvido numa leitura em frente à televisão.
"No caminho de Swann" precisa seduzir o leitor de hoje com muito mais esforço do que seus seguidores atuais, graças à sua linguagem rebuscada, musical, que lentifica a leitura do leitor acostumado ao volume e à velocidade. Aos fatos marcantes e imediatamente consequentes. Seu detalhamento de memória não vai ao fundo da intimidade, fora dos limites da privacidade consensuada. Ferrante e Knausgard, ao contrário, não nos poupam da sexualidade, da escatologia e do irrelevante que ocupam grande parte daquilo que nos faz humanos. Nossos olhos de hoje estão mais voltados para esta crueza do que para o rebuscamento da linguagem, que nos diz o mesmo, sem as palavras.

Proust não é somente um cronista da burguesia francesa. Se assim o fosse, seria somente uma releitura de Balzac. Em seu pensamento, fruto de um final de século em que a objetividade e a concretude foram demolidos, ele afirma a dubiedade dos nossos conceitos:

"Mas nem mesmo com referência às mais insignificantes coisas da vida somos nós um todo materialmente constituído, idêntico para toda a gente e de que cada qual não tem mais do que tomar conhecimento, como se se tratasse de um livro de contas ou de um testamento; nossa personalidade social é uma criação do pensamento alheio. Até o ato tão simples a que chamamos “ver uma pessoa conhecida” é em parte um ato intelectual. Enchemos a aparência física do ser que estamos vendo com todas as noções que temos a seu respeito; e, para o aspecto total que dele nos representamos, certamente contribuem essas noções com a maior parte."

Proust entra menos na intimidade e na sexualidade, assuntos que iriam ganhar maior visibilidade nos anos subsequentes, graças às interpretações mais fieis ou mais dogmaticas, quando não planas, das ideias de Freud. Muito de seu memorável "No caminho de Swann" gira em torno de uma discussão platônica, sua caverna. O quanto há no mundo de concreto e de construído pela nossa subjetividade. Proust consegue transformar suas digressões, seus quase-ensaios em expressões musicais, perfeitamente harmonizadas com o restante do texto.

É neste contexto que se percebe claramente que "Em busca do tempo perdido", em outro plano, não é um romance autobiográfico. É autoficção e ensaio, neste ponto, fundador de uma das várias modernidades. Seu personagem principal é a memória, ou o indivíduo dela nascido. Mergulhemos no seu texto.

"Chegará até a superfície de minha clara consciência essa recordação, esse instante antigo que a atração de um instante idêntico veio de tão longe solicitar, remover, levantar no mais profundo de mim mesmo? Não sei. Agora não sinto mais nada, parou, tornou a descer talvez; quem sabe se jamais voltará a subir do fundo de sua noite? Dez vezes tenho de recomeçar, inclinar-me em sua busca. E, de cada vez, a covardia que nos afasta de todo trabalho difícil, de toda obra importante, aconselhou-me a deixar daquilo, a tomar meu chá pensando simplesmente em meus cuidados de hoje, em meus desejos de amanhã, que se deixam ruminar sem esforço."

"Acho muito razoável a crença céltica de que as almas daqueles a quem perdemos se acham cativas em algum ser inferior, em um animal, um vegetal, uma coisa inanimada, efetivamente perdidas para nós até o dia, que para muitos nunca chega, em que nos sucede passar por perto da árvore, entrar na posse do objeto que lhe serve de prisão. Então elas palpitam, nos chamam, e, logo que as reconhecemos, está quebrado o encanto. Libertadas por nós, venceram a morte e voltam a viver conosco."

Eu gostaria de compreender se um jovem consegue apreender a dinâmica que existe entre a perda e a memória. Na juventude, estamos abertos, buscamos experiências. Desejamos a novidade e a vida do estranho. A maturidade nos traz os fantasmas, vivemos as lembranças que nos assombram feito espectros. Será que o leitor acostumado à velocidade consegue sentir o peso da história? Que se deixa tomar pelo vazio que se esconde por trás das descrições tão extensas? Para aqueles que já viveram algo mais do que o sopro frugal das manhãs de verão, os textos de Proust soam como viscerais:

"Mas quando mais nada subsiste de um passado remoto, após a morte das criaturas e a destruição das coisas, sozinhos, mais frágeis porém mais vivos, mais imateriais, mais persistentes, mais fiéis, o odor e o sabor permanecem ainda por muito tempo, como almas, lembrando, aguardando, esperando, sobre as ruínas de tudo o mais, e suportando sem ceder, em sua gotícula impalpável, o edifício imenso da recordação."

O que mais imediatamente se diz a respeito de "Em busca do tempo perdido" é que o(s) livro(s) circula(m) em torno de uma crítica à burguesia, à classe média francesa. Não deixa de ser. Num plano superficial de uma leitura imatura, certamente é. Não vamos esquecer que tanto Proust, como a maioria de seus leitores,inclusive eu, fazemos parte desta burguesia, e à parte nossas mesquinharias, narcisismos e o próprio sentido do hedonismo em nossa existência, somos nós que movemos a arte com seu consumo e seu elogio. A arte faz parte da burguesia e de sua história, sem a burguesia a arte continuaria confinada à Igreja e aos salões de um poucos nobres. Sem vivência, tudo parece muito óbvio e imediato. O mundo não é obrigado a se conformar às nossas ideias. "Em busca do tempo perdido" traz algo mais, quando trazemos uma identidade com aquilo que está escrito ao redor de suas palavras.

Além disto tudo, aos dezoito anos enxergava sua cronologia como um quebra cabeças. Nada disto. Como retrato de nosso próprio pensamento, somos uma frase feita por lembranças coladas como cacos de vidro, aparentemente sem ordem. "Em busca do tempo perdido" traz um fluxo de pensamentos e um ordenamento do tempo que não são o de uma história sequencial, mas da intimidade, da nossa vida como a construímos. Por importância e associação, com a forma da realidade e as cores da lembrança. Esta é a memória de Proust,irreal, sem tempo ou sequência, determinada pelos seus sentimentos, pela sua saudade. Quando fala de sua mãe, toda leveza e flutuação é aparente, reina em Proust a falta, a sensação do tempo perdido, eternamente, que retorna meio sonho, transformando o passado naquilo que é mais que uma fantasia, é a própria identidade. "Na verdade, poderia responder, a quem me perguntasse, que Combray compreendia outras coisas mais e existia em outras horas. Mas como o que eu então recordasse me seria fornecido unicamente pela memória voluntária, a memória da inteligência, e como as informações que ela nos dá sobre o passado não conservam nada deste, nunca me teria lembrado de pensar no restante de Combray. Na verdade, tudo isso estava morto para mim. Morto para sempre? Era possível."

Aos dezoito anos, alguns trechos, não poucos, me passaram em branco, como se fossem somente um elemento decorativo de seu estilo. Não eram.
Não tenho dúvida que minha leitura de hoje foi diferente daquela de trinta anos atrás. Não me arrependo, compreendi o livro à luz da minha maturidade. Nada mais Proustiano. Se não apreendi o todo, a leitura me fez mais seguro, recheou minhas lembranças e de certa forma fez com que eu me deslocasse. Não há arrependimento, tive tempo de sobra para recuperar as perdas.

site: http://grinbaum.wix.com/leitorinsuportavel
Nanci 13/09/2015minha estante
Parabéns Renato, pelo belíssimo depoimento.


Renato 14/09/2015minha estante
Não dá para escrever mais sobre Proust do que já foi dito. Seria muito pretensioso. Só resta ser pessoal. Obrigado pelo comentário.




dai_araujo 17/02/2011

Antológico!
Quando eu tinha 21 eu dizia pra mim mesma: daqui há uns 10 anos eu leio este livro, imaginando que ler Proust exigiria certa maturidade. Não demorei tanto tempo assim, mas li "No Caminho de Swann". O que faço agora é adiar a leitura dos outros volumes da série, guardá-los para ler durante toda a minha vida! Simplesmente fantástico.

http://twitter.com/#!/daianearaujo
Guilherme 16/09/2011minha estante
Já fiz isso também. Agora, nos meus 17 anos, leio tudo com muita avideze e pressa. Mas há sempre aqueles 'depois eu leio'. Isso evoca o cono Felicidade Clandestina, de Clarice Lispektor.


Henrique 20/01/2014minha estante
que engraçado, Dai... porque também estou esperando ficar mais velho para poder começá-lo ^^




Letícia 20/11/2012

Faça um favor a si mesmo: leia Proust!
E o mais rápido possível.

Sou bastante burra por ter demorado tanto, imaginando que seria uma leitura extremamente difícil. Ficava intimidada pela profundidade, e também porque uma preguiça forte bate em mim quando eu preciso me esforçar para focar a atenção, aí imaginei que faria como a Lorelai Gilmore: renovando eternamente esse livro na biblioteca. Enfim, deixava Em Busca do Tempo Perdido pra depois, e nem preciso fazer um trocadilho infame para ilustrar como me arrependo disso.

Ler No Caminho de Swann é apreciar a arte e o poder que ela tem de revelar, antecipando-se à ciência, toda a verdade humana. Acho mesmo que se podem encontrar todas as respostas, o tal sentido da vida, através dela. E o que Proust faz nessa obra é um verdadeiro manifesto artístico, não só pelas menções a pintores, estéticas, música, estilos arquitetônicos ou literários, mas o próprio romance é uma homenagem à literatura. O ambiente da história é pintado como um quadro através das palavras, nos fazendo mergulhar em suas memórias como uma madeleine em uma xícara de chá. Sobre essa cena, eu nunca teria sonhado que relembrar um sabor pudesse ser tão poético, ainda mais descrevendo um mecanismo mental tão intricado! É a verdadeira percepção do tempo através dos sentidos, o despertar de sensações adormecidas. Momentos como esse colorem o livro, que é repleto de uma introspecção deliciosa e nostálgica, o que nos faz pensar que a importância não está nos acontecimentos, como o simples ato de subir uma escada, mas os pensamentos que nos ocorrem e a maneira como nos transformam e se transformam. E é dessa forma que ele analisa as mais diversas personalidades, sentimentos e opiniões, somente afirmando suas existências e importâncias, sem julgamentos, inclusive seu próprio passado. É alguém consciente de que o presente se delineou através de coisas que pareciam insignificantes ou imutáveis, e que o decorrer do tempo roubou da memória até mesmo das mais agradáveis sensações.

“A realidade que eu conhecera não mais existia. Bastava que a sra. Swann não chegasse exatamente igual e no mesmo momento que antes, para que Avenida fosse outra. Os lugares que conhecemos não pertencem tampouco ao mundo do espaço, onde os situamos para maior facilidade. Não eram mais que uma delgada fatia no meio de impressões contíguas que formavam nossa vida de então; a recordação de certa imagem não é senão saudade de certo instante; e as casas, os caminhos, as avenidas são fugitivos, infelizmente, como os anos.”

A arte é mais precisa que a ciência. E a literatura é mais completa que a vida.

clorofilarosa.blogspot.com.br
milena gomes 15/05/2013minha estante
essse seu comentario do primeiro paragrafo foi o que eu fiz parecia ate eu que tinha escrito adorei sua resenha parabens




Marion 21/11/2022

Somente Combray
O livro começa muito bom enquanto toca história se passa em Combray, com suas divagações filosóficas, quando passa para a história de Swann infelizmente perde o encanto
Mary 22/11/2022minha estante
Perdeu o encanto e tudo pela nota


Milena.Saleh 23/12/2022minha estante
Engraçado que tive a impressão oposta!




Luiz 31/12/2017

Proust por Quintana ? Para onde leva o caminho
Antes de começar a ler Em busca do tempo perdido, o título do volume I sempre me intrigou: "À côté de chez Swann". O que um cisne teria a ver com uma obra como essa?

Só depois me dei conta de que se tratava do nome de um dos personagens.?Mario Quintana, traduziu a obra, dividida em sete volumes, nos anos 40 e encontrou solução curiosa para os títulos dos volumes I e III. Optou por incluir a palavra caminho, que não constava explicitamente no original em francês. ?No Caminho de Swann? e "O caminho de Guermantes".

Respectivamente, "Du côté de chez Swann" e "Le Côté de Guermantes".?Nenhum dos tradutores subsequentes, que verteram a obra para o português, se arriscaram muito na conversão desses títulos. (Pelo que apurei, deve haver umas oito traduções entre brasileiras e portuguesas.)

Das versões que encontrei, todas optaram pelo mais simples, ?Do lado de Swann?, "para o lado de Swann".?Inclusive essa deve ser a opção do jornalista Mario Sérgio Conti, que há uns dez anos decidiu que traduziria Proust. E desde então está debruçado em análises acuradas para não tropeçar nem no varejo nem no atacado.?

Nas entrevistas que concedeu, defendendo seu desafio, não se sentiu obrigado a elogiar o trabalho de seu predecessor gaúcho.

Questionou a habilidade que Quintana teria para manejar o francês, e apontou alguns erros inaceitáveis, pinçados no trabalho do poeta do Alegrete.?Para ir esquentando, vem publicando artigos na revista Piaui, mostrando quão acurada sairá sua tradução. E convence. Depois de ler os artigos me tornei testemunha do esmero com que vem se dedicando à obra. Nada pode dar errado na conversão do francês da belle époque para um público brasileiro da era digital.?Só acho que, essa precisão cirúrgica pode deixar o texto seco.

Se Conti se conformar com "Do lado de Swann" vai começar com o pé esquerdo.?Até porque assim o título perde conteúdo. Uma vez que a preposição ?chez? (sem tradução para o português) traz uma nuança de intimidade, profundidade, que deveria de algum modo ser preservada.?Quintana acertou.

Esbanjou elegância com "No caminho de Swann" e "O Caminho de Guermantes". (Provavelmente, tomara conhecimento das versões para o inglês, ?Swann's Way? ou outra mais sofisticada ?The Way by Swann's?.)?Embora se afastem do original, elas se valem de uma linda imagem sobre o caminho. Caminho pelo qual o narrador percorria com a família em momentos cheios de epifanias durante a infância.?

Só poetas de olhar aguçado como Quintana para saber que o importante no título não é a referência a Swann, que nem personagem principal era, mas o caminho em si ? linda imagem bachelariana, que leva, que traz e que busca o tempo perdido.?

Mas quem busca não proucura

?Quando ainda achava que lançaria sua tradução em 2014, centenário da publicação, Conti não disfarçava o entusiasmado. Numa entrevista ao diário gaúcho Zero Hora ensinou que era melhor optar por 'procura' do Tempo Perdido e não 'busca', como Quintana havia feito. Segundo ele, 'procura', está mais perto de 'pesquisa', além do que no francês ?procura? e 'pesquisa? têm a mesma tradução: 'recherche'. (Jura?)?Mas não me sensibilizou.

Seria mais nobre se tivesse admito que se tratava de uma estratégia para se diferenciar. E deixasse o leitor decidir.?Conti esmiúça também os motivos que teriam feito Proust incluir logo no início de sua narrativa uma citação a um livro de George Sand ? pseudônimo de uma escritora vitoriana já esquecida pelo tempo. Segundo ele, a tal obra carrega uma relação edipiana nada velada, que revela muito das idiossincrasias dos dois Marceis do Tempo Perdido: autor e narrador.?

Pode ser. Mas não foram tais delicadezas que me fizeram mergulhar em Proust nesse momento da minha vida. Para falar a verdade, estou pouco interessado em desvendar por que algumas obras são citadas e outras não, ao longo das cercas de três mil páginas de "La Recherche".?

Tampouco perco o sono tentando descobrir o que há por trás dessas frases longilíneas, recheadas de orações subordinadas, cujo ponto final está além da linha do horizonte. E que tanto debate vêm provocando desde que vieram à luz.?

Até porque o ritmo impresso na narrativa, independente da pontuação ? na verdade justamente por causa dela ? é o que embala o leitor por esse oceano de palavras.

O dia passa rápido lendo Proust. Percebi isso tanto no original, como na tradução do Quintana.?Minha leitura se concentra no que há de concreto no texto. As imagens me bastam.

Sou discípulo de Alberto Caeiro: "Que metafísica têm aquelas árvores?"?E aí volto para a imagem inicial. Depois que li "O Caminho de Swann", é só fechar os olhos, que me vêm à mente os dois caminhos que saem em sentidos opostos da propriedade de campo do narrador. Eles me lembram da casa da minha vó em Itaipava/RJ.

Como Marcel, em Combray, eu também saia para passear com minha família, admirando os jardins e comentando a respeito das flores que iam nos surpreendendo durante a caminhada.?As igrejas e suas torres também marcam.

Diariamente, quando encerro a jornada pelo universo do Tempo Perdido, me preparando para o jantar, me seguem na memória as imagens dos sinos que balançam nas torres ao longo do texto, marcando o tempo que já passou.

Já fiz a minha escolha: entre as novides científicas esquadrinhadas pelos esforçados tradutores, embasados em compendios críticos, fico com a liberdade de quem traduziu com coração de poeta.

Já que ler no original, me exigiria o dobro do tempo. (Minha licença médica não vai durar tanto assim.)?Veja se não tenho razão: No início do volume III, nas edições em que pesquisei, os tradutores recentes ?procuraram? um termo correspondente em português para "pépiement matinal des oiseaux". E de fato encontraram: ?chilrear dos pássaros?.

As traduções do português Pedro Temen e do carioca Fernando Py ficaram bem parecidas: "François achava insípido o chilrear dos pássaros" ou pior "O chilreio matinal dos pássaros soava sem graça a Françoise".?

Quintana pelo contrário se libertou dessas precisões acadêmicas. Preferiu a poesia dos passarinhos voando, num achado mais do que elegante: "O cortejo matinal dos pássaros parecia insípido a Françoise".??Cortejo?, segundo Houaiss, é sinônimo de ?comitiva?, ?saudação?, ?gesto atencioso ou palavra amorosa para com outrem?.

Irretocável, não??Vai competir com ele...
Juraski 18/01/2019minha estante
Gostei do comentário...




DIRCE 18/08/2015

SOBREVIVI.
Seria muita pretensão da minha parte esboçar qualquer tipo de crítica acerca do “ No caminho de Swann” - volume I, da obra Em busca do tempo perdido’ , considerando que ele encontrava-se “perdido” na minha Estante, face o meu temor em enfrentá-lo, pois eu o via como uma espécie de trincheira intransponível, e foi graças aos comentários sedutores deixados neste site que me decidi pela leitura, portanto, vou me limitar a comentar as sensações provocadas pela leitura( o que comumente faço), e também por ser ela - as sensações deixadas pelo inexorável passar do Tempo ( no meu entendimento)- um dos fios condutores do romance.
Agora concluída a leitura do romance, constato que não fui muito imprudente em imaginá-lo como uma trincheira. De fato não é uma leitura fácil , acredito que só consegui concluí-la porque estagiei nesse tipo de leitura quando li “O Som e a Fúria do William Faulkner : a escrita não obedece uma ordem cronológica – prevalece o vai em vem do passado e presente e as personagens , lugares e cenas se “ revelam” por fluxo dos pensamentos do narrador dando-me a certeza que eu tinha uma batalha pela frente. Decidi encarar as rajadas advindas da escrita de Proust e, para a minha surpresa, a cada a página,a cada inimigo vencidos, fui recompensada generosamente por Proust. Existe algo mais compensador do que um mergulho na oportunidade de ser aprender algo? Sou ávida por aprender e a leitura do “ No Caminho de Swann” me levou até a Belle Époque da Cidade Luz permitindo-me de conhecer os hábitos, as classes sociais ( meio que um sistema de castas) e “ agitos” de então, por meio da família do narrador, do Charles Swaan e das conversações frívolas nos jantares dos Verdurin.
No meu histórico de leitura sobre a primeira parte do livro, falei sobre a DR ( discussão da relação com Proust) e sobre quão chatinho julguei o menino narrador, mas tenho que me retratar. Na terceira - última parte - do romance, o narrador deixa transparecer uma fragilidade, uma carência, uma necessidade de atenção (um tanto over, na minha opinião) por parte da jovem por quem se enamorara: Gilberta. Seria reflexo da aparente frieza da sua mamã? A Mamã não se revelou para mim como mãe amorosa, conforme parecer de alguns colegas Também Swann padeceu de amor e de ciúmes pela Dama de Cor- de -Rosa e se tornou uma espécie de Dom Casmurro,só que Swann tinha motivos de sobra para duvidar da sua amada. Padeceu de amor... Será? “ E dizer que eu estraguei anos inteiros da minha vida , que desejei a morte, que tive o meu maior amor , por uma mulher que não me agradava , que não era o meu tipo”.
Voltando ao nosso Machado, termino meu comentário tomando emprestada sua célebre frase: “ AO VENCEDOR AS BATATAS” . SOBREVIVI e, ainda que as 420 páginas do meu exemplar do “ No Caminho de Swann” , não tenham me proporcionado uma aventura prazerosa ( considero prazerosas as leituras feitas com o coração e não com a razão), fiz uma leitura extremamente desafiadora, instigante e enriquecedora. Com certeza enfrentarei as seis batalhas que restam.
oeudesalves 19/08/2015minha estante
"desafiadora, instigante e enriquecedora". Excelentes adjetivos você encontrou para sintetizar o que a leitura de um clássico representa também para mim, Dirce. Foi assim com Kafka, Dickens e Brontë (até o momento) e considero que esse tipo de texto, sobretudo, nos ensina a respirar devagar (quase que estudando a própria respiração) diferente daqueles nos quais um fôlego apenas é o suficiente para que compreendamos toda a mensagem da trama.




Adriana 24/11/2021

Incrível!
Genial! Após concluir a leitura passei a entender a razão de Marcel Proust ser tão citado em outros livros e por outros autores?
Ouço falar e o vejo nas estantes desde que sou criança, finalmente chegou a hora de o conhecer de verdade e estou encantada com a escrita e com a sabedoria deste autor.
É certo que demorei para pegar o ritmo e engatar a leitura, mas após habituar-me ao jeito que ele escreve, acabei devorando a segunda metade do livro. A história por si só não é a melhor parte, mas sim a forma como a história é contada, essa é a cereja do bolo.
Como um amigo me disse? ler Proust é como escalar uma montanha. Dá trabalho, mas quando você atinge o cume e olha a paisagem lá de cima percebe que valeu à pena? Escalei a primeira e penso: Que vista, meus amigos, que vista!
Thay 28/12/2021minha estante
A ideia da montanha é genial! Já estou lendo com outros olhos




Henrique Fendrich 19/07/2020

O único Proust que li até hoje, e tão difícil foi a minha experiência com a lentidão da linguagem que nunca cogitei ler alguma outra coisa. Lembro-me que a segunda parte era a mais agradável e na qual fiz algumas comparações com Machado. Não à toa, essa parte do livro é vendida separadamente por aí com o nome de "Um amor de Swann". Mas é um livro dificílimo no geral.
Maria 19/07/2020minha estante
Quero ler. Segundo OdC, Proust só deve ser lido no original.




Lázara 03/11/2020

Quarenta Anos
Quando mais nova eu costumava listar alguns autores para os quais eu só estaria preparada após os quarenta anos de idade: Dostoiévski, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Tolstói e tantos outros, cujas obras serão enfileiradas em minhas estantes futuras. E Proust era um deles.

Embora ainda não tenha chegado aos quarenta anos de idade, estou bem próxima. Mas adquiri o primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido há mais de três anos, afinal, não era a menina de vinte anos que eu era que iria decidir o que devo ou não ler após os trinta.

Fiz uma primeira leitura quase sem nenhum compromisso e terminei um tanto amargurada: simplesmente não alcancei o texto de Proust. Culpei o cansaço e o estresse do trabalho -- e quase me perdoei. A decepção comigo mesma, porém, era grande demais. Durante mais de dezoito meses não peguei um livro nas mãos, com exceção dos infantis, lidos para minha filha.

Confesso que não lembro em que momento deste ano de 2020 decidi reencontrar Proust. Os dias se enovelaram numa massa de tempo que não consigo mais dividir. Em algum momento aconteceu -- numa hora mágica, eu acrescentaria.

Proust tem tudo aquilo que eu amo e me desafia na literatura: um texto caudaloso, denso e que ao final de uma longa sentença, profusamente entremeada de vírgulas e parênteses, nos entrega uma incerteza -- sobre a natureza de suas reflexões, os caminhos filosóficos percorridos pelo autor, sobre a enormidade dessa prosa que, além de rica, é inteiramente bela.

Amei cada segundo da existência que vivi junto desse livro. Que o segundo volume me tome por completo.
Meury3 26/01/2021minha estante
Relato belíssimo!




Valério 28/04/2014

Fenomenal
Mesmo sendo ainda o primeiro volume, arrisco dizer que a obra "Em busca do tempo perdido" é o que de melhor li em toda a minha vida.
Ainda que se leve em consideração já ter lido grandes livros da humanidade, como Guerra e Paz (Tolstói), Crime e Castigo (Dostoiévski), Cem Anos de Solidão (Gabriel García Marquez), Os Miseráveis (Victor Hugo), e Ulysses (James Joyce) entre outros grandes clássicos.
A profunda análise psicológica dos personagens foge muito ao padrão. Quem mais se aproxima é Tolstói, mas de forma diversa, abordando mais a filosofia moral e religiosa.
Dividiria este primeiro volume em três fases distintas:
A infância de Proust, marcada por momentos que quase se tornam nossas lembranças próprias de infância, tamanha a carga emocional.
Logo após, o envolvimento e a perdição de Swann por Odete, que quase o leva à loucura.
Por fim, a paixão de Proust por Gilberte, também quase o levando à loucura.
O sofrimento de amantes e apaixonados é detalhadamente debulhado por Proust em todas as agruras de seres que se perdem no meio de sua idolatria por outro ser, transtornando-se.
Sempre como pano de fundo a análise de Proust extremamente aprofundada do pensamento e lógica humanos. Proust vê como ninguém a compreensão de nós mesmos. E coloca em palavras, magistralmente, tudo que podemos até saber, mas que nunca fomos capazes de externar. Sensacional. Uma obra fantástica, com uma profundidade que nunca vi antes.
Pedróviz 06/03/2020minha estante
Tenho esse livro há DÉCADAS e jamais o li. Há alguns meses o encarei e o estranhei, mas recentemente peguei o embalo e não parei mais. Nunca é tarde.




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