jota 20/02/2017Entreatos...Esta edição de Thérèse Raquin publicada pela Peixoto Neto faz parte de uma coleção brasileira com textos de grandes dramaturgos mundiais. Além do texto da peça em quatro atos, ela traz o prefácio de João Roberto Faria, Zola e o naturalismo no teatro, o prefácio escrito pelo próprio Zola em 1873 e outras informações reunidas sob o título Dossiê Émile Zola.
Thérèse Raquin trata de adultério e assassinato e foi publicada primeiramente como romance, em 1867, depois como peça teatral em 1873. As primeiras montagens foram bastante criticadas pela imprensa parisiense e Zola foi acusado de imoralidade; ele, revoltado, respondeu às críticas com dureza, como pode ser visto no prefácio reproduzido nesta edição. Faria lembra que apesar de se declarar um naturalista nas artes, Zola utilizou em Thérèse Raquin diversos recursos melodramáticos, que combatia então.
Já estava morto quando a peça foi reapresentada com sucesso em outras ocasiões. Ela teve uma boa versão cinematográfica feita por Marcel Carné em 1953, mas passava-se nos anos 1950, não em fins do século XIX. Simone Signoret interpretou a personagem-título e Raf Vallone fazia Laurent, seu amante. No Brasil, na elogiada montagem de 1948, Maria Della Costa era Thérèse e a célebre Itália Fausta interpretava a sogra, sra. Raquin.
Ler o texto da peça é bastante diferente de ler o romance, que é muito bom. Os fatos que acontecem no livro e que são determinantes para o desenvolvimento de toda a história de Thérèse e Laurent, na peça são apenas narrados em conversas entre os personagens. Mas penso que quem nunca leu o livro e vê a peça pela primeira vez pode se empolgar bastante, especialmente com as cenas finais, que nos lembram uma famosa história de Shakespeare.
Lido entre 13 e 19/02/2017.