Os Buddenbrook

Os Buddenbrook Thomas Mann




Resenhas - Os Buddenbrook


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Raquele.Oliveira 03/07/2023

Obra-prima publicada quando Thomas Mann tinha apenas 25 anos, o livro apresenta o declínio de uma família tradicional de comerciantes durante o século XIX. Com uma escrita rica em detalhes, o autor nos conduz por uma trama que interliga a decadência da empresa familiar e a deterioração dos membros da família Buddenbrook.

Inicialmente, o narrador nos leva aos salões luxuosos da mansão dos Buddenbrook, onde banquetes simbolizam a coesão familiar e o orgulho da linhagem. No entanto, ao longo da história, a riqueza e a tradição perdem seu brilho, e somos testemunhas da transição para jantares íntimos e uma atmosfera de reclusão e introspecção. Essas transformações servem como uma metáfora para o avanço implacável da modernidade.

A narrativa é construída a partir da repetição de elementos, ou Leitmotivs, que torna o texto uma prosa poética. Constatemente nos deparamos com o apetite insaciável de Klothilde, o jeito de atirar a cabeça para trás e de comprimir o queixo contra o peito de Tony, os olhos juntos e com sombras azuladas de Gerda, os achaques de reumatismo de Christian e, sobretudo, com o tema da morte.

Os personagens são retratados de maneira impressionante. Tony, para mim a protagonista, é retratada como uma mulher encantadora, elegante e de personalidade forte. Personifica a imagem da mulher burguesa do século XIX, que se esforça para conseguir um papel na família e na sociedade, deixando de lado os próprios anseios.

O livro também explora a difícil jornada de quem tem a natureza artística e sensível para se adequarem às exigências da sociedade. Christian e Hanno lutam para se encaixarem nas expectativas sociais e empresariais que recaem sobre eles. A pressão para se conformar às expectativas da família e da sociedade os sufocam, resultando em conflitos internos e uma constante sensação de inadequação.

"Os Buddenbrook" é uma obra-prima da literatura que transcende o tempo. Thomas Mann nos presenteia com uma narrativa profunda e envolvente. Através do retrato da decadência de uma família e de uma empresa, refletimos sobre as transformações sociais, as escolhas individuais e as complexidades das relações humanas.
Nayany 03/07/2023minha estante
Amei a Tony, sofria junto com ela e ficava na torcida pra ela ser feliz.


Raquele.Oliveira 03/07/2023minha estante
Amei também, minha personagem favorita. Esperei até o fim que Morten reaparecesse




Mia 09/06/2021

Bravíssimo!
Minha primeira leitura do Thomas Mann e não poderia ter escolhido melhor, Nobel mais que merecido.

Acho q o subtítulo " A Decadência de uma Família" influenciou, negativamente, minhas expectativas acerca da leitura. Fora isso o livro é muito bom, gostei muito. Um livro pra vida, pra ser recomendado.
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JanaAna90 05/09/2022

Primeiro Mann lido = Amor e Falência
Como ser fiel aos meus sentimentos, percepções e reflexões extraídas dessa grande obra? Como expressar por palavras aquilo que me tocou tão profundamente e que deixará saudades? Eis o desafio das resenhas.
Conhecer, viver, crescer e decair com Os Buddenbrook, foi uma experiência e tanto. Os personagens tão reais com a sua vida de dores e alegrias, nascimentos e mortes, ascensão e queda como todos nós, nos coloca próximo a cada um deles.
E eis que tudo se inicia, como deve ser, uma família e uma firma nascem e um dia morre, esse é o ciclo natural da vida, é essa a impressão que percebo no livro e que o autor nos deixa nas entrelinhas.
Aqui os casamentos são arranjados e firmados visando, não o bem do amor e da felicidade da família e sim, em função da empresa e dos bens materiais. E no final fica a dúvida, valeu a pena abrir mão de suas vontades em prol do capital? Mann não alivia nas críticas dos casamentos arranjados, da educação em detrimento a arte, do capitalismo frente as satisfações pessoais.
A cada capítulo minha atenção ficava mais presa ao livro, mesmo que, o que desejava para alguns personagens não aconteceu, ainda assim me prendia a narração e a história.
Sei que minha resenha estará distante dessa magnífica obra e que só lendo para sentir, perceber ou ter um vislumbre da grandiosidade de Mann, ainda assim me atrevo a dizer que amei conhecer toda a família e conhecer um pouco desse autor que já conquistou meu coração com esse romance. Amei conhecer Tony, chorei, torci, briguei por e com ela. Me encantei por Thomas, sofri pelas coisas que ele teve que abrir mão. Ri com Chistian e me irritei muito com seus melodramas. Cada personagem ficará na minha memória com saudosismo.
Enfim, amei o humor ácido de Mann, suas descrições sobre a família, arte, economia, vida e morte e todas as nuances desse grande romance. Sigo firme para outros livros do autor e disposta a encarar a subida da Montanha.
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Diego Rodrigues 31/01/2024

"Não nascemos para aquilo que, com olhos imprevidentes, consideramos nossa pequena felicidade pessoal, pois não somos indivíduos livres nem independentes, que vivem por si sós, mas sim elos de uma corrente"
Primeiro romance de Thomas Mann e uma das mais importantes obras da literatura alemã, "Os Buddenbrook" foi publicado originalmente em 1901. O livro narra a ascensão e queda de uma família aristocrática da região norte da Alemanha. Para concebê-lo, Mann, então com apenas 25 anos, se debruçou sobre um árduo trabalho de pesquisa que envolvia a árvore genealógica da própria família e as nuances do cenário socioeconômico da região de Lübeck, sua terra natal. Logo, temos aqui um romance de fortes traços autobiográficos e também um retrato fiel de sua época. A precisão foi tamanha que sua publicação chegou a causar incômodo a parentes e conhecidos de Lübeck que puderam ser facilmente reconhecidos na trama e não gostaram nem um pouco da exposição. O que por sua vez levou o autor a tecer um ensaio em defesa de sua obra, onde fala sobre a "apropriação da realidade" e o papel do escritor.

Sobre a trama em si é até difícil escrever, pois se trata de uma saga familiar que perdura por quatro gerações. Mann constrói aqui uma espécie de microcosmo da aristocracia alemã do século XIX, abrangendo temas sociais, políticos, religiosos, filosóficos e psicológicos. A leitura também nos permite perceber como os valores e anseios se alteram de uma geração para a outra, causando conflitos que, por mais que estejam ambientados em uma época e lugar específicos, ecoam ainda nos dias atuais. Também é um livro que fala muito sobre a busca pela felicidade individual e como essa muitas vezes é sufocada por regras impostas pela sociedade ou até mesmo pela própria família. Quantas das nossas atitudes e escolhas são realmente nossas? O caminho que trilhamos "sozinhos" seria realmente livre de influências? Essas são algumas das inúmeras reflexões que a obra é capaz de suscitar.

É um livro que tem as suas bases no realismo, mas que também incorpora elementos do naturalismo e do modernismo. O "pulo do gato" aqui está na forma como o romance é narrado. Os personagens em si, apesar de memoráveis, não são nada excepcionais, diria até banais, ou simplesmente humanos (e isso não é ruim, muito pelo contrário, torna eles muito mais críveis e fáceis de serem reconhecidos dentro no nosso contexto atual), e a narrativa não é dotada de grandes acontecimentos, nada além de jantares suntuosos, casamentos arranjados, dramas familiares e algumas mortes inesperadas. Mas por que a leitura flui de forma tão gostosa? A resposta está no narrador onisciente dotado de uma ironia ímpar, sutil e muito inteligente, e que tempera as críticas à burguesia com um sabor todo especial. Além disso, os capítulos são curtos e repletos de diálogos, o que torna a leitura de "Os Buddenbrook" muito mais fluida se comparada, por exemplo, com "A Montanha Mágica" ou "Doutor Fausto".

Foi mais de um mês de leitura. Não costumo passar tanto tempo na companhia de um único livro, mas dessa vez eu realmente estava sentindo necessidade de desacelerar e de mergulhar mais fundo numa leitura tranquila. E a escolha não poderia ter sido melhor! O livro ocupou minha cabeça por dias e não foram poucas as vezes em que me peguei pensando nos seus dramas e desenlaces, mesmo longe do livro. Sabe aquela sensação de familiaridade que desenvolvemos quando passamos tempo demais com os personagens? Pois é, aconteceu... Principalmente com o pequeno Hanno, talvez o personagem no qual eu mais me vi. É um romance que continua ecoando aqui dentro, ainda hoje me pego pensando nos personagens ou em situações que guardam certa similaridade com o real. Muito mais que um novelão, é um livro que convida o leitor a pensar muita coisa, e isso nos mais diferentes campos. Uma obra vasta que trata da vida como ela é.

A edição da Companhia das Letras conta com tradução de Herbert Caro e um rico posfácio de Helmut Galle, professor de língua e literatura alemã na USP, onde este explana vários aspectos do romance, inclusive os elementos que o aproximam da obra de Richard Wagner e das etapas da consciência de Schopenhauer. Enfim, aqui é dado todo o tratamento que um grande clássico merece. Não por acaso, a biblioteca Mann é uma das minhas coleções favoritas e, na minha opinião, umas das mais charmosas atualmente.

site: https://discolivro.blogspot.com/
Pri.Kerche 31/01/2024minha estante
Ótima resenha. Mto completa.


@quixotandocomadani 31/01/2024minha estante
Amei a resenha. Bom saber que ele é mais fluido que a montanha mágica. Vou começar por esse rsrs


Diego Rodrigues 01/02/2024minha estante
Obrigado, Pri!

E Dani, sem dúvida esse é um ótimo ponto de partida para ler Mann. Será caminho sem volta rs




Monaliza20 15/11/2023

O que é que vem depois do ápice?
Essa é a pergunta que ecoa neste romance. Foi um prazer acompanhar todos estes personagens, inclusive com aqueles que, a princípio, não me identifiquei nem um pouco. Excelente leitura! Com certeza lerei os demais livros do autor.
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Lucas 11/02/2022

O materialismo como bússola dos rumos de uma família e suas influências individuais
Vem do que hoje se entende por Alemanha o chamado romance de formação, ou como é chamado por lá, "Bildungsroman", gênero literário criado pelo escritor Johann Von Goethe (1749-1832). Esse estilo de literatura, surgido em fins do século XVIII, foi inovador para a época: pela primeira vez, o desenvolvimento espiritual, social, psicológico e até mesmo físico dos personagens adquiriu preponderância narrativa. Tal segmento literário presenteou a humanidade com incontáveis obras, como o maravilhoso David Copperfield (1850), de Charles Dickens (1812-1870) e o mais contemporâneo O Apanhador no Campo de Centeio (1951), do norte-americano J. D. Salinger (1919-2010), só para citar dois importantes romances do cânone literário universal.

Talvez inspirando-se nessa origem "goethiana", o então jovem e também alemão Thomas Mann (1875-1955) publicou em princípios de 1901 o seu primeiro romance: Os Buddenbrook, que coletiviza a tese de um romance de formação com enfoque em quatro gerações da família que nomeia a obra.

A família Buddenbrook vivia no norte da Alemanha, numa região portuária (inspirada na cidade de Lübeck, local onde Mann nasceu. Muitos personagens do romance apresentam semelhanças históricas com personalidades reais do local, inclusive). Em termos materiais, eles administravam uma firma que, em essência, fazia comércio de cereais e outros negócios diversos. São nítidas, nesse aspecto e em muitos outros, as semelhanças com grandes e pequenas empresas existentes no Sul do Brasil, as quais são "tocadas" pela mesma família de imigrantes e seus descendentes há décadas. A chamada "empresa familiar" ainda é um estilo de gestão extremamente comum em regiões de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e, deixando-se de lado as ressalvas técnicas inerentes a forma de administração destes empreendimentos, ela é um dos grandes símbolos atuais do processo de imigração europeia iniciado no Brasil a partir de 1850.

Mas atendo-se a narrativa em si, diversos outros pontos saltam aos olhos do leitor d'Os Buddenbrook. O primeiro deles, e talvez o mais importante, é o aspecto material das relações entre os personagens, seja os da família Buddenbrook ou de seus "concorrentes", que travavam uma disputa na maioria das vezes velada entre si por poder político e econômico. Ao leitor mais sensível e desacostumado com este modus operandi, vai um alerta: os personagens e até mesmo o narrador onisciente prezam pelos elementos materiais (comerciais e financeiros) em praticamente todos os grandes momentos narrados. Casamentos, funerais, divórcios... Todos os acontecimentos que abalavam a família Buddenbrook geravam estilhaços materiais e o sentimentalismo ficava num segundo plano. O mérito disso é que esse aspecto sentimental, pelo narrar da história, fica restrito ao leitor.

Este apego material está longe de ser uma crítica: é, na verdade, um elemento que fortalece o compromisso do autor com a saga familiar dos Buddenbrook, que se concentra por praticamente todo o século XIX. O povo alemão, especialmente o que não era de grandes metrópoles da época e que ainda o são hoje em dia (como Hamburgo, Frankfurt, Munique e Berlim, que aparecem na narrativa) preza muito por atitudes mais conservadoras e práticas. E se isso já era assim naqueles tempos, há de se imaginar que as duas guerras mundiais, as quais o povo alemão foi um dos protagonistas mais sofredores, só reforçaram essa ideia de força material como escudo contra as dificuldades. É uma característica que precisa não ser condenada, mas valorizada, especialmente pela influência construtiva que os imigrantes alemães exerceram e exercem no Brasil.

Na obra, o materialismo guia os protagonistas: os irmãos Thomas e Antonie (Tony) Buddenbrook, pertencentes à terceira geração narrada. Thomas (Tom) é patriarca familiar em grande parte do romance: é ele quem mais se "forma" dentro da definição supracitada de Bildungsroman, já que quando o livro se inicia, ele tinha apenas sete anos. Dono de uma personalidade tipicamente alemã, conservador, metódico e correto, Tom é o cerne prático do livro, aquele personagem que executa ações mais previsíveis, que dificilmente se abala, mas que, com o passar das páginas, vai revelando o preço que alguém em sua posição acaba tendo que pagar em função das responsabilidades familiares, sociais e empresariais as quais ele acaba assumindo.

Já Antonie, a irmã caçula de Tom, simboliza mais o viés emocional, agindo impensadamente em muitos momentos. Há leitores que têm em Tony a personagem preferida do livro: sua espontaneidade e desimpedimento moderado contrastam com o contexto geral do que a obra apresenta. Contudo, o fato de ela agir assim lhe traz consequências sérias, especialmente quando suas decisões são tomadas diante dos objetivos materiais pretendidos por aqueles que a circundam. Na verdade, percebe-se até mesmo que este desimpedimento que ela preza só serve para fins externos, de demonstrar uma superioridade questionável diante da sociedade que orbita a família. Prova disso é o entendimento comum (e não uma eventual dificuldade de relacionamento) que Tony desenvolve com o irmão mais velho.

Ao não explorar esse dualismo entre razão e emoção, dentre outros pontos, Thomas Mann ocupa as páginas do livro em descrever, de forma sistemática, a "previsão" jogada na cara do leitor no subtítulo de Os Buddenbrook. Tal subtítulo (Decadência de uma Família) soa desnecessário ao futuro leitor, que certamente lê o livro com uma expectativa totalmente diferente daquela que ele poderia ter se não houvesse este subtítulo exageradamente informativo. Assim, não é raro que o leitor durante a leitura se questione e imagine como esta derrocada irá ocorrer, ao invés de se deixar levar pela narrativa.

Obviamente, com o suceder das gerações de Buddenbrooks, outros personagens surgem: Christian, o irmão mais novo de Thomas, a qual entra em conflito constante com ele (talvez baseado no relacionamento de Thomas Mann com o irmão, o também escritor Heinrich Mann (1871-1950), a qual era marcado por vários desentendimentos), os pais e avós de Thomas, Gerda Arnoldsen (sua esposa), os "temíveis" Hangenström, rivais no comércio local, entre outros. Destes citados, os diálogos mais ásperos entre Thomas e Christian formam momentos de uma expectativa "novelística" e prendem a atenção com facilidade.

Quando se fala em Thomas Mann, é impossível não falar em A Montanha Mágica (1924), livro que narra a vivência de Hans Castorp num sanatório para tuberculosos situado, presumivelmente, nos Alpes Suíços. É um livro marcante pelas divagações filosóficas e pela sensação de desapego ao tempo que ele traz. A comparação com Os Buddenbrook não é tão absurda, ainda mais se for considerada a similaridade de tamanho entre as duas obras. Mas enquanto A Montanha Mágica traz reflexões perenes quando a narrativa não está "andando", em Os Buddenbrook o que acontece é uma preocupação acentuada com descrições: são páginas e páginas descrevendo situações e locais aparentemente normais, as quais muitas vezes freiam a empolgação da leitura. Desse modo, o livro é bem cansativo e torna plausível a hipótese, quando se compara com A Montanha Mágica, de que o tamanho não é um atributo essencial para que uma experiência literária seja estafante: a narrativa se prende em descrições minuciosas de locais, como salas de estar, salões, praias (o que em tese seria mais interessante se houvesse um olhar mais prático para o mar, por exemplo), hotéis... Fica-se com a impressão de que ou o livro poderia ter pouco mais da metade das 680 páginas na excelente edição da Companhia das Letras ou de que o autor poderia ter ocupado mais estas "pausas" narrativas para tecer reflexões com maior viés prático e/ou filosófico. Mas dadas as circunstâncias naturais da publicação (não se pode esquecer que Mann tinha apenas 25 anos quando finalizou Os Buddenbrook), estes detalhes precisam ser ponderados.

Nesse sentido, chama a atenção que quando Thomas Mann venceu o Nobel de Literatura em 1929, a Academia Sueca mencionou Os Buddenbrook (e não A Montanha Mágica) como uma justificativa para o prêmio. Isso, indubitavelmente, dignifica a obra como a descrição (com traços autobiográficos de Mann, que curiosamente era filho de uma brasileira que por aqui viveu até os cinco anos de idade) de uma realidade que prezava pelos valores familiares, materialistas e culturais de toda uma sociedade interiorana alemã do século XIX (as quais foram trazidos ao Brasil com os imigrantes já citados e estão lamentavelmente quase esquecidos nos dias de hoje).

Os Buddenbrook, em suma, é um livro que relata uma significativa parcela da burguesia alemã dos fins do século XIX, mas que passa longe de desenvolver um relato solidamente social daqueles tempos: é a linha narrativa de uma família alemã tradicional e sua decadência. Apesar dos problemas em termos de entretenimento, a primeira obra de Thomas Mann presta um expressivo serviço à língua alemã, de acordo com informações do posfácio da edição supracitada, escrito por Helmut Galle, professor da USP. Esta expressividade linguística se dá através do uso de inúmeros dialetos locais, as quais naturalmente não puderam ser traduzidos pelo trabalho de tradução de Herbert Caro (1906-1991). Deste modo, apesar das ressalvas (de ordem pessoal, diga-se), Os Buddenbrook simboliza bem uma época e uma nação e precisa ser ressaltado por isso.
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Arthur.Bonfa 22/06/2022

Acabou esse martírio! Achei chato e os personagens muito sem sal, mas pode ser que eu não estivesse com muito saco. Gostei muito mais da montanha mágica
L. 23/06/2022minha estante
Acabou na força do ódio hahaha




Luiz Pereira Júnior 07/05/2023

A essência e a aparência...
“Os Buddenbrook”, de Thomas Mann, é um clássico. E uma das melhores características de um clássico é o fato de resistir ao tempo, a diversas culturas, a diversas faixas etárias, a diversas interpretações e contextos e, mesmo assim, ainda manter intactas a sua importância e a sua relevância.

Não resumirei o livro, pois muitas resenhas, muitas críticas, muitas sinopses assim já o fizeram e certamente muito melhor do que eu o faria. Direi apenas que se trata do relato do apogeu e queda de uma família de burgueses, com sua infindável lista de pequenas misérias, de grandes perdas, de suas futilidades e hipocrisias, de sua busca eterna das aparências e da absoluta inutilidade de tudo isso diante do final a que nenhum de nós pode fugir.

Pode ser que “Os Buddenbrook” não agrade o leitor iniciante ou ainda imaturo (sem preconceitos, como sempre escrevo), que poderá não gostar das descrições minuciosas, das intrincadas análises psicológicas e que tem por único objetivo a busca de aventuras e de entretenimento em suas leituras.

E não se engane: Thomas Mann não faz um relato cruel de uma única classe social, não demoniza os burgueses, apenas os mostra como eles são. Mas também não se engane novamente: ao retratar os defeitos, os vícios, as mesquinharias de seus personagens burgueses, Thomas Mann transforma o microcosmo (uma família burguesa) em um macrocosmo (a própria humanidade).

Microcosmo... macrocosmo... Palavras bonitas, mas com um significado bem simples, nesse caso: mude-se a classe social e os personagens permanecerão com as mesmas atitudes, com os mesmos hábitos, com as mesmas futilidades e mesquinharias.

Afinal, Thomas Mann retrata os burgueses como seres humanos. E todos nós, burgueses ou não, somos antes de tudo seres humanos e, dessa forma, temos nossos retratos, de uma forma ou de outra, nos personagens criados pela magistral escrita de Thomas Mann...
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Julinho 16/05/2021

A beleza da monotonia
Concordo com Carpeaux quando ele diz que Thomas Mann é monótono em seus temas e discussões, mas exemplar em seu estilo e técnica. Em "Os Buddenbrook" acompanhamos a vida burguesa, banal, "ordinária" no sentido inglês da palavra, de uma família. Os personagens e a história são comuns - acompanhamos dramas cotidianos de microcosmo pequeno burguês da Alemanha no fim do século XIX - mas a composição, inundada pela música de Wagner é sensacional.
Ainda que os personagens sejam medíocres em sua maioria, o narrador os enxerga com uma certa empatia (ainda que não desprovida de ironia) que contamina o leitor: é praticamente impossível não se tocar pelos dramas do comerciante falido, Thomas, do extravagante hipocondríaco Christian e das deslumbrada Tony.
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Carlos 14/05/2022

Os Buddenbrook
?Talvez o único primeiro e único romance naturalista da Alemanha? (segundo Mann) e com fortes traços schopenhauerianos, Os Buddenbrook apresenta a decadência de uma família de comerciantes alemães durante o século XIX.

Um bom livro, principalmente a partir do nascimento de Hanno, tornando-se de fato um Knabennovelle sobre a melhor personagem do livro e também a mais autobiográfica. Entretanto, em uma análise geral, A Montanha Mágica é melhor em minha opinião.

Há um ciclo de criação, consolidação e decadência relacionado a negócios familiares circunscrito em um ciclo de distribuição de poder econômico entre famílias: Buddenbrook, Hagenström, etc.
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Cris 07/07/2023

07.07.2023
Amei essa leitura tanto quanto A Montanha Mágica. E depois, quando li o posfácio, que Thomas Mann terminou esse seu primeiro livro quando tinha 25 anos, me surpreendi muito. Acompanhamos a história da família e da firma, por quatro gerações. O peso de dar continuidade para uns é leve, mas para outros é um fardo. O "ter" que se manter na posição social por anos e resguardar a herança não foi fácil em meio às escolhas feitas pelos diferentes membros dessa família.
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Edméia 13/06/2022

O ser humano é sempre o mesmo.
Tradução : Herbert Caro.

Editora : Companhia das Letras.



*Minhas impressões :



Os buddenbrooks narra a história da família Buddenbrooks durante quatro gerações e na última geração temos Thomas, Gerda , Hanno, Christian e Tony !

Este livro me encantou pela forma genial da narrativa , dos parágrafos descritivos de Thomas Mann e eu fiquei realmente estupefata quando eu soube que ele escreveu este romance com apenas 25 anos de idade !

De todos os personagens , o que mais gostei foi de Christian por causa do seu jeito piadista, humorístico, brincalhão e de Gerda pela suavidade com a qual ela levava a vida dela , pelo pouco envolvimento dela com as preocupações, os tormentos do marido !

Thomas Buddenbrook, o último patriarca da família, era um homem sério, cheio de responsabilidades, realista e muito preocupado com tudo e com todos ! (Vi-me nele !!! ).

Esse livro fala sobre a vida da burguesia europeia ! Assustou-me o fato dos casamentos serem sinônimos de NEGÓCIOS , isso, comércio ! Ninguém se casa por amor e / ou por afinidades, por atração sexual ! A mulher é vista como uma criança e / ou uma mercadoria de muito ou pouco valor, dependendo do dote dela em dinheiro !

Fiquei MARAVILHADA com o realismo do texto !!! Este livro começou a ser escrito em 1897 e foi publicado em 1901 e é de arrepiar como tudo é tão atual ! Observação : estamos no terceiro milênio , na década de 20 do século XXI e o texto é bem pertinente à nossa época também !!!

Thomas Mann tem um capítulo que é todo dedicado a Hanno e emocionei-me com a descrição que ele faz em alguns parágrafos desse capítulo sobre as emoções do pequeno Johann ao piano !!!

Essa história me fez pensar em como uma boa amizade e a música podem realmente suavizar os caminhos de uma vida sofrida, triste e atormentada !

A descrição que Thomas Mann faz da fisionomia das pessoas, seus olhares, seus gestos; suas roupas , seus lugares ... é um trabalho de um VERDADEIRO artista !!! Depois que a gente lê Thomas Mann, muitos escritores vão para a sola dos nossos sapatos ! Não exagero quando digo isto ! Afinal, não é à toa que ele faz parte da literatura clássica alemã !!!

De 1 a 5 , dou nota 5 para este livro e o favoritei aqui no Skoob.

Pretendo ler mais livros deste autor; claro !

Ah, não se trata de uma leitura fácil, fluida ! Pelo menos, não foi assim para mim ! O vocabulário é de época e o uso do dicionário se faz premente, urgente, necessário sempre ! Além do mais, alguns trechos são maçantes ! Eles me deram sono ! Foi difícil para eu continuar lendo o mesmo com atenção e interesse ! Parece que Thomas Mann se enveredou pelos caminhos da descrição de uma determinada situação e ... quase se esqueceu de voltar para a ideia principal !!! (Não foi inutilmente que as primeiras publicações desse livro foram em dois volumes ! ).

Ah, outro ! , chorei no final e por dois motivos : entristeceu - me deveras o final que Thomas Mann deu para alguns personagens e ... eu queria que a história continuásse !!!




Guaratinguetá , Junho de 2022.



site: www.mesadeestudo.blogspot.com
Avner 16/06/2022minha estante
Ficou ótima a resenha!


Edméia 17/06/2022minha estante
*Bondade sua , Avner ! Obrigada pela atenção e pelo carinho ! Fiques com Deus. Bom final de semana ! Ótimas leituras. Um abraço.




Filipe 27/06/2021

Perfeito do início ao fim
Ao mesmo tempo em que narra as desgraças e a decadência da família Buddenbrook, Thomas Mann escreve com uma leveza e naturalidade que faz com que o tempo passe muito rápido. Todos os personagens são muito bem desenvolvidos e não há um parágrafo sequer que seja entediante. É totalmente compreensível como esta obra rendeu ao autor um Prêmio Nobel, pois ao mesmo tempo em que é genial, é simples e prazerosa.
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