Susie 14/09/2014
Sinto que nasci no século errado e só sou resgatada por Mary Balogh
Estou apaixonada pelos livros de Mary Balogh, portanto a resenha dessa semana será de Noite de Amor, primeiro livro da série Bedwyn.
Não consigo entender a plenitude de Mary em nos apresentar os cenários de guerra presentes em seus livros. Chego a perder o fôlego em alguns momentos e me vejo vez ou outra perdida na personagem, sentindo a situação ao meu redor. A narrativa demora, elevada em seus detalhes e fiel aos acontecimentos, mostrando-nos perspectivas de um mundo presenciado por nossos antepassados e conhecido atualmente por meio de livros de história.
De cara, a sinopse me cativou. Mary deixou bem claro para nós que o mocinho era um completo apaixonado e a mocinha não fica muito atrás no quesito romance, apesar de ser sensata. O casal se conheceu em meio à guerra, foram amigos por anos até que um ataque deu fim à vida do sargento Doyle, pai de Lily, com quem a moça foi destinada a viver desde sua infância após a morte precoce de sua mãe na Índia, naquela época era normal pessoas morrerem de febre. Doyle levava com sigo uma bolsa e nela, a garantia de que Lily teria uma vida cômoda a partir de sua morte, mas não conseguiu entregar o conteúdo a moça e confiou o objeto Neville Wyatt, filho mais velho de lorde Newbury foi rebelde a ponto de seguir o exército, mesmo ciente de que era herdeiro do título: Conde de Kilbourne. Neville não se importou com sua posição social quando prometeu ao moribundo que protegeria sua filha e casou-se com a moça horas depois. Ambos se entregaram a paixão mas a manhã seguinte foi cruel, o grupo onde estavam foi atacado e Neville só teve tempo de vislumbrar sua amada ser atingida no seio esquerdo e despencar sobre um emaranhado de corpos sem vida, antes que tivesse sua cabeça atingida e perdesse o foco no mundo a seu redor.
Quando acordou em um hospital, Neville acreditou que metade de si caiu por terra junto ao corpo de Lily. E finalmente tomou consciência de que não teria coragem de explicar a sua família sobre o casamento relâmpago com a filha analfabeta de um sargento. Mesmo ciente de sua perda inigualável, Neville precisou seguir em frente, seu pai estava morto e em uma manhã fria o Conde de Kilbourne está posicionado no altar, à espera de sua prima e noiva Lauren, cuja vida até então havia sido dedicada a aprender sobre como comandaria Newbury Abbey. Mas quando as portas da igreja se abriram não foi Lauren a dama que cruzou a porta e sim Lily, uma magra e confusa Lily, que momentos antes havia percorrido um vale inteiro até alcançar a igreja e na noite anterior foi expulsa de sua casa como uma mendiga.
Sua Lily, a mulher a quem desposou cerca de um ano antes e a quem amava desesperadamente. O conde não conseguiu pensar em coisa alguma e simplesmente gritou para toda a igreja que aquela era sua esposa, desolando sua mãe, prima, irmã viúva e chocando a aristocracia Londrina.
Lily havia se arrependido imediatamente de não ter enviado uma carta a seu marido. Desde que cruza a sala da imensa casa de Neville, sente-se diminuída e as pessoas a seu redor não ajudam em nada. Mas, como é típico ( e adorável ) as mocinhas de Mary Balogh tem coração enorme, além de uma sensatez concreta e um racionalismo fiel a realidade, Lily não se deprime e acaba conquistando pouco a pouco o coração da pessoas a seu redor e enfeitiçando ainda mais seu marido, mesmo que se recuse a estar com ele, porquê meses antes havia sido adultera.
Lily tem fantasmas aos quais vencer e Neville precisa tê-la de volta, o homem cansa de declarar seu amor mas Manuel, um guerrilheiro que fez Lily de refém ( de todas as formas ) e Lauren, estavam presentes demais em sua vida.
Esteve com eles... muito tempo? Perguntou. Não esperou sua resposta Lily, eles te...? Teriam se feito realidade os piores temores de Doyle? E os seus? Mas não tinha necessidade de ouvir a resposta. Infelizmente era óbvia. Não havia outra resposta possível. página 20.
Existe também o duque de Portfrey que meteu tanto medo em Lily quanto em mim. E a doce e inteligente, solteirona de trinta e seis anos Elizabeth que ao contrário de meio mundo aceita Lily a sua maneira e a prepara para os olhos furtivos de pessoa ao redor. Principalmente quando a moça precisa ser apresentada a sociedade como uma mulher solteira para efeito das dúvidas, após uma das muitas revelações presentes nas 368 páginas.
Sobre o conteúdo da bolsa queridos leitores? Sabíamos desde o início! Estava diante dos nossos olhos desde a volta de Lily para os braços de seu marido, mas passou despercebido pela majestade da descrição dada pela autora, não me perdoei quando cheguei ao ponto final do segredo e recordei que fora revelado nos primeiros capítulos como se fosse uma simples descrição. Não revelarei, obviamente, para não tirar a graça mas daria muito para ter um livro dois sobre Lily, seja esta Lily Doyle, lady Frances Lilian Montague ou Lily Wyatt. Muito mesmo!