@aprendilendo_ 25/04/2021
Resenha de O Homem Duplicado
Publicado pela primeira vez em 2002 e escrito pelo vencedor do Prêmio Nobel da Literatura, José Saramago, “O Homem Duplicado” trata-se de um livro de suspense e ficção. Na trama, acompanhamos Tertuliano Máximo Afonso, pacato e melancólico professor de história, o qual vive uma vida monótona e desinteressada. Nesse contexto, quando um colega de profissão recomenda a Tertuliano um filme para assistir, a história do professor muda completamente de rumo. Isso, pois na obra cinematográfica, Máximo Afonso acaba por encontrar um ator com idênticas características às suas. A partir desse ponto, uma jornada de obsessão é iniciada para descobrir quem é o tal sósia.
De início, com um excêntrico estilo de escrita, a obra causa certo desconforto. Por meio de longos parágrafos e diálogos separados apenas por vírgulas, a leitura, a qual começa vagarosa, leva certo tempo para realmente engrenar e o leitor acostumar-se a ela. Apesar disso, após a consolidação do estilo, a narrativa acaba por aproveitar-se da escrita mais corrida, dando um ótimo tom de celeridade e imersão. Nesse contexto, cabe ressaltar a capacidade do livro em realmente englobar a mente do leitor na trama. Isso, pois com um enredo extremamente misterioso e instigante, o autor consegue criar uma crescente sensação de que tem algo horrendo ou incrível prestes a acontecer. Como consequência disso, por volta da segunda metade da obra, torna-se muito difícil alguém simplesmente deixar o livro de lado sem qualquer curiosidade sobre os próximos passos dos personagens.
De outro lado, ao abordarmos os indivíduos e a história da obra, percebe-se uma ótima composição de mistérios e simbolismos por parte de José Saramago. Nesse sentido, com diálogos desconcertantes e personagens com uma alta carga de desconforto em suas atitudes, gestos e falas, o livro é repleto de momentos, os quais, sem ter em si cenas realmente impactantes, geram um alto nível de curiosidade no leitor. A história, nesse ponto, com desdobramentos surpreendentes, auxilia o livro na construção do suspense e da tensão narrativa. Por fim, temos um livro, em suma, excêntrico, o qual causa curiosidade, boas reflexões, dúvidas, certa repulsa e claro, uma boa leitura.
O Homem Duplicado é um livro repleto de simbolismos, permitindo cada leitor ter, por si, a própria interpretação sobre os acontecimentos e fatos narrados. Nesse contexto, com uma boa história e personagens marcantes (mas não tão amáveis), tem-se uma ótima leitura ao fim das páginas.
Nota:9
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