Pedrita 27/10/2013
O coração de Devin Mackade, Nora Roberts - Condessa Cigana
Título: O coração de Devin Mackade
Título Original: The Heart of Devin MacKade
Ano: Março 1996
Autora: Nora Roberts
Cassie e Devin
Bem, dá pra definir o mocinho da história em uma palavra: perfeição.
Devin é o cara que ama uma mulher desde quando adolescente, que a adora mesmo quando ela casa com outro. E cuida dela, mesmo que em segredo, quando ela sofre no casamento. É bondoso com os filhos dela e os ajuda a crescer e enfrentar os medos e frustrações que eles sentem.
Mas a história, apesar de linda, é sofrida. Porque Devin sente uma adoração inexplicável por Cassie que tem um medo enorme do ex marido e de qualquer outro homem. Na verdade, ficou tão assustada e teme tanto pelos filhos que tem dificuldade em deixar que outras pessoas se aproximem.
Mas a família Mackade é a família Mackade. Do mesmo jeito que a família Buckhorn, da Lori Foster, os irmãos testosterona (resenha pra outro diia). Os irmãos Mackade são sexy, lindos, maravilhosos, uns queridos e adorados. Bem coisa de livro mesmo, e de raríssimas famílias! Eles acolhem as mulheres que os irmãos escolhem como da família. E esse sentimento de ternura vai quebrando Cassie aos poucos. E vai fazendo com que ela acredite que, no fim, as coisas podem se ajeitar.
É claro que tem algumas confusões no meio do livro. O ex marido quer vingança. Cassie dá pra trás. Devin sempre sofrendo por ela (o que não o faz menos macho por isso). Mas o principal é o casal, a delicadeza com que ele a trata. E quando ela finalmente começa a se entregar, é lindo demais! É ela se rendendo a um sentimento que estava escondido, mas que estava lá.
Apaixonante!
Vou deixar uma amostrinha aqui embaixo das maravilhosas cenas que essa mestre do romance escrever pra gente.
"— Minha boca?
— Está sangrando. — Com experientes gestos maternais, ela tocou de leve o lenço de papel no canto da boca machucada. — Eu vi você mergulhar de cabeça e colidir com Shane. Tive de fechar os olhos. Sorte a sua só ter cortado o lábio fazendo uma coisa tão louca como aquela. É só um jogo.
— É beisebol — ele lembrou-lhe, e esforçou-se para não gemer quando ela alisou gentilmente com os dedos a ferida, da qual ele nem tomara conhecimento. — Consegui a corrida à base principal.
— Ê, eu sei. Tenho aprendido todas regras e termos. Corridas rematadas pelo batedor e as estatísticas que detalham o número médio de corridas marcadas contra um lançador por nove ciclos. Connor está tão excitado com o jogo. Foi um amor da sua parte deixá-lo entrar no campo esquerdo.
— Direito. Campo direito — conseguiu dizer Devin, o coração aos sobressaltos no peito. Mantinha as mãos fechadas nos bolsos. — Cassie, eu estou bem.
Foi o tom, com a incisiva impaciência, que a fez parar.
— Você está furioso comigo.
— Não estou furioso com você. Droga. Não estou furioso. — Frustrado além do possível, ele puxou o lenço de papel das mãos dela. — Que é isso?
— Sangue. Eu disse que sua boca...
— Sangue — ele repetiu, interrompendo-a. — É o que tenho nas veias. Sangue, não água gelada. Por isso, se continuar a se encostar em mim e pôr as mãos no meu rosto, eu... — Parou, cerrando os dentes. — Não estou furioso — disse, mais calmo. — Preciso dar uma caminhada.
Ela mordeu o lábio inferior quando ele se afastou a passos largos para o pequeno renque de árvores que contornava o lado leste do parque. A idéia de perder a amizade dele deu-lhe toda a coragem que precisava para segui-lo.
Devin parou, voltou-se, e o calor nos olhos dele foi como uma flecha no coração dela.
— Lamento, Devin — ela se apressou a dizer. — Lamento muito, Devin.
— Não diga que lamenta, Cassie, você não tem nada do que se desculpar. — Onde, diabos, estava todo mundo? Por que não havia pessoas no renque? Ele não podia se permitir ficar a sós com ela agora, quando não se sentia sob controle total. — Volte, Cassie. Vá, agora.
Cassie começou a voltar. Para ela, era uma segunda natureza fazer o que mandavam. Mas não podia, dessa vez não. Não quando era tão importante.
— Se não está furioso, então está aborrecido. Não quero ser a causa disso. — Era difícil, quase assustador, avançar, quando ainda via o mau humor cozinhando em fogo brando nos olhos dele. Sabia que ele não lhe faria mal, claro que sabia, mas parte dela não tinha total certeza. Por Devin, porém, correria o risco. — Foi porque eu beijei você — falou sem pensar. — Eu não quis dizer nada com aquilo.
O mau humor esvaiu-se dos olhos dele. Ficaram sem expressão agora, cuidadosamente sem expressão.
— Eu sei que não quis.
— Você me retribuiu o beijo. — Seu coração martelava com tanta força que ela mal se ouvia falar. — Disse que estava furioso com você mesmo por ter feito isso, mas não quero que fique. Não me incomodei.
— Você não se incomodou — ele repetiu, espaçando as palavras. — Tudo bem. Vamos esquecer isso. Agora volte.
— Por que você me beijou daquele jeito?
As palavras terminaram como um sussurro, quando a coragem dela começou a esmorecer.
— Como eu já disse, você me pegou desprevenido. — Como ela apenas continuasse a encará-lo com aqueles olhos grandes e meigos, ele sentiu alguma coisa romper-se. — Droga, o que é que você quer de mim? Eu pedi desculpas, não? Disse que não tornaria a acontecer. Tenho tentado ficar longe de você, e isso está me matando. Esperei doze anos para beijar você e, quando faço, quase a como viva. Não tive intenção de magoar você.
Embora os joelhos dela começassem a tremer, a sensação não era de medo. Conhecia o medo bem o bastante para reconhecê-lo. Mas fosse o que fosse que se agitava em seu íntimo, era desconhecido.
— Você não me magoou. — Ela precisou engolir em seco. — Eu não me incomodei. Não me incomodo.
Ele tentava tirar uma gota de suor dela, mas não se sentia seguro em relação à pontaria.
— Eu quero beijar você de novo.
— Eu não me incomodo — ela repetiu, porque era o melhor que podia fazer".
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