A caverna

A caverna José Saramago




Resenhas - A Caverna


92 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Moreno 18/06/2020

"Éramos nós"
"Abertura ao público da caverna de Platão, atração exclusiva, única no mundo, compre já sua entrada."
Essa frase mencionada no livro fez um sentido absurdo durante a história em que se conhece o Centro, o Centro é tão presente e inquietante que se torna um personagem, justo ele que comercializa até às sensações.
O começo é basicamente sobre um oleiro que não quer deixar de trabalhar no que conhece e entra em crises que merecem diversas reflexões como quem sabe um novo amor aos 60 anos, o apego por um cão e o abandono da vida que conhece.
A vida curta de Cipriano Algor no Centro foi basicamente um relato social da filosofia da caverna; as distrações, as mentiras para si mesmo e o constante ócio que Cipriano se coloca para entender o que de tão atraente existia no Centro para um homem que cresceu em contato com o trabalho e a vida em sua forma pura, servem como um relato da filosofia que começou com o conhecimento e passou a caverna, ao contrário da ideia original.
Apesar disso, Cipriano e Marçal de fato entram na caverna, onde eles dizem "éramos nós". Conhecendo o que Platão quis dizer, também entende-se o que Algor quis dizer, isto é, a vida que eles levavam no Centro, sem poder abrir as janelas, com constantes distrações que imitam as sensações naturais como a chuva e o frio que sentimos, o sol a aquecer, era a mesma das pessoas acorrentadas ao banco de pedra onde tinham vislumbres da vida que eles já haviam se acostumado.
Claro que o livro não é narrado só com isso em mente, os personagens, principalmente o Cão Achado, são como todos os de Saramago, ou seja, fáceis de distinguir e se apegar. Também foi o primeiro livro dele que senti um final próximo de fechado.
comentários(0)comente



Luana De Martins 13/05/2015

Logo no início da narrativa, somos apresentados ao Centro, uma imponente construção que pela primeira descrição, nos dá a ideia de uma prisão, descobrindo depois que se trata de praticamente uma cidade inteira dentro da cidade. O Centro é o protagonista do progresso, rico em tecnologia, uma máquina de consumo com todos os elementos necessários (e até extravagantes) para que se possa viver lá sem precisar sair; ele é a grande metáfora para os impactos da industrialização promovida pelo capitalismo, isto pode ser percebido ao fazer algumas pontes com o momento histórico das Revoluções Industriais que ocorreram no mundo a partir do século XVIII, quando o trabalho artesanal foi substituído pela manufatura: a perda do trabalho de oleiro do Cipriano Algor porque os clientes optavam pelos utensílios de plástico; a privação de relevância de quem não estivesse inserido no sistema: o pouco caso com que as pessoas residentes fora do centro são tratadas, e assim por diante.
A visão ampla do narrador nos permite conhecer intimamente os integrantes da família, até mesmo o cachorro Achado, que é incluído ao longo da história. O fato do autor não ter apresentado os personagens somente em alguns parágrafos, e sim ter oferecido o cotidiano deles para que nós mesmos construíssemos nossa opinião de quem eles sejam, deixa uma abertura para que nós também descobríssemos sozinhos como se fundavam as relações entre eles, a partir de suas reações aos acontecimentos. Há uma constante conformidade emanada pelos personagens que ilustram o caráter de alienação que o autor quer transmitir, inserindo-os cada vez mais na “caverna”.
Quando a família finalmente se muda para o Centro, suas ações passam a ter uma característica sufocante, como se estivessem rodando dentro de uma caixa vazia; a ligação com o Mito da Caverna de Platão é inserida na própria história e os personagens tem a chance de descobrir que eles também vivem em uma espécie de caverna, sobrevivendo a uma ilusão, a grande crítica é que nós, mesmo não estando amarrados ao banco de uma caverna, ou vivendo no Centro, e mesmo estando há séculos dos primórdios da industrialização, também somos prisioneiros de uma realidade de conformidade, consumo e constante alienação.
comentários(0)comente



Mar 21/11/2021

O começo da leitura foi desafiante. Acreditei que seria uma leitura arrastada, mas logo a história foi se tornando mais interessante.
A escrita do Saramago é única e não diferente de outros livros do autor, tudo acontece nas últimas páginas.
Ler A Caverna foi uma experiência que me fez refletir sobre a sociedade, o consumo, o trabalho... a vida moderna em geral. Vale a pena a leitura!!
comentários(0)comente



Nena 13/02/2016

Um oleiro viúvo q tira seu sustento das louças de barro q vende, vê seu trabalho ameaçado por um centro comercial instalado na cidade, ao qual ele até tenta repassar seus produtos, mas sem sucesso. Uma crítica ao capitalismo e uma comparação a caverna de Platão. Livro incrível, bem o estilo Saramago de ser, com crítica e humor na medida certa, sempre nos levando a reflexão de valores.
Flavio 10/01/2017minha estante
Saramago é foda né? Que outras obras dele vc recomenda além dessa, do ''Ensaio sobre a cegueira'' e '' O evangelho segundo Jesus Cristo'' e ''Caim'' ?




Douglas 01/10/2009

Incrível!!
A Caverna é uma história incrível. Uma crítica ao capitalismo que tu comercializa, a visão condicionada do mundo, a realidade que nos é imposta, em resumo, uma crítica à sociedade atual. Quanto ao modo "saramaguiano" de escrever, confeço que muito me agrada. Quem nunca leu Saramago, de fato, estranhará um pouco, mas vale o esforço.
comentários(0)comente



Jonara 23/04/2010

Eu tinha uma professora de história da arte que era fascinada por este livro. Louca mesmo, sempre falava dele, que era maravilhoso e fantástico, que a gente deveria ler... pois... lá fui eu, cheia de expectativa ler, e achei uma decepção. Não que o livro seja ruim. É que o Saramago se dedicou demais à falar da olaria, e criou uma imagem gigante do Centro. Só que quando chega na hora de falar do Centro, ele fala muito pouco e já encerra o livro! Tanta espera, tanto preparo pra ir, pra ele falar tão pouquinho? Foi isso. Me decepcionei porque esperei demais. Talvez eu leia de novo em outro momento.
comentários(0)comente

Samir 08/03/2011minha estante
Eu também queria que ele falasse mais do centro rsrsrs




Cecilia.Rabelo 10/12/2018

Tirando do eixo
A caverna de Platão ou a de Saramago? São as mesmas? Estamos dentro dela? Ou ela está dentro de nós? Obra perfeita do maior gênio da literatura portuguesa. Uma crítica voraz e cirúrgica da nossa sociedade e pra onde estamos indo. Um dos meus favoritos.
comentários(0)comente



Jpg 13/09/2011

Cavernismo

O tema não é nada novo: distopia da modernidade, crítica ao consumismo e ao capitalismo em geral, em forma de alegoria. O discurso retórico, muitas vezes recorrendo a pausas para explicações em parágrafos que chegam a durar um capítulo inteiro, é de desanimar.

Mesmo assim, não deixa de ser um ótimo livro pra quem nunca ouviu falar no assunto, e talvez interesse os que gostam do tema e procuram novos pontos de vista.

A crítica é certeira e pode se adequar a qualquer sistema-caverna-sócio-econômico do mundo, onde o que não gera mais riqueza material - seja isto um produto ou mesmo um ser humano - é empurrado para a margem da sociedade, ou pra fora da "caverna", no caso.

A sorte de Cipriano Algor e companhia, é não ter crescido dentro da caverna, de modo que podem prescindir dela a qualquer hora. E então uma questão paira no ar: e aqueles que cresceram dentro da caverna e estão acostumados com as sombras, conseguirão em algum momento escapar dela caso vejam a verdade?
Mari 28/05/2013minha estante
De fato, o tema não é novo. Pode-se, até, colocá-lo numa tríade com o que sempre chama-se de dupla inseparável, o Admirável Mundo Novo e o 1984, em suas contradições e concordâncias. No entanto, o que mais me faz cair de amores pelos romances do Saramago são esses parágrafos gigantescos, enigmáticos, por vezes auto-explicados, metalinguísticos e - a minha característica preferida: que sempre colocam em cheque a autoridade do autor, a honestidade do narrador e a realidade do livro ser só um livro, dispensando a falsa noção de que a sua narração pode conter todas as verdades e os acontecimentos.
Achei o livro bom PORQUE me interesso pelo assunto (e pelo autor, como ficou claro). Ele passa longe do julgamento seco de "capitalismo não presta" e, embora o diga, quer mesmo é nos contar essa história, do oleiro, da filha, do genro, dessa gente simples.

Mas uma opinião é sempre uma opinião, haha :)




Rachel 15/10/2010

A saída é a não-saída
O que fazer quando se é inútil para a sociedade? Quando tudo o que se é é considerado defasado? Entregar-se? Mudar o jeito de ser, deixar de ser? Morrer? Saramago constrói com sua pena de mágico uma estória comovente, pouco a pouco o leitor se apaixona por suas personagens e seus conflitos internos, suas angústias, suas pequenas alegrias...
A vida é simples, o ar é puro e o homem é cruel...
A única saída é não se entregar.

"Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
Sei que não vou por aí."
José Régio
comentários(0)comente



raquellruiz 10/01/2011

É um contemporâneo!
Bom, não tem como fugir da constatação de Pilar del Rio ao ler Saramago: é um contemporâneo!
Este livro não traz nada de novo, ele apenas relata tudo aquilo que estamos cansados de ver, e por isso mesmo, não paramos mais para analisar. Filosófico porque nos dá novamente a oportunidade de refletir! Se o objetivo de Saramago era desassossegar os seus leitores, ele consegue.
Consciência de si, quem sabe um dia teremos!
comentários(0)comente



erbook 14/04/2020

A cegueira perante a sociedade de consumo
José Saramago, consagrado escritor português, vencedor do prêmio Nobel, sempre traz temas importantes em suas obras literárias, especialmente sobre a condição humana, suas complexidades e incoerências inatas.

O estilo literário de Saramago é diferente, com parágrafos longos, sem travessões e poucos pontos finais. O diálogo entre os personagens é separado apenas por vírgulas, seguido de letra maiúscula, deixando a leitura mais fluida. No início é confuso para o leitor não acostumado com o escritor, mas logo nos acostumamos com o ritmo da história e ingressamos nas mentes dos personagens incrivelmente criados por Saramago.

Em “A Caverna”, Saramago faz alusão ao mito criado por Platão, na Grécia Antiga, no qual pessoas presas numa caverna apenas conseguem ver as sombras na parede daqueles que estão do lado de fora e acreditam que a realidade consiste nessas sombras, pois só conseguem enxergá-las.

Na ficção de Saramago, há crítica satírica e mordaz acerca do mercado econômico liberal, que faz com que as pessoas creiam cegamente nas supostas regras infalíveis e adotem esse modelo de consumo exacerbado em todas as perspectivas da vida. Sem perceber, as pessoas se tornam, ao mesmo tempo, consumidores e objeto de consumo do amplo mercado, integrando a engrenagem da grande sociedade de consumo.

No enredo de “A Caverna”, há poucos personagens, que bem representam o mercado e, de certa forma, os prisioneiros da caverna de Platão, que cegos perante a força da sociedade de consumo, não enxergam outra realidade. Na estória, Cipriano Algor é oleiro e produz louça de barro, juntamente com sua filha Marta, para o Centro (que pode ser visto como um personagem inanimado).

Marta é casada com Marçal Gacho, que é guarda do Centro. Em certo momento, o Centro para de comprar os produtos de Cipriano, pois os consumidores estão dando preferência a louças de plástico, que são mais leves e duráveis. Com o intuito de sobreviver, ante essa intempérie, Cipriano e a filha resolvem produzir bonecos de barro para vender ao Centro. Um fato interessante é que Cipriano encontra um cão perdido na casa do seu antigo cachorro falecido, a quem dá o nome de Achado, um personagem com “sentimentos” muito humanos e que dá alegria ao ambiente familiar. Há outros personagens importantes e situações inusitadas, que instigam o leitor refletir sobre a atual sociedade de consumo.

Recomendo a leitura!
comentários(0)comente



Camila 07/03/2021

Interessante
Leitura um pouco lenta no início, mas interessantíssima depois de certo ponto.
No final das contas, percebemos que estamos mais do que nunca dentro da caverna de Platão.
comentários(0)comente



Rafael.Allegretti 25/02/2019

A Caverna nos faz lembrar que temos um mundo orgânico a experimentar.
A narrativa de Saramago é apaixonante. Em suas páginas sondam-se os mistérios, as aflições e alegrias do animal ser humano. Dilemas em prosa, lutas em poesia, filosofia em um entrelace de palavras.

Trava-se na mente do leitor um embate entre o costume e a tendência, a necessidade orgânica de respirar e a inorgânica de aspirar, o instinto de autopreservação e o de enfrentamento.

O dilema da caverna vai se revelando aos poucos para o leitor, e cada personagem encontra o seu lugar na parábola de Platão. O cão Achado não deixa escapar ao leitor a sua própria condição de animal que, apesar de tecnológico, ainda se deixa enganar pelo mito das sombras.

Intencional ou não, há referências de livros sobre futuros distópicos como 1984, Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451. Tais referências nos remetem a um presente distópico. Algo que vivíamos na época em que o livro foi publicado, e que ainda vivemos hoje, até senão com maior intensidade.

Afinal, não seriam sombras - fatos menor importância ante a uma realidade subjacente -, a nossa sede por likes nas redes sociais? O nosso esquecimento de que o nosso status profissional não nos define? De que vivemos alienados em um enorme Centro de experiências de realidade virtual? De que, enfim, qualquer experiência virtual ou simulada não passará disso?

A Caverna nos lembra que há um mundo orgânico a ser vivido e deliciado. E que estamos perdendo contato com a natureza. Inclusive a intrinsicamente humana.
comentários(0)comente



Wagner 06/12/2018

FORNOS...

(...) Não existe uma grande diferença entre o que se passa no interior de um forno de olaria e um forno de padaria (...)

In: SARAMAGO, José. A Caverna. São Paulo : Cia das Letras, 2000. Pg 227.
comentários(0)comente



Auzandir 25/02/2021

Saramago convida à reflexão do que nos limita
Na obra seguinte ao prêmio Nobel, Saramago apresenta uma história até bastante cotidiana de adequações à mudanças, mas nos chama a refletir sobre nossas percepções do que é tido como definitivo, na vida. Usando de alegorias ótimas, apresenta uma observação do mito da caverna de Platão em vários níveis. E questiona, por vezes sutilmente, o que nos ata e que paredes passamos a vida olhando, sem perceber que grandes certezas podem ser sombras projetadas, limitando o dia de amanhã.

?É uma estupidez deixar perder o presente só pelo medo de não vir a ganhar o futuro?

Obra pra ler e reler, sem pressa.
comentários(0)comente



92 encontrados | exibindo 61 a 76
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR