bruna e livros 16/10/2023
"Talvez de fato, cada pessoa seja um enigma."
Que livro, meus amigos! Fazendo agora, a "digestão" literária, depois de uma surra de acontecimentos, diálogos, amadurecimento e tragédia. É, sem sombra de dúvida, um dos melhores livros que li neste ano!
Uma frase muito boa que combinaria com este livro, é de uma cena do filme "A sociedade dos poetas mortos" (1989) em que Mr. Keating diz que é preciso de médicos, engenheiros, todas essas profissões necessárias e louváveis, mas a posia/poeta, é mais do que isso. Como se, a arte, a literatura ela é a maneira do homem encontrar sua essência, ir além do que representa nessa terra. A partir disso, me lembrei de Bazarov, que está preso em uma filosofia que reprime amor, poesia, arte, dança... ele é pragmático, médico e sabe que pessoas nascem e depois morrem, fim. No entanto, ele é humano também, contraditório e ao longo do livro, não só ele, mas seu fiel discípulo, Arkárdi, se coloca em situações que vão comprovar o contrário, será que Bazarov consegue se manter nesta posição? Ele não sente nada a mais?
Dois jovens, Bazarov e Arkádi, vivendo o niilismo profundo de pensamentos sobre a geração anterior "atrasada", eles jovens e fortes, mais inteligentes. Niilistas que não servem à ninguém, não deitam, e agem por si mesmos, dizem não à arte, à poesia, dizem não sempre.
Mas, o melhor da literatura é quando, ao longo do processo desses personagens, nada é o que é ou pelo menos, na maioria das vezes. Bazarov disse 'sim' também, Arkádi, além do sim, recebeu outros 'sim' e sempre quis dizer 'sim', porém, tinha receio do mestre Bazarov.
Bazarov é um sujeito que lutou contra tudo isso, não conseguiu em alguns aspectos da história se segurar à sua filosofia, foi contraditório também. Ele era o personagem que mais foi rodeado de amor, e do mesmo jeito, reprimia. Ele sentia, só não queria mostrar 'moleza', era adepto em dizer o que pensava superiormente.
Bazarov era médico, dedicava-se aos estudos com afinco ou com amor. Às pessoas, aos seus pais que o amavam muito... não, na verdade, o idolatravam, ele era ríspido, porque eram muito velhos. Suas convicções estavam ultrapassadas demais.
Bazarov era pragmático, não um ser sem alma, era humano como todos. Isso é o que fica claro ao decorrer do livro, ele é um simples humano que tem ideias e quer praticá-las, que não está satisfeito, que vai contra até mesmo o que diz sem perceber.
Bazarov dizia-se niilista, mas antes disso e durante, nunca deixou de ser gente.