Annalisa 01/05/2023A Rosa Branca Rebelde
"[...] ao redor dela havia árvores, colinas, rios, lagos. Ninguém poderia ser dono daquilo, nem mesmo os peixes, animais e pássaros que lá viviam, assim como não podiam possuir a chuva, o mar, o céu ou outra pessoa. Casa coisa era dona de si própria. Aeneas sabia disso, ele não poderia ser das Terras Altas e não saber disso. Como chefe, seu povo lhe dava tudo, não por quem ele era, pois era um homem como outro qualquer, mas pelo o que ele representava, o clã, que significava preservação de quem e do que eles eram: um povo livre, que escolhia viver livremente juntos, pelo bem geral." - Página 293
Eu já vi, ouvi, assisti e li essa parte da história entre Inglaterra e Escócia de diversas formas diferentes, por vários pontos de vista, e depois de tudo isso, ainda é um ponto que me cativa e me fascina. É uma p*ta história, real, verídica e sofrida. Chega em um ponto que não há como dizer quem estava certo ou quem estava errado, de quem era o direto da terra ou quem estava agindo pela ganância, mas que os escoceses sofreram com o domínio da Inglaterra sobre eles, não há como negar.
Eram um povo de cultura e tradições seculares, enraizados em seu seres e seus modos de vida. Constituídos por história, família, clãs e crenças. Sofreram perdas irrevogáveis e tiveram que aceitar uma doutrina e tradições que não faziam parte do seu ser. A Rosa Branca Rebelde nos conta um ponto de vista sobre essa história, a da Coronel Anne Farquharson, lady McIntosh e sua luta pelos seus homens e de como em diversas vezes, muitas delas em desvantagem, ela uso da estratégia e inteligência para virar o jogo contra os ingleses.
Não sei dizer todos os pontos que são reais ou ficção dentro do livro, muitas coisas já vi descrita em outros relatos (me levando a crer que são os reais) e outros foram tão bem inseridos e escritos que me fazem duvidar se são ficção. Mas a história vai permeando todos os trechos já conhecidos da Escócia e sua luta contra a dominação da Inglaterra, seu sonho de voltar a ter um Stuart no trono escocês, e finalizando na fatídica batalha de Culloden em 1746, quando houve a maior derrota da história dos clãs escoceses e a aniquilação da cultura e das tradições deles.
Em meio a toda a história, A Rosa Branca Rebelde também nos apresenta o relacionamento entre Anne e Aeneas (chefe do clã), seu casamento, seus ideais, seus sentimentos, conflitos e crescimento, e principalmente o papel da mulher escocesa junto ao seu marido e junto ao seu clã, diferentemente de todos os pontos da história, aqui, a mulher tem voz, tem escolha e tem lugar. Anne não é a apenas uma esposa recatada e do lar, tanto que ela e Aeneas, por infortúnios da vida, acabam ficando de lados opostos dessa guerra, e é Anne que comanda os clãs e os levam para a batalha.
O livro é extremamente bem escrito, porém por vários trechos encontrei um pouco de dificuldade de me aprofundar nas cenas e acompanhar a troca de informações, nomes e personagens. Meu pequeno conhecimento anterior sobre o tema me guiou em algumas passagens, porém ainda senti falta de uma ligação maior em algumas páginas.
É um livro um tanto grande, mas para quem procura e gosta de informações sobre o tema e principalmente está em busca de conhecimento, ele vai te prender do início ao fim, e você nem verá as páginas passando, é um romance que vale a pena ser lido.
"Muitos daqueles de quem eles gostavam haviam partido, mas nem todos. O modo de vida que eles valorizavam havia acabado, embora o amor permanecesse.... [...] Uma nação não merroria enquanto seu espírito vivesse. Ela havia conseguido pequenas concessões. Nelas, o jogo se invertera. A vida não pararia. Leis poderia ser revogadas, eles descobririam novas maneiras de viver. A liberdade era uma ideia, e não podia ser destruída." - Páginas 474.