A Família Golovliov

A Família Golovliov Mikhail Saltykov-Shchedrin




Resenhas - A Família Golovliov


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jota 30/06/2019

A decadência de uma família russa...
Ah, esses autores russos com nomes complicados, mas que contam histórias como poucos! De Mikhail Saltikov-Schedrin eu nunca havia ouvido falar até ler, tempos atrás, um de seus contos na Nova Antologia do Conto Russo, organizada por Bruno Barreto Gomide (Editora 34, 2011). A Família Golovliov é sua obra mais conhecida dentro e fora da Rússia; há críticos que a colocam lado a lado com as grandes narrativas de outros destacados mestres russos, como as de Tolstoi e Dostoievski, por exemplo.

Sobre essa narrativa escreveu o crítico americano James Wood: "A Família Golovliov é um livro estranho e áspero, cujas personagens a um tempo sofrem a doença do nada e aspiram a ela, um livro que é por vezes uma ampla sátira, outras um livro de terror gótico, e outras ainda um anti-romance, torna-se cada vez mais moderno com a passagem do tempo." As palavras de Wood constam da Introdução, mas como ele adianta muita coisa do que vai acontecer, é bom conhecê-la apenas depois de finda a leitura toda.

Dois personagens principais, mãe e filho pertencentes à pequena nobreza rural russa (a ação se passa por volta dos anos 1860 e seguintes), se destacam. Ela é a mesquinha e despótica Arina Petrovna, ele o cínico Porfírio Vladímiritch, cuja hipocrisia e perversidade o tornam conhecido dentro da própria família como Judas e sanguessuga. Mãe e filho pensam tanto em acumulação de posses que algumas passagens se tornam até cômicas, tamanha é a preocupação deles em economizar ou acumular sempre mais bens e moedas, até mesmo pela usurpação dos bens de outros familiares e herdeiros.

Por conta disso e de outros fatores presentes no comportamento dos familiares – inveja, avareza, luxúria, alcoolismo e depressão, principalmente –, aos poucos a família Golovliov vai trilhando o caminho sem volta da decadência e da morte, alguns por suicídio. Se Tolstoi falava sobre famílias infelizes logo no início de Anna Kariênina, Saltikov-Schedrin desenha o retrato irretocável de uma delas, com o seguinte reparo: os Golovliov eram mais que infelizes, à sua maneira eram uma família completamente disfuncional, para usar um termo de nossos dias. Porém, uma família que vale a pena conhecer, sem dúvida.

Lido entre 12 e 30/06/2019. Minha avaliação: 4,3.
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