Trilogia Suja de Havana

Trilogia Suja de Havana Pedro Juan Gutiérrez




Resenhas - Trilogia Suja de Havana


48 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4


Rosa Santana 18/01/2020

Ficção? Realidade?
Profundo, intenso, forte, Trilogia Suja de Havana, mostra a dura realidade do povo cubano, em consequência do bloqueio econômico impetrado pelos EUA que também forçaram outros países que mantêm relações com eles (os Estados Unidos) a agirem do mesmo modo, com relação ao país governado por Fidel Castro. Ao perder a ajuda URSS, Cuba fica à deriva: seu povo sofre pela falta de alimentos, de trabalho, de dinheiro; mas não perde a alegria, o colorido, a vivacidade! Luta por se manter vivo. E é essa luta que Pedro Juan Gutierrez traz nessas mais de trezentas páginas!

Bem ao estilo realista PJ aposta nos temas como a traição, o adultério, a dissimulação, a falta de ética e os jogos de interesses tão recorrentes nas obras que marcaram esse período artístico. Personagens desprovidos de sentimentos humanos, bem ao modo naturalista, desfilam aos nossos olhos, nos deixando perplexos pelo egoísmo e pela incapacidade de ver no outro um igual, com os mesmos problemas e objetivos!
Se o romantismo cultuou um maniqueísmo em que o bom luta contra o mau, aqui (no realismo) o mau e o mau se degladiam querendo engolir um ao outro, como a buscar sobreviver!
Há personagens fracas que são sucumbidas pelas mais fortes, como Berta, por exemplo!

Como visitei Havana recentemente, passeei pelo Malecon com os personagens, visitei os cortiços en la habana vieja onde moram os cubanos, lá, tão visíveis a todos e não escondidos como os nossos, nas nossas favelas imundas e decadentes!

Recomendo a leitura!

Trechos:
Só posso adiantar que os sonhos são uma grande bosta. Os seres humanos têm que extirpar os sonhos , por os pés na terra e dizer: Porra, agora sim! Estou bem ancorado na terra. Podem vir as ventanias. Só assim vc pode chegar ao final de um mínimo de avarias e se fazer água, ou pelo menos só com um pouco de água no porão.
Pág 62

E continuo na minha luta contra o medo. Lutar é uma maneira de dizer. Eu, sozinho, não posso lutar contra o medo. Mas rezo toda noite e sempre peço a Deus para tirar o medo do meu coração, desanuviar a confusão do meu cérebro. Com medo e confusão eu fico paralisado. E Deus me ajuda em todo o possível e me dá pequenos sinais.
Pág 93

... Acordei Anneloren, que estava com cinco ou seis anos, levei-a para o terraço, mostrei Vênus e depois oSol. Isto é eterno. Tudo o que é importante, as coisas mais importantes, perduram. Você sabe que estão lá e que podemos agradecer por elas.
Pág 153

Ele era um velho heróico ao estilo clássico. Destruído até a medula, mas não derrotado. Eu não tenho nada de heróico. Nem eu nem ninguém. Atualmente ninguém mais é tão obstinado, nem tem tanto senso nem tanta responsabilidade com seu ofício. O espírito da época é mercantil. Dinheiro. Se for em dólar, melhor ainda. O material para fabricar heróis está cada vez mais escasso!
Pág 315

... pegou uma revista de 1.957 e abriu ao acaso. Uma entrevista de Frank Lloyd Eright: ?Quanto tempo pode durar uma civilização sem alma? A ciência não pode nos salvar: ela nos levou para a beira do abismo. Isso deve ser feito pela arte e pela religião, que são a alma da civilização.?
Pág 334
Sinésio 18/01/2020minha estante
Rosa, essa trilogia está apenas no nome da obra, ou realmente é uma série de livros sobre o tema?


Sinésio 18/01/2020minha estante
Vc chegou a ler "O rei de Havana", do mesmo autor?


Rosa Santana 18/01/2020minha estante
Oi, Sinesio, eu só li esse, cujo nome é Trilogia Suja de Havana. Não sei se há outros dois, mas deve haver, não é?
O único livro que li desse autor foi esse; de cubano, li outro do José Marti, mas não me lembro do nome!


Rosa Santana 18/01/2020minha estante
Vc leu O Rei de Havana? O que achou?


André Vedder 19/01/2020minha estante
O Rei de Havana é muito bom!


Rosa Santana 19/01/2020minha estante
André, vc leu Trilogia Suja de Havana?


Sinésio 19/01/2020minha estante
Rosa, quanto a "O rei de Havana" não li ainda. Pretendo fazê-lo este ano ainda.


André Vedder 19/01/2020minha estante
Rosa, a trilogia ainda não..mas está na minha lista ler em breve, até porque gostei muito do Rei..


Rosa Santana 19/01/2020minha estante
Obrigada, André e Sinésio, pelo retorno!
Vou buscar esse Rei!


Sinésio 19/01/2020minha estante
Rosa, consultei o autor no Wikipedia e lá consta a relação de todas as suas obras.
Não consta que "Trilogia suja de Havana" seja parte de uma "trilogia" de obras conectadas, tipo uma série.
A impressão que tive é que se trata apenas do nome do livro mesmo.


Rosa Santana 25/01/2020minha estante
Sinésio, deve ser mesmo! Por trilogia pode-se entender as três centenas de páginas para contar o corriqueiro em Havana! ?
(Raiva de não dar para colocar aspas aqui!!)




jota 03/04/2014

Sujo, Sórdido, Surpreendente
Depois do esfacelamento da União Soviética e com o embargo americano logo em seguida Cuba se tornou um dos países mais decadentes da América Latina. E igualmente um dos mais pródigos do mundo em sacanagem, conforme o livro de Juan Pedro Gutiérrez. Aumentaram consideravelmente a putaria, as maracutaias, os jeitinhos e especialmente a sujeira, com muitos ratos e baratas e esgoto a céu aberto.

Os carros antigos, alguns até mesmo puxados por cavalos, e edifícios em ruínas (num dos quais vivia o autor) continuam por lá; os racionamentos de todo tipo e o controle do Estado sobre as pessoas também (lembram da blogueira Yoni Sánchez, que visitou o Brasil e foi hostilizada pelos petistas, impedida até de falar?). Alguns vizinhos do autor criavam galinhas e porcos nas coberturas dos edifícios pois carne era artigo raro e caro (e deve continuar sendo, não sei), praticamente apenas para servir estrangeiros e autoridades, sabe como é, não? E para o povo, mandioca...

Assim era a vida em Havana e em outras cidades do país nos anos 1990 - o livro foi publicado originalmente em 1998 mas não em Cuba e continua inédito por lá até onde sei. Não exatamente por proibição governamental, mas por conta do medo dos próprios editores do país em publicá-lo – sob a ditadura castrista quem tem editora tem medo, se me entendem.

A Cuba atual comparada com a do livro deve ter se modificado muito pouco (apenas superficialmente, na verdade; quando Fidel entregou o poder para o irmão Raul) e agora vai contar com um moderno porto financiado pelo generoso governo petista que flerta preferencialmente com governos ditatoriais ao redor do mundo. Há pouco tempo o poste que nos governa esteve em Havana beijando as mãos de Fidel, seu grande ídolo depois de nosso “ex-presidente em exercício”, seu criador.

A trilogia suja de Havana (e bota sujeira, suor, sêmen, urina e muita merda nisso), e talvez seja aconselhável ler esse livro usando luvas descartáveis, se divide em três partes: Ancorado Em Terra de Ninguém é bastante autobiográfica, Nada a Fazer trata quase que exclusivamente das neuroses de JPG e Sabor a Mí (nome de uma canção mexicana conhecida internacionalmente) revela por completo o ficcionista que já habitava Gutiérrez em outros tempos – ele era jornalista e depois foi banido da profissão. Em Cuba, como se sabe, jornalismo só pode ser a favor do governo. Também na Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, etc., todos muy amigos de Fidel e dos petistas, então a coisa nessas republiquetas bolivaristas não está para peixe e muito menos para foca...

Bem, as três partes do livro apresentam histórias curtas, de poucas páginas, como se fossem capítulos breves. A maioria tem como personagem principal o próprio autor fazendo, aos quarenta e quatro, quarenta e cinco anos, um balanço de sua vida erótica e caótica. Caótica sim, mas não exatamente erótica; sexual de fato, depravada ao máximo. O tempo todo JPG chama as coisas por seus nomes chulos mesmo: pau é pau e pedra é pedra, se me entendem novamente.

São histórias mais ou menos independentes umas das outras, feito contos e que quase sempre envolvem sexo, trapaças, bebedeiras, consumo de drogas ilícitas, brigas de casais ou de vizinhos, prostituição, problemas variados dos habitantes (falta de grana, comida, moradia, saúde, trabalho, transporte, higiene), etc. Ou todas essas coisas juntas, em alguns casos.

O retrato que Gutiérrez faz do país, do povo cubano e de si mesmo é carregado nas tintas ficcionais e autobiográficas e resulta sórdido, sujo, deplorável. Em suma, extremamente negativo para todos; ele avacalha com tudo mesmo, porque a realidade em que vivem os habitantes da ilha é cruel, assombrosa. Daí talvez porque o livro continue inédito em Cuba. Se incomoda o leitor, imagine então aquelas múmias comunistas, no poder há mais de cinquenta anos...

Mas esse quadro dantesco foi pintado por alguém que, como informa a editora brasileira da obra, “nasceu e cresceu na utopia da Revolução Cubana.” E que, portanto, sabe muito bem do que fala e escreve, conhece a fundo o país e sua gente. Embora JPG aborde questões políticas apenas superficialmente - em entrevista à revista VEJA tempos depois do lançamento do livro no Brasil ele dizia que não apreciava ser manipulado nem por cubanos nem por americanos.

Em suas próprias palavras: “(...) não me interessa, ou não quero, ou não devo, fazer análise política. Minha obra não é jornalística, nem sociológica, nem antropológica.” Ele queria (quer) ser reconhecido por seu trabalho literário, claro. E não queria, como muita gente em Havana e no resto do país, se mudar para Miami ou outra parte dos EUA. Desde que tomem muito cuidado com a política, com o que falam ou fazem, as pessoas sempre acabam dando um jeitinho de sobreviver em Cuba, se acomodam sem grandes dramas, vão levando a vida assim - ou, como naquele samba de Zeca Pagodinho, vão deixando se levar pela vida.

Nem todo cubano tem vontade ou coragem de tentar entrar nos EUA navegando numa balsa precária, talvez ser devorado pelos tubarões muito antes de avistar Miami. Ao escrever sobre essas coisas – a sobrevivência em si - Gutiérrez fez de Trilogia Suja de Havana um livro admirável. Também o mais sujo em que eu tenha posto os olhos alguma vez, em que uma pessoa se expõe sem reservas, tão aberta e completamente como nunca antes na história da literatura daquele país (sic). Ou de qualquer outro país, talvez.

Mas fico me perguntando como é que um sujeito como Gutiérrez (tem a foto dele na orelha do livro e também na internet) que não é exatamente nenhum galã, muito longe disso, consiga (ou conseguisse) transar com tantas mulheres e com tanta frequência. Parece que cubanos e cubanas só pensam naquilo, até mesmo as pessoas idosas, que falam de seus desejos sexuais e de suas transas com tamanha naturalidade e atrevimento de, imagino, deixar corados os personagens mais atrevidos e sacanas de Jorge Amado. Seriam os ares do Caribe?

O que é certo também é que se muita gente se oferece (mulheres e homens), se prostitua em Havana especialmente, onde há mais turistas estrangeiros, é para ter o que comer, levar alguns dólares para casa, sobreviver, enfim. Mas a maioria das pessoas - ou personagens do livro -, independentemente de qualquer coisa, gosta mesmo é de uma boa sacanagem, quase sempre regada a álcool (rum, na maioria das vezes) e fumo (com muita maconha rolando o tempo todo, não apenas cigarros ou charutos); também há quem gosta de ser esbofeteado durante o ato sexual.

A sexualidade exacerbada, desbocada, atrevida, domina o livro do começo até o final. E Gutiérrez vai bem longe nisso: também inclui na narrativa casos extremos, envolvendo estupros, viadagem, necrofilia e pedofilia; são relatos em que a barra pesa, de fato. É este então um livro mais do que sujo, pornográfico mesmo? Para algumas pessoas, sim. Embora pareça, pareça muito, não se pode dizer que Gutiérrez tenha escrito um livro pornográfico – Trilogia Suja é assim uma espécie de A vida como ela é em Cuba. Ou como foi até pouco tempo atrás. Ou continua sendo, não sei.

Acho difícil que Trilogia Suja de Havana deixe alguém sexualmente excitado. Penso que seja muito mais fácil que fique brochado, até mesmo enojado grande parte do tempo. Se JPG quis nos impressionar ou chocar, se nada do que conta é verdadeiro, então ele é um ótimo ficcionista. Mas se tudo o que diz é verdade então ele é um ótimo antropólogo social. No final da leitura acaba-se concluindo que ele é ótimo tanto numa coisa quanto noutra. Uma certeza que já vinha se cristalizando desde as primeiras páginas deste livro surpreendente.

Lido entre 24/03 e 03/04/2014.
Daniel 04/04/2014minha estante
Engraçado, nos livros de Reinaldo Arenas, outro cubano, também impressiona a quantidade de parceiros... Parece que na ilha de Fidel, só pensam mesmo naquilo


jota 04/04/2014minha estante
Pois é, Daniel. Conhecidos meu que estiveram em Havana afirmaram que em muitos lugares homens e mulheres praticamente se atiravam em cima dos turistas, com apelos sexuais. Mas era a época mais brava da crise dos anos 1990, justamente o período que o JPG trata. Não sei como as coisas andam agora. Não tenho muita simpatia pelo país, por conta da ditadura e dos negócios petistas por lá.


Alê | @alexandrejjr 22/07/2021minha estante
Baita resenha, Jota!


jota 22/07/2021minha estante
Obrigado, Alê, é que o livro é muito bom, influencia meus comentários.




Arsenio Meira 23/08/2013

"Now all the criminals in their coats and their ties/Are free to drink martinis and watch the sun rise"

Li esse romance em 2007. Depois, em 2011, reli. E, pecado supremo, não o cadastrei aqui. Mas agora o faço, junto com minhas impressões sobre a obra.

Vivendo na Cuba dos anos 90, durante o boicote econômico imposto pelos Estados Unidos, Pedro Juan descreve a miséria, a fome e a falência do sistema público do país através do seu pequeno universo. É a partir do seu dia-a-dia e dos acontecimentos que o cercam, que ele aproveita para tecer comentários, denunciando de maneira indireta toda a degradação humana da população cubana.

Escrito em forma de contos, segue uma seqüência não-linear, mas que se completam, mantendo uma certa ordem, construindo uma visão ampla e particular de Cuba. Os personagens aparecem, depois somem, mas isso não se torna um problema, Pedro Juan conta sua história em episódios, de maneira simples e com frases impactantes merecedoras de grifo.

"Trilogia Suja de Havana" é o típico livro que só deveria ser vendido em sebo. Vendê-lo numa mega-store de shopping center é tão descabido como vender champanhe no carnaval de Olinda. Isso porque o livro é sujo, violento, repulsivo e deprimente. É poético.

Pedro Juan Gutiérrez sabe como despertar aversão numa pessoa. Segue o mesmo estilo de John Fante e Charles Bukowski, mas com um peso de rabugice tremendamente maior. Não tem o aspecto de aventura junkie de Fante ou Bukowski, é muito mais denso. Fante e Bukowski parecem light, higiênicos, dois coroinhas perto de Pedro Juan.

A diferença talvez venha do ambiente: uma realidade brutal e repugnante bem parecida com a apresentada por Paulo Lins em "Cidade de Deus" e Rubem Fonseca no conto "Feliz Ano Novo." É a mistura do estilo dos junkies americanos com a miséria social da América Latina.

Em meio a tudo isso, Pedro Juan ainda consegue demonstrar sua sensibilidade. Escrito num período de reavaliação, ele expõe todos os conflitos e angústias, crises e desilusões de alguém que chegou aos quarenta anos e decidiu mudar de vida.

Estraçalhado por amores do passado, ele vai aprendendo a conviver com a solidão, se endurecendo, tentando sobreviver sem luxo, à base de sexo, rum e maconha.
Carlos Patricio 25/02/2014minha estante
ótima dica que vc me deu, amigo Arsênio!
Livro sensacional mesmo


Arsenio Meira 25/02/2014minha estante
Grande Carlos!
O romance é transgressor, mesmo. Muito bom.
Abraços do amigo
Arsenio


Carla 27/03/2014minha estante
Olá, Arsenio.
Resenha ótima. Disseste tudo sobre esse livro que, realmente, vale a pena ser lido.

Outra coisa que achei interessante é o fato de não ser mais um livro de escritor cubano refugiado que cai no mesmo nicho de escrever contra a política socialista cubana etc, etc. Pedro Juan descreve a Cuba suja, cruel e miserável da época mas não adentra em seus entraves políticos. Tanto é que vive lá até os dias de hoje.

Abraço.


Arsenio Meira 27/03/2014minha estante
Oi Carla,

Obrigado pelas generosas palavras. E você tocou num ponto crucial: pra fazer literatura, não necessário panfletarismo, mas sobretudo saber escrever visceralmente. É o caso do Pedro Juan. Abraços




Ronnie K. 30/03/2009

Livro sujo!
A verdade é essa: o contexto, o cenário, a ambientação, o clima social e político em que discorrem as narrativas desse livro são por demais interessantes. Diria mais: são sensacionais! É a época do Grande Êxodo cubano em direção aos EUA, após a derrocada do Socialismo pós-muro de Berlim, e o fim do apoio da extinta URSS. Vuslumbramos uma Havana destroçada pela pobreza, pela crise econômica, tentando sobreviver a qualquer custo em meio às ruinas (morais e materiais). Porém o tom não é pesado nem pessimista. A alegria natural desse povo se sobressai, a ginga, as danças, a sensualidade, o humor. De tanto sexo e excreções mostradas esse é um livro sujo, quase literalmente sujo! Os pequenos contos fatalmente têm seus ápices em descrições nada sutis de sexo explícito e todo tipo de perversões. Evidentemente que isso em si não constitui nenhum problema. Contudo o fato é que na maior parte das vezes essas inserções soam algo como forçado. E aqui começam os defeitos desse livro. Vejamos... O que é preferível: Um grande e belo estilo literário, em que prevaleça o brilho da forma em detrimento do conteúdo, ou o contrário, muito a se contar, uma fertilíssima imaginação, a serviço de um estilo pobre e simplista? Porque aqui se dá a segunda opção. Há muito o que se dizer, ou pelo menos uma imaginação muiuto boa (o que no fundo dá na mesma), há a apresentação de uma realidade que muitos sempre foram curiosos por conhecer (A Cuba fechada e idealista de Fidel, embora não há maiores comentários políticos nos contos), há muitos muitos tipos retratados. No entanto o estilo de Pedro Juan infelizmente não é dos melhores. Frases curtas, mal elaboradas. Os diálogos definitivamente não soam espontâneos! E isso incomoda bastante. Contudo, pela riqueza do material que dispõe, é um livro que merece ser lido.
tetê 18/07/2013minha estante
eu acho que as frases curtas deram um ótimo efeito no livro,nao acho que ficou mal construido, ficou ...rápido,mas muito bom, nao sei como explicar


Rosa Santana 18/01/2020minha estante
Concordo com vc, Tetê!
Gosto de frases curtas, elas dao fluidez à leitura!




Aerton 22/02/2012

Bem escrito porém,,,
Pedro Juan Gutiérrez retratou um período difícil do povo cubano. Os anos 90. Nota-se grande talento em escrever. Dei duas estrelas devido a repetição desnecessária de temas que são excessivamente abordados. Atrevo-me a dizer que há até uma propaganda enganosa. Na contra-capa do livro encontramos frases como: " Com uma linguagem direta, aborda temas como sexo, fome, desencanto, luta." Na orelha do livro diz "esta é uma narrativa sensual e poderosa". Essas descrições não são fiéis ao que a obra apresenta. Sensualidade é uma coisa, pornografia é outra. O leitor que tenha um mínimo de pudor ficará chocado com essa obra. Enfatiza-se demais a sexualidade apresentando-a de um modo promíscuo e sujo. Palavras do mais baixo calão são descritas como "linguagem direta". Posso ser apedrejado por estar dizendo essas coisas. Muitos comparam a Bukowski.As obras de Bukowski são hinos de igreja comparadas a Trilogia. Nada contra o autor, mas es sinopses deveriam ser mais francas ao apresentar a obra. Enfim, considero a obra um livro erótico com pano de fundo social. A proporção dos temas é:
Sexo 75%
Fome 10%
Desencanto 10%
Luta 5%
tetê 18/07/2013minha estante
o que transforma a sexualidade numa coisa "suja" na sua opinião?


Elenai 16/08/2013minha estante
tetê, sexualidade é uma coisa, sexo é outra!
Entendi que na resenha do Aerton, quis dizer que a forma em que o autor apresenta o tema é "suja"!




Vanessa 04/10/2009

Pegue uma Cuba dos anos 90, misture miséria, falta de dinheiro, irônia anárquica ao governo e sexo. Muito sexo por sinal. O resultado é um relato cruel e sujo, pesado de críticas e verdades sobre uma Havana esquecida e parada no tempo, presa a um circulo vicioso. E de vícios, Juan Gutierrez é imbatível. Desde cigarros, charutos,maconha,rum e sexo até poesia. Porque em cada relato, há sim, poesia escondida por detrás de cada palavra. De uma maneira sutil, ele consegue despertar a mais incomoda aversão em uma pessoa, claro, deixando que ela peça por mais e mais, como no sexo, coisa no qual, se considera um mestre.

Algo que somente ele é capaz de fazer num país como Cuba, num continente de saudosismo como a América.

(E com o perdão da palavra, um verdadeiro Henry Miller tropical com acesso a internet. Uma vez por semana e monitorada, claro. Afinal, é nosso homem em Havana)
Carla 27/03/2014minha estante
Olá Katrina,
Na verdade não acho que Pedro critique diretamente Cuba ou fale sobre a política e tal; Acho que ele apenas narra a verdade da Cuba dos anos 90, período mais agudo do processo de transição socialista no país.




Pipoco 16/03/2017

Sujo, impactante e muito corajoso
Gosto muito da escrita de Pedro Juan Gutierrez, apesar de algumas críticas que o autor recebe (algumas, inclusive, considerando o autor uma pessoa racista e cheia de outros preconceitos).
Enquanto escritor, acho sua narrativa brilhante: de maneira direta, expõe(-se) em um texto que flui e cativa.
Enquanto personagem, recria-se a todo tempo, reinventa-se e, mais que isso, "dá a cara a tapa".
Confesso que há, como em outras obra em que o próprio autor se apresenta como personagem, certa valorização e heroísmo em algumas passagens (e um amor gritante pelo seu órgão sexual e as proezas às quais o submete).
O título não poderia ser mais perfeito. Trata-se, de fato, de uma série de relatos sujos, lascivos, por ora assustadores, alarmantes e deveras sexuais.
Vale a leitura, definitivamente, mas a mente deve estar aberta e os julgamentos devem ser evitados.
Rosa Santana 08/11/2019minha estante
Estive em Cuba e constatei que para ver Td por lá ?a mente deve estar aberta e os julgamentos devem ser evitados!?
Gostei do livro; gostei de sua resenha; gostei de Cuba!!




Waldemur 10/05/2024

Poético
A Trilogia Suja aborda uma ampla gama de temas impactantes, como estupro, tráfico de órgãos, drogas e alimentos, além de assaltos, assassinatos e cenas explícitas de sexo. A escrita de Pedro Juan transmite uma atmosfera intensa e realista, que pode provocar desconforto ao leitor diante das situações descritas, mesclando ficção e realidade de forma marcante.
comentários(0)comente



MOTTA58 19/03/2009

VICERAL
UM LIVRO FANTÁSTICO PARA SE LER. NÃO HÁ FIRULAS, TODAS AS NARRATIVAS SÃO VERDADEIRAS E VICERAIS. PEDRO JUAN GUTIÉRREZ MOSTRA UMA CUBA SEM RODEIOS.
comentários(0)comente



Thais Nicolau 09/09/2009

CUBA, PAÍS DE CONTRATES
Iniciar a leitura de qualquer livro é como estar disposto a conhecer o mundo sobre uma bicicleta - é preciso estar disposto a embarcar na aventura.
Ler a obra de Pedro Juan Gutiérrez é conhecer Cuba distante das suas questões meramente políticas, é embarcar na natureza humana sem qualquer pudor de sexo ou religião.
Esta é a obra que nos apresenta o homem, Cuba, seus drinques, belezas e podres.
Recomendo !!!!
comentários(0)comente



El Cote 28/01/2010

Excelente
Uma narrativa direta e suja do dia a dia de Havana na primeira pessoa do escritor. Tem ritmo, peso e prende o leitor. Muito interessante saber como é a visão interna do regime por alguém com consciência e noção crítica.
comentários(0)comente



brunoimbrizi 17/08/2010

Duas irmãs e eu no meio (pág. 23)
Foi o que fiz. Atravessei aquele bairro de gente muito pobre, mas pelo menos me respondiam e me orientaram bem naquele labirinto de barracos de lata e madeira podre e pedaços de tijolo e entulho jogados fora pela fábrica. Quando cheguei ao casebre de Hayda, ela estava tomando banho. Veio abrir a porta de calcinha e sutiã, meio molhada, e quase nem falamos. Foi uma boa foda. Deixei que ela tivesse seus orgasmos. O primeiro foi com a minha língua. É incrível, mas sempre acontece com ela. Só de sentir a língua raspando clitóris acima já dispara o primeiro orgasmo. E continuei, sem pressa. Gosto dessa mulher. Vira de costas para que eu coma a sua bunda. Já tinha me falado que com o marido - ela tinha casado três anos antes - não conseguia. O negro tem uma pica de negro e isto impedia algumas acrobacias. Suamos muito. É uma casinha muito pequena, com o teto bem baixo, dois quartos e um banheiro. Afinal não agüentei mais e gozei. Como sempre. Eu grito e me desespero nos orgasmos. É como se voasse pelos ares e despencasse lá do Sol. Igual a Ícaro quando caía depenado em direção ao mar. Ufa, terminamos, Ficamos um tempo olhando para o teto, exaustos. Eu exausto. Ela nem tanto. Nunca se cansa, mesmo que tenha dez orgasmos quer mais e mais. Mas o calor era sufocante, Ela disse: "Aproveita que tem água e toma um banho." Não havia sabão. Perguntei.
— Não tem sabão, Pedrito. Já nem lembro da última vez que vi sabão aqui.
— Então você toma banho só com água?
— Claro, que remédio!
Joguei umas latas de água no corpo. Fiquei do mesmo jeito. Sem sabão não se eliminam o cheiro, a unidade, o suor. Então me enxuguei e botei a roupa. Ela também, e nos sentamos para conversar um pouco.
— Vou pra putaria em Havana. Não posso continuar assim.
— Está doida, garota? Você é muito ingênua para isso...
— Olha só: só tenho duas calcinhas, e as duas rasgadas. Um lixo. Sem sabão, sem comida, sem nada. Eu continuo trabalhando na policlínica por inércia. Nem sei pra quê. Caramba, não dá para suportar... E o imbecil do meu marido... Ah, eu não agüento.
— Ele não é imbecil, Hayda. Os tempos estão muito duros e é difícil arrumar uns dólares.
comentários(0)comente



Danni Flauto 25/01/2011

A Trilogia Suja de Havana
O livro mostra muitíssimo bem como as pessoas viviam em plena revolução cubana.
O autor mostra como as pessoas se viravam na crise e até como eram nas suas intimidades.
Nos trás a história sem “maquiagem”. Sem muito mais o que dizer, apenas indico.
comentários(0)comente



48 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4