Os Três Estigmas de Palmer Eldritch

Os Três Estigmas de Palmer Eldritch Philip K. Dick




Resenhas - Os Três Estigmas de Palmer Eldritch


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@tigloko 25/05/2022

Alucinante e bizarro!
Sei nem o que dizer desse livro. Uma história viajada até demais. Não consigo explicar a sinopse kkk basta dizer que é uma mistura de brigas corporativas, drogas alucinógenas, viagem temporal e colonização espacial.

Foi difícil embarcar no livro, o autor tem um estilo de te jogar na história e aos poucos fui me acostumando. Já tinha lido alguns contos dele então não foi uma surpresa total esse estilo. Depois que eu me situei, é um livro que me prendeu bastante a atenção.

Sobre a história, apesar de usar elementos comuns da FC da época, achei ela bem original. Ela vai para caminhos que eu não esperaria encontrar em algo do gênero, talvez hoje em dia sim.

Confesso que não comprei por inteiro o conceito por trás da história. Se eu comentasse seria spoiler kkk. Mas foi uma viagem muito louca esse livro, curti muito!
Gabriel1994 10/08/2023minha estante
É baseado em um conto dele mesmo. Sem ler o conto fica demorado a imersão. Mas a história é sensacional e super inventiva!!


@tigloko 10/08/2023minha estante
Opa, vou procurar esse conto pra ler, obrigado pelo informação ?. É realmente um ótimo livro!




spoiler visualizar
Caroline 17/12/2022minha estante
Entender eu entendi, mas sei lá hahahahahaha mesmo sabendo só futuro... Ainda queria mais, acho isso bom




Antonio Luiz 09/12/2010

Na encruzilhada entre a religião e ciência
Em sua linha de (re)lançamentos de clássicos da ficção científica, a editora Aleph publicou várias obras de Philip K. Dick, ou PKD, como costumam abreviar seus admiradores. A mais recente dessas publicações "Os Três Estigmas de Palmer Eldritch" (248 págs, R$ 42), é também uma das obras mais interessantes desse que é o autor do gênero mais filmado por Hollywood – provavelmente pela habilidade em misturar especulações tecnológicas e parapsicológicas com questões sentimentais, religiosas e existenciais – mas não é para principiantes no gênero.

"Os Três Estigmas", obra de 1965, é representativa da transição entre as primeiras obras do autor, mais convencionais em termos de ficção científica e a fase posterior, cada vez mais ousada e visionária, dedicada à exploração de temas místicos e religiosos. Está em um ponto de equilíbrio compreensível e interessante para os dois tipos de leitor, sem deixar de proporcionar a cada um a possibildade de se colocar em um ponto de vista desafiador, pouco usual.

A obra é curiosa, também, por parecer abordar e antecipar questões atuais na década de 2010, na qual, aliás, está ambientada (por volta de 2016). A Terra está superpovoada, superaquecida e cada vez mais difícil de habitar: a mera permanência sob o Sol por alguns minutos pode matar, os ricos tiram férias na Antártida e equipamentos portáteis de ar condicionado são necessários. Sabe-se que situação está piorando e num futuro não muito distante o planeta ficará totalmente inabitável e todos morrerão, mas mesmo assim continuam levando suas vidas como de costume e resistem a todo custo a ser enviadas como colonos a outras luas e planetas. Para tocar seus programas de colonização espacial, as Nações Unidas recorrem ao recrutamento compulsório.

PKD antecipava os atuais problemas do aquecimento global? Sim e não. O romance não oferece nenhuma explicação das causas do fenômeno, nem sugere se foi ou não provocado pela humanidade. O primeiro artigo científico sobre o tema, de Wallace Broecker, foi publicado na revista Science em agosto de 1975 e a descoberta do “buraco” na camada de ozônio também é dos anos 70. A ideia dessa “Idade do Fogo”, que não é central à trama, pode ter sido lançada apenas para criar estranhamento e contrariar a noção mais comum nessa época de uma nova “Idade do Gelo” ameaçando a humanidade – e só por acaso se tornou (quase) realidade.

Nas suas visões do futuro, PKD se guia muito mais por sua intuição e senso de ironia do que por especulações racionais: medos e desejos contam mais que o princípio da realidade. Por desconhecimento ou por indiferença às leis da física, sequer leva em conta o retardo em comunicações interplanetárias. Personagens na Terra, em Marte e nas luas de Júpiter e Saturno conversam em tempo real por videofone, apesar esses corpos estarem separados por distâncias que mesmo a luz (e ondas hertzianas) levam horas para percorrer.

Outro exemplo é a ampliação do cérebro através da E-terapia (“E” de evolução). Também parece antecipar o “transumanismo” dos anos 80 e 90 e as preocupações e especulações com o uso da engenharia genética para “melhorar” a humanidade, mas pelos meios “errados”. Um equipamento estimula uma imaginária “glândula de Kresy” que supostamente acelera o processo evolutivo de modo a ampliar a inteligência e poderes paranormais na maioria dos clientes, mas funciona de maneira reversa em algumas pessoas, tornando-as mais “primitivas”. Não tem pé nem cabeça em termos evolucionários e biológicos: é exemplo da pior ficção científica de gibi e o autor faz questão de enfatizar isso ao fazer a máquina ser operada na Alemanha por um estereótipo do Dr. Frankenstein, com sotaque alemão e tudo – um “judeu do tipo ex-nazista”, como dirá um personagem.

Outro tema explorado no romance é o uso de poderes paranormais. Como em muitos outros textos de PKD (dos quais "Minority Report" é o mais conhecido, graças a Hollywood) eles são relativamente comuns e rotineiramente empregados por governos e empresas capitalistas para prever tendências de mercado e o sucesso de novos produtos, como faz o protagonista Barney Mayerson para o patrão Leo Bulero.

O cenário também inclui táxis automáticos, controlados por computador – algo que começa hoje a se tornar realidade. A internet é de certa forma antecipada com o “homeojornal” (homeopape, no original), equipamento encontrado em romances de PKD desde os anos 1950 que imprime um jornal personalizado a partir de especificações discadas (sim, como num telefone dos anos 60) em código numérico. Como esclarece o autor em outros textos, o “homeo” é de “homeostático”, no sentido cibernético de ser produzido por um sistema eletrônico autorregulado sem interferência humana. Há também um psiquiatra portátil, “Dr. Smile”, um computador embutido numa maleta que o protagonista usa para multiplicar e agravar suas neuroses e assim tentar escapar do recrutamento obrigatório como colono interplanetário.

Mais próximo do núcleo da trama está o Can-D (“candy”, doce), alucinógeno ilegalmente vendido pelo grupo empresarial de Leo Bulero e extra-oficialmente tolerado pela ONU, do qual os colonos terráqueos em outros planetas se tornaram dependentes. O mesmo Bulero vende, legalmente, bonequinhos e miniaturas nitidamente baseadas em Barbie, Ken e seus acessórios – brinquedos que já haviam sido tema de um conto anterior, The Days of Perky Pat, ambientado em uma Terra pós-apocalíptica.

Neste romance, ao consumir a droga e contemplar os brinquedos, os usuários entram na pele da boneca “Pat Insolente” (Perky Pat, no original) ou de seu namorado Walt e vivem um consumo fútil e despreocupado numa Terra idealizada de antes da “Idade do Fogo”. É uma alienação em comunhão, visto que no grupo que consome em conjunto, todos os homens se tornam Walt e todas as mulheres Pat, compartilhando a mesma experiência e toma um caráter algo religioso.

Outra vez, parece antecipar manias do nosso século – jogos como Second Life e The Sims e o uso de avatares em sites de relacionamento – pelos meios “errados”. Mas também é uma radicalização da experiência mais tradicional de se ver um filme ou acompanhar uma novela de televisão.

O tema do romance, porém, não é nenhuma dessas tantas ideias surpreendentes. Sua função parece ser a de compor um cenário delirante de modo a predispor o leitor a ver a realidade com outros olhos e incitá-lo a pensar para além do senso comum. Também não são os problemas pessoais e sentimentais de Mayerson, que o levam a finalmente entregar-se ao recrutamento e deixar-se conduzir a uma colônia marciana.

O tema é o Mal Absoluto, trazido à baila pela figura de Palmer Eldritch, um empresário desaparecido e supostamente morto em uma viagem ao sistema solar “Prox” (Proxima Centauri), cuja nave inesperadamente reaparece e cai em Plutão. A estranha figura de Eldritch antecipa muitos personagens da ficção cyberpunk dos anos 80 e 90: seus olhos, dentes e mão direita (os “três estigmas” do título, que aludem à Trindade cristã) foram substituídos por próteses metálicas que lhe dão uma aparência inumana.

Segundo a biografia de PKD escrita por Lawrence Sutin, Eldritch lhe surgiu numa visão ao caminhar para uma cabana na qual costumava escrever: “… olhei o céu e vi um rosto. Não o vi realmente, mas o rosto estava lá e não era humano; era um vasto semblante do mal perfeito… era imenso, preenchia um quarto do céu. Tinha ranhuras vazias no lugar dos olhos – era metálico e cruel e, pior de tudo, era Deus.” A imagem tinha raízes na época em que tinha quatro anos e seu pai punha uma máscara de gás para contar histórias da I Guerra Mundial: “esse semblante metálico, cego, inumano me apareceu de novo, mas agora transcendente, vasto e absolutamente mau.” O crítico Adam Corbin Fusco sugeriu que a combinação da máscara de gás com a imagem de Eldritch inspirou George Lucas a criar Darth Vader. Quando menos, deve ter inspirado vários dos personagens mais assustadores da ficção cyberpunk dos anos 80.

Dick reconheceu que tanto Leo Bulero quanto Palmer Eldritch são figuras paternas. O primeiro, rude e inescrupuloso, mas amigável, representa um mal humano e relativo, enquanto o segundo inspira a suspeita de ser um alienígena disfarçado e se mostra diabólico e muito mais que isso. Ao retomar suas atividades, introduz um novo e mais potente alucinógeno, o Chew-Z (“choosy”, exigente), a ser vendido com a boneca Connie Companheira e acessórios. Bolero, ameaçado de falência, planeja assassinar Eldritch, mas logo se vê que os poderes do concorrente e de sua droga são muito maiores do que imagina.

A droga e os brinquedos de Bulero proporcionavam uma fuga momentânea da realidade, uma ilusão que ao mesmo tempo ajudava a suportar uma realidade difícil e afastava e adiava a necessidade de transformá-la (qualquer semelhança com uma passagem famosa do Manifesto Comunista pode ser mais que mera coincidência). Já a nova versão abre caminho a existência em realidades alternativas nas quais os usuários podem se perder por anos, talvez para sempre, ao tentar reviver suas vidas e corrigir o que nelas houve de “errado”, enquanto se passam poucos minutos no mundo “real”.

Mas todos os personagens que aparecem nesses mundos paralelos são Eldritch disfarçado e todas essas realidades se comunicam através dele. Mostra-se um demiurgo que, por meio da droga, dita o destino dos universos e de seus habitantes e desafia as noções do leitor sobre bem, mal, Deus, fé e existência. Representa, talvez, o pesadelo de uma virtualização onipotente, uma tecnologia que aos olhos humanos – demasiado humanos, embora visionários –, de PKD, representa o “mal absoluto” porque supera a própria religião e permite realizar, sem limites, tanto desejos mesquinhos e autodestrutivos quanto projetos grandiosos, mas ao preço da desumanização.
Rodrigo 08/01/2021minha estante
Na minha concepção,Chew-z se refere mais a "Choose" Escolher,faz mais sentido no contexto do livro




Gabriel 02/01/2011

Uma trama muito boa de Philip K. Dick mostrando bem a situação do homem sobre o que ele pode fazer por amor, desespero ou dinheiro. Só achei que o livro fica muito incerto sobre o que é realidade ou ilusão nas ultimas 70 páginas. Mas um livro muito legal!
Maurício Coelho 05/02/2013minha estante
PKD sempre faz isso. O leitor nunca sabe se é real ou ilusão.




VK 99 04/09/2023

Um Philip ainda mais viajado.
Ótima sinopse, no qual automaticamente me chamou a atenção, ótimo começo e ótimas intenções, mas se perde tanto no meio do caminho, segundo o que eu esperava desse livro, que por pouco não o abandonei na metade.
Agnaldo Alexandre 10/09/2023minha estante
Acho o PKD melhor nos contos. Ele sempre se perde mais nos romances.




Ari 25/04/2022

Irritante
É irritante n entender 100% do que está sendo lido , isso aq é confuso ao extremo, dá para entender a historia geral mas fica a impressão que está faltando peças importantes para completar o pensamento. É o tipo de livro que deveria ser lido duas vezes para ser de fato compreendido.Eu fiquei completamente confusa até os 80% do livro ,nos ultimos 20% dá algumas explicações mas ainda fica meio bagunçado. Eu me arrastei p ler esse livro, demorou quase um mês para terminar ele(o que muuuito para os meus parâmetros). Não gostei da experiência, e n acho que é só por ser um livro antigo, tive experiências melhores com 1984 e o fim da infancia.Além do livro ser MACHISTA, HOMOFÓBICO , RACISTA E XENOFÓBICO , nunca vi tanta frase problemática e absurda em um livro só foi terrivel como retrata as mulheres como objetos ou como manipuladoras sem coração.Isso aq foi péssimo nunca vou perdoar o geek freak por essa indicação desastrosa!
Eduardo Rockwell 28/04/2022minha estante
Olá, me desculpe, mas se tu nunca leu nada do autor antes, começou pelo livro errado! Eu recomendo Sonhos Elétricos, pra tirar essa má impressão que ficou com você do autor. De verdade, de outra chance! Eu até tenho uma resenha desse livro no meu skoob, passa lá pra vê se desperta interesse ??




bialbuquerq 21/06/2022

Diferente e confuso
Meu primeiro livro do autor e não sei se comecei bem.

Alguns pontos me incomodaram, como a misoginia que não fica clara se é dos personagens ou do próprio autor. Todas as mulheres são objetificadas, rasas. Além disso, pontos que mereceriam aprofundamento não tiveram.

O livro em si não é confuso, o final que é. Durante a maior parte do livro é possível entender o que está acontecendo e as divagações dos personagens. Contudo, no final, acontece muita coisa em poucas páginas e nos deixa com várias interrogações.

Gostei da experiência de leitura por ser bem diferente de tudo que já li. Não é uma narrativa que prende, que te faz querer devorar. Mas a temática é interessante, traça paralelos que nos fazem refletir.
Marcos-1771 12/07/2022minha estante
Acredito ser do autor, eu já li uns 7 livros dele e todos são assim




Carol749 03/04/2022

Existem autores que você quer ler simplesmente tudo que ele já escreveu, e o PKD é esse autor pra mim.

Eu amo o ritmo da escrita e o tom que flerta futurismo com teologia, evolução com o divino,e as analogias a Santa ceia. O mais incrível disso tudo é que PKD consegue fazer essa mistura de forma natural, quando vc se dá conta ela já jogou todos os questionamentos no teu colo e vc vai lidar com isso enquanto desenvolve a leitura.

Philip K. Dick é o tipo de autor que você ama ou odeia, e eu escolhi amar os textos dele.
Eduardo Rockwell 28/04/2022minha estante
Eu sou do time dos que AMAM! ?????? Espero que a Aleph traga obras ainda ineditas dele pra cá, ou relance os já lançados por outras editoras e raríssimos...




Orlando 15/04/2016

O LIVRO É: OS TRÊS ESTIGMAS DE PALMER ELDRITCH DE PHILIP K. DICK
O mega-empresário Palmer Eldrithc viajou ao sistema Proxima, foi uma longa viagem e seu retorno foi tumultuado. Leo Bulero, também um mega-empresário, foi o primeiro a se alarmar com o retorno de Palmer, sua empresa, a Ambientes P.I, seria a primeira a sofrer com o retorno do respeitado rival. Seus consultores de Pré-Moda já estão em alerta, os precogs (de precognitivos) Barney Meyerson e sua nova namorada Roni Fugate, seres humanos dotados do dom de prever possíveis futuros, viram duas situações envolvendo futuros em que Bulero assassina Palmer e um futuro em que Meyerson, ao tentar salvar Bulero de Palmer, acaba morto

Dois homens extremante poderosos em rota de colisão, duas drogas capazes de traduzir os seres humanos para outras realidades disputando mercado, colônias de terra-formação em Marte, uma conspiração para dominar a tudo e todos, decisões tomadas no calor do momento e a percepção do real posta à prova Philip K. Dick entregou mais uma vez ao seu leitor uma narrativa rápida, instigante e cheia de dúvidas que atormentam seus personagens e a nós, seus fãs.

Philip K. Dick, o homem que duvidou de toda Realidade

Philip K. Dick (PKD), um dos mais respeitados e renomados escritores de Sci-fi do século XX, possui em sua cota de grandes livros obras como O Homem do Castelo Alto, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (que inspirou o cultuado filme Blade Runner), Valis, Ubik e muitos outros tesouros cuja a tônica, em sua quase totalidade, é pôr em xeque a percepção do que convencionamos chamar de Realidade. Dick não fez diferente com Os Três Estigmas de Palmer Eldritch.

Magistralmente o autor convida seu leitor a mergulhar em uma viagem a um futuro não tão distante, mas de posição imprecisa como todas as suas obras, onde o planeta, super-aquecido e super-populoso, envia de forma quase obrigatória através de uma convocação da ONU, terráqueos para outros planetas do sistema solar, sobretudo Marte, onde se pretende estabelecer uma colônia permanente para a futura migração massiva de humanos quando a vida na Terra atingir níveis proibitivos.

Precursor de alguns dos muitos conceitos do Cyberpunk, PKD criou um mundo, tal qual o de Blade Runner, em sucatas, poluído, à beira do abismo social para nós como espécie segmentada e no limite das temperaturas escaldantes quando o Sol está a pino ao meio dia A guerra entre empresas, comum em obras cyberpunks, já estava em evidência nas obras de Dick que antecederam Neuromancer, só para pontuar a habilidade de precog do autor.

É comum encontrar nas obras de Dick diversos questionamentos filosóficos e religiosas, bem como a convergência de diversos conceitos religiosas diferentes (gnose, cristianismo, budismo, transcendentalidade, transubstanciação etc) ao lado de conceitos científicos (reais ou fictícios) como ciborguização, realidades paralelas, projeções temporais e previsões de probabilidades de futuros, tudo isso regado ao uso de psicoativos (drogas, medicamentos, alucinógenos etc) capazes de por em dúvida a percepção de seus personagens e, no fim das contas, a percepção do leitor sobre a história ali escrita PDK questionou a realidade e ela ficou em dúvida sobre si mesma.

De certo modo Os Três Estigmas de Palmer Eldritch parece ser um livro de convergência da quase totalidade dos temas preferidos do autor. Está tudo lá: as drogas alucinógenas, a dúvida sobre o que é real, as muitas visões religiosas e metafísicas sobre tudo, as múltiplas realidades ao nosso redor, os questionamentos de ordem ética e filosófica.

Começando pelo contexto e conceito, depois pela narrativa
Métódico em suas narrativas, PKD começa este livro calmamente apresentando seus personagens, contextualizando o mundo em que vivem e expondo de forma bem natural os muitos conceitos de sua visão de futuro. O leitor mais atento e fã do autor e suas obras com absoluta certeza fica tentado a imaginar (por que não afimar?) que o mundo de Palmer Eldritch é o mesmo do caçador de replicantes Decard. As semelhanças não são poucas e se dão em vários níveis, desde a descrição da tecnologia até os aspectos climáticos mas é um exercício bem individual essa suposição, fica a critério de vocês.

De partida conhecemos os dois precogs que estarão ao lado do poderoso Leo Bulero: Barney Meyerson e Roni Fugate. Ele um homem mais maduro, experiente, divorciado e com grandes pretensões para a carreira profissional na estrutura da Ambientes P.I, Meyerson foi convocado para ser colono em Marte e não sabe se vai conseguir ser reprovado nos testes; ela é jovem, ainda aprendendo muito sobre o ramo de pré-moda, bonita, inteligente e sagaz, nada econômica em seus julgamentos e opiniões emitidas com ou sem o consentimento de seus ouvintes.

Já na apresentação dos dois personagens, PKD vai despachando uma torrente de ideias, conceitos e situações que irão pontuar sua narrativa de diversos modos; alguns durante todo o trajeto da história, outros apenas aparecendo e desaparecendo para cimentar o contexto do mundo criado por Dick.

A Ambientes P.I e a droga de tradução Can-D, por exemplo, são foco constante de citações por todos os lados. Capaz de mergulhar o usuário para dentro de um ambiente miniaturizado como se fosse uma casinha de bonecas ou um jogo de tabuleiro, a Can-D traduz o usuário para o mundo da bela e estonteante Pat Insolente, uma persona fictícia estilo Barbie, cuja vida é uma maravilha ao lado de seu namorado; o mundo de Pat é objeto de desejo e ponto seguro para aqueles que querem escapar aos sufocos da vida real.

Ao consumir a droga os usuários vão para esse mundo, as mulheres se tornam Pat Insolente e os homens seu namorado. Tudo dentro da realidade da casinha de bonecas pode durar alguns minutos ou até horas, conforme a dose de Can-D consumida. A noção de tempo, claro, é completamente desvirtuada nos ambientes de Pat Insolente e esse é um dos grandes atrativos da obra: constantemente ficamos nos perguntando qual parte daquela história toda é uma história concreta? Estamos na mesma realidade ou já estamos na outra? ou naquela outra?

Nas colônias humanas no planeta Marte, a Can-D é uma fuga, uma salvação, quase um culto a ser seguido pelos colonos que vivem em cabanas precárias e sucateadas. Ali todos mastigam a droga, se transportam para o mundinho de faz de conta de Pat Insolente e lá vivem e relembram coisas há muito deixadas para trás num tal planeta Terra.

Nesse fluxo de composição dos ambientes de Pat Insolente, como disse mais acima, um tipo de casinha de boneca, os precogs de Leo Bulero analisam peças de roupa, utensílios domésticos e todo tipo de tranqueira que possa ser reduzida e vendida para compor os ambientes e dar-lhes mais consistência e materialidade numa tradução. Daí vem sua profissão: analistas de pré-moda, o que pode virar um grande fenômeno de vendas ou um grande fracasso é analisado pela percepção precognitiva de pessoas como Fugate e Meyerson.

Deus promete a vida eterna; nós cumprimos a promessa.

E não para por aí Quando Palmer Eldritch retorna de sua viagem de uma década, seis anos de translado, quatro de residência, traz consigo uma estranha substância que, segundo se noticia, tem aval da ONU para entrar no sistema Sol. Batizada de Chew-Z, a substância é também uma droga de tradução e vai ser comercializada de forma legal e disputar espaço contra a Can-D, não aprovada pela ONU para comercialização no planeta Terra, daí ser vendida apenas ilegalmente nas colônias de terra-formação.

Mais poderosa, mais estável e capaz de traduzir o usuário sem a necessidade de um ambiente de referência, a Chew-Z também é mais barata de sintetizar e, consequentemente, mais barata de vender. Além de voltar à Terra, Palmer Eldritch entrou no caminho de Leo Bulero de forma avassaladora a ponto de um de seus precogs se alarmar ao vislumbrar um possível futuro onde Bulero é condenado pela morte de Palmer. Esse é o ponto de partida para uma guerra silenciosa travada por esses dois homens tanto fora quanto dentro de suas próprias mentes. Falar um tanto a mais que isso é estragar muitas das surpresas da leitura acredite, você não quer que isso aconteça.

Diferentes realidades, diferentes focos narrativos

Quando dá o ponta-pé inicial de seu livro, PKD nos faz acreditar que aquela narrativa vai nos guiar por uma acirrada disputa entre dois homens de negócio que estão na camada limítrofe entre o ofício de empresários milionários e mafiosos milionários. Mas como boa parte de sua obra, esta primeira impressão dá lugar a um intricado jogo de poder e donimação, não só de mercados, mas sim de mentes e de realidades inteiras. Bulero é um humano artificialmente evoluído, Palmer é um humano alterado, possui um braço cibernético, dentes postiços de metal e olhos artificias também cibernéticos um tem a Can-D, cuja presença na vida dos colonos é um ponto de fuga, Palmer traz consigo a misteriosa Chew-Z com o slogan assustador de Deus promete a vida eterna; nós cumprimos a promessa.

O jogo se arma num tabuleiro que alterna frequentemente as peças em movimento um tanto caótico em sua organização narrativa, PKD muda constantemente seu foco narrativo e os personagens no centro dele, um recurso muito interessante em alguns casos, mas também um tanto estranho para outros, já que em dadas situações certos personagens apareceram, fizeram algo e depois não tiveram mais papel ativo na trama ou em sua condução.

Alguns casos eu até achei que esses personagens foram construídos como uma certa pressa e deixados de lado para não alongar uma trama já cheia de desdobramentos e ideias. Só para citar um exemplo, há situações que simplesmente as habilidades dos precogs desaparecem e escolhas são feitas ignorando o fato de que tais personagens poderiam ter dado uma série de outros desdobramentos em certas ocasiões limítrofes, já que as visões de possíveis futors lhes salta à percepção tão logo algo muito drástico esteja no limiar de acontecer.

A colônia em Marte, a disputa pelo espaço das duas drogas de tradução, os ambientes de tradução, a viagem de Meyerson para Marte e sua relação com a ex-esposa, as manipulações de Roni Fugate, os mistérios envolvendo a viagem de Palmer Eldritch ao sistema de Proxima, as visões de Bulero em um ambiente de tradução

Os focos são muitos e às vezes parece que o autor mergulhou demais em uns e deixou outros numa piscina bem rasa e quase vazia não que não seja um deleite apreciar a escrita e a trama complexa estabelecida pelo autor, mas fica latente aquela sensação de que há buracos aqui e ali que poderiam ter sido preenchidos com mais substância.

PKD alterna muito entre ser um excelente criador de conceitos e ideias de um lado e ser um excelente narrador de histórias do outro, no meio disso ele é um exímio manipulador; aqui nesse livro ele resolveu por tudo isso em prática, consegui com facilidade, mas deixou a obra um tanto fragmentada no excesso dessas três características em um livro Que poderia ser maior. Com apenas 248 páginas, o livro poderia ter atingido facilmente umas 400 páginas de conteúdo e trama sem prejudicar em nada o prazer da leitura é Philip K. Dick, por favor, como toda boa droga de tradução, nunca é demasiado.

Mas não há do que realmente reclamar, uma obra de PKD não pode ser tão linear, retinha e conectada passo-a-passo, estamos falando de uma mente inventiva e que criou obras intrigantes e cheias de conceitos. A fragmentação de sua narrativa não deixa de ser a fragmentação de sua própria mente Não foram poucas às veses em que imaginei Eldritch, Bulero e Meyerson como alter-egos de Dick como foi feito em Valis: uma pessoa, múltiplas personalidades e formas de ver o mundo.

Acima de qualquer viagem alucinógena pelos meandros das múltiplas realidades e de como as percebemos, Os Três Estigmas de Palmer Eldritch é um daqueles livros submersivos, que te traga para um mundo diferente, mas ao mesmo tempo cheio de similaridades com o nosso mundo real (aquecimento global, caçadores de tendência, colonização de Marte etc).

Garantia de momentos inspiradíssimos e de leitura de primeira grandeza, Os Três Estigmas de Palmer Eldritch é mais uma obra que enriquece qualquer estante e tem aquele gosto amargo de suspensão do leitor perto de suas últimas páginas aquela pequena dose de angústia satisfatória que brota em nós quando o fim deixa portas abertas demais para que nossa mente perdure ali dentro daquele mundo mesmo tendo saído por uma delas.

O livro está em nova edição pela Editora Aleph com capa temática e uniformizada para a coleção Philip K. Dick. Boa leitura

Os Três Estigmas de Palmer Eldritch
Num futuro não tão distante, quando o exílio compulsório de um planeta Terra excessivamente quente significa instalar-se miseravelmente em colônias marcianas, a única coisa que faz a vida dos colonizadores suportável são as drogas. Única em sua finalidade, a Can-D traduz aqueles que a consomem para uma outra realidade.
No entanto, o surgimento de um concorrente abre uma disputa por esse mercado. Chamada Chew-Z, a nova substância é comercializada sob o slogan Deus promete a vida eterna; nós cumprimos a promessa. Mas a questão é: Que tipo de eternidade ela oferece? E quem ou o que será seu portador?

ISBN: 978-85-7657-092-9
Tradução: Ludimila Hashimoto
Edição: 1ª
Ano: 2010
Número de páginas: 248
Acabamento: Brochura
Formato: 14 x 21 cm
R$ 42,00

site: http://www.pontozero.net.br/?p=9100
Adson 11/04/2018minha estante
Belíssima resenha! Parabéns!




Sandro 09/11/2016

"O impuro e o sagrado são confundidos pelas mentes primitivas"
Esse é talvez o livro mais caótico de PKD. Os embates entre Leo Bulero e Palmer Eldritch pelo domínio do tráfico de drogas em Marte são ambientados em meio a muitas alucinações e distorções de realidade, a ponto de deixar o proprio leitor confuso.
No meio dessa bagunça toda, se destacam a megalomania e narcisismo de Bulero (se achando o salvador da raça humana), a culpa de Bayer por ter abandonado a mulher e traído o chefe (disposto a expiá-la em uma missão quase suicida) e a ambição da precog Roni.
A grande questão do livro é quem (ou o que é) Palmer Eldritch e está aberta a várias interpretações.
Eu tenho muito carinho pelas obras de PKD e esse é o último livro que faltava pra eu ler da leva lançada recentemente pela Editora Aleph, então confesso que me sinto meio triste e meio órfão nesse exato momento.
Sandro 09/11/2016minha estante
Embates* são* ambientados*
Por isso que odeio escrever resenha pelo celular :(




Dai Solyom 13/05/2024

"Deus promete a vida eterna, nós cumprimos a promessa"
Surreal! O cara me lança essa obra em 1965, totalmente contextualizada com os efeitos do aquecimento global se passando no futuro.

As pessoas não têm mais acesso a coisas simples, pois ao meio-dia a temperatura na terra chega a cerca de 80° Celsius.

Para sair de casa é necessário utilizar "corredores", para se proteger dos raios solares, além de utilizar veículos e trajes especiais.

Devido ao estado atual terrestre, a sociedade começa a colonizar outros planetas, entretanto a vida fora da terra não é nada agradável.

Então essas pessoas começam a fazer uso de um entorpecente para fugir da realidade.

E ao longo da trama surge um novo e melhorado entorpecente que promete a vida eterna para seu usuário.

E aí que a obra tem seu ápice, e faz o leitor se questionar sobre o que é real e o que é alucinação.

Então a obra simplesmente acaba de forma genial.
Brujo 13/05/2024minha estante
Esse livro é fantástico!!




Gabriel1994 10/08/2023

Suas mãos estão virando garras... você tomou aquela Chew-Z?
Mais um livro concluído do mestre da ficção científica futurista, das histórias psicodélicas e das viagens paralelas, Philip K. Dick.

Uma aventura e jornada muito, muito interessante!!


No livro Os Três Estigmas de Palmer Eldritch a droga Can-D é a dona do pedaço no planeta colonizado de Marte. Essa droga auxilia em uma imersão paralela dos colonizadores, que pouco tem para se entreter nesse mundo novo e difícil. A Can-D permite ao usuário se conectar a um mundo miniaturizado onde os personagens principais são Pat Insolente e seu namorado. O homem e a mulher que faz o uso da aclamada Can-D se personifica nos personagens por um período (Um The Sims de tabuleiro, basicamente).

Leo Bulero, um dos principais personagens, é um empresário e investidor de sucesso na Terra, idealizador "secreto" da Can-D e dono de uma empresa que fabrica objetos miniaturizados para serem vendidos para os usuários de Can-D em Marte como uma maneira de aprimorar a experiência virtual, através da realidade paralela que são inseridos consumindo a droga. Barney Mayerson é um outro personagem importante e interessante dessa história, ele é um precog (uma espécie de "vidente", mas com um percentual de acertividade, dependendo do nível do "dom de precog" que prevê coisas e acontecimentos breves, utilizado para auxiliar no desempenho da empresa), consultor e conselheiro de Pré-Moda da empresa de Leo Bulero (chefe de Barney).

A realidade da empresa e de ambos os personagens mudam quando surge uma droga concorrente chamada Chew-Z. Produzida por Palmer Eldritch com a promessa de refutar a pioneira Can-D, trazendo uma melhor e mais profunda imersão ao usuário. Prometendo uma experiência mais realista e descartando a necessidade de se utilizar um tabuleiro miniaturas para criar uma realidade paralela. Através de um mecanismo, podendo você com sua própria mente e a utilização da Chew-Z viajar por conta própria em uma realidade paralela.

Essa nova droga afronta Leo Bulero, sua empresa e seus investimentos e o influente empresário vai atrás de respostas em relação a nova polêmica droga Chew-Z, elaborada por Palmer Eldritch, mas o que ele descobre é algo além do seu conhecimento e domínio. Um Q de questões em leque esperam os personagens principais para revelar os segredos por trás de Palmer Eldritch e sua inventiva droga alucinógena.



Eu gostei bastante desse livro! Não quero ser chato, dar aquele discurso que se escuta e lê muito em relação ao Stephen King, por exemplo, mas um conselho que eu daria, para antever o leitor em relação ao mar de criatividade de Philip K. Dick, seria ler livros de contos do autor antes de mergulhar nesses romances mais elaborados.

PKD tem um universo com suas previsões, quinquilharias e criações. O Vidfone é um elemento clássico, tem os precogs, naves, seres e tecnologias inventadas, além de um convite a uma imersão psicodélica bem viajada!

Já puxando o gancho... O que é um elemento que me fez apaixonar pelas obras do autor! Adoro o Sci-Fi futurista e todo esse elemento alucinógeno e psicodélico que ele transmite para a narrativa. É surreal e genial a maneira como ele conseguiu translucidar a experiência psicodélica para a obra! A maneira como PKD explora os universos paralelos e as realidades adaptadas é uma bagunça gostosa de se ler! Certamente estive mergulhado e captado por essa imersão fantástica que foi Os Três Estigmas de Palmer Eldritch.

Voltando um pouco na ideia de "Leia os contos primeiro..." Vou explicar o motivo: CLARAMENTE, CERTAMENTE, OBVIAMENTE, COM TODA CERTEZA... Um dos motivos pelo qual me senti familiarizado com a história desde o começo da leitura foi pelo fato de ter captado e colhido referências do conto "Pat PaFrente" ou "Pat Insolente" presente no livro O Pagamento de Philip K. Dick.
Nesse conto o autor vai abordar a história de uma galera "colonizadores" que vivem em Marte e como um método de comercialização, entretenimento, distração e até socialização... por conta da escassez e difícil vida no planeta... Eles usam um tabuleiro com uma personagem e um mundo miniaturizado para ter uma imersão e fuga da realidade tediosa e limitada que eles vivem. Nesse conto a história é breve e o motivo pelo qual ela tem ligação total com o livro é que a história termina com colonizadores de uma cabana, fazendo uma espécie de "jogo" com uma galera de outra cabana que também tem um tabuleiro com um personagem, e eles fazem uma fusão no fim das contas e os dois personagens (Pat Insolente e o namorado dela que esqueci o nome) passam a fazer parte de um tabuleiro só! E esse livro (no qual estou lhes resenhando) começa com esses dois personagens fazendo parte do mesmo tabuleiro, com toda a ideia de colonos em Marte, vida escassa e uma maneira virtual e paralela de se distrair e fugir da realidade.

Foi uma coincidência muito boa! Relembrei de muitas coisas desse conto durante o começo da leitura e isso foi crucial para que eu avaliasse bem o livro e me conectasse com a história tão rapidamente!

Gostei muito de ter lido. Todos os elementos colocados e explorados pelo autor, fizeram parte e encaixaram no universo perfeitamente.


*Obs* comentei sobre o conto no qual o romance se baseia, do mesmo autor e tudo mais, pois vi que uma galera avaliou negativamente esse livro. Cada um tem sua experiência individual como leitor, mas, talvez, por não conhecer mais do PKD e sua narrativa despojada e maluquinha, não entenderam bem a proposta desse livro ou acharam que teve "coisa demais" para pouca página. O que eu concordo, pois aqui o PKD investe sem dó na inventividade, coisa que adorei na história.


Sou fã de PKD, esse cara escreve muito e recomendo pra valer esse livro! Leiam e se empanturrem o máximo que conseguirem das obras desse cara!!! Genial e diferenciado!!!
Brujo 10/08/2023minha estante
Excelente resenha !!!




Victoria (Vic) 27/03/2022

meu deus eu não entendi quase NADA desse livro mas adorei????? kkkkkkkkkk
bem black mirror e twilight zone, adorei a realidade alternativa da Pat Insolente (pseudobarbie) e gostaria MUITO que fosse mais explorado.
eu não sei muito sobre o que falar porque realmente to bem confusa depois da leitura. gostei e recomendo pros fãs de ficção científica
super confusa após o final
continuo tipo ??????
Ricarda Caiafa 27/03/2022minha estante
Se você gostou então é o que importa. Entendeu o suficiente pra te fazer gostar. Livros são assim mesmo, guarde para uma releitura futura.




Alexandre249 28/05/2021

Interessante, mas não me tocou
Reconheço a importância do autor, tanto na produção, como nas reflexões propostas, mas não me tocou.
Não sei se é problema de tradução, ou de encadeamento do autor, até porque foi minha primeira experiência com ele. Para quem gosta de ficção científica é um clássico, mas penso que o texto é um pouco confuso.
Amanda 23/02/2022minha estante
Acho que vale a pena tentar outro do autor. Para quem não está acostumado acaba sendo mais difícil. Recomendo Blade Runner ou UBIK.




icarosmm 03/05/2013

Drogas!
Drogas! Com toda certeza essa palavra define Os Três Estigmas de Palmer Eldritch. O vício e a vontade de ter uma droga legalizada em qualquer país do mundo é muito bem relatado em forma de agonia, abstinência e desgosto. A má contade em ter um emprego fixo e sustentar seus luxos são bem visíveis aos olhos dos leitores. Pela vontade explicita de personagens querendo assassinar outros personagens, fez-se um deles uma pessoa desiludida com a vida louca e vida medíocre de dizer o que é bom ou não é para o seu trabalho. O governo limpa a barra de uns e destrói a barra de vários. O autor, como sempre, colocando muita coisa do mundo real em seus romances ilícitos deixando pedaços do cotidiano incomodados com a semelhança.

A Terra excessivamente quente lembra um aquecimento global forçando os humanos a colonizarem Marte, mas com condições miseráveis. Por uma droga chamada Can-D, em sua única finalidade, tenta traduzir aqueles que a consomem para uma outra realidade, boa ou não. A concorrência não demora a chegar. Chamada de Chew-Z, a substância é comercializada com o slogan de "Deus promete a vida eterna, nós cumprimos a promessa" e entra na questão de que eternidade seria essa. O controle proporcionado pela droga é quase potente quando a onipresença de Deus para os cristãos, dando a possibilidade de até onipotência e onisciência. De fato, quem a usa torna-se "imortal" para os olhos que quem não a usa. Mas enquanto está no efeito, o usuário sofre com a submissão imposta por um Deus maior no efeito.

Como sempre, Philip K. Dick consegue escrever certo e simples em linhas tortas e diretas. Em momentos diversos, o autor fez parecer sua obra em uma novela, mas obviamente que nem tudo é o que parece, ainda mais referindo-se do K. Dick.
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