Portugal e a Revolução Global

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Resenhas - Portugal e a Revolução Global


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lluar 23/05/2020

Essencial.
Quando estudamos a história do Brasil na escola, tenho certeza que vimos Portugal como um ente malvado que quase sempre oprimiu a sua grande colônia americana. Então, esse livro veio e mudou muitos pontos do pensamento acerca desse país. É muito difícil resumir a história de uma nação outrora tão grandiosa e, mesmo que hoje sendo discreta, tão influente no mundo em menos de 500 páginas.

Desde que nasceu como Estado Nação, a primeira da Europa, as batalhas travadas por Portugal são de tirar o fôlego. A presença portuguesa levou desde hábitos alimentares até novas palavras em todo o mundo, seja o chá das 4 na Inglaterra ou o simples ato de dizer obrigado em japonês. É fascinante o modo como um povo que se desenvolveu num território tão pequeno e ao mesmo tempo privilegiado conseguiu transformar o mundo.

Conhecer Portugal se tornou um sonho que espero um dia poder realizar.
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Fernando 12/07/2015

Portugal foi a interseção de diversas culturas e povos, tendo sido objeto de disputa e fonte de riquezas para cartagineses, romanos (que somente lograram pacificá-la após um século de ocupação e introdução do regime militar obrigatório), posteriormente por árabes, que dinamizaram a cultura local e conseguiram estabelecer uma convivência pacífica entre os povos. Um acordo entre nobres de Borgonha e reis cristãos europeu fez expulsar os islâmicos da Ibéria, não depois de um banho de sangue e saque de Lisboa, com perdas também sentidas no campo das artes e ciência. Reis como Infante Henrique e Dom João II engrandeceram Portugal através das navegações, alcançando partes do mundo desconhecidas e fixando postos comerciais na Ásia (Goa) e África (São Tomé da Mina), tendo enriquecido primeiramente com o comércio de escravos e depois com a transação de especiarias. A decadência veio com a queda dos Avis e a união com a Espanha, que naquele momento travava guerra contra Holanda e esta passou a invadir as possessões então portuguesas. Portugal renasceu com a dinastia de Bragança, após uma tentativa frustrada , que contou com auxílio inglês, de restabelecer uma monarquia própria. Aliás, a aliança entre Portugal e Inglaterra é o pacto mais antigo ainda em vigência. A influência do catolicismo em Portugal é notória, mas em diversos momentos o Estado Português e a Igreja divergiram, desde o acolhimento dos remanescentes da Ordem dos Templários, que passaram a desfrutar de um tratamento especial em Portugal em função do papel desempenhado por estes na formação de Portugal, ao contrário das determinações do Papa, que autorizara o confisco de todos os bens da ordem e prisão dos membros. Os judeus também encontraram em Portugal um refúgio das perseguições sofridas no resto do continente. Contudo, com a união dos reinos da Ibéria, os reis de Castela empenharam forças para remover aquela religião de seus domínios, obrigando os judeus a se converterem ou serem molestados pelos tribunais da Fé. Esse fato contribuiu para a fuga de judeus para a Antuérpia e América. Outros atritos com a Igreja apareceram nos tempos do Marquês de Pombal, que proibiu a Ordem dos jesuítas de funcionarem em Portugal. O Marquês fora incumbido de restaurar Lisboa após o trágico terremoto de 1755, e para tanto impôs diversos impostos, criou monopólios estatais e cartéis e confiscou bens de opositores políticos. Crente da incompatibilidade do espírito iluminista que dominava a Europa com as tradições dos jesuítas, proibiu-os tanto na metrópole quanto nas colônias. As escolas mantidas por eles foram secularizadas, recebendo professores estrangeiros para substituir os padres. O legado de Pombal é controverso, pois comportara-se como déspota, mas soube explorar a opinião pública por meio da manipulação dos jornais e censura, tecendo ele textos elogiosos à própria administração utilizando-se de pseudônimos. A invasão de tropas napoleônicas comandadas pelo general Junot, motivada pela recusa de Portugal em aderir ao bloqueio continental, foi outro momento que gravou profundamente a história portuguesa. A fuga da família real para o Rio de Janeiro em 1808 e a ocupação francesa gerou um desgaste na sociedade com relação à monarquia. A tirania do invasor durou até o instante em que tropas inglesas comandadas pelo futuro Duque de Wellington os expulsou da península e colocou o nobre inglês Beresford, igualmente opressor quanto aos direitos dos cidadãos e à soberania portuguesa. Não obstante o antigo tratado de amizade entre esses dois Estados ainda existir, o ressentimento dos portugueses quanto aos ingleses cresceu não só por conta da conduta de Beresford no período napoleônico, mas também do ultimatum do governo imperial britânico, que demandava que Portugal retirasse tropas do Zimbabué. O regresso de Dom João VI a Portugal, jurando respeito à Constituição formulada pelas Cortes, depois a guerra civil entre liberais (liderados por Pedro IV) e absolutistas (liderados por Dom Miguel), provocou um grande empobrecimento daquele país. As décadas seguintes, com a industrialização, levou certa prosperidade e equilíbrio do orçamento, mas também experimentou-se as primeiras greves e confrontos, e a crise tornou a aparecer. A monarquia é derrubada em 1910, sem encontrar qualquer resistência, e abraçou-se a república, liderada por uma junta militar. Longe de trazer o progresso prometido, houve uma repetição das crises anteriores, e um civil logo chamou a atenção dos militares. Salazar fora chamado a assumir a pasta da economia e conseguiu sanear as contas públicas e reduzir a dívida externa. Qualquer discordância de outros ministros resultava na queda desses face o prestígio de que usufruía Salazar. Posteriormente ganhou o cargo de primeiro-ministro e fortaleceu os mecanismos de censura, a polícia secreta, e perseguiu os opositores. Espelhava-se em Pombal, e concebeu o Estado Novo, cuja ideologia era um híbrido do catolicismo com o fascismo, passando a usar a linguagem populista de 'pai de todos os portugueses'. Firmou uma aliança com a Igreja Católica e com os outros Estados fascistas do sul da Europa. Quando eclodiu a 2°guerra, manteve a neutralidade embora estivesse inclinado a apoiar os nazistas uma vez que o ressentimento com relação aos ingleses ainda permanecia latente. Somente no final de 1943 concordou em ceder a base dos Açores aos ingleses e interromper a exportação de minérios raros para a Alemanha. Finda a guerra, ele continuou a ocupar o poder mesmo com a fadiga da população em virtude do apoio que recebia dos EEUU e Inglaterra, temerosos que o comunismo fosse instaurado. As guerras coloniais e o episódio do navio mercante Santa Maria, sequestrado por um oficial do Exercito Português dissidente, buscando unicamente a atenção do mundo para os abusos perpetrados por Salazar, mudaram as atitudes dos EEUU quanto à Salazar, e este passou a ser visto como um pária e isolado internacionalmente. Sua morte em 1970 não decretou o fim do fascismo, que ainda iria sobreviver por 4 anos até o general Spínola derrubar o sucessor de Salazar (revolução dos cravos) . Contudo, a divisão do Exército fez com que a facção comandada pelo oficial Otelo, comunista, alcançasse o poder e, a fim de assegurar sua permanência, aprisionou os opositores e expropriou empresas e terras, além de censurar jornais. Num debate na TV, Otelo defrontou-se com um político do partido socialista, moderado, que era considerado inimigo público dos comunistas. O desastre desempenhado por Otelo significou a perda do apoio popular, e pouco tempo depois setores do Exército à direita derrubaram-no. Após anos de dificuldades, um novo plano econômico ajudou Portugal a reerguer-se e sair da última posição em diversos indicadores sociais europeus para se tornar um país relativamente próspero.
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