Bartleby, o escriturário

Bartleby, o escriturário Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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@garotadeleituras 19/07/2016

Prefiro não fazer!
Fernando Sabino ao comentar sobre Herman Melville, afirma que todas as suas obras tem um significado moral e critica da vida, sendo possível, que ao escrever seus textos, o autor não tivesse consciência da simbologia aí presente. Sua criação vai muito além das palavras, abrange também o território silencioso onde pulsa o profundo mistério da vida.
Isso pode ser atestado ao ler essa breve novela, que ocorre no cotidiano de um escritório, conhecemos Bartleby, uma patética figura de escriturário, com a sua abulia e crescente alienação; uma premonição do homem robotizado do nosso tempo, o pobre diabo esmagado pelas condições desumanas da vida em sociedade, cujo destino final é mesmo o hospício. Na verdade, as figuras que trabalham por aqui são dotadas de certa dose de excentricidade (dois das três figuras alternam de humor durante o dia, e um terceiro, que vive comprando bolinhos sob encomenda). Em resposta ao anúncio de um jornal, aparece certo dia, um jovem na soleira da porta; era Bartleby com seu perfil lívido, tristemente respeitável, incuravelmente perdido e singularmente calmo. Em principio, o novo escriturário abraçou uma quantidade extraordinária de trabalho, sem pausas; porém o que incomodava era a apatia com que ele realizava suas tarefas, em silêncio, num jeito apagado e mecânico. Na primeira vez, quando convocado para conferir um pequeno documento, Bartleby respondeu numa voz calma e firme – Prefiro não fazer, e assim simplesmente nega-se a fazer a tarefa que lhe é solicitada, como se nada ao redor lhe importasse. Chocado com a resposta do empregado, seu empregador tenta encontrar motivos para compreender as excentricidades do escriturário, mesmo quando o estado passivo lhe irritava ou quando as tentativas em quebrar a letargia eram ineficientes.
Certo dia, ao visitar seu escritório em um horário diferente do habitual, seu empregador acabou descobrindo que aquela sala, tão vazia nas noites solitárias e aos domingos no Wall Street tornou-se o lar de Bartleby.

“E era ali que Bartleby tinha o seu lar; espectador único de uma solidão que conhecera povoada – uma espécie de inocente e novo Mário matutando por entre as ruínas de Cartago! (p.50)

O conhecimento de tal fato foi suficiente para consternar a alma daquele empregador e despertar ainda mais a curiosidade sobre quem era aquela figura; durante a narrativa inteira, a única coisa evidente sobre essa figura é apenas seu nome, e mesmo ao virarmos a última página, nada saberemos de concreto. A transformação dos sentimentos do advogado em melancolia, e receio, compaixão e finalmente repulsa são palpáveis ao longo da narrativa.. Uma filosofia bem interessante abordada aqui é o conceito de piedade: Ao nos sensibilizarmos com a tragédia do próximo tentamos ajudar, e quando não conseguimos, nossa alma encontra uma forma de expulsar tal sentimento para que não sejamos acometidos de tal sofrimento; talvez esse seja o segredo para a insensibilidade humana tão presente no cotidiano.
O caso de Bartleby é agravado com a sua recusa em trabalhar terminantemente e não apenas em cumprir tarefas. Vai sucumbindo aos poucos enquanto contempla aquela parede de tijolos pela janela. Não existe negação, postura de desafio, altivez ou protesto, o que dificulta uma ação efetiva do advogado para resolver o problema. A curiosidade do leitor é aguçada conforme a estória é contada, imaginando a mente de Bartleby e a causa da sua passividade. A forma como Melville expõe o caso é intrigante, como por exemplo a admiração do advogado pelo funcionário e sua luta para entender as razões do mesmo. A problemática do caso chega ao extremo quando a figura melancólica incomoda seus clientes. Determinado a livrar-se do “problema”, tenta negociar oferecendo ajuda financeira, conversa, pede, irrita-se, e por fim, ele mesmo decide deixar o prédio. Tempos depois, ele descobre que Bartleby permanece no prédio ainda, imóvel.
Herman Melville dá vida a estereótipo controverso, numa época onde trabalho, ritmo e produção eram indispensáveis para viver; num mundo frenético onde ver e ser visto é igualmente importante. Bartleby renuncia de forma silenciosa e enfática a vontade alheia e isola-se passivamente da correria absurda da cotdiano. Enquanto muitos gritam pelas ruas, o escriturário, silenciosamente destruía e todo e qualquer barulho ao seu redor.

Ah, a felicidade corteja a luz, por isso achamos que o mundo é feliz, mas a pobreza se esconde e daí pensamos que ela não existe. (p.51)
Camila 20/07/2016minha estante
Esse parece ser o tipo de história que eu admiro, mas que, ao mesmo tempo, é um soco no estômago pelas reflexões que nos causa. Parabéns pela resenha maravilhosa, Kell! *---*


@garotadeleituras 20/07/2016minha estante
Obg miga :*




Will 01/07/2022

A desobediência (ou depressão) que prefiro não ter
Bartleby, o personagem mais indiferente que já pude ler. Olha, confesso que no início me irritava bastante essa postura aquém das coisas de Bartleby, mas o ato final do livro (que, aliás, tem um ótimo final) me fez olhar por um outro prisma a condição social e humana o mesmo - não sei dizer se me causara pena, empatia ou, também, indiferença.

Ademais, Herman Melville soube desenvolver muito bem os dois personagens principais da trama e, já pude perceber, que trata-se de um perito em desenvolvimento de personagens, vide Cap. Ahab no incrível Moby Dick.
mainarabooks 01/07/2022minha estante
No início também me irritava o comportamento dele. Falam que esse é um livro que a cada vez que você lê, tem um novo olhar sobre a história.


Will 03/07/2022minha estante
Certamente é um livro que irei reler. É bem rápido e fluido, não me cansei em nenhum momento.




Glauber 06/06/2020

História curta e instigante
História curta sobre um funcionário de um escritório, que, a todo pedido ou ordem, responde: "Prefiro não".

É uma narrativa instigante, narrada pelo chefe do escritório, que admite pouco saber sobre aquele pálido e calado empregado.

As reações desse narrador-personagem contribuem para que a personalidade de Bartleby seja analisada, ou melhor, especulada, com alguma sensibilidade.

Bartleby é um dos personagens mais enigmáticos com quem me deparei: Um homem pacato, de aparência passiva, e ao mesmo tempo decidido a sempre dizer um "não" quase automático.

Suscita alguma reflexão. E, o final, traz uma surpresa poeticamente melancólica, em meio a essa ambientação do mundo do trabalho de Wall Street.

Achei genial.
Adriana Naves 06/06/2020minha estante
Nossa que interessante, eu nunca li um livro q se passe no ambiente de Wall Street. Do Melville só ouvi falar do Moby Dick.


Glauber 06/06/2020minha estante
Esse é bem intrigante. Ainda não li Moby Dick.

Um dia vou pegar pra ler.




Vanessa.Oliveira 26/06/2023

É uma história um tanto angustiante, o personagem principal, copista em Wall Street, simplesmente decide não mais fazer seu trabalho, nem nada mais, praticamente.

Não saber bem o motivo e ir especulando e sentindo a angústia criada pela história foi uma experiência muito forte, pois apesar de um certo distanciamento com o personagem que a própria abordagem do livro traz, não pude evitar de me preocupar e me importar com ele. Também gostei bastante do narrador e seu misto de perplexidade, aversão e compaixão.

Por que, Bartleby?
Joana 28/06/2023minha estante
eita lendo livro de advogado


Vanessa.Oliveira 01/07/2023minha estante
Não aaa, onde aperto pra desler??




Carolina165 30/03/2022

"PREFIRO NÃO FAZER"
É isso que Bartleby responde toda vez que seu chefe lhe passa uma tarefa.
O livro é triste e engraçado, simples e complexo ao mesmo tempo. Suscita, nas entrelinhas, reflexões sobre diversos assuntos: tédio, desamparo, mecanicidade da rotina, etc. Tem partes engraçadas, mas o final é muito triste.

Eu poderia tentar fazer uma resenha melhor, mas no momento prefiro não fazer, kkkk. Prefiro deixar que você conheça esse personagem tão especial e excêntrico por si mesmo.
Dilalilac 31/03/2022minha estante
Eu gostei tanto de ler esse livro ??? comecei rindo e acabei chorando :')


Carolina165 31/03/2022minha estante
Tbm gostei mto. Aliás, obrigada pela dica, peguei no seu perfil ?




Jordi 08/02/2023

Ruim, mas tem quem goste
Tinha tudo para ser um livro bom; o enredo é bom para o início da história, mas ao decorrer das páginas percebemos que não sai do lugar e permanece no mesmo ponto até o final.
VinAcius 08/02/2023minha estante
Vc não pode ler um clássico julgando como se fosse um livro barato de hoje em dia


Jordi 08/02/2023minha estante
Não julguei como um livro barato de hj em dia. Achei ruim msm, nem todo clássico é bom




Martony.Demes 12/04/2022

Preferia não 
Eis uma curiosa e interessante obra: Bartleby, o escrevente, de Herman Melville. Bem, a obra é sucinta mas bem interessante.Já gerou uma série de interpretações. 

O conto narra a história de um homem simples que foi contratado como escrevente (copiador) em uma repartição pública, após passar por uma seleção. Não havia requisitos para trabalhar. Apenas que executasse sua tarefa de maneira eficiente e nada mais seria questionado. 
Em um belo dia, o seu chefe solicita-o que o faça uma determinada atividade e simples e friamente Bartleby respondeu: preferia não. Isso, em um primeiro momento, impactou profundamente o chefe que buscou entender o que significava aquilo. 
Porém, muito pior viria. Bartleby passou a não realizar várias atividades a que lhe foi encaminhado. E todo esse cenário tornou-se denso para o seu chefe que não conseguia entender o que era aquilo e nem como resolver. 
Então ele teve uma ideia bem peculiar para tentar resolver isso! Prefiro não contar aqui. 
Reflexões:
Por que será que ele passou a não aceitar mais ordem, a se curvar diante das pessoas? E o que torna a obra mais intrigante é que não sabemos informações sobre ele, seu passado e o porque ele tem essa atitude!
Talvez por apenas ser passivo, apático, deprimido e melancólico! Depressão? Ou seria uma interpretação kafkana, sobre as dimensões da burocracia, o absurdo e a loucura!? Também pode ser um ato de revolta contra o sistema, contra o capitalismo, pelas exigências, cobranças pela produtividade e a forma de protestar foi essa, sem usar violência ou agressão.   Ou seria um negacionismo?

--
Martony Demes
 


Renato.Germanny 12/04/2022minha estante
Livro aparenta ser bom


Martony.Demes 12/04/2022minha estante
é sim! bem diferente! voce le em 30 min!




MariBrandão 15/06/2021

Quem é Bartleby?!

Um funcionário que preferia não fazer suas funções.

Quem era Bartleby? Ele existia? Era parte da imaginação de seu chefe?

Gostei da leitura, rápida e envolvente, porém estou claramente confusa com o final!
Luiz.Fernando 16/06/2021minha estante
Acredito que o Bartleby era bem real.
Pelo que eu entendi ele trabalhou no setor de extravio de cartas do correio. (Cartas onde o destinatário não era encontrado ou não podiam ser devolvidas).

Aí no final o narrador traça um paralelo desse trabalho com a personalidade do Bartleby. Um trabalho melancólico, com uma personalidade melancólica, sozinha...


MariBrandão 16/06/2021minha estante
Sim! Tem esse ponto do final! Mas também é uma grande suposição né...acho que nunca saberemos rses




Marcos 02/12/2009

Resenha?
Prefiro não fazer
Julyana. 06/06/2010minha estante
:)


fsamanta (@sam_leitora) 04/08/2010minha estante
Rsrsrs perfeita!


Marta Skoober 02/12/2012minha estante
Concordo com a Samantha: Perfeita!




Maria 25/04/2022

Procrastinação
Bartleby é um escrivão que começa a trabalhar em um escritório de advocacia em Wall Street após ver um anúncio de jornal.
Ele é muito quieto, resolvido e executa as suas tarefas inicialmente, até que um dia, ao ser solicitado a realizar uma determinada tarefa, responde: ?prefiro não fazer?.
E daí em diante, essa recusa passa a gerar incômodo entre seus companheiros de trabalho e o dono do escritório fica sem saber como lidar com a situação.
Adorei essa leitura!
Douglas Finger 26/04/2022minha estante
??


Joyce429 27/04/2022minha estante
É uma leitura incrível, com muitos pontos de reflexão!




Érica Kuffel 06/12/2021

"Preferiria não fazer"
Céus, terminei a leitura ontem, mal sei o que dizer e pensar... Inexpressivél. Mas fica aí uma frase:

"Eu podia dar esmolas a seu corpo; mas não era o corpo que sofria e sim a alma, só que esta eu não podia alcançar."
Érica Kuffel 06/12/2021minha estante
Inexpressível*




Hel 30/01/2021

o trabalho danifica
ebook 100% concluído
"poxa vida! entendi nada."
alguns momentos depois...
"AAAAAAAAAAAAAAHHH"
Everton Vidal 31/01/2021minha estante
Melhor resenha! Rs




umtetoparaana 08/01/2022

Eu prefiro não faze-lo.
Li esse conto em apenas uma hora para a maratona literária de verão de 2022. O primeiro desafio dessa maratona consistia em ler um livro que foi publicado há mais de 20 anos. Optei por esse conto do Herman Melville porque já tinha visto algumas comparações entre ele e o Metamorfose do Kafka. Pensei até que pudesse achar chato pois geralmente odeio ler coisas que descrevem o cotidiano de um escritório, mas, sinceramente não achei chato em nenhum momento. A escrita do Herman é capaz de deixar um trabalho exaustivo extremamente interessante, ela é TOTALMENTE envolvente. É incrível como ele dá poder ao leitor de imaginar porque o escrivão é do jeito que é, porque este escrivão resiste passivamente o tempo todo. Assim como o protagonista, ficamos nervosos perante a passividade do Bartleby. É incrível também como em pouquíssimas páginas o Melville consegue elucidar tão bem (indiretamente) sobre como o psicológico de uma pessoa só pode ser ajudado se ela mesma quiser. A minha frase favorita do livro definitivamente foi ''[...] era vítima de um mal nato e incurável. Eu podia dar esmolas a seu corpo; mas não era o corpo que sofria e sim a alma, só que esta eu não podia alcançar.''
Maria11360 01/02/2022minha estante
Exatamente. Essa frase que você colocou no final eu também marquei durante a minha leitura. Qualquer coisa que se faça exteriormente será insuficiente quando o problema é de ordem íntima da pessoa.




Renatinha 04/12/2021

Volte depois, por favor
Uma estudante de psicologia me emprestou para lê-lo depois de uma trabalho. Não dava nada por ele. Nem de longe. Não pensei que fosse rachar minha cabeça e querer me fazer explodir.

Sem spoiler aqui. Apenas pergunto em qual das próximas categorias você está:
1) Ama
2) Odeia
3) Nunca ouviu falar

Te convido a ler este livro. Depois volte aqui e me responda em qual das duas primeiras opções você está. Eu mesma ainda não decidi.
plxsrh 29/12/2021minha estante
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