OgaiT 14/05/2020
A onipresença da beleza
Elisa Lucinda, nos revela, no prefácio de seu livro, o processo de escolha do título da obra. Segundo a poeta, quase foi intitulado por Caderno Abóbora, por "ser um livro explodido de cores, matizes, com poemas nascidos de um caderno laranja que tive[Elisa], de onde só saía poema bom". O fato que me fez citar o prefácio de "A fúria da beleza", foi o desfecho:
" Fui falar com o Conceito. Estava de costas pra mim, refestelado na cadeira, em seu trono de eixo.
— Conceito, eu estive pensando...
Pois antes que eu acabasse de falar, ele girou veloz na cadeira de diretor, ficou de frente pra mim e sua face já era outra. Era a face da Fúria da beleza." (p. 11-13).
Realmente, temos um vislumbre de lindos poemas, apesar de não ser tão especialista em poemas, mas sim de poesia e, disso, posso afirmar, a obra está repleta: Poesia. Afinal, foi a própria Elisa que disse: "à minha frente corre, escorre a danada da poesia." ("Avulso", p.138).
Dessa forma, Elisa brinca com a metalinguagem ao fazer poemas sobre o processo de criação dos seus poemas, além de alertar para onipresença da poesia quer seja no ex-amor, quer seja na senhora à coser roupinhas para bonecas, ou ainda no pau que amanhece rindo.
Além de poeta, Elisa Lucinda é atriz, jornalista e cantora, de fato uma artista completa. Em A fúria da beleza, há um verso que ficou registrado em minha mente: "Ah, tem gente que é poema!" e Lucinda é um poema, isso eu tenho certeza.