Resenhas - Contos da Chuva e da Lua

Bruno 27/05/2021

Que bela surpresa conhecer esse escritor.
Todos os contos despertaram em mim uma certa inquietação. Os acontecimentos são em alguns momentos horripilantes em face a degradação humana. Embora a coletânea mais parece uma panfletagem moral é muito interessante pois a riqueza de detalhes mostra uma cultura tradicional que é muito próxima a natureza. O que reparei em geral na literatura clássica do Japão que é recorrer a ela para expressar o que é sentido e posto ao texto; e isso é de uma sensibilidade divina.

Eduarda Graciano do Nascimento 18/06/2015

O que acontece depois da chuva?
O livro Contos da Chuva e da Lua (também conhecido como Contos da Lua Vaga Depois da Chuva, que acredito se tratar da tradução literal) foi escrito há mais de dois séculos pelo japonês Ueda Akinari. Se trata de uma coleção de contos sobre guerreiros, errantes, monges, que têm em comum (os contos) a manifestação do sobrenatural.

Os orientais acreditavam que a lua vaga que aparecia nos céus entre as nuvens após uma chuva durante a noite era o período propício para o aparecimento de fantasmas. Eu hein! O quão perturbador é isso?
Os contos – adaptados de contos chineses de fantasmas - são excelentes para conhecermos um pouco das lendas e cultura do oriente. Espíritos que tomam forma de animais são aspectos extremamente presentes, por exemplo. O budismo é a base religiosa de todas as histórias, portanto coisas como reencarnação, jejum, meditação também estão em evidência.

Conheci esse livro após assistir ao incrível filme de Kenji Mizoguchi (lançado em 1953) conhecido no Brasil como “Contos da Lua Vaga”, que pelo que percebi baseia-se mais especificamente no terceiro conto do livro, “A Casa nos Canaviais”. O título (tanto do filme quanto do livro) me chamou muito a atenção, achei belo e original. Fiquei um bom tempo atrás do livro até consegui-lo num sebo pela Estante Virtual.
É uma leitura um pouco complicada, principalmente por haver tantas explicações sobre datas e sobre as inúmeras referências que o autor faz. Às vezes é fácil se perder. Mas o fascínio que causam as descobertas sobre essa cultura tão diferente, e talvez a perturbação causada pelo enfoque sobrenatural, valem a pena.