Linear.t 14/09/2021
Princesa, a história real da vida das mulheres árabes por trás de seus negros véus.
O livro da escritora estadunidense Jean P. Sassom, trata-se da primeira obra de uma trilogia sobre as vidas das mulheres árabes. Jean usa as suas palavras com base em conversas e no diário de Sultana, uma princesa que luta contra a submissão extrema da mulher, costumes primitivos, punições desumanas, a favor da liberdade e valorização das mulheres em sua sociedade. Abordando de 1891 até 1991, relata a história desde os descendentes de sultana até o final da guerra do golfo. Por motivo de proteção, Sultana é impedida de revelar seu nome verdadeiro, contudo expôs a realidade cruel vivida pelas mulheres na Arábia Saudita. Tendo essas histórias em mãos, Jean teve a responsabilidade de poder contar em primeira pessoa da perspectiva de Sultana, tais acontecimentos. Para que sua revolta fosse lida, suas denúncias ouvidas e sua motivação pelo direito da mulher fosse usada como inspiração e conscientização.
Mulheres sendo punidas por infligir leis banais, sendo mortas e descartadas como algo sem valor, é visto como corriqueiro na leitura. Amigas, irmãs e até a própria Sultana são expostas a leis e costumes retirados do alcorão e modificados pelo homem ao seu bel-prazer.
Filhos são valorosos e endeusados, enquanto filhas são ignoradas em uma sociedade onde não possuem o mínimo direito de manifestar as suas opiniões. Vivem para a indiferença de seus pais, desprezo de seus irmãos e maltrato de seus companheiros.
Dessa forma, é de extrema facilidade encontrar um gigantesco nível de desigualdade de gênero, que ascende em um tratamento totalmente desproporcional e injusto. Sultana aos quatro anos de idade, ao ver os privilégios de seu irmão, rezou para ele ao invés de rezar para Meca. Isso lhe custou uma bofetada na cara e a fez ter os seguintes questionamentos: "Eu achava que ele era um deus. Como eu podia saber que não era? Se meu irmão não era mesmo um deus, por que era tratado como se fosse?"
Cheio de emoções, mostrando uma realidade distinta do mundo ocidental, o livro nos prende para saber mais sobre Sultana e seu povo. É muito claro o medo dos homens com o poder e liberdade da mulher, usando a Sharia como escudo para os seus medos. Entregam a elas proibições sem sentido algum, senão aumentar ainda mais as suas submissões.
"Este livro é como os primeiros passos de uma criança que jamais poderia correr se não tivesse a coragem de ficar em pé sozinha. Jean, você e eu vamos remexer as cinzas e atiçar o fogo. Diga-me, como pode vir o mundo em nosso auxílio se não ouvir nossos gritos? Eu sinto no fundo da alma que este é o começo de um novo tempo para as mulheres sauditas." Palavras de princesa Sultana para a escirtora Jean P. Sassom.