Eduarda Graciano do Nascimento 26/12/2017O momento perfeito pra sonhar se chama Presente Agora Anne pertence ao mundo. Não mais à Green Gables, à Avonlea ou à Ilha Príncipe Eduardo. E no momento ela é Anne de Windy Poplars, sua nova casa em Summerside, onde residirá por três anos até terminar seu contrato de trabalho na Summerside High School.
Lá Anne fará amigos inesquecíveis (como sempre), levará seu brilho à vida de pessoas amargas (como sempre) e ajudará pessoas a encontrarem o que sempre quiseram (como sempre). E, como sempre, nosso amor por ela se renova.
Agora com 22 anos, Anne está tão longe de Marilla e Green Gables como jamais esteve. E mais ainda de Gilbert, que está estudando medicina.
Mas para quem persegue seus sonhos, os desafios são enfrentados com muita garra, e Anne terá vários deles pela frente enquanto vive com as viúvas (ambas chamadas de tias) Kate MacComber e Chatty MacLean, com a empregada (mais dona da casa do que qualquer um) Rebecca Dew e com Dusty Miller, o gato que não deve em hipótese alguma ser mimado.
É nas correspondências com seu noivo que Anne revela suas conquistas e problemas, esses quase sempre envolvendo os Pringles, a "realeza" de Summerside que parece não ter um ser humano decente em seu seio e que promete atormentar a vida da nossa protagonista.
Um estranhamento é o que causa Anne of Windy Poplars (Anne of Windy Willows fora do Canadá e dos EUA) até certo ponto. Para começar a estrutura da narrativa mudou e agora todo o romance é contado através de cartas. Em sua maioria, cartas de Anne para Gilbert.
Me incomodou um pouco o fato de não ver diferença entre a escrita da autora e a da personagem. Assim como, reforcei minha percepção (que eu ainda não tinha compartilhado com vocês) nesse livro, não ver muita diferença entre os próprios personagens. L. M. Montgomery escreve personagens dentro de uma espécie de estereótipo próprio (personagem sonhador, rabugento, excêntrico) e eu reparei que eles são todos muito semelhantes no que diz respeito às formas de expressão. Se não fosse o fato de estarem em livros diferentes, eu não conseguiria diferenciar, por exemplo, a pequena Elizabeth Grayson de Paul Irving, e este, em momentos, da própria Anne. Os discursos são muito parecidos. E isso acontece com bastante frequência.
Anyway...
Nada que nos impeça de encantar com essa leitura, que continua leve, inspiradora e alegre! Mas é quase impossível não sentir falta do campo, de Green Gables, Marilla, Gilbert (que só aparece de forma indireta) e, é claro, da Diana - que já tem dois bebês à essa altura.
Por um lado é legal esse distanciamento, porque com certeza sentimos o mesmo que Anne, num esforço de adaptação à esse novo ambiente. É quase como um recomeço, lembrando quando a garota chegou à Green Gables há mais de dez anos.
Novos personagens, como já é de praxe, vêm e vão, e duas destacaram-se para mim acima de todos nesse volume: Elizabeth Grayson, uma garotinha de oito anos que vive com a avó octogenária e sua empregada, e que encontra em Anne o afeto que não tem em casa e pelo qual é tão ávida; e Katherine Brooke, uma das professoras que trabalham na Summerside High School e que aparentemente não suporta nem a si mesma.
"- You are the only person who loves me in the world, - said Elizabeth. - When you talk to me I smell violets."
Gosto muito da forma como esses novos personagens entram na história, são tocados pela Anne e se vão. É algo presente em todos os livros e dá uma dinâmica legal à eles.
Enfim, mais ansiosa para conhecer a tão sonhada casa da Anne e do Gilbert do que eu, só a própria.
Mal posso esperar pelo próximo volume e torcer para que seja resgatado um pouco do antigo ambiente que nos é tão querido. Mas algo me diz que, depois de passar por Summerside, voltar à Green Gables não será como antes. Nem pra Anne, nem pra nós.
" - Nobody is ever too old to dream. And dreams never grow old."
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http://www.cafeidilico.com/2017/12/anne-of-windy-poplars-l-m-montgomery.html