Coruja 03/08/2015Descobri esse livro na estante de algum amigo e fiquei curiosa com o título – curiosidade que aumentou quando vi a sinopse e descobri que a história não era o relato de algum lance estratégico do eterno conflito entre Oberon e Titania. Em vez disso, tinha a ver com Goethe, Napoleão, reis perdidos e encontrados, teoria da conspiração crítica literária feita de forma física e, por vezes, com punhos.
Como eu poderia resistir a isso?
A história em si é hilariantemente implausível. Goethe é chamado a participar de uma missão de resgate do príncipe Luís, delfim da França, filho de Luís XVI e Maria Antonieta, que aparentemente sobreviveu ao cativeiro após a Revolução – foi resgatado antes que pudesse ser assassinado e colocaram em seu lugar um outro rapaz, doente, que morreria pouco tempo depois, deixando assim o verdadeiro príncipe livre.
Só que Luís foi descoberto por informantes de Napoleão, que depois de persegui-lo por metade do mundo, afinal o capturou e espera agora apenas uma confirmação de sua identidade, dada por uma antiga babá, para meter uma bala em sua cabeça.
Para tanto, Goethe decide montar uma equipe de poetas – Friedrich Schiller, Heinrich von Kleist, Achim von Arnim, mais o geólogo Alexander von Humboldt, e a romântica Bettine Brentano – porque ninguém é mais capacitado para uma missão de infiltração e subterfúgios que um bando de escritores cabeça quente que se identificam com o movimento Sturm und Drang ou, traduzido para o bom português, tempestade e ímpeto.
Sério, discrição e sutileza (e, pensando bem, pontualidade também) não são o forte desse grupo.
Eu me diverti bastante com o livro – e desconfio que se entendesse mais de literatura alemã, ele teria sido ainda mais curioso em suas referências. O ritmo é rápido e as cenas se desenrolam com facilidade.
Só não foi perfeito porque fiquei um pouco insatisfeita com o final. Acho que depois de ter vindo o tempo inteiro em tom de paródia, o ‘pé no freio’ que a ação leva quase nos últimos capítulos, tornando-se mais séria, fez com que eu estranhasse o roteiro.
Seja como for, A Manobra do Rei dos Elfos foi uma grata surpresa, uma leitura rápida e divertida, que funciona como uma boa aventura mesmo para quem não pega todas as referências.
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