Lariane 12/05/2010
“Lindo, emocionante e cativante...!”
Tive a sorte de achar esse livro pela metade do preço na Feira do Livro de Joinville. Sempre ouvi bons comentários sobre ele, mas nunca imaginei quer me emocionaria tanto ao lê-lo.
O livro é dividido em 5 partes, e a autora coloca pequenas reflexões que dizem muito do que está por vir.
Algumas coisas são tão inesperadas que ninguém está preparado para elas. – Leo Rusten
Charlie Holloway, uma pequena estudante da terceira série estava com dificuldades de aprendizado e cometendo pequenos furtos; ela é filha do meio de um casal separado, tem por irmãos Ashley, um pequeno bebê e o adolescente Cameron.
A professora de Charlie e também a melhor amiga da mãe dela, Lily Robinson, chama seus pais, Crystal e Derek Holloway, para uma reunião onde conversariam sobre a situação e chegar num consenso a fim de ajudar a menina... Como qualquer outro casal separado, eles brigam e tentam jogar a culpa do problema da filha um no outro, não enxergando que são os problemas de relacionamento deles que afetam aos filhos, principalmente a Charlie.
... Seria uma reunião qualquer, exceto que, por um infortúnio do destino, o carro de Crystal não funciona e ela acaba pegando carona com Derek. Em meio à chuva e uma torrencial discussão que acontece uma verdade é dita: Ashley não é filha de Derek. Sequencialmente, o acidente de carro e a morte foi o destino de ambos.
A beleza de um compromisso forte e douradora é quase sempre bem compreendida por homens incapazes de cumpri-lo. – Murray Kempton
Só que momentos de angustia se passaram antes que os três filhos soubessem da verdade. São páginas e páginas dissecando a visão dos dois filhos mais velhos, de Lily e de Sean – irmão de Derek, sobre o casal desaparecido. Medos, raiva e inseguranças são descritos com muito apuro, como em todo o livro.
O momento em que Sean descobre a morte do irmão é de uma sensibilidade sem igual! Confesso que há tempos não me emocionava como tanto...
Mas o que é a morte, senão pôr-se sob o sol e derreter-se ao vento – Kahlil Gilbran
E agora o que fazer? Três crianças órfãs e dois adultos que mal se conheciam tendo que conviver...
Como lidar com a morte dos pais?
Gostaria de dar ênfase no Cameron que, quase homem, se ressente então sabe lidar com os acontecimentos, ainda mais por se lembrar dos erros dos pais e de seu próprio erro, pois as últimas palavras que dirigiu ao seu pai foram: “Eu te odeio!”
Não que seja algo imperdoável, porque em certos momentos impensados palavras fortes saem, mas sem ser do fundo do coração. Nós sabemos, Lily e Derek sabem; mas Cameron, não. Ele muito se atormenta... Além disso, ele e Charlie sabiam que Ashley não era filha de Derek.
O que fazer com esse segredo?
A criança suporta tudo – Maria Montessori
A vida continua e os medos de Cameron são ainda grandes; Charlie sofre com saudades. Mas nada como o tempo, e depois da tormenta a calmaria retorna. Sean fica com a guarda dos sobrinhos, mas Lily o ajuda, e aos poucos o amor vai tomando forma...
Destaque para as conversas mais singelas, impregnadas de emoção que acontecem para tentar fazer com que as crianças se sintam reconfortadas.
O sofrimento dá conta de si mesmo, mas para se tirar partido da felicidade é preciso ter com quem dividi-la.Mark Twain
O fim, finalmente.
A felicidade, quem sabe?
Primeiro quero me desculpar pela resenha enorme, e pedir licença para continuar.
O romance do tio e da professora não é o foco principal, tanto que só agora vou repartir Lily tem um trauma justificado que a faz temer se relacionar; e Sean sempre foi a sombra do irmão, que era golfista famoso, pela primeira vez tem que encarar seus receios para poder suprir sua nova família.
Falar do relacionamento familiar é o ponto principal. Como dito por Jodi Picoult “Susan Wiggs retrata os pormenores dos relacionamentos humanos com a destreza de um mestre”.
Eu chorei, ri e terminei o livro com um sorriso saudoso no rosto. Ele mexe com nossas emoções e nos mantém ligados aos personagens, ao ponto de querermos abraçá-los para aplacar seus medos e dores.
Viver é sonhar, sentir dor e amar. É superar, para que na frente apareça um fato ainda pior; para novamente superar.
Mas viver sem lutar, sem chorar e sonhar não é viver.