Mari 08/04/2024Não é o meu favorito do José de Alencar, mas é bomA viuvinha conta a história de amor de Jorge e Carolina. Jorge é basicamente um herdeiro, um destes jovens de boa família, com a vida privilegiada, que nunca precisa trabalhar, pois dispõe de uma bela quantia que lhe permite viver uma boa vida de jovem nobre no Rio de Janeiro do século XIX. Ele viveu sua juventude aproveitando a alegria de belas moças e o conforto de seus bens e fortuna, até que se apaixona por Carolina e começa a corteja-la. Eles noivam e na véspera do casamento, Jorge descobre através de seu padrinho, o Sr. Pereira, que ele está falido e a partir deste momento nasce em Jorge um conflito, pois ele não quer arrastar Carolina para uma vida sem conforto, mas ao mesmo tempo não quer desfazer o compromisso para não desonrar a jovem. Com vergonha de sua situação financeira e querendo preservar a agora esposa, no dia do casamento Jorge toma uma decisão e comete suicídio, transformando Carolina na viuvinha. Será mesmo?
Não sei como foi a publicação deste livro na época do lançamento, se ele foi lançado em fascículos, mas se tiver sido, foi uma boa premissa, neste ponto ele cria um clima de suspense muito bom, um gancho para manter o leitor investido no próximo capítulo, mas como romance não foi muito surpreendente, pois no capítulo seguinte começam a surgir pistas do que acontecerá adiante e fica fácil para o leitor deduzir que esse suicídio não aconteceu de verdade, mas foi uma estratégia de Jorge para preservar a dignidade de Carolina enquanto ele tenta se restabelecer financeiramente.
O livro tem características bem presentes do movimento literário a que pertenceu, o romantismo, tem a figura dos amantes idealizados, quase sem defeitos. Mesmo sendo clássico, acredito que pode agradar o leitor de romance da atualidade, pois o casal é fofo e muito devotado um ao outro.
Eu só achei que algumas coisas não ficaram bem amarradas ou foram incongruentes entre os capítulos, especialmente entre o capítulo 15 e 16, pois no capítulo 15 foram narrados fatos e no 16 a explicação não era totalmente idêntica. Do meio para o final eu tive muito a sensação de um Deus ex-machina, um personagem aqui aparece para resolver magicamente os problemas sem que a narrativa deixe evidências de que essa é uma possibilidade, o que faz parecer conveniência.
Eu gostei do livro, achei bonito, açucarado, mas reconfortante, fiquei na torcida por este casal, achei que o autor conseguiu construir personagens que representam bastante os heróis românticos, só que, apesar disso, não me emocionou muito e não acho que a história vá ser marcante o suficiente para ser rememorada ou para criar o desejo de uma releitura em breve.