Fogo Fátuo

Fogo Fátuo Pierre Drieu la Rochelle




Resenhas - Fogo Fátuo


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arthur966 11/01/2022

nunca gostei das pessoas, só pude gostar delas de longe; por isso, para conseguir o recuo necessário, sempre as deixei ou as levei a me deixarem. [...] tento retribuir mas não dá certo... lamento terrivelmente estar sozinho, não ter ninguém. mas é isso que mereço. não posso tocar, não posso pegar, e no fundo, isso vem do coração.
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Tiago Ceccon 22/02/2021

Fogo Fátuo é um livro curto, porém pesado, doloroso.

Acompanhamos as últimas horas de um protagonista que amou demais a vida. Que queimou tão brilhantemente seus anos de juventude a ponto de não conseguir se dissociar do profundo laço estabelecido com seu aspecto mais carnal.

Alain, ainda visto com carinho por seus amigos de longa data, nos leva em uma jornada de despedidas tão iluminadoras quanto melancólicas. Vemos as tentativas de conexão, de ambos os lados, que inevitavelmente esbarram em uma barreira intransponível de incomunicação. Felizmente, o livro não se dobra à experiência do leitor - Alain se mantém do começo ao final o mesmo personagem imperfeito e inatingível. Somos seu companheiro de deslizes e de um destino já selado.

É interessante como a droga (e o álcool, no caso do belíssimo filme que Louis Malle fez baseado nesse livro e que no Brasil tem o título de "Trinta Anos Esta Noite") é ao mesmo tempo central e tangencial para a narrativa. Embora muito do que acontece seja decorrência do impacto dela na vida de Alain, pouca ênfase narrativa é dada para o seu uso e seus efeitos, e é muito difícil não se ter a sensação de que o próprio protagonista a enxerga mais como uma concretização útil de suas angústias do que de fato uma obsessão. A incapacidade de se apegar a laços suficientemente fortes e duráveis com a vida, a insegurança que o torna incapaz de enxergar muitas das características positivas nele mesmo e a não correspondência de seus amigos/amores às suas expectativas com relação a envolvimento parecem estar mais próximas da raiz dos problemas de Alain.

É um exercício interessante ler o livro em diferentes fases da vida (adolescente, jovem adulto, trinta recém completos, etc.) para notar como a percepção sobre os personagens e suas filosofias de vida se altera. E para encontrar novamente Alain, essa força da natureza que uma vez conhecida não mais se apaga da memória.
C r i s 02/01/2022minha estante
Fiquei bem curiosa depois de ler tua resenha Tiago, assistirei o filme amanhã.




Roberta.Samonte 27/03/2017

Vazio angustiante
Fogo Fátuo, trás um personagem que não sabe para que veio a onde se encontra e onde vai. Em outras palavras é um personagem vazio, que não consegue se preencher com sua própria alma, seu próprio ser. E para tamponar essa falta, ele utiliza prazeres mundanos diversos, que impossíveis de dar conta acabam expondo mais ainda essa falta e trazendo mais angustia.
É uma amostra perfeita de como o vazio existencial é imune a soluções superficiais como prazeres e de como esse vazio prejudica até as experiencias desses prazeres. Alguém vazio existencialmente jamais poderá aproveitar profundamente os prazeres da vida.
Fogo fátuo é uma jornada de alguém oco que tenta se preencher com coisas mais ocas ainda e quais consequências isso pode acarretar. É uma vida não vivida, ou uma meia vida mal vivida.

site: https://www.facebook.com/otelloclubedolivro/
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