Will 08/06/2024
"Lisbeth Salander era a mulher que odiava os homens que não gostavam de mulheres."
Termino esse livro convencido de que Lisbeth Salander é uma das melhores personagens que já vi na literatura e que Stieg Larsson é um escritor formidável.
O primeiro livro da trilogia Millennium me agradou, mas com muitos pés atrás em questão de ritmo e o fato de ser uma investigação sobre algo do passado fazia as coisas serem muito paradas até a conclusão. Já aqui, a história é viva, começa devagar e vai se amarrando aos poucos, com muita paciência mas que é totalmente justificada, e mais ou menos de uns 25% pra frente já tinha meu total interesse de modo que não conseguia parar de pensar sobre essa história. Cada capítulo só intensificava esse sentimento, com novas revelações, novas dúvidas, novos acontecimentos que acrescentavam ainda mais a uma história já extremamente interessante.
Nisso, tenho que ressaltar a escrita do Stieg Larsson, que eu já gostava no primeiro livro, mas que as características da história por muitas vezes tornava a narrativa cansativa pra mim. Aqui, isso nunca ocorreu, pelo contrário, fiquei fascinado pela forma como Larsson conta a história. Provavelmente por ter sido jornalista, ele consegue criar e explicar a história com uma riqueza de detalhes tão perfeitos que se me falassem que o livro é uma história real relatada, eu acreditaria. Os personagens de Larsson são vivos, extremamente bem definidos, você sabe a personalidade de cada um e seus traços que tornam cada um deles únicos, mesmo os menos importantes para a trama principal, se é que dá pra dizer que existem menos importantes, pois a história é tão complexa e bem amarrada que tudo importa, da detalhe, cada personagem, cada momento faz todo sentido, nenhuma palavra escrita está ali atoa, sem razão, não, tudo enriquece a história.
Nesse sentido, Lisbeth é o destaque maior, sem sobra de dúvidas. Já adorava a personagem desde o primeiro livro e sempre preferia ver a visão dela naquele, seu jeito único de ser, sua personalidade forte, suas habilidades excepcionais e tudo que faz ela ser o que é, é fascinante, hipnotizante. Aqui, a história toda hora ao redor dela, camadas e mais camadas do que ela é são revelados, sua história passa a ser entendida e tudo o que eu já amava sobre ela só cresceu, com certeza é uma das personagens que eu mais me importei lendo um livro, torcendo e querendo que ela faça tudo de ruim com todos que causaram dor pra ela durante toda sua difícil vida.
Voltando a falar sobre a história, não há o que reclamar, de verdade. Tudo é construído a passos lentos, de início, pequenas coisas que faziam parte de um todo muito maior ainda não desvelado, mas que estava sendo construído pouco a pouco. O autor sabe exatamente como dosar a história, dando os pontos de vistas diferentes nas horas certas, marcando o tempo com exatidão jornalística a cada capítulo, mas ainda assim deixando lacunas para que os maiores segredos ficassem para o final, ainda assim não enrolando, sem nunca deixar o interesse e o fascínio pela história diminuir, muito pelo contrário, só crescia mais e mais. Os últimos capítulos são impossíveis de não se ler numa tacada só, a história vai se desenrolando de maneira tão tensa que me vi quase com ataques de ansiedade querendo saber logo tudo que aconteceria.
Mesmo depois de tudo isso, ainda consegue encerrar de maneira absurda, mas deixando muitas questões em aberto que estou louco pra descobrir no próximo livro. E pensar que eu não sabia se iria ler esse por não ter terminado o primeiro com a melhor das impressões, agora eu já não vejo mais a hora de continuar essa história e saber o desenrolar de tudo o que aconteceu aqui.