Felipe 16/03/2024Aqui está mais um clássico que está repleto de camadas, apesar do enredo parecer simples.
A célebre frase que dá início ao livro: "Mrs. Dalloway disse que iria ela mesma comprar as flores", pode causar aquele sentimento de "E daí?". Mas aí é que está o cerne da questão.
O contexto em que a história se passa, pós Primeira Guerra Mundial e pós Gripe Espanhola (da qual Clarissa Dalloway é uma das sobreviventes), nos leva a olhar para a atitude de Clarissa com maior atenção. Afinal, ela está dando o pontapé inicial para que esses traumas sejam superados, e para isso resolve dar a sua festa.
Em contraponto, temos Septimus, que serve como um duplo de Clarissa, visto que ele é um ex-combatente de Guerra, que foi seriamente afetado pelos desdobramentos de sua participação no front. Existe um debate sobre as questões mentais partindo do núcleo desse persongagem.
Além desses dois núcleos principais, temos outros personagens e cenas marcantes na narrativa: como o momento em que um avião sobrevoa Londres, e as pessoas (marcadas pelos bombardeios da Primeira Guerra), ficam inicialmente assustadas com esse som familiar; ou também as cenas em que se fala sobre a questão da Índia, que ainda naquele momento estava sob domínio britânico.
Foi meu primeiro contato com Virginia Woolf, e no começo da narrativa senti um pouco de dificuldade com o fluxo de consciência, porém, nada comparado ao que enfrentei no primeiro capítulo de "O som e a fúria", mas valeu a pena ao final da leitura.