Uma morte em família

Uma morte em família James Agee




Resenhas - Uma Morte Em Família


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Higor 05/02/2024

"LENDO PULITZER": sobre encarar o momento mais difícil de nossas vidas
Minha maior curiosidade em ler este "Uma morte em família" se deu, principalmente, para entender como um livro póstumo e inacabado conseguiu ganhar o Pulitzer de Ficção em 1958 - um feito inédito, e repetido apenas outras duas vezes, com William Faulkner em 1963 e John Kennedy Toole em 1981, além da nomeação de David Foster Wallace, em 2012.

Antes, é importante lembrar que o autor, James Agee, teve uma fama modesta em vida, mas imediatamente após a morte, foi catapultado como um escritor célebre, abocanhando este Pulitzer e fazendo com que "Elogiemos os homens ilustres", sua obra-prima, fosse considerada uma das mais emblemáticas, importantes e melhores obras do século XX, por abordar de maneira franca, embora dolorosa, os males da Grande Depressão.

Pois bem, focando em "Uma morte em família", aqui temos um relato autobiográfico de Agee, quando um o autor teve de lidar com a perda de um ente muito importante de sua família. Embora não seja necessariamente spoiler saber quem é a pessoa que veio a óbito, foi sem saber de absolutamente nada do enredo que eu decidi de aventurar neste livro, e consegui aproveitar ao máximo, tanto a leitura, como me sensibilizar com a dor e sofrimento de cada personagem, e não apenas o pequeno Rufus, de 6 seis anos.

Isso porque o autor, James Agee, tem um cuidado, uma destreza imensa em narrar algo, mesmo que um cenário simples e muito provavelmente quase que estático, mas ainda assim, elevá-lo a um nível de beleza e eficiência pouco vistas em minha vida literária, tanto que, após os dois primeiros capítulos, eu os reli imediatamente, já ciente do que aconteceria, mas apenas para apreciar a beleza das palavras, das frases e, principalmente, as intenções do autor, através de sua delicadeza ao narrar, seja uma mera caminhada à noite, ou a preparação de um café da manhã silencioso ainda de madrugada. Importante destacar que não uma revolução literária, ou algo novo a se apresentar, mas apenas o cotidiano, o dia-a-dia, bem escrito, muito bem escrito, diga-se de passagem.

A tradução, como não poderia deixar de ser quando se trata de Caetano Galindo, é um tanto controversa: se por um lado, ela é bastante truncada e até mesmo complexa em uma primeira parte, logo se torna fluida e simples na parte final, como se fossem dois livros diferentes, uma tradução a quatro mãos que, ao final, foram entregues juntas.

Não que seja um ponto negativo, até porque o tradutor se mostrou eficiente ao trazer à baila a possibilidade de uma tradução de um linguajar mais pobre, que indica falta de estudo ou maneirismo por parte dos personagens, acostumados a gírias locais e até mesmo sotaques. Não costumo dar exemplos nas resenhas, mas aqui vale para demonstrar que, se não certeiro, o tratamento dado em tais circunstâncias foi eficiente:

"A Victoria nem se incomoda, purque ela te cunhece. Ela sabe qui cê num ia dizê ua coisa feia pra ninguém, pur nada desse mundo. Mas tem um monte de gentes por aí que não te cunhece, meu amor. E se cê me diz ua coisa dessa, sabe, eles vai pensá que cê qué sê malvado cum eles. Cê tá mintendeno, criança?".

No fim, o que vale é a leitura de uma história incrível, mas pouquíssimo comentada por aqui, uma joia rara que todos deveriam conhecer, mesmo em um tema tão difícil, doloroso, e tão bem explanado, que é o luto, a morte de uma pessoa importante, desde o recebimento da notícia até seu sepultamento,

Embora inacabado, James Agee escrevera o esqueleto da história como um todo, início, meio e fim em 20 capítulos totalmente desenvolvidos, mas com folhas esparsas do que poderiam ser algumas linhas temporais a serem adicionadas no meio do livro. No entanto, não se trata de nada que impeça o entendimento e o poder da história como um todo, e sim que seria importante para entender um pouco mais o dia-a-dia desta família que, repentinamente, foi destruída. Os trechos estão assinalados em itálico, intactos como foram encontrados: um livro semi-pronto, até no título escolhido pelo próprio autor.

Desconhecido, ignorado ou esquecido, "Uma morte em família" é um tesouro em meio a tantos livros mornos que se tem por aí. James Agee fez da morte, um tema tão comum e caro a todos, uma despedida sublime - tanto para sua própria vida, como para a literatura.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel".
edu basílio 05/02/2024minha estante
wow. se o autor conseguiu isso em uma obra que deixara apenas esboçada, imagina que primor seria se ele próprio pudesse tê-la terminado :-) adorei ler sua resenha; senti sua emoção com a poeticidade do livro.




Rodrigo.Rodrigo 12/05/2021

Prosa com um tom poético de uma tragédia em família. A história mostra como a vida pode ser aleatória e cruel, e quais os sentimos que ela pode nos despertar em certas situações extremas.
Yara 29/07/2021minha estante
Gostei demais desse livro ?
Muito tocante ?? Rufus pensamentos incríveis, vale a pena




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