Resenhas - Texto, discurso e ensino

ChrisGally 25/08/2016

O objetivo é explorar a possibilidade de entrelaçar as propostas de linguística com a análise do discurso pecheteana (ideologia, formação discursiva, condições de produção), considerando objetos da enunciação a fim de conduzir o aluno a se familiarizar com as codificações textuais observadas nas práticas discursivas. Assim, o texto é visto sob a ótica da linguística textual cujo interesse é estabelecer as relações dos modos de funcionamento textuais, por meio da discussão das categorias de coesão, coerência, aceitabilidade, situacionalidade e informatividade, intencionalidade, princípios inerentes ao texto.
Os tipos textuais são classificados em descritivos, narrativos e argumentativos. Os textos se organizam ou de forma autônoma, como a definição, identificação, classificação, generalização e inferência, ou como dependentes do contexto, como é o caso da exemplificação, asserção, hipótese, comentário, etc; ou dependentes da interação: como é o caso dos convites, sugestões, felicitação etc. Essas funções referem-se às operações enunciativas as quais põem em jogo diferentes pontos-chave que indicam o modo como podem se estabelecer as relações entre o sujeito enunciador, entre a situação de enunciação e de enunciados. Para falar das relações entre os constituintes do texto, a autora diferencia base de texto, microestrutura, macroestrutura, superestrutura ou hiperestrutura. Nas dimensões do texto - semântica, sintática e pragmática -, é apresentado um quadro que contrasta o paradigma formal do paradigma funcional. Vale a pensa rever. A dimensão pragmática trata dos atos de fala. Ainda relativos ao texto, são citados os implícitos, (post, pressuposto), a progressão temática (tema/rema), as relações transtextuais (intertextualidade, por exemplo) e formas dêiticas. O capítulos seguintes trata da análise discurso sob o ponto de vista pecheteano. Uma das contribuições da obra é a proposta apresentada com o subitem "atividades apropriadas para incorporar a análise do discurso à pedagogia da língua materna", no qual indica: "elaborar sucessivas versões de um texto, tentando ajustá-lo a uma determinada situação comunicativa; cotejar textos de modo a analisar o funcionamento discursivo das escolhas realizadas; trabalhar com textos configuradores dos diversos âmbitos do discurso; captar as representações contextuais em qualquer tipo de texto (...); conceber a AD como técnica que se interessa, em primeiro plano, pelo mecanismo que articula o conteúdo significativo transtextual" (p. 169).