1985

1985 Anthony Burgess




Resenhas - 1985


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Henrique Fendrich 26/02/2011

As Apreensões de Orwell e Burgess
Burgess é um crítico inteligente – isso pode parecer óbvio, mas nem sempre os críticos abrem mão das suas próprias opiniões ao analisar criticamente aquilo a que se propõem. A primeira parte de “1985” é recheada de um pensamento crítico envolvente que, ao contrário do que é alardeado, não se resume a “contestar o 1984”. O escritor vai além: a partir do romance de Orwell, procura destrinchar as suas origens na realidade inglesa pós-guerra, ocasião em que a obra foi escrita.

Isso não é feito de maneira ortodoxa: o livro é composto por vários ensaios, não relacionados diretamente entre si, e com uma entrevista feita com alguém não identificado. Essa entrevista é um dos pontos mais profundos da análise da obra de Orwell. Não são temidas as contradições: os personagens discutem, por exemplo, de que maneira a crítica ao totalitarismo, em 1984, se encaixava no pensamento socialista de Orwell. E imaginam a obra como sendo uma brincadeira.

Talvez, um exercício intelectual de Orwell. Ou, como diz Burgess noutra parte do livro, “uma metáfora ampliada da apreensão”. Um livro com o mérito de ser lembrado até hoje quando nos vemos diante de medidas totalitárias – mas, ainda assim, com a certeza de ser impossível na prática. Burgess esmiuça 1984 e o aproveita para fazer análises quase acadêmicas sobre o Socialismo Inglês, a novilíngua, o anarquismo, os conflitos de gerações e a morte do amor.

Na segunda parte, ele cria a sua própria novela. “1985” foi escrita em 1978 – a chance de errar era menor. Para Burgess, o futuro seria tomado por movimentos sindicalistas, que controlariam toda a sociedade e transformariam o próprio governo num mero fantoche. A greve passaria a ser praticamente um instrumento de guerra, praticada numa frequência assustadora em todos setores. Assim como em “1984”, o individual é absorvido pelo coletivo. Fora dele, não há sobrevivência.

O autor previa ainda a expansão árabe na Inglaterra. Não é uma novela má, mas diante de “1984” (e diante da própria primeira parte de “1985”) ela fica devendo. Os acontecimentos se passam rápido demais, e há até mesmo algumas partes confusas. Ao final da novela, volta a entrevista com o ser não identificado. Ele e Burgess discutem o futuro. É um diálogo curioso. Mostram suas apreensões e as projetam para o ano 2000 – sem que ninguém tenha previsto a internet ou telefone celular.
Maria 10/04/2013minha estante
Comecei a ler,
mas nao estava com muita paciência... Então abandonei '-'




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