Ulisses

Ulisses James Joyce




Resenhas - Ulisses


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Valério 27/01/2014

Profundo e com altos e baixos
Ulysses é seguramente o livro mais difícil que já li. A narrativa inteira transcorre em algumas horas. O fluxo de pensamento é adotado de forma livre e que até confunde. É verdadeiramente uma grande obra. Mas fica cansativo. Mesmo tendo lido tradução de Houaiss, dá pra ver que grande parte do tesouro do livro está em criações linguísticas intraduzíveis. Seguramente a versão na língua original é muito mais interessante.
A narrativa alterna altos e baixos, com passagens onde gostei bastante da leitura. Já por vezes, é entendiante.

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Ulisses 24/10/2013

ABANDONEI POR UM TEMPO
O livro é extremamente complexo, demandando um tempo que não disponho atualmente para efetivar a leitura.
São necessários vários retornos e consultas para a compreensão adequada.
Retomarei no final de 2014...
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Rickardo 02/05/2013

Ulisses
Sendo irlandês, Joyce escrevia sob sua tradição e cultura, utilizando-as direta ou indiretamente em seus textos. Durante o tempo em que viveu em Dublin, teve contato com a tradição oral e mitológica irlandesa através de diversas fontes, sendo sua própria família, em especial, seu pai, o maior portador dessa herança cultural.
Apesar de James Joyce ter sempre escrito sobre a Irlanda, especialmente sobre Dublin, viveu a maior parte de sua vida auto-exilado da ilha. Isso porque utiliza sua tradição como irlandês para chegar a aspectos mais abrangentes que o mero nacionalismo. Acreditava que se devesse utilizar a própria tradição e cultura, mas sem deixar de produzir uma literatura cosmopolita.
Em Ulisses, podemos perceber mais obviamente a referência à Irlanda, principalmente pelo fato de o romance ter sido consistentemente escrito sobre Dublin, no que diz respeito à construção física da cidade, sendo esta, uma espécie de personagem do romance. Além disso, temos vários outros aspectos irlandeses mencionados ao longo da obra, como a questão discutida sobre pertencimento ou não à cidade por parte dos personagens no pub, a pobreza da família de Dedalus, o alcoolismo de várias personagens, a personagem “The Citizen” e o próprio narrador do episódio “Cyclop” que se encaixam perfeitamente no estereótipo do Paddy, satirizado em várias revistas inglesas, as diversas menções históricas, principalmente a Parnell, o catolicismo, a menção ao idioma irlandês com a leiteira no primeiro episódio, a rispidez com Haines, que era inglês, por parte de Dedalus. Um pouco menos óbvia é a presença da cultura irlandesa também no aspecto cômico do romance. O senso de humor irlandês é utilizado com maestria por Joyce por toda a obra através da sátira e ironia que lhe são características.
Além dessas menções relacionadas à Irlanda e ao povo irlandês, há aspectos mais profundos que conectam Ulisses a tradição e cultura de seu criador.
A primeira referência apontada é o fato de Bloom ser como um judeu errante ao longo do dia, o que remete a uma lenda amplamente conhecida na Irlanda, que, inclusive, serviu de base para o romance “Melmoth the Wanderer”, por Charles Robert Maturin, em 1820.
O livro contém uma pseudo-história da Irlanda e é parte da tradição oral popular do povo irlandês, usado como referência por Joyce diversas vezes em suas obras. Como todas as estruturas míticas utilizadas por Joyce, este mito também teria sido usado de maneira parcial, como uma subestrutura arquitetônica para a superfície realista da história. Dessa forma, encontraríamos no mito fonte simbólica para as personagens principais.
Os “Goidels” compartilham da história hebraica, mas escolhem um caminho diferente, assim como Bloom e sua suposta origem judaica escolhe ser batizado como católico. Dedalus pode ser visto como representativo dos invasores de origem grega, particularmente Tuatha De Danann. Molly representaria as recorrentes conexões espanholas na pseudo-história irlandesa. “The Book of Invasions” também contribui para a compreensão da personagem “The Citizen”, que pode ser identificada como representativa da onda de invasões de “Fir Bolg”, já que estes seriam tradicionalmente caracterizados como pessoas rudes e feias. Assim, “The Book of Invasions”, ajudaria a explicar as personagens centrais como “estrangeiros” apesar de serem representações de dublinenses típicos, porque ser irlandês seria descender de imigrantes.
O interesse por um épico tipicamente irlandês, certamente teve influência na escolha da forma em Ulisses, que tem sido denominado um épico moderno. O conteúdo balancearia temas irlandeses, perspectivas, acontecimentos e tom com os sancionados pelo modelo clássico. Isso ocorreria através do uso de técnicas narrativas irlandesas, ou seja, descontinuidades na narrativa e variação estilística e do tom irlandês, que seriam os elementos cômicos.

Portanto é amplamente descrito nessa obra os aspectos formais que trazem dimensões políticas e nacionalistas, pois Joyce escolhe utilizar formas de narrativa irlandesas, sendo possível identificar a tradição poética irlandesa.
Na cultura irlandesa, a crença no outro mundo seria parte de uma visão de mundo até os dias de hoje e essas narrativas tem sido parte do repertório da crença mais do que da fantasia da obra. Ao adaptar tipos e temas relacionados ao outro mundo, Joyce teria encontrado o problema de representar a crença irlandesa, o que, por ser considerada uma visão de mundo estranha à dominante, certamente causaria estranhamento ao sistema de crenças racional da cultura Ocidental.
Outro aspecto relativo às estruturas arquitetônicas simbólicas da tradição antiga viria também da Soberania da Irlanda, um dos mais antigos padrões do mito irlandês. Em Ulisses essas estruturas se intercalam com “The Book of Invasions”, estendendo seu significado. Pelo fato da Soberania ser uma figura feminina, os elementos mitológicos estão relacionados a Molly, pois com a estruturação mítica dela como deusa relacionada à fertilidade, Bloom teria um paralelo a figura do rei legítimo.
No início da obra, aparece a leiteira velha e magra, juntamente com outros elementos relacionados à imagens de morte (homem afogado, cão, mãe de Stephen), a terra é apresentada como tendo perdido sua fertilidade, o clima seco. Em contraste, no final do romance Molly aparece, com seus seios fartos, confortavelmente acomodada, evocando imagens de paisagens exuberantes e ricas e o clima retorna a seu padrão usual fazendo a terra renascer. Esses elementos associados de duas diferentes imagens da Soberania no início e no fim da obra estariam conectados com o tema de união ao rei legítimo – a união garantiria frutos da terra e clima perfeito, enquanto a desunião causaria infertilidade dos animais e da terra e problemas climáticos.
O livro contém uma pseudo-história da Irlanda e é parte da tradição oral popular do povo irlandês, usado como referência por Joyce diversas vezes em suas obras. Como todas as estruturas míticas utilizadas por Joyce, este mito também teria sido usado de maneira parcial, como uma subestrutura arquitetônica para a superfície realista da história. Dessa forma, encontraríamos no mito fonte simbólica para as personagens principais.
O interesse por um épico tipicamente irlandês, certamente teve influência na escolha da forma em Ulisses, que tem sido denominado um épico moderno. E Tymoczko sugere que seja o épico nacional irlandês por transpor uma poética irlandesa em inglês, pois estabelece uma linha europeia para o gênero e princípios formais do conto heroico nativo. O conteúdo balancearia temas irlandeses, perspectivas, acontecimentos e tom com os sancionados pelo modelo clássico. Isso ocorreria através do uso de técnicas narrativas irlandesas, ou seja, descontinuidades na narrativa e variação estilística e do tom irlandês, que seriam os elementos cômicos.
Na cultura irlandesa, a crença no outro mundo seria parte de uma visão de mundo até os dias de hoje e essas narrativas tem sido parte do repertório da crença mais do que da fantasia. Ao adaptar tipos e temas relacionados ao outro mundo, Joyce teria encontrado o problema de representar a crença irlandesa, o que, por ser considerada uma visão de mundo estranha à dominante, certamente causaria estranhamento ao sistema de crenças racional da cultura Ocidental.
A questão do outro mundo é um tema bastante conhecido da tradição céltica, tendo sido, inclusive, utilizado diversas vezes pela cultural ocidental. Justamente por isso, figura entre os aspectos que mais corroboram a ideia de Joyce de unir a tradição céltica a ocidental.
Colocando juntos elementos realistas, imagens cristãs e mito irlandês, Joyce reafirma o potencial da emergente Irlanda urbana falante de inglês para a restauração da nação. Através da sexualidade de Molly, manifesta uma nova Irlanda simbolizada por uma mulher com uma nova moralidade, novo naturalismo de religião e uma perspectiva internacional, ao contrário do vigente puritanismo religioso e opressor.
A questão não é de todo original, já que outros autores já associaram Molly e a leiteira à terra, numa interpretação um tanto quanto exagerada e fantasiosa, mas considerando o elemento mitológico da Soberania e pensando na relação da origem espanhola de Molly com a formação do povo irlandês em “The Book of Invasions”, o argumento ganha novos elementos que o corroboram.
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Andre.Crespo 23/03/2013

A Odisseia Moderna
"Ee Gh: és gagá"

Confesso que ainda estou um pouco mortificado e confuso após ter lido "Ulysses", do autor irlandês James Joyce. Há quase três meses, embarquei numa verdadeira aventura, e mais do que tudo, num grande desafio de ler esta obra. Sempre ouvi falar que era um dos livros mais complexos de toda a história da literatura. Bem, depois de ter lido, acho que quem disse isso estava correto.

"Ulysses", escrito entre 1914-21, conta a história de um dia - 17 de Junho de 1904, uma quinta-feira - da vida de Leopold Bloom, o Ulisses da Odisseia moderno. Só que este é um homem comum, mas muito atormentado por dentro. Joyce nos mostra suas estadas por vários lugares, desde o seu desjejum. Começando por ir a um enterro de seu amigo, ele vai passando por diferentes lugares, de bibliotecas a tavernas, passando por bordeis e hospitais. Que fique claro que não entreguei nada, pois tais lugares estão presentes no roteiro do livro.

Entre as oito da manhã e as duas da madrugada, nos é apresentado, de forma surreal e divertida, todos os conflitos do aparentemente normal. Leopold Bloom. Temos a oportunidade de ver também um pouco da vida de Stephen Dedalus, um jovem estudioso com sérios problemas com os pais. Li em algum lugar que Bloom representaria um Joyce mais velho e responsável; já Dedalus, seria a versão mais nova de Joyce, em seus vinte anos, quando ainda era inconsequente e irresponsável.

Agora fica a pergunta: por que considero "Ulysses" uma das maiores, senão a maior obra-prima de todos os tempos da literatura? Primeiramente, a revolução que Joyce produziu com o seu livro no mundo da escrita. Seu texto, totalmente surreal e aparentemente sem um nexo principal, nunca tinha sido feito antes. Segundo, as várias e várias formas de linguagem que ele destila em seu livro, tais como: trocadilhos, neologismos e jogos de palavras. Terceiro, a quantidade de citações e referências históricas e literárias, tornando o livro sofisticado e ao mesmo tempo mais complicado ainda. Quarto, a descrição de certos aspectos fisiológicos do ser humano, o que levou o livro a ser proibido em alguns países. Ele, com seu linguajar despojado e não economizando palavrões, antecipa D.H. Lawrence e seu "Lady Chatterley" em alguns anos. Quinto, e o que mais me fascinou, foi o seu extraordinário tato para o humor. Em algumas partes, você simplesmente tem que gargalhar por um bom tempo. "Ulysses" foi o livro que mais me fez rir, com certeza.

Em meio a tantos adjetivos, alguns podem reclamar que a obra seja demasiada longa, truncada e complexa. Ainda mais a versão que li, traduzida por Houaiss, em 66. Tendo-se paciência, tempo e calma, a leitura deste livro torna-se agradabilíssima. E de quebra, tem-se a chance de se ler um dos livros mais revolucionários, engraçados e bem-escritos de todos os tempos. James Joyce e seu "Ulysses" foram um marco não só para o Modernismo em voga na época, mas para a história da literatura em geral. Fica parecendo que tudo o que era possível se fazer numa obra de arte, Joyce o conseguiu, quebrando todas as barreiras do possível para a literatura.
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Luiz 08/02/2013

James Joyce e o tempo sem pressa
É bom ter tempo de sobra para longas leituras de Ulysses.

Tardes a fio, passo na companhia desses personagens de vida comum, transcorrida segundo a segundo, de forma solitária, triste, mas cordial.

Alterno a leitura do original com a tradução mastigada da professora Bernardina da Silveira Pinheiro e outra mais recente, publicada no ano passado pelo jovem Caetano Galindo.

A tradução do Houaiss também está à mão. Mas dessa vez ainda não a abri. Pra falar a verdade, aquele tijolo sempre me aterrorizou. Saltava aos olhos quando eu entrava na biblioteca do meu pai. Tinha uma aparência de cara fechada como se avisasse: “Mantenha-se ao largo”. (O original sempre me pareceu mais leve.)

Na internet, tem amplo material para desatar os nós que o autor amarrou no texto. Tudo disponível com alguns cliques. No entanto muitas vezes opto por não interromper a leitura.

Quando Dedalus caminha com suas botas pela praia de Dublin (como Caetano vagando de tênis pelas areias de Botafogo), deixando o pensamento solto, refletindo sobre a história da Irlanda e o conhecimento do mundo, o texto torna-se árido, fugidio, esparso. (Creio que é nessa hora que a maioria das pessoas desiste de Ulysses – desiludidas com um texto pouco factual, fora das regras de causa e efeito das novelas de televisão.)

Como não quero ser especialista na história de Irlanda nem nas engrenagens da Máquina do Mundo, simplesmente deixo a narrativa correr. Me ligo no ritmo e nas belas imagens tecidas minuciosamente.

O cachorro correndo na areia é epifania pura, veja ensaio em aqui.

Nesse trecho, a tradução de Galindo supera a de Bernardina, que optou por destrinchar o texto pros nossos leitores de TV. De mais a mais, o texto original é inalcançável pelas traduções.

Provocador, Joyce não deixa de lembrar em Ulysses que o idioma foi imposto à Irlanda a ferro e fogo. Mesmo assim, a língua inglesa é a musa da obra. Ao longo dos três capítulos do livro, Joyce parece querer desvendar cada segredo, desvão, da língua de Sheakspeare e pretende usá-la como ponto de apoio para alavancar o mundo.

Amar apaixonadamente a língua do colonizador não deixa de ser uma forma de subversão. Atitude sheakspeareana, sem dúvida. (Assistindo a Brasil X Inglaterra, me surgiu um enlace com o fato de termos nos apropriado do jogo bretão e nos tornando seu mestre.)

Hoje à tarde, depois que os meninos saírem pra escola, vou começar a ler o capítulo II, quando Leopold Bloom inicia o dia preparando o chá da manhã de sua esposa Molly. Depois, bonachão, senta-se na latrina, e abre o jornal sobre os joelhos nus. Num canto escondido do jornal, Mr. Bloom encontra um conto que o próprio Joyce teria escrito na juventude.

"A vida devia ser assim. Nada o agitava nem o emocionava mas era alguma coisa rápida e limpa. Continuou a ler sentado calmamente sobre o próprio cheiro que se elevava" (traduçãozinha minha).

Como diz o professor Declan Kiberd, em Ulysses and Us: "trata-se de uma experiência original de como pensar, de como viver, ler, aprender e...
...morrer.
Maria tereza 18/01/2017minha estante
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Janaina 15/07/2017minha estante
Muito boa sua resenha. Estou lendo Ulysses na tradução de Caetano Galindo. Assim como você, procuro não ficar interrompendo muito a leitura em busca de todos os significados. Comprei o guia de Caetano Galindo para entender a obra, mas, depois de lidas algumas páginas, resolvi deixá-lo para um momento posterior.




Bruno Pinto 05/12/2012

Um livro para ser estudado, não lido
Imagine que hoje, no Brasil, se escreva um livro que fale sobre a existência humana em geral (psicologia, história, política, ciência, arte, tudo misturado...) citando a todo momento a história do nosso país (colonização, cana, ouro, café, independência, república, ditadura...) mas sem dar explicações de que períodos foram estes. Imagine que daqui 100 anos um Irlandês pegue este livro e leia. Não fará nenhum sentido para ele. Da mesma forma Ulisses me foi totalmente obscuro.
Não que os temas não sejam relevantes, que a narrativa de um dia em 900 páginas não seja interessante, mas o fato que o livro só é compreensível a quem tenha conhecimento razoável da história da Irlanda e de mais alguns clássicos da literatura do fundo do porão.
Mesmo acompanhando as notas da tradutora (o que já é um saco) tinha horas que me perguntava "por que estou lendo isso?". Desisti. Cem páginas foram suficientes, obrigado, mas não é pra mim.
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Purkotte 18/11/2012

Mais um vencedor
♫Agora fiquei doce, doce, doce, doce
passei e não estava de Ulisses aberto♫


Finalmente e infelizmente depois de mais de um mês dedicado a esta famigerada obra de James Joyce terminei a leitura do livro, me sinto bem por ter lido e triste por depois de tanto tempo juntos a história ter acabado.

Eu tenho a versão da Alfaguara traduzida pela Bernardina, diz ela no prefácio ter tentado fazer uma tradução mais fluída do texto, um bom trabalho ela deve ter feito afinal dedicada ao autor ela é, tanto que é pós-graduada ou doutorada em James Joyce, ou coisa que o valha, mas pretendo no futuro ler a tradução do Houaiss que tão criticada pelos leitores e tão bem aceita pela critica pelo que pude perceber, e quem sabe num futuro ainda mais distante encarar o original, assim vou saber o que perdi, se perdi e o que posso sair ganhando, mas posso afirmar que comecei com o pé direito, a leitura apesar de confusa em muitos momentos é até pratica e o tão temido fluxo de pensamento foi bem tranquilo, muito mais que o capítulo que me inseriu nesse estilo em o O Som e a Fúria de Faulkner.



O livro é muito temido pela grande quantidade de estilos literários que ele usa, e talvez a comparação imediata com a Odisséia de Homero só piore as coisas, pois normalmente as pessoas querem ver e compreeender aquilo que estão vendo, a sociedade não gosta de nada que seja muito diferente do usual, por isso vivemos como vivemos a tantos e tantos anos e sem a menor previsão de qualuqer mudança, talvez a última grande mudança tenha sido essa, a inserção do modernismo, comparando os estilos anteriores com esse dá para criar uma costura envolvente que nos une as artes de outras épocas, além dessa que já dura mais de 100 anos não me lembro de outra, mas não sou tão sabido e dedicado para afirmar algo assim.

O estilo dos estilos de Joyce naminha opinião visa o âmago, equivalente ao nada onde tudo acontece, essa liberdade não deve ser compreendida de imediato, apenas tolerada se for identificada, isso extrapola o habitual e cria um mundo tão livre e autosuficiente que podemos considerar a grande revolução, e isso não é algo que está sob o controle de ninguém, nem mesmo de Joyce, é a capacidade natural das palavras e de toda a estrutura natural da Terra, quando nós compreendermos a força disso nossa evolução como seres humanos pode extrapolar o infinito, mesmo sem sairmos do lugar.

Uma dica muito boa para digerir a obra é ler cerca de 10 páginas por vez, ou 5 nos capítulos com paragrafos mais extensos, eu como estava desempregado conseguia parar e retomar várias vezes ao dia, e dei uma acelerada no fim para não me comprometer com algo desse nível apartir de amanhã quando estarei mais atarefado, mas fica aí a dica, e outra dica é não ficar relendo o que não for compreendido, é melhor na minha opinião passar por cima e mais para frente a compreensão pode vir por si sem a necessidade de uma cansativa e desentusiasmante releitura. Uma coisa engraçada é que eu compreendi muito mais O Som e a Fúria lendo Ulisses, isso também pode acontecer com você, então tenha paciência, se dê o tempo que achar necessário se deseja embarcar nessa aventura.

Quanto a história, o livro é dividido em 18 capítulos, cada um sugerindo um tema e estilo diferente, os dois personagens principais são Stephen Dedalus e Leopold Bloom, tirando eles tem diversos outros que podem ou não reaparecer, então não é preciso se apegar a eles, apenas a situação imposta em cada capítulo, que apesar de tudo representar um único na vida de um homem a ligação do eventos não é segmentada própriamente, outro motivo de não se prender com tanta convicção as releturas imediatas, o que você não compreendeu num capítulo não vai necessariamente ser usado no próximo. Mas claro, quanto mais se absorver dos textos melhor.

A Odisséia de Homero que inspirou Joyce a escrever Ulisses traça as aventuras de Odisseu retornando para Ítaca, na saga original isso leva 10 anos para se concretizar, em Ulisses todos os acontecimentos na vida de Leopold Bloom se referem a apenas um único dia na vida de um homem, o que é muito interessante e outro aprendizado importante, o livro tem quase 1000 páginas, a história é puramente "intelectual" vou assim dizer, não foi descrita uma guerra em minúcias por exemplo, e ainda assim, superficialmente falando, é possível que haja tanto para se descrever de apenas um dia? sim, com certeza na vida de cada um de nós é possível acontecer muito mais que isso, mas mais uma vez o que nós fazemos? consideramos válidos apenas os grandes acontecimentos, nada mais importa, só que quando ocorre esse grande e esperado evento não estamos desenvolvidos o suficiente e acabamos não apreciando em sua plenitude, o que acaba gerando diversos conflitos pessoais e sociais ao longo do tempo. Joyce não está sendo exclusivo nessa descrição de apenas um dia perante acontecimentos banais do dia na vida de um homem, mas! mesmo com tanto a fazer e ser dito nós continuamos apenas considerando nossas vidas como um erro, uma falha existencial, um vazio incompreendido.

Então, eu ainda pretendo ler a Odisséia de Homero e reler outras versões de Ulisses como disse lá no início, é uma obra interessante, mais curiosa que divertida na minha opinião, me ajudou a perceber a literatura de outra forma e gostar dessa introspecção ainda mais, gostaria de ser mais detalhista na minha resenha mas amanhã tenho que trabalhar e estou muito entusiasmado para compartilhar minha experiência, então é isso aí, e se achar necessário farei adendos no meu comentário, até pelo fato que o livro acabou mas suas idéias permanecem em minha cabeça e vou digerir isso pelo resto da vida.

Esse livro me ajudou um pouco na última entrevista, um livro desse realmente parece para poucos, o que não acho o caso, mas... já que foi assim quem sabe eu consiga ir mais longe, conquistar uma gatinha falando que li Ulisses, ou, quando os baladeiros estiverem se vangloriando de ter pego 20 petecas no show eu digo - Eu li Ulisses - hahaha cada um tem o orgulho que pode esse é um dos meus.
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Kayo 30/09/2012

1-único-dia-longo-demais-pra-mim ! + retomarei porque essas'transliterações' são fascinantes! E procurei por esse livro 1ns 20 anos!!!
..."Espera. As moléculas todas mudam...\eu sou outro-eu agora...ZumZum.
Mas eu, enteléquia, forma das formas, sou eu de memória porque sob
formas sempercambiantes..."
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Fabio Shiva 27/09/2012

só para loucos
1) Hoje é um dia especial: terminei de ler “Ulisses”!!! Viva viva!!! Que dizer desse livro que eu achei chatíssimo até a metade (por volta da página 400), para então começar a gostar mais e mais e terminar achando uma obra linda, genial e muuuito louca???
2) Para escapar de fazer uma resenha interminável, me proponho o desafio de escrever somente dezoito tópicos, um para cada capítulo do livro, cada qual correspondendo a um episódio da “Odisseia” de Homero (Ulisses é o nome latino para Odisseu, originado na palavra grega para “guardar ressentimento”).
3) Nessa obra Joyce se propõe a atingir o mais alto anseio da literatura, que é expressar no romance a totalidade da vida. Mas a complexidade cada vez maior da vida moderna (início do século XX) só pode ser retratada de fato caso o romance se reinvente, extrapole os limites, transcenda as barreiras. E é bem isso o que “Ulisses” faz.
4) A história toda acontece em um único dia, que traz Leopold Bloom (Ulisses) em suas peregrinações pela cidade de Dublin. Stephen Dedalus, o jovem artista, é Telêmaco, e Molly Bloom, a esposa adúltera, é Penélope.
5) Cada um dos dezoito capítulos é escrito em um estilo único e totalmente diferente dos demais. São quase dezoito obras diferentes aglutinadas no mesmo livro.
6) Coisa surpreendente: “Ulisses” tem algumas partes muito engraçadas! Rachei o bico de dar risada em várias cenas, com destaque para o invento da obramaravilha, uma espécie de apito (que deve ser introduzido pela ponta redonda) para descongestionar os gases intestinais de cavalheiros e damas constipados. A suprema invenção do século XX!
7) Outra constatação surpreendente: a obra é realmente revolucionária e genial, mas creio que alcançou tamanha repercussão mesmo foi pelo tanto de putaria: como tem sacanagem nesse Ulisses! Não causa surpresa o livro ter ficado proibido durante 11 anos nos Estados Unidos.
8) E aí é que está a fórmula explosiva: uma linguagem inovadora, uma estrutura intelectualmente desafiadora e, de quebra, a transgressão dos valores morais vigentes, nas muitas referências explícitas e até grosseiras ao sexo.
9) O que leva à reflexão: a literatura parece ter perdido a capacidade de chocar. Não dá para imaginar um livro hoje sendo proibido por ofender “a moral e os bons costumes”. Vitória da liberdade de expressão ou sinal de decadência da civilização? Você decide.
10) O que leva ao questionamento: por que hoje em dia não temos escritores como James Joyce? Corajosos, inventivos, audaciosamente indo onde a literatura jamais esteve? Os escritores do século XX parecem muito mais “avançados” que os atuais. Será que tudo já foi inventado e nada mais resta por inovar? O futuro dirá.
11) Dizem que por conta de suas invenções linguísticas “Ulisses” é mais fácil de ler no original que traduzido. A edição que li foi com a tradução pioneira de Antonio Houaiss. Bem, só posso dizer que não concebo o texto em inglês sendo mais difícil de ler que essa tradução abençoada do Houaiss!!! Parece que o tradutor quis dar conta de todas as possibilidades semânticas, e o resultado foi que o texto em português ficou bem mais erudito e intelectualizado que o original (é o que comentam pela internet). Sorte de quem for ler o livro agora, que já estão disponíveis duas outras traduções em português, e mais focadas na linguagem cotidiana.
12) Uma das partes que mais gostei é o capítulo que corresponde ao palácio de Circe, quando Bloom e o jovem Dedalus visitam um bordel pra lá de animado. O estilo da narrativa é o de uma peça de teatro onde o autor e todos os personagens ingeriram doses maciças de LSD. Lisergia pura!
13) Outro trecho marcante é o capítulo final, com o monólogo da senhora Bloom. São 50 páginas sem uma única vírgula ou ponto, na mais contundente expressão literária do “fluxo de consciência”, com a representação do fluir incessante dos pensamentos do personagem. Podemos dizer que Saramago, em comparação, foi até bem conservador ao inventar o seu estilo próprio de escrever... E Joyce, de brinde, ainda criou uma das mais marcantes figuras femininas da literatura: Molly Bloom.
14) Tudo considerado, apesar de “Ulisses” ser considerada uma obra de estrutura matematicamente perfeita, penso que o livro seria mais gostoso de ler se tivesse a metade das páginas, ou mesmo um terço.
15) Mais fácil de ler, sim, mas não necessariamente melhor. Entendo a proposta do livro, que exige tantas páginas de elucubrações sem fim. No mundo atual, que prioriza a velocidade e multiplicidade de informações, é provável que cada vez menos pessoas se interessem em ler “Ulisses”.
16) Desde o capítulo do bordel, uma ideia louca ficou martelando minha mente: imagine como seria esse livro transformado em filme! Impensável! Impossível! Ainda assim, creio que o David Lynch estivesse à altura da tarefa.
17) Comecei a ler “Ulisses” pela primeira vez há mais de dez anos, e acabei desistindo por volta da página 100. Mas fucei o “Roteiro-chave” que vem no final do livro, e hoje percebo o tamanho dessa influência em minha própria criação literária. Essa estrutura foi um eco distante na composição das letras da ópera-rock VIDA (gravada pela banda Imago Mortis), e teve uma força maior, ainda que mais distante ainda, na estrutura de meu romance “O Sincronicídio”. Que bom perceber isso hoje!
18) Não é fácil ler “Ulisses”, mas o esforço vale a pena – dependendo da motivação do leitor. Para mim, foi como galgar um Everest literário: veni vidi vici!!!


***///***

diário de bordo

Resolvi fazer essa resenha aos poucos, ao longo do caminho, como um diário de bordo. Pois a viagem é longa e cheia de aventuras.

Amostra grátis

Para quem nunca leu e nem pretende ler o “Ulisses” de James Joyce, separo esse trecho para dar um gostinho da leitura. É justamente o parágrafo que acabo de ler agora:

“Inelutável modalidade do visível: pelo menos isso se não mais, pensado através dos meus olhos. Assinaturas de todas as coisas estou aqui para ler, marissêmen e maribodelha, a maré montante, estas botinas carcomidas. Verdemuco, azulargênteo, carcoma: signos coloridos. Limites do diáfano. Mas ele acrescenta: nos corpos. Então ele se compenetrava deles corpos antes deles coloridos. Como? Batendo com sua cachola contra eles, com os diabos. Devagar. Calvo ele era e milionário, maestro di color che sanno. Limite do diáfano em. Por quê em? Diáfano, adiáfano. Se se pode pôr os cinco dedos através, é porque é uma grade, se não uma porta. Fecha os olhos e vê.”

A tradução é de Antonio Houaiss.

Estou na página 42. Faltam só 811.

(22.02.11)

Comecei a ler esse livro há mais de um ano. Até o mês passado, devagar e quase nunca fui chegando até a página 50 e poucos. Agora em menos de um mês li umas duzentas páginas!

Primeiro ponto: demorei mais para ler não pela leitura em si, mas por minha disposição interna. Sempre colocava outra leitura na frente. Mas o fato do livro ser grande e pesado soma-se ao desafio intelectual proporcionado pelo texto, enfim, não resta dúvida de que ninguém mentiu ao afirmar que essa não era uma leitura fácil.

Mas em meados de junho resolvi tomar vergonha na cara e ler o Ulisses de verdade. O tempo todo é uma leitura tensa e intensa. A ideia do fluxo da consciência, de registrar na minúcia cada pensamento dos personagens, de forma fragmentária como são os pensamentos... dificilmente alguém poderá mergulhar tão fundo de novo. Embora Virginia Woolf com sua Mrs Dalloway tenha ao menos a vantagem de ter usado muito menos papel.

Joyce é magistral e exasperador. Fui conferir agora: estou exatamente na página 273.

Uma coisa dá para dizer: é uma leitura muito pessoal. Então vou falar de mim.

Entendo agora um pouco melhor o porquê do estudioso Edwin Muir ter chamado o Ulisses de um fracasso genial, e também entendo mais a admiração de Anthony Burgess (autor de Laranja Mecânica entre outros igualmente bons e totalmente diferentes).

Em algumas partes consegui surfar melhor na onda de Joyce, especialmente ao acompanhar as divagações, suspeitas, julgamentos, repressões e hábitos secretos do senhor Bloom. Uma experiência muito interessante, realmente.

Mas tem outros momentos, camaradas! que dá vontade de atirar o livro pela janela. A imagem mais próxima que encontro para descrever essa sensação é ficar o tempo todo tentando enxergar por cima do ombro dos outros algo que só se mostra de relance, é uma maçaroca de informação tão doida que até faz sentido agora que estou escrevendo essa resenha parcial, mas que na hora de ler foi penoso...

Por isso é que eu mesmo me espanto comigo ao pensar que ainda desejo ardentemente ler Retrato do Artista Quando Jovem, que tenho na versão original, depois que terminar Ulisses!

Adiante!

(12/07/12)

Aproveito para convidar você a conhecer o meu livro, O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI

Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/

Venha conhecer também a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
.
http://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com.br/
*
http://www.facebook.com/groups/210356992365271/
*
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
*
Joao 20/03/2011minha estante
Colocando uma parte do monólogo do Stephen (uma das partes mais complexas, pra mim), você assusta até quem já leu o livro...hehehe.


Fabio Shiva 20/03/2011minha estante
rarara! Valeu pelas palavras amigo João! Na verdade eu mesmo fiquei assustado rarara!!! Espero prosseguir com a leitura e selecionar trechos mais inspiradores!!!


Marta Skoober 16/06/2012minha estante
Fabio, já venceu o Ulisses?


Fabio Shiva 16/06/2012minha estante
Marta valeu pela lembrança hem!!!
Ainda estou na página 60 e pouco!
Na verdade relendo até aqui, comecei a ler mais de 10 anos atrás e parei, agora volto a ler em ritmo de tartaruga baiana na hora da sesta rararara!
Mas estou gostando da leitura, sério!
A parte do Stephen preparando o rim frito é muito vívida! E antes disso, uma insólita masturbação na praia! "Antes da queda, Adão trepava mas não gozava." Vou voltar a ler hoje mesmo! Valeu!!!


Celsol 05/08/2012minha estante
Shiva, nome de mestre hindu, estou na página 100 do Ulisses, depois do enterro no Jornal...Preciso aprender como é que se publica uma resenha neste site aqui, estou tateando e não encontro. Mestre Shiva, me revele o segredo!O máximo que consegui foi comentar a resenha alheia...Gracias, Celsol.


Fabio Shiva 05/08/2012minha estante
Olá caro Celsol! Que alegria encontrar aqui outro aventureiro do Ulisses! Vamos lá, amigo, para postar resenhas é bem simples, mas primeiro você precisa adicionar o livro à sua estante, escolhendo uma das opções (lido, lendo, relendo etc), depois que adicionar o livro, tem um ícone que é "ver o livro em minha estante", daí aparece a capa do livro à esquerda e à direita tem o link para fazer a resenha, ok! Qualquer dúvida é só falar!!! abração


Janaina 01/08/2017minha estante
Já li 80% do livro e acredito que estou trilhando um caminho parecido com o seu. No início achei bem cansativo e confuso, mas de repente as coisas começam a fazer sentido e você entende o porquê da obra ser tão exaltada em todo o mundo. Que livro fantástico!


Fabio Shiva 02/08/2017minha estante
Oi Janaína! Valeu por seu comentário, tive a oportunidade de lembrar um pouco dessa fabulosa obra! E também de perceber que o tempo passou e ainda não li o Retrato de um Artista quando jovem... vamos a ele!!!


Regina 04/10/2017minha estante
Fabio Shiva, resenha estimulante para quem resolve, de uma vez por todas, empreender a viagem atrás do Ulysses.Desta feita leio a tradução do Caetano Galindo. E sigo decidida, que já estou atrasada. Agradeço e vou guardar suas conclusões. Espero um dia trazer as minhas, se não conclusões, pelo menos indagações...




Fábio 04/09/2012

Lero-lero lero-lero lero-lero
Menos que imaginara, mais que esperara. (JOYCE, p.734)

Ulisses de James Joyce dispensa apresentações, pode ser que não seja uns dos livros mais lidos, porém, com certeza, é uns dos livros mais comentados quando se trata de literatura mundial. A maior parte da história acontece nas ruas de Dublin ou na mente de algum personagem, o pensamento é um grande cenário, seja um simples olhar para o passado: analepse (flashback) ou uma alguma ponderação de algo que poderá acontecer: prolepse (flashforward), a obra não se arrefece. Estilo e história se amalgamam.

Destarte, muitas frases do texto está em anacoluto (quebra de frase), o leitor viaja junto com o pensamento do personagem, o fluxo de consciência, muito bem aplicado por Joyce, deixa-nos extasiados, uma vez que os limites tênues da consciência e da inconsciência se rompem a cada momento. Uma simples descrição do dia se torna algo especial, quimérico e excêntrico. As conversas entre os personagens são intercaladas com pensamentos, ademais não se pode deixar de ressaltar a exuberância desta obra no que tange a maneira de escrever, porquanto que cada capítulo muda-se de estilo, deixando assim mais singular este livro a cada página lida.

Com uma arquitetura insólita no estilo, nas palavras, a engenharia montada por Joyce com as palavras é digno de um grande inventor e gênio, usando as letras como matéria-prima, monta-se e se desmonta: palavras, frases, operações sintáticas, semânticas, em resumo, uma linguagem extasiante. Para mostrar o homem simples da modernidade, representado por Leopold Bloom.

Com esta nova roupagem, o autor transforma Bloom (homem andrógino) em todos os homens (e mulheres), criando uma epopeia, como se observa pelo título do livro. Este representa apenas um dia, 16 de junho de 1904 (se tornando, após alguns anos da publicação do livro, o famigerado Bloomsday), aproximando-se de Homero em Odisseia os dez anos de acontecimento, todavia em Ulisses acontece em apenas um único dia, isto é: o personagem se digladia, se apaixona, ele trai, ele é traído, pessoas nascem, pessoas morrem, enfim, quando mais nos aprofundamos das páginas, mais o senhor Bloom se torna universal, se torna você, seu amigo, seu irmão, um indivíduo que você já conheceu.

A polifonia estética do livro não o deixa ininteligível, impossível, pelo contrário é uma leitura agradável, ao primeiro momento complexa, mas ao decorrer do livro, e o livro permite isso, consegue-se perder o medo e torna-se uma leitura prazerosa, vale lembrar que este livro é de um humor ímpar. Um boato pertinente se diz que a mulher do Joyce o ouvia constantemente rindo sozinho enquanto escrevia. Todavia não se pode esquecer do tão comovente Ulisses é narrado, algumas partes, inclusive, muito melancólica.

suuublime. Biscoitando lemos e lemos. Pensarmuito precisa. Remelentas palavras invadem nosso vocabulário dia após dia e dia e também noite Páginas pesadas grande sabedoria difícil leitura mas quem disse que a vida é fácil e também difícil não pode ser pra quem tem vontade eu acordo cedo todo dia e leio e depois eu gosto de Joyce ele escreve bem talvez não tinha muita caneta no tempo dele gosto de caneta preta pois destaca mais na folha branca li e gostei desteamadoeodiado livro.


JOYCE, J. Ulisses. Tradução: Antônio Houaiss. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1966. 846 p.
Gláucia 04/09/2012minha estante
Nossa, vou dar crtl-c crtl-v nessa resenha sempre que alguém quiser saber algo a respeito desse colosso de livro.
Uma questã: demora para a leitura deixar de parecer tão complexa e passar a ser totalmente inteligível?


Thiago.Furghestti 08/08/2013minha estante
Muito boa a sua resenha Fábio, parabéns! Pretendo em breve me aventurar nesse labirinto.




Mônica 31/08/2012

Para intelectualoides
Um saaaaaaco. Chato até nao mais poder. Definitivamente, nao e a melhor obra de Joyce.
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Gabi 18/08/2012

Por que Ulisses?
Odisseu para os gregos. Personagens principais: Leopold Bloom (Ulisses) – “olhar de peixe morto”; Stephen Dedalus e Marion Bloom (Molly).

A professora Bernadina foi feliz em sua tradução. A explicação eficaz na introdução foi essencial. A leitura flui. O livro não é tão carregado e, por incrível que pareça, há partes engraçadas. Joyce, o dia 16 de junho de 1904, em Dublin e sete anos para escrever essa longa história. É o número da perfeição, porém não para essa obra, na minha humilde opinião. Apesar dos esforços da tradutora, o livro é enfadonho! Seus personagens masculinos ridicularizam as mulheres. São simples objetos para os anseios masculinos. São prostitutas e manipuláveis. São burras! Possuem apenas o corpo e são desprovidas de massa cinzenta. “A carne que sempre diz sim”. A Irlanda com certeza é parte do machismo que infelizmente persiste na sociedade atual. O capítulo 15 é deprimente! Repugnante! Faz sentido as dificuldades na publicação.

O livro possui partes nojentas: “Comer as próprias caspas do couro cabeludo”. “Vômito amoracolorido”. “beija as escaras de um veterato paralítico”. É pesado: “... ainda resta em você algum senso de decência ou dignidade (?)”. Frases para guardar: “Ora, vejam a vida privada do homem! Levando uma existência quádrupla! Anjo da rua e demônio em casa”. “Que afinadades especiais lhe pareceram existir entre a lua e mulher?”

Partes interessantes no livro: Parodiar a Odisseia de Homero e o capítulo 13: a pobre Gertrude MarcDowell, a Gerty e seu sonho de amor.
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Celsol 07/08/2012

FICHA DE LEITURA DO LIVRO ULISSES DE JAMES JOYCE
Em plena olimpíada de Londres de 2012 consegui bater o meu próprio recorde, acabo de galgar a leitura da centésima página do livro Ulisses de James Joyce, após várias tentativas abortadas desta travessia. Desde que comprei o volume da 7ª edição, em meados da década de 1990, com a clássica tradução de Antônio Houaiss, a cada novo quinqüênio voltava a testar a minha capacidade de abstração na leitura com obstáculos da obra prima de Joyce. Diz uma lenda difundida na internet que ninguém conseguiu ler de fato todo o livro, seja como for, os relatos de desistências definitivas e de reincidentes abandonos, como o meu caso, são numerosos.
O principal obstáculo é que, dizem, sequer há uma história sendo contada, e o texto é desenvolvido por narradores diferentes, sem linearidade, que mudam de repente e não se sabe quem está falando pra quem, e seguidamente nem se fica sabendo que assunto está sendo tratado durante várias páginas. Exige, portanto, que o leitor seja um atleta literário com fôlego para se manter por longo tempo surfando sobre os fluxos e refluxos das palavras do autor, muitas inventadas pelo próprio e reinventadas pelo tradutor.
Desta vez, porém, creio ter atingido a maturidade intelectual suficiente para segurar a onda por toda a travessia, não como uma árdua leitura, e sim com a alegria de um esportista que sente prazer em praticar o esporte de leitura literária: ler por puro lazer, com paciência de discípulo budista. Mas, confesso que a coisa já não ia bem no final da primeira parte, eu começava a esmorecer lá pela página 42, como prenúncio de um novo naufrágio. Então comecei a praticar o método de leitura em voz alta, interpretando com entonações orais as frases e soletrando as palavras agrupadas com neologismos. A partir daí sim, ganhei um novo fôlego e atingi o inédito marco lido de um quinto do livro. Estou, pois, otimista que desta vez vou conquistar a medalha de ouro ao chegar até a última frase do clássico dos clássicos moderno...Uau!, que susto: Fui espiar agora qual era a última frase do livro, para transcrever aqui como a “linha de chegada”, e voltei a levar medo da empreitada ao descobrir que a última frase, a rigor, se estende por 33 páginas, sem vírgulas e sem pontos. A reta de chegada parece ficar numa montanha íngreme de difícil alpinismo até para a leitura em voz alta. Espero que durante a longa maratona o leitor amador vá aprendendo a dominar as armadilhas do universo joyceano, ficando apto para a escalada da leitura final até o recebimento da bandeirada de conquista do seu Olimpo.
Todavia, para não perder o foco da linha de chegada na longínqua última página do livro, decidi adotar o didático procedimento de fazer um “Ficha de leitura do livro Ulisses de James Joyce”, para me garantir que estou acompanhando os malucos fluxos psicológicos de Joyce, que em Ulisses são verdadeiros “fluxos alucinógenos”. Toda atenção é pouca, por isso vou ir cravando referências pela quilometragem do caminho, de modo que possa sempre recapitular quem é quem e por onde andaram e andam, pelo menos os personagens que eu identificar como sendo os principais do enredo sem trama, ou do drama sem enredo.
O livro é constituído de três partes. Na primeira parte, que é um trecho curto de 45 páginas, aparecem os personagens Buck Mulligan e Stephen Dedalus (que é professor e cujo apelido é Kinch) às voltas com o café da manhã na “torre” onde moram em Dublin na Irlanda, com a visita de Haines, um amigo deles. Até que saem caminhando pelas ruas e cada um toma o seu rumo.
A narração segue Stephen dando aula e registra a intervenção de vários alunos... Depois Stephen vai conversar com o diretor da escola, o Sr. Deasy, e divagam... Daí Stephen vai até a casa do seu titio Richie com a presença do primo Walter que entra em devaneios de fluxos psicológicos da página 34 até a 42, no final da primeira parte do livro.
Na PARTE II, a narração segue Leopoldo Bloom. Inicialmente o Sr. Bloom e o sua gata... Depois o Sr. Bloom vai até o armazém caminhando pelas ruas, onde fica sabendo por M’Coy da morte de Paddy Dignam...(entram em cena ou são citadas a esposa do Sr. Bloom, Marion Bloom, e a filha, Milly Bloom)...
Segue com o Sr. Bloom que está se arrumando para ir no enterro de seu amigo Dignam...depois vai caminhando por vária ruas, encontra e conversa com alguns conhecidos, entra na carruagem do féretro até o cemitério (pg 68), juntamente com Dedalus Stephen ( pai de Stephen), quando se fica sabendo que o Sr. Bloom é o tio de Mulligan...Na andar da carruagem ocorrem longos diálogos com Hynes, Power e Marin Guningham...Acompanham o enterro de Dignam no cemitério...(pg 90).
A partir da página 90 até a 115, há vários trechos curtos com títulos anunciando o tema desenvolvido a seguir, ambientado com o Sr. Bloom no Jornal onde trabalha com Hynes, Power, Marin Guningham e Dedalus Stephen...O Sr. Bloom sai do “Jornal Telegraph” para agenciar um anúncio de um cliente no periódico, enquanto os outros continuam jogando conversa fora; depois ele retorna e vão todos, novamente caminhando pelas ruas, se embriagar no bar Mooney... Em Dublin, no Bloomsday (16 de junho) os fãs da obra refazem o percurso dos personagens Stephen Dedalus e Leopold Bloom pelas ruas da cidade conforme descritas por Joyce.
Encerro aqui esta primeira parte da minha “Ficha de leitura do livro Ulisses de James Joyce”, ficha que passa a servir de apoio logístico para o restante da jornada de mais de quatrocentas páginas com letras miúdas que ainda faltam. Mas, a estas alturas, começo a sentir firmeza na minha jornada pela epopéia do Ulisses, pois já estou dando boas risadas com o peculiar senso de humor do Joyce, com coisas do tipo: “não há limites para o gosto. Gostaria de saber como é carne de cisne. Robson Crusoé teve de viver à custa deles./ Mas então por que é que peixe de água salgada não é salgado?/Todas as espécies de lugar são boas para anúncios. Aquele doutor charlatão de esquentamento costumava colar o seu em todos os mijatórios...à escondidas, correndo para dar uma mijada...Não colocar cartazes. Vão botar MERDAZES./ Foi um freira dizque que inventou o arame farpado./Preste atenção nele – disse o senhor Bloom – anda sempre do lado de fora dos postes. Olhe!/ Pobre senhora Purefoy! Marido metodista. Método na sua loucura. Presentei-a com um rebento cada ano...Pobrezinha! E ter de dar os peitos ano após ano toda hora da noite./ Diante do enorme portão da casa do Parlamento irlandês uma revoada de pombos voava depois de comerem. Quem é o que vamos premiar? Eu escolho o sujeito de preto. Aí vai. Deve ser emocionante fazer lá do alto./ Desde que dei de comer às aves faz cinco minutos. Trezentos bateram com o cu na cerca./Empilhados em cidades, gastados, geração após geração./Nem um é um algo./ Vindos do vegetariano. Somente legumovonada e fruta. Não comem bifisteque. Se o fizeres os olhos da vaca te perseguirão por toda a eternidade... Faz o sujeito passar a noite sentado no trono./ Eu era mais feliz então. Ou era aquele eu? Ou sou eu agora eu?/ Oferece um gole uma vez ou outra. Mas em ano bissexto.”
Espero concluir a leitura do livro Ulisses de James Joyce antes da próxima olimpíada, que será realizada em 2016 no Brasil, quando com a medalha de ouro do Ulisses no meu peito, quero estar conquistando a leitura de Rayuela de Julio Cortázar, em espanhol, livro que igualmente está pendente com várias tentativas e desistências há quase vinte anos.

Meu blog: http://celsol-diariodeumaposentando.blogspot.com.br/
Celso Afonso Lima
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