Tempo é Dinheiro

Tempo é Dinheiro Lionel Shriver




Resenhas - Tempo é Dinheiro


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Nana 31/05/2012

Honesto e perturbador!
Shep é um homem bom que sempre trabalhou duro, sustentou a família e abriu mão de gastos desnecessários em busca de guardar o máximo de dinheiro que pudesse para realizar o seu grande sonho que era viver uma "outra vida". Sonhava em mudar-se com a família para um outro país, em um local tranquilo, com custo de vida barato, onde seu pé de meia daria para mantê-los para sempre, sem compromisso com trabalho e sem a loucura do dia a dia de Nova York.
Adiou por vários anos a decisão de partir, por um motivo ou outro e sempre esperando que sua esposa estivesse pronta para a mudança. Mas quando resolveu que desta vez iria viajar, com ou sem ela, recebeu a notícia que Glynis, sua esposa, estava com câncer e precisava do seu seguro saúde para o tratamento.

O livro é muito realista. Os personagens são bem desenvolvidos e marcantes. Esta autora tem o dom de expressar os sentimentos mais profundos do ser humano de uma forma muito franca. Ela relata friamente os conflitos familiares que o dinheiro e a doença podem causar em uma família. Além de mostrar as dificuldades que um doente de câncer passa com a falta de cobertura de exames e tratamentos, mesmo tendo convênio médico.

Um livro incrivelmente honesto, corajoso e sem nenhum sentimentalismo. A verdade nua e crua. Nada mais do que a vida como ela realmente é!

Adorei e o final foi muito bom!! Na minha opinião, com este livro Lionel Shriver voltou a ser aquela autora brilhante que escreveu "Precisamos falar sobre Kevin".
Recomendo a leitura só para quem gosta de uma ficção bem realista!! Não é um livro fácil, é pesado e não vai agradar a maioria.
Cris Castro 04/02/2014minha estante
Nana, concordo com vc, não é um livro fácil. É pesado, denso. Mas é exatamente isso que gosto nela. Esse jeito de escrever que deixa o leitor perturbado. Acho que por isso ainda não consegui ler "Precisamos falar sobre o Kevin". Já comecei umas 3 vezes, mas sempre fico meio deprê e paro... Você já leu?


Pandora 05/03/2015minha estante
Estou lendo "Precisamos falar sobre o Kevin", da para ver que Lionel Shriver é uma autora e tanto, mas ela escolhe ser pesada e difícil em sua escrita. Ah, curtir a resenha!


Fabiana.S 22/10/2018minha estante
É um dos meus favoritos! Amo esse livro do início ao fim... e ri muito com o "Handy mão na rola".




Abduzindolivros 08/03/2022

Quanto vale a vida de uma pessoa?
Naturalmente, não é uma questão fácil de ser respondida, e é por isso que vários pontos de vista são trazidos nesse livro. Foi agoniante acompanhar a ruína tanto das economias do Shepherd Knacker quanto a deterioração do corpo da Glynis, mas o humor ácido compensou.

Adoro a reviravolta no final. Fico feliz por ter tido um final feliz, pelo menos na medida do possível...

Gosto bastante desse livro, é uma história reflexiva e divertida ao mesmo tempo; talvez eu embarque em uma segunda releitura daqui uns anos.
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Ju Furtado 04/09/2012

Terminei de ler o livro ontem e ainda não sei muito bem como escrever sobre ele. Essa autora me causa profunda perturbação a cada livro, a intimidade que ela tem com os sentimentos humanos, e a facilidade com que os coloca no papel já me levaram a duvidar se ela de fato existia. Pois é, ela existe (sorte nossa) e, não tenho dúvidas que terá sua obra muito estudada pelas gerações futuras. Aos meus olhos, é a Clarice Lispector estadunidense. E é uma prova viva de que a literatura ainda tem muita coisa boa a oferecer.

Enfim, resenha é pra falar sobre o livro... Mas o que falar sobre esse livro? Todas as palavras me somem, transbordam os sentimentos. Um livro forte, perturbador. E como se não bastasse ter UMA temática pesadíssima, que é a magistralmente narrada luta de Glynis contra um câncer raro, essa doida dessa Lionel inventa mais "algumas" temáticas fortes: a disautonomia familiar (doença que eu não conhecia e que me deixou arrasada - e fascinada pela franqueza quase cruel de Flicka), as relações familiares (a superficialidade da família de Glynis, a bestialidade de Beryl, a falta de amor próprio de Jackson, a carência de Heather, a opacidade de Amelia, a inexpressividade de Zach, a relutância de Gabe, a frieza de Glynis e a padronização de Shep) e ainda achou espaço para detonar os sistemas de saúde.

É um livro difícil de ser lido. A realidade acompanha o leitor a cada linha e a sensação não é a de se estar lendo, e sim, de se estar vivendo, presenciando essa história. E por isso é um livro dolorido. Não é um romance bonitinho como os que costumam cativar multidões, este é o tipo de livro que cativa os "do contra".

Portanto, não espere finais felizes. Aliás, espere muito pouca felicidade, embora isso não castre da obra belíssimas "cenas" de erotização e romance. Há passagens em que a delicadeza de um gesto torna-se quase palpável.

Como destaque, cito o que menos apreciei num primeiro momento: o título. Demorei a cavar suas diversas interpretações, e tenho para mim que o diálogo derradeiro entre Shep e o Dr. Goldman seja uma das melhores construções literárias já elaboradas. Lionel escreve com uma humanidade que é impossível passar despercebida a quem tem sangue nas veias.
Helder 12/09/2012minha estante
Pelo que vi vc virou fã desta escritora. Só li o Kevin e concordo completamente com o seu comentário sobre as qualidades desta. Mas confesso que os outros titulos da autora lançados no BR não tinham me chamado a atenção. Mas depois de ler sua resenha deste aqui, já o coloquei na minha lista de desejados. Otima resenha.


Ju Furtado 13/09/2012minha estante
Obrigada Helder! Se serve de consolo, os outros títulos lançados no Brasil também não tinham me chamado a atenção. Só depois de ler as obras é que entendi a mágica que Lionel faz com os títulos, todos com múltiplos sentidos (até quando traduzidos!!). Virei fã mesmo, você está corretíssimo! ;)


Leandro 02/04/2013minha estante
Ótima resenha mesmo Ju. Eu tenho o "Precisamos falar sobre o Kevin", porém ainda não o li. Sempre li várias resenhas ótimas referentes à escrita de Lionel. Quero ler com certeza esse livro, depois que li sua resenha então, me deu mais ânimo. rs.. vou te seguir para acompanhar sua estante, pois me interessa esse perfil de leitura. Abraço!


Lica 16/04/2013minha estante
Ótima resenha! Sou fã de Lionel mas ainda não li essa obra, fiquei com mais vontade agora!rsrs Vou t seguir Ju, adorei sua estante!srsr Bju


Sandy 16/10/2014minha estante
Jú, tudo isso foi exatamente o que eu senti quando li. Senti vontade de abandonar diversas vezes pelo peso, mas a história é boa demais. É decepcionante, frustante, mas justamente por ser muito real. Depois de tudo isso e do que li em Kevin, não tem como não se tornar fã da Lionel, que amarra tão bem os temas que escreve. Parabéns pela resenha!




Marcello 19/05/2021

"Eles só diziam merda. Era genial."
"O que pôr na bagagem para o resto da vida?"

Quando eu tentei ler esse livro pela primeira, há uns meses, eu não consegui passar da página 15. Com falta de paciência, ou de interesse, eu peguei esse livro e quase o jogava pela janela; a escrita era difícil e muito densa (muito texto corrido e pouco diálogo logo me desanimaram também). Deixei o bichim de lado.
Mas uma coisa que eu não gosto é de ficar sem entender alguma coisa, porque eu fico matutando na minha cabeça e enquanto eu não resolver logo, eu fico ansioso, daí o tempo passa e eu fico alimentando o desejo de ler o livro por completo.

E foi o que eu fiz.

"Há algo de especialmente terrível em ouvir repetidas vezes que a gente leva a vida mais maravilhosa do mundo e que não há nada melhor que isso, e continua a ser uma merda."

O livro é sobre isso.
Vemos duas famílias que mesmo enfrentando problemas, passavam uma imagem de "famílias perfeitas". Os Knacker, os 'principais', enfrentavam ao mesmo tempo um câncer (a matriarca, no caso, já em estágio terminal) e uma possível falência, já que os gastos com o tratamento eram gigantescos. Agora os amigos, uma outra família que sinceramente não lembro o sobrenome porque foi falado só duas vezes durante o livro inteiro, enfrentavam uma situação pesada com a filha mais velha, que tem a doença (nas palavras da própria autora:) mais bizarra de que já tive notícia, chamada "Disautonomia Familiar". Eu só vou falar isso mesmo, sobre a história em si, porque descobrir todos os outros problemas que surgem por consequência desses outros problemas maiores, são as melhores partes do livro todo.

"Só existe o corpo. Nunca houve nada senão o corpo. 'Estar bem' é a ilusão de não o ter. Estar bem é a fuga do corpo."

Após a leitura do livro... na verdade, após eu aceitar o desafio de pelo menos ler o 1º capítulo, e me apaixonar por ele... eu concluí que (parece até trabalho de escola), para mim, o livro será mais proveitoso se eu estiver afim de lê-lo, de verdade. Não adianta eu pegar um livro por recomendação de ninguém, ou por ele estar no 'hype' da vez ou por ser um best-seller de longa data, se EU não estiver afim e não estiver com uma ideia exata dos sentimentos que o livro vai me trazer, nem chego mais perto.

"Às vezes eu acho que até mais um dia é mais do que posso suportar. Um dia inteiro. Você não faz ideia de como isso pode parecer longo, um dia inteiro."

Eu poderia editar isso aqui o dia inteiro. Acrescentar outros pontos da leitura, outros trechos, falar alguns spoilers, mas eu acho que eu ficaria nesse ciclo para sempre, porque nada do que eu falar aqui vai ser o suficiente. Nem eu sei explicar por que esse livro me tocou tanto, e o porquê dele significar isso tudo. Eu só posso dizer que eu recomendo muito, e que entendo se você não gostar, mas espero ter pelo menos lhe deixado com uma curiosidade para buscar saber mais sobre ele...

Muito obrigado por ter lido até aqui, de coração.
Dani 30/12/2021minha estante
Nossa adorei sua resenha!!!!


Marcello 30/12/2021minha estante
Ai, muito obrigado ^^




Cláudia 27/07/2012

Em Tempo é dinheiro acompanhamos o dia-a-dia de duas famílias, os Knacker e os Burdina. A família de Shep Knacker é a central, mas como a narração é em 3ª pessoa e tem capítulos inteiros sobre a família dos amigos de Shep Jackson e Carol trechos que são muito importantes para o desenvolvimento da narração, diria que o livro é sobre as duas famílias, alias sobre qualquer família.
Shep Knacker é um homem muito correto, trabalhou a vida inteira como faz-tudo na empresa que construiu do zero e sempre economizou para a Outra Vida. O sonho dele é se mudar permanentemente para algum lugar remoto de 3° mundo e viver com a família da poupança de 1 milhão de dólares. Quase todos os anos faz viagens de pesquisa com a família buscando o local ideal. Para colocar em prática o sonho, Shep vendeu a empresa para um dos seus funcionários em 1996, acreditava que 2 meses seriam suficientes para organizar a viagem, mas 2 meses viraram 8 anos e no início da narração em 2004-2005, ele trabalha como empregado na empresa que um dia foi sua, sempre avacalhado pelo chefe que, aliás, com a idéia de oferecer os serviços de faz-tudo pela Internet multiplicou o valor da empresa. Shep é casado com Glynis, quando se conheceram, ela era uma entusiasmada aspirante a artista, sempre criando lindas peças de metal, atualmente é dona de casa frustrada e trabalha fazendo moldes para doces em um comércio local. Eles têm dois filhos, Amélia que esta na universidade e Zach, um adolescente introspectivo, que quase não existe em casa. O dinheiro do seu mau negócio continua na conta, então Shep cansado de adiar o seu plano, compra as passagens para a pequena ilha Pemba, na África, e vai para casa informar à esposa que a Outra Vida começa agora, com ou sem ela. Acontece que no dia que dá a notícia, Glynis conta a ele que foi diagnosticada com um tipo raro de câncer e que precisa que ele continue em seu emprego por causa do plano de saúde.

Jackson e Carol Burdina são amigos íntimos dos Knacker, Jackson trabalha há anos na empresa com Shep, desde a época em que Shep ainda era o chefe. O casal tem duas filhas, Heather de 12 anos e Flicka de 16. A mais velha tem uma doença genética rara a Disautonomia Familiar a maioria dos casos acontecem em pacientes de etnia judaica. É uma desordem no sistema nervoso que desencadeia diversos sintomas. A narração mostra em detalhes como é o dia da garota, e tudo o que eles passam para mantê-la viva. Ela precisa de diversos cuidados, tem dificuldade para comer e respirar, os olhos não tem lágrimas naturais, ela não anda direito, etc. Tinha ouvido falar vagamente dessa doença, é devastadora. A personalidade da garota é muito legal, ela é sagaz e choca as pessoas o tempo todo.

Então agora Shep precisa deixar o seu sonho de lado para cuidar da esposa, e passa a entender melhor como é a vida do seu melhor amigo. A história é sobre os relacionamentos familiares e amorosos e as pessoas, como realmente são. E uma forte crítica ao sistema de saúde (nos EUA), mesmo os Knacker tendo um plano de saúde, o dinheiro vai sumindo da conta com as medicações e procedimentos sem preço da doença de Glynis que não são cobertos pelo plano.

Shep passou a vida inteira sendo um capacho, e tem orgulhoso disso, ele faz tudo o que pode pelos outros e sempre segue as regras, mesmo quando o seu pai não o respeita, sua irmã o explora e sua esposa o menospreza. Ele é aquele personagem que apesar de irritar com sua passividade, é impossível não gostar dele, ele é tão bom, até demais, irrita.
Glynis é uma pessoa difícil, ela é muito sincera, ou seja, ela é má. Estranho isso, mas é a realidade, uma pessoa que fala as coisas exatamente como elas são, fica parecendo maldosa. Acontece que ela não é ruim de verdade, eu acho, o leitor a conhece em uma situação extrema, ela esta com muita raiva de tudo do marido que ia para Pemba, dela mesma por não ter feito tanto quanto gostaria e de todos que conhecem por tratá-la como uma doente. E agora por justificar as atitudes dela com a sua doença, ela me odiaria também, então talvez ela seja assim mesmo e o câncer não tenha modificado seu jeito de ser. Uma das questões do livro é essa mesma, como nós tratamos as pessoas de forma diferente pelos motivos errados, e criamos caricaturas das pessoas que conhecemos ao modificar por conveniência as lembranças que temos delas.

Jackson rouba a cena, ele é um cara inteligente e revoltado. O cara tem uma teoria sobre tudo. Ele acha que todos os impostos e tudo de ruim que acontece é causado pelos Sugadores e ele e o resto dos trabalhadores Sugados - pagam para serem ferrados. Os seus discursos sobre salário, guerra, plano de saúde, multa de transito,... são longos, elaborados e entretenimento garantido. Além de renderem uma boa reflexão, apesar do fato dele ir contra quase tudo atrapalhar a sua credibilidade, ele tem razão sobre vários assuntos.
Carol, já ia esquecendo de comentar, ela não é uma personagem muito marcante. Ela é demais, faz tudo pela filha, trabalha e nunca reclama.

Essa não foi uma leitura fácil, a autora mostra o pior da vida de forma realista, sem preparar o terreno, as coisas são como elas são. Toda o sofrimento e dificuldade dos personagens são apresentados, avaliados em cifras, discutidos e desenvolvidos. Inclusive os pensamentos mais feios e mesquinhos, como o preço por mais um mês de vida? Ou como a filha quer a casa do pai idoso, mas não quer colocar a sua vida em pausa para alimentar, dar banho e ajudar o velhinho no banheiro. Os personagens e a interação entre eles foram muito bem feitos. Portanto uma leitura imperdível.
Essa autora me impressiona em cada obra, ela escreve muito bem sobre as pessoas. Depois de falar sobre mães e filhos [Precisamos falar sobre o Kevin], a competição no casamento [Dupla Falta], ela trouxe uma trama familiar complexa e surpreendente. Eu não sabia o que esperar do final, mesmo sabendo que dificilmente seria feliz esperava algum tipo de redenção [para o leitor ou os personagens ou ambos], e não me decepcionei.

http://www.concentrofoba.com.br
Marina 03/09/2012minha estante
Este livro está na minha wishlist, parece muito bom mesmo, e sua resenha me deixou ainda mais curiosa! :)




José Carlos 24/01/2023

Crítica muito bem construída!
Como pode um país tão evoluído como os EUA terem uma política de saúde tão deficitária? Shriver faz uma crítica ferrenha ao sistema de saúde, e também em relação aos impostos recolhidos e seu uso! Os personagens são marcantes, muito bem construídos! O título é perfeito! Ter tempo é ser rico? Usar o tempo para conquistar dinheiro? Ter dinheiro para comprar tempo? Favoritado!
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Mari 31/01/2022

relação de amor e ódio com esse livro
tentei ler esse livro a primeira vez em 2017, não me empolgou, abandonei a leitura e entrei em uma ressaca literária até o final de 2021. Relutei em voltar a ler, mas peguei novamente o livro.

é uma leitura mais pesada, com muitas informações e poucos diálogos. demorei mais de semanas pra terminar de ler porque acho a leitura mais arrastada.

me surpreendi nas últimas 100 páginas e foi só aí que comecei a gostar do livro.

"as decisões levam uma fração de segundo. não decidir é que consome o tempo todo." (p. 425)
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Higor 15/12/2014

Camadas desnecessárias
Lionel Shriver impõe respeito. Foi o que eu disse quando iniciei a resenha de “Dupla Falta”, o livro fantástico dela – e que não era nem o livro mais famoso . Mas alguém fala para ela, por favor, que não é só porque é prestigiada que a gente tem que aceitar qualquer encheção de lingüiça aqui ou ali, como forma de construção de personagem, porque para mim não colou.

Shep juntou dinheiro durante toda a vida para viver em um futuro próximo na Outra Vida, um lugar que viverá em paz, sem trabalhar, se preocupar com impostos, dívidas, trânsito, engarrafamento e coisas que nos cansam todo dia. Depois de anos de pesquisa, encontra uma ilha de difícil acesso na África, onde o custo de vida é de dois dólares ao dia. O problema é que a mãe e o filho são avessos a essa mudança brusca de vida, e então Shep decide ir sozinho, se eles recusarem o convite mais uma vez. O que ele não esperava é que Glynis estivesse com câncer.

Sério, o grande problema de “Tempo é Dinheiro” é a narração chata, monótona e muita das vezes desnecessária e surpreendentemente vazia (pasmem!) de Shriver. Às vezes a gente tinha quase 20 folhas de puro monólogo de Jackson, o melhor amigo de Shep, ou narrações sobre as características dos personagens ou diferenças e similaridades entre Glynis e Shep, que, analisando bem, não acrescentam muito à narrativa.

Pela primeira vez, me senti enganado lendo um livro. A narração de Shriver, conhecida – e confirmada por mim – como crua, bruta, franca, visceral e etc, não funcionou neste livro. Parecia que Shriver começava a falar sobre o que era realmente necessário e daí colocava uma camada de outros assuntos necessários e outra camada, depois mais uma, não tão necessária assim, e depois mais outra, que eu sentia que, no final de tudo, ela poderia botar uma receita de bolo no meio de tudo isso, que eu não perceberia e acharia o máximo, se não estivesse atento.

Fora isso, os personagens são realmente reais, e a gente pode encontrar em cada esquina: pessoas com auto-estima em baixa, perversas mesmo com uma doença, quando todos esperam que se redima consigo mesma e com o mundo, interesseiras e desprezíveis, enfim, Lionel sabe, sim, criar uma historia chocante, real, que faz a gente se perguntar se não conhecesse um boato ao menos parecido na rua ou que aconteceu com algum amigo de um amigo.

Mas eu percebi que ela sabe também como ludibriar um leitor, e sinto informar que não caí na dela. Fiquei bastante decepcionado com a autora, tanto que não tinha prazer em ler o livro. O filme queimou um pouco, mas ainda darei outra chance a Shriver, pois ela pode ser sincera e espetacular novamente, como em “Dupla Falta”.
Amanda 26/07/2016minha estante
Comecei esse livro ontem à noite, já li e reli várias linhas, porque não tá prendendo minha atenção. Eu já li tanto e não consegui nem chegar na página 40, ainda. Minhas amigas amaram, mas eu tô cansada, já. Vim ver as resenhas, pois queria ver se eu era a única que tava achando a linguagem massante. Fiquei aliviada ao ler sua resenha... Obrigada




Denynha 20/04/2016

Lionel é uma bicha destruidora!
Você começa a leitura com um pé atrás, sabendo que ela fará você sofrer com os personagens, odiando e amando e com o enredo que sempre polemiza.
Shep é um cara fantástico. Mas em alguns momentos, quis gritar com ele, para ele acordar para a vida! Para deixar de ser bonzinho.
Lionel destrincha o sistema de saúde norte americano, que leva a falência os menos favorecidos.
Ela faz você sentir culpa em odiar uma pessoa que tem uma doença terminal. E lhe surpreende com o desenrolar da história. Aliás, é o primeiro livro dela que tem final feliz! Surpreendeu-me absurdamente!
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Literatura 09/07/2012

Realidades e prioridades
Quem de nós nunca perseguiu um sonho? Nem se for uma ideia utópica que o vento se encarrega de levar?
Todo mundo, concordam? Pois é, assim é também com Shep Knacker. Ele chegou a um ponto da vida que não deseja mais nada a não ser fugir da vida em que leva, para nunca mais voltar. Só que, ao contrário de muitos, ele corre atrás... Mesmo que sua família o impeça de fazer no tempo que deseja.

Ele vende a empresa e com o dinheiro pretende ir para um lugar paradisíaco, onde dá para viver confortavelmente o resto da vida. Mas quando está prestes a sair de cena, o destino vem rir da sua cara... Quando decidi ir embora, com ou sem sua esposa, Glynis, ela chega e lhe conta uma cruel novidade. Ela está com câncer.
E precisa do dinheiro que ele guardou para o seu sonho a fim de pagar o tratamento.

Até que ponto o amor pode resistir aos nossos sonhos pessoais?
Isso é o que Lionel Shriver mostra para nós em Tempo é Dinheiro (Intrínseca, 462 páginas), em seu jeito ímpar de narradora de histórias. Assumo que, por mais que conheça o seu trabalho e seja louco para ler algo dela, esse foi o primeiro que eu li.
E confesso que foi uma das mais difíceis. O nosso querido Douglas ia resenhá-lo, mas criei coragem para falar (Desculpe, Doug!). Eu li esse livro em um momento que não estava bem comigo, diante de fatos pessoais que estavam acontecendo e, sou obrigado a assumir, que muitas vezes ele me jogou no chão. Porquê? Devido à franqueza que a autora expõe os fatos. Ela narra a realidade como ela verdadeiramente é, sem elogios falsos ou rasgações de seda fantasiosas.

Veja resenha completa no Literatura:
http://migre.me/9OQVD
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Valéria 01/09/2020

É um livro impecável. Me tornei fã de Shriver com O mundo pós aniversário com seu discurso frio, irônico e visceral. Neste vivenciamos com certa vertigem em cada linha a verdade das relações diante do provável, porém inesperado confronto com a morte. Da dor e do espanto diante do incurável, da impotência, do medo, do esfacelamento das certezas... é maravilhoso!
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Jamile 03/01/2016

TEMPO É DINHEIRO, LIONEL SHRIVER
O primeiro livro finalizado do ano foi iniciado no final de 2015. 23 de dezembro, pra ser mais exata. Comprei pela óbvia compulsão que eu tenho com meus autores preferidos. Lionel Shriver tem uma visão dos seres humanos que, se não pode ser tachada de pessimista, pode ser de real. Shriver tem o hábito de criar personagens que levam do ódio à compreensão no mesmo minuto.
Tempo é dinheiro conta a história de Glynis e Sheperd, Jackson e Carol. São duas famílias, entrelaçadas por causa da amizade dos dois personagens homens. Cada família com seus dramas diferenciados, porém todos envolvendo dinheiro. Sheperd tem o sonho de viver na ilha de Pemba, África. Quando ele, enfim, decide largar sua vida e se mudar para lá(o sonho de boa parte das pessoas, acredito), descobre que sua esposa tem um tipo agressivo de câncer e precisa de seu plano de saúde. A natureza de Shep sempre foi a de passivo-agressivo, o que dá raiva na maior parte do tempo, tanto dele quanto do não reconhecimento dele por parte da sua mulher, Glynis, que desconta toda a raiva pela sua doença e do seu fracasso como profissional na primeira pessoa que aparece disponível para ela. O livro se inicia com a quantidade de dinheiro disponível na conta de Sheperd, quase um milhão de reais. E a cada capítulo mostra a atual situação, que vai diminuindo drasticamente cada vez mais. Em contrapartida, há a outra família, que tem uma filha com uma doença rara, uma caçula que se sente deixada de lado, portanto, tem um transtorno psicológico que a obriga a tomar placebo, pensando ser doente. Um pai raivoso com todo o sistema, o governo, os seres humanos e uma mãe dedicada e dócil, que não tem, senão, outra função que não trabalhar pra sustentar o plano de saúde e tratamento da filha doente(de nome Flicka). Carol (a mãe) é a personagem que não despertou em mim nenhuma sensação. Geralmente os personagens que Shriver cria sempre me deixam a beira do amor ou do ódio, quase sempre é o ódio. Mas essa, não. Ela simplesmente descontava no marido tudo o que não podia descontar nas filhas, uma por estar morrendo, outra por se sentir inferior aquela irmã doente. Restava Jackson, um homem que se sentia emasculado pela mulher o tempo inteiro, que só se expressava gritando e criticando o tempo inteiro toda e qualquer coisa que pudesse ser associada ao governo.
O interessante na história é que todo personagem tem suas características ao extremo, nunca é mais ou menos uma coisa ou outra. Sheperd se deixa ser explorado por todos os personagens do livro que assim o querem, e ele deixa isso acontecer de uma forma consciente. Ele se defende dizendo: Eu sou o que eu sou. Sem querer mudar ou achar necessário. Enquanto a mulher precisa pedir para ele reagir e encará-la como homem, ao invés de um inseto, pois assim ela o vê, ele não conhece, senão, pedir desculpas pelo seu jeito.
De todos os filhos que aparecem na trama, somente Flicka tem uma boa participação. Doente, sem encontrar razões para estar no mundo ou de acreditar na bondade das pessoas, a menina tem o gênio do pai, que sente orgulho dela e não entende a necessidade da filha caçula, Heather, por precisar inventar doenças para se sentir especial. Estranho que o tempo inteiro o pai só retrata os sentimentos dele acerca de Flicka, quando é para a menina ele só se refere a esses ciúmes incompreensíveis(ou não tão incompreensíveis assim).
Shriver nos leva a compreensão de todos os personagens, mesmo aquelas características mais sujas e egoístas que todos tempos dentro de nós. Acho interessante que eu consiga me ver um pouco em todo livro dela que eu já li até agora, desde o consagrado Precisamos falar sobre o Kevin até o não tão falado Dupla Falta. Virei fã, e desde já posso afirmar que até a lista de compras dessa mulher eu vou ler e achar interessante.
Lizi 28/11/2016minha estante
Esse final, amei! haha




Jhones 27/02/2020

Tempo e dinheiro nunca foram tão equivalentes.
Shepherd Knacker têm um objetivo: Usar a quantia considerável que possui na sua conta bancária para se mudar para o litoral de um país da África. Ele chama seu plano de "Outra vida". No dia em que decide fazer as malas e anunciar sua decisão à sua família, recebe uma triste notícia que muda tudo: Glynis, sua mulher, está com câncer.
É nesse momento que ele precisa enfrentar essa nova realidade à medida que sua conta bancária diminui exponencialmente com os tratamentos da sua esposa.
Lionel Shriver é a autora do famoso "Precisamos falar sobre o Kevin" um dos melhores livros que já li. Então já esperava por algo tão bom quanto e não me decepcionei.
Esse foi o tipo de livro que me fez querer economizar para não acabar tão cedo. Os personagens são apresentados de maneira honesta e realista. A autora sabe conduzir a trama e nos surpreender no momento certo. Livro imperdível, vale muito à pena.

Citação preferida:

"Seu pobre marido havia acumulado equivocadamente os seus tostões, quando a única moeda gasta por eles que tinha alguma importância era o tempo."
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Lívia Gusson 14/05/2019

TEMPO É DINHEIRO - LIONEL SHRIVER - 5/5
Um casal marcado pela rotina e pelo tempo, uma vitrine da maioria das famílias. Shep o marido, vive para economizar tudo o que tem e incansavelmente alimenta o sonho de que um dia jogará tudo para o alto e viverá sem encarar o transito e o seu emprego medíocre, com um chefe medíocre. Glynis, marcada pela frustração de uma carreira que poderia ter sido apoteótica. Assim se configura a família.

Extremamente difícil falar sobre um livro e uma história que foram tão cruéis para mim. Um drama sem clímax, sem surpresas, monótono e cansativo. Porém carregado de delicadas e difíceis emoções. Acredito que qualquer leitor consiga extrair um ensinamento da história, mínimo que for, mas que é capaz de nos transformar.
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gleicepcouto 21/10/2012

Narrativa inteligente e provocativa, que leva à uma reavaliação de prioridades
http://murmuriospessoais.com/?p=4659

***

Tempo é Dinheiro (Intrínseca) é da escritora e jornalista norte-americana Lionel Shriver, que também é colunista do renomado The Guardian. Em seu currículo, há a publicação de oito outros livros. Um deles, Precisamos Falar Sobre Kevin, foi aclamado pela crítica e público, vencedor do Prêmio Orange de 2005 e adaptado para o cinema.

Nesse lançamento, conhecemos Shepherd Knacker, um cara que, após vender seu negócio e tornar-se funcionário em sua ex-empresa, economizou uma grana para a famosa “Outra Vida”: um retiro em algum paraíso onde poderia passar o resto da vida curtindo, sem precisar mais se preocupar com dinheiro. Seus planos, porém, são temporariamente interrompidos quando toma conhecimento que sua esposa está doente.

Do outro lado, temos Jackson, melhor amigo de Shep, que sempre passou por problemas de saúde na família: sua filha mais velha tem um tipo raro de doença degenerativa, que consome não só dinheiro para o tratamento, mas requer tempo e dedicação por conta dos cuidados especiais necessários para que consiga viver. Toda a família é afetada, cada um à sua maneira: a mãe, que se dedica integralmente à filha; a filha mais nova, que para conseguir atenção “inventa” doenças e até toma placebo; o pai, que não sabe com a mudança em seu casamento, principalmente a falta de relacionamento íntimo com sua esposa.

Os temas doença e dinheiro passam pela vida tanto de Shep, quanto de Jackson, demonstrando que tempo realmente é um bem escasso. Como lidar com isso?

Desconcertantemente honesto, esse livro me ganhou completamente. Lionel Shriver é uma diva do realismo, com toques ousados de humor. Tempo É Dinheiro é extraordinário e você deveria parar tudo o que está fazendo e comprá-lo AGORA.

Comprou?

Ótimo. Então, continue lendo a resenha.

A narrativa de Shiver é franca e mexe na ferida da sociedade. Ela consegue nos revelar o que há de pior em nós, mas, contraditoriamente, aquilo que nos faz únicos e, bem... humanos. Então, sim, imperfeitos – , porém, com certas qualidades, algumas até nobres. De modo angustiante, ela fala abertamente sobre a importância do dinheiro em nossas vidas, e como ele pode ser questão de vida ou morte. Mas não só fisicamente falando, mas sim a morte moral, da alma; e como todo esse processo afeta os relacionamentos com as pessoais ao redor.

Shep deixa de viver seu sonho para gastar todo o dinheiro no tratamento da esposa. Atitude louvável. Mas ele se anula a tal ponto, tanto na subserviência exagerada à mulher, à irmã e principalmente ao seu trabalho, que perde a referência de quem é. Ele fica tão concentrado em controlar todos os aspectos da sua vida e das outras pessoas por realmente querer o bem delas ou para apenas não ter que encarar a sua própria vida?

A autora intercala os capítulos com pontos de vista de Shep e de seu melhor amigo, Jackson, que também tem todo um drama envolvendo dinheiro e saúde, só que, no caso dele, a filha é que tem uma doença degenerativa. Os dois pontos de vistas são muito bem escritos e se completam de uma maneira ímpar. A autora brinca, samba (e aqui você usa o verbo que preferir) com personagens que encaram situações semelhantes, mas de modo completamente distintos.

Fato que os personagens são deliciosos e viscerais. Não estão ali parar passar uma imagem de ‘ah, coitadinhos’; mas para fazer com que o leitor se emocione, vá fundo em sentimentos contraditórios, mas reais. Exemplo: em momento algum senti pena da moribunda (esposa do Shep). No mínimo, estranho, não? Afinal, a mulher passa por maus bocados e sofre horrores com o câncer, mas ela é tremendamente impaciente e orgulhosa, nunca nada está bom. A garotinha de Jackson, que sabe que a morte está cada dia mais perto não é digna de pena também, pois encara a situação com tamanha realidade e honestidade, que só me restou bater palmas. A história paralela de Jackson é uma surpresa à parte. Sem soltar spoiler, só posso adiantar que o assunto é pertinente, e a autora injetou humor negro na medida.

Personagens e história com tantas nuances demonstram que a autora tem um ótimo entendimento da natureza humana, abrindo assim, espaço para um texto íntimo e sentimental, sem cair na pieguice. Enfim, Tempo é Dinheiro é um romance inteligente e provocativo, que instiga o leitor a reavaliar suas prioridades, seja o dinheiro, a vida ou até mesmo a morte. Um livro must read.

Autor(a): Lionel Shriver
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Páginas: 460
Valor: $30 a $45
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