loucoporleitura 03/04/2013
Um padre que escreve textos eróticos sob a alcunha de Dorian Gray, um detetive chamado Machado Machado, batizado dessa maneira devido a seu pai ser fã do famoso escritor, um alfaiate anão, responsável pelos fardões dos imortais da Academia , uma ex-babá portuguesa e surda, no Rio de Janeiro dos anos 20 e algumas mortes misteriosas de alguns "imortais" da Academia Brasileira de Letras, misture tudo e o que sai é uma história de leitura agradável e em que acontece algo que eu gosto , um suspense em épocas antigas (como em A Caçada da Editora Novo Conceito que breve terá resenha aqui) em que a investigação se vale menos de tecnologia e mais no instinto, no talento e no "faro" do investigador e um detalhe que facilitaria muito as coisas, mas que não existia nessa época, um telefone celular, pois muitos desencontros seriam evitados com esse aparelho tão comum nos dias de hoje.
Um livro publicado pelo Senador Belizário Bezerra "Assassinatos na Academia Brasileira de Letras", alcança grande sucesso , na história um indivíduo revoltado por terem negado por duas vezes seu acesso a Academia Brasileira de Letras, resolve se vingar matando todos os "imortais", curiosamente é esse livro que leva o Sen. Belizário a entrar para Academia, e o mais curioso é que parece que o livro inspirou algum psicopata e alguns "imortais" começam a ser mortos e o 1° é justamente o Sen Belizário, que cai morto durante seu discurso de posse.
No velório, uma segunda vítima tem o mesmo destino do defunto, o advogado Aloysio Varejeira, também cai duro. Aparentemente são dois casos isolados, mas um homem não acredita em coincidências , seu nome Machado Machado, que pede autorização para fazer autópsia e a muito contragosto seu chefe aprova seu pedido.
E é aí que suas dúvidas viram certezas, ambos foram envenenados por uma substância desconhecida. Machado M , junta-se ao dr Gilberto de Penna Monteiro , o legista que fez a autópsia.
Machado começa a investigar os crimes, e um envelope é deixado em baixo de sua porta com letras recortadas , escrito "BRÁS DUARTE", com a foto de um pássaro. o Inspetor vai descobrindo detalhes da vida dos "imortais" e das pessoas que participam desse mundo, e enquanto ele investiga, mais mortes vão ocorrendo, incluindo a de Padre Ignácio Villaforte , responsável pela missa dos mortos. Ele tem como grande pecado a luxúria e dá vasão a isso escrevendo textos eróticos como Dorian Gray e que sente um desejo oculto por Camilo Raposo, o anão alfaiate. Mas o assassino não perdoa nem mesmo o padre, e ele é uma das vítimas do assassino misterioso.
O assassino é alguém muito inteligente, mas Machado e o legista também são e ainda terão a ajuda de Galatea, que durante o decorrer da história passa a ser o amor de Machado.
Uma trama envolvente, com a pitada de humor típica de Jô Soares, e com o diferencial de conter personagens históricos e descrever bem o Rio antigo. Vale a pena ler.
Confiram essas e outras resenhas em: www.loucoporleitura.com.br