MiCandeloro 31/05/2014
Uma viagem a Idade Média!
Noiva da Traição conta a história de lady Solay, uma jovem com um passado negro, apontada constantemente como a filha bastarda do rei Edward com a meretriz Alys Piers.
Logo após a morte do rei, seu pai, Alys foi expulsa da Corte e teve todos os seus bens tomados, tendo que fugir com as suas filhas pequenas, sobrevivendo mal e porcamente. A vida de luxo, belos vestidos e muitas joias havia ficado para trás, para sempre.
Tudo o que Solay mais queria era preservar a família, ver sua irmã, Jane, crescer com saúde e dar condições adequadas de vida para a mãe. Ostentando uma coragem ímpar, partiu para a Corte a fim de convencer o rei Richard a lhe dar um subsídio mensal para a sua subsistência.
Mas chegando lá, encontrou em seu caminho lord Justin, um homem da lei, forte e impiedoso, que faria de tudo o que estivesse ao seu alcance para desmascarar as mentiras de Solay e impedi-la de arrancar um sequer centavo dos cofres públicos.
Porém, por ironia do destino, o rei, obedecendo aos seus caprichos escusos, determinou que Solay e Justin deveriam se casar. Mas Justin, na tentativa de se livrar do matrimônio indesejado, impôs uma condição que sabia que Solay não conseguiria cumprir: Solay deveria convencê-lo de que o amava até a Páscoa.
Como poderiam duas pessoas que se odiavam tolerar a companhia uma da outra? Como descobrir, em meio a tantas mentiras, intrigas e traições, os verdadeiros sentimentos inexplorados nos corações de Justin e Solay? Será que Solay voltaria para casa com condições de sustentar a família, ou seus desejos lhe cobrariam um alto preço?
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
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Comecei a ler Noiva da Traição logo depois de terminar O Visconde que me amava, de Julia Quinn, na empolgação que estava pelos romances de época. Talvez essa escolha não tenha sido a mais acertada, pois saí de uma história doce, leve, delicada e bem escrita para um panorama completamente diferente.
Me recuso a acreditar que Lições de Sedução e Noiva da Traição tenham sido escritas pela mesma autora. Apesar de ambos serem narrados em terceira pessoa, enquanto Lições de Sedução possui uma abordagem interessante, personagens ricos e complexos e tiradas de humor irônicas, do jeito que gosto, Noiva da Traição é um livro fraco, cansativo, repetitivo, com uma protagonista completamente irritante, superficial e sem força.
A história não engrenou e ficou interessante apenas nas cenas mais picantes, infelizmente algo que não é capaz de sustentar uma trama por si só. Os joguinhos de sedução criados pelos dois personagens e seus arranca rabos estilo gato e rato não me convenceram.
Volto a dizer, talvez meu julgamento esteja viciado uma vez que eu já sabia tudo o que ia acontecer com o casal "no futuro", por ter lido antes Lições de Sedução, fato que acabou estragando todo fator surpresa. Ainda assim, minha opinião no que se refere à construção e desenvolvimento da história, personagens e diálogos permanece a mesma.
Estava pronta para dar dois corações ao livro, até chegar ao final e me deparar com a nota da autora, explicando que Noiva da Traição foi baseada numa história real, sobre o caso do rei Edward III com a meretriz Alice Perrers. Muito do que foi contado no livro a respeito das batalhas, traições e intrigas aconteceu de verdade e isso é algo que aprecio muito. Acho legal quando os autores fazem uma releitura de histórias verídicas e imaginam o que pode ter acontecido com determinadas pessoas e, nesse ponto, tiro o chapéu para Blythe, pois não creio que todos tenham imaginação suficiente para tanto. Por causa disso, Noiva da Traição poderia ser na verdade considerado um romance histórico e não um romance de época, de acordo com as diferenças que tracei neste post Romance de Época X Romance Histórico.
Antes de terminar, gostaria de fazer uma observação curiosa. Noiva da Traição se passa entre os anos de 1386 e 1387, no período medieval, enquanto que O Visconde que me amava se passa no de 1814, numa época muito mais pudica e cheia de convenções a se seguir, principalmente pela mulher. Acredito que, quem está acostumada com romances de época no estilo dos escritos pela Julia Quinn irá estranhar bastante os romances medievais, já que os costumes apresentados neles são muito diferentes.
Já imaginaram casamentos arranjados a bel prazer do rei, sem amor ou afinidades, em que os maridos e as esposas têm amantes a céu aberto, em que os casais fazem amor em campos abertos ou em corredores do castelo, em que os casamentos podem ser desfeitos com autorização do Papa e onde amantes se casam, em que mulheres se oferecem aos homens sem nenhum pudor e pessoas que nem se conhecem se beijam em festas a olhos nus por brincadeiras do Bufão? Bom, essas são apenas algumas diferenças que me chamaram atenção entre esses dois períodos. Nada que tenha me agredido, apenas me causaram certo estranhamento, principalmente pelo fato de eu ter lido um livro após o outro.
De qualquer modo, Noiva da Traição pode não ser um grande livro, mas cumpre o seu papel de entretenimento e nos ensina um pouco mais sobre uma época que há tanto foi esquecida. Vocês podem comprar os livros Noiva da Traição e Lições de Sedução nas bancas de jornal, no site da Editora Harlequin ou em ebook.
Resenha originalmente publicada em: http://www.recantodami.com/2014/05/resenha-noiva-da-traicao31.html