spoiler visualizarAnderson668 06/10/2019
Essencial para compreender estereótipos femininos no mkt
Como é a mulher nos diversos campos da sociedade? Como será que elas se desenvolveram e alcançaram campos que vão além da oportunidade de votar ou de trabalhar? Os espaços, o consumo, a família, o trabalho estão mais preocupados com suas necessidades e desejos?
Primeira impressão: Esse livro de Paco Underhill faz um belo devaneio sobre o mundo das mulheres baseado em uma perspectiva empírica, apesar de ter alguns estudos que possam dar um pouco de legitimidade a sua escrita, seus posicionamentos são baseados no senso comum ou na percepção que tem do seu núcleo social.
Além dessa perspectiva sobre o livro, vejo que sua opinião é sempre embasada na humanidade, a mulher como consumidora, como um indivíduo que não vai além das suas capacidades ou simples necessidades, tudo é sempre avaliado conforme sua capacidade de consumir, uma indústria cíclica. A mulher vai além de sua casa e dos objetos que compra para facilitar seu dia a dia na cozinha, na sala ou em qualquer espaço da casa.
Apesar desses devaneios, o livro é bem interessante para engajar na reflexão de quão o indivíduo feminino é importante e precisa ter visibilidade em todo e qualquer espaço. Como a mulher enxerga o consumo em casa, na rua, no trabalho, na escola dos seus filhos; como ela avalia a entrada das lojas, a preocupação com o hall ou o quarto dos hotéis, como as pessoas se relacionam e conversam em determinados ambientes. A sensibilidade feminina (dizem) é mais apurada e todos os detalhes nunca passam batidos sobre seus sentidos.
Eu adoro livros que conseguem escrever várias coisas compilando em capítulos curtos, que você lê um pouco e parece que você leu um montão. Paco faz um verdadeiro passeio pelo desenvolvimento feminino no quesito do consumo. Tudo sempre tem a perspectiva do consumo da mulher, aquela mulher que modificou os espaços por causa de seu poder econômico (uma pura ilusão, pois quem ainda controla são os homens as amarras das organizações).
Ele começa a escrever da mulher em casa e como esse espaço é importante em sua representação e constituição. Ele aborda a era de ouro da cozinha e como os equipamentos se desenvolveram, ou seja, "o período entre os anos 1880 e a vidada do século XX pode ser considerado a Era de Ouro dos equipamentos de cozinha." p.28
No capítulo sobre o ambiente de trabalho agradável para o público feminino, o autor fala que "uma das características e que ele (o trabalho) deve ter algum valor como entretenimento [...] ele deve também reconhecer, em primeiro lugar, qual é o propósito de alguém estar lá." p.50
Um dos momentos mais provocativos do livro é quando o autor fala dos pecados alinhados ao comportamento e ao consumo feminino. Mas nada que vá culpá-las ou dizer que o pecado só está ligado ao feminino. O autor vem falar sobre as amarras que prendem as mulheres a determinados comportamentos e, o momento mais importante é quando o autor fala do pecado da gula, em como a mulher fica presa à dieta, ao corpo, ao emagrecimento. Ela deve estar feliz de estar dentro de um padrão, sua felicidade precisa perpassar uma interferência estética através da cirurgia. Além dessas características o autor aborda, de forma extremamente pertinente, a pressão intensa que as mulheres sofrem diariamente, minuto a minuto, em relação as escolhas que faz em sua vida. Para o homem, ele pode ser feliz no relacionamento e no trabalho, ou em qualquer área de sua vida, mas nada é exigido dele, tudo é encarado como "um fluxo normal das coisas". Para a mulher não, se ela trabalhar muito, ela só pode ter sucesso profissional e fracasso no relacionamento; caso ela escolha ser mãe e ter filhos, ela não pode de forma nenhuma caminhar para um sucesso profissional. Ou seja, as mulheres sempre recebem demasiadamente responsabilidades, obrigações.