Aione 07/07/2015A renomada Jojo Moyes é famosa em diversos países por seus romances. Em Busca de Abrigo é seu livro de estreia e já havia sido publicado no Brasil pela editora Bertrand Brasil em 2004. Agora, não apenas foi relançado com uma nova e atrativa capa, como dois outros romances da autora publicados pela editora também o serão – A Casa das Marés e Baía da Esperança.
Em Em Busca de Abrigo, três diferentes gerações da família Ballantyne nos são apresentadas. Em terceira pessoa, ora acompanhamos a trama pelos olhos de Joy, a matriarca da família, ora pelos de sua filha, Kate, e ora pelos de sua neta, Sabine. No prólogo do livro, temos a noite em 1953 na qual Joy conhece o marido e os primeiros desenrolares desse encontro em sua vida. No primeiro capítulo, logo a seguir, somos transportados a 1997 com Sabine viajando para a casa da avó, férias um tanto quanto indesejadas por ela. Assim, a ótica da narrativa vai se alternando entre essas mulheres, ao mesmo tempo em que, em alguns capítulos, também retornamos aos anos 50, conhecendo mais do início da vida de casada de Joy.
O mais interessante da obra, a meu ver, foi a forma de como Jojo Moyes não apenas contou sua história como também foi capaz de causar diversas emoções, muitas vezes contrárias entre si, ao alternar os pontos de vista da trama. Enquanto acompanhava a visão de Sabine, me compadecia da adolescente e sentia sua revolta pela mãe e pelos rígidos modos de vida de Joy, além de sua indiferença. Porém, quando passava a enxergar as situações como Joy ou Kate, me solidarizava com elas e, até mesmo, me sentia zangada pelas injustiças de Sabine e por sua visão tão severa, e um tanto quanto machista, sobre a mãe. Tudo isso foi possível porque as três personagens não apenas são complexas como também têm complicados relacionamentos umas com as outras, fazendo com que, além de não se conhecerem, de fato, tenham extrema dificuldade em compreenderem umas as outras.
O livro, entretanto, não se prende apenas às questões dos relacionamentos entre as três mulheres, sendo possível, também, encontrar histórias interessantes entre os personagens que rodeiam a propriedade dos Ballantyne, como a família de Annie, filha da governanta de Joy, e Thom, responsável pelos cavalos e celeiros da propriedade. Essas histórias paralelas tanto contribuem com a trama, tornando-a mais rica, como também se entrelaçam com o enredo principal, tendo notáveis influências nele.
Embora tanto a história quanto a construção das personagens tenha me agradado, seria mentira dizer que minha leitura foi frenética, dotada de um ritmo enérgico motivado pelo meu envolvimento com o livro. Na realidade, demorei bastante para concluir a leitura porque encontrei certa dificuldade nela, que se deu de forma lenta e, em alguns momentos, bastante monótona. Contudo, as últimas 100 páginas ganharam um novo ritmo aos meus olhos tanto pelos acontecimentos em si quanto pela exacerbação das emoções das personagens, de forma que me senti mais envolvida pela história.
Ao final, ao mesmo tempo em que me emocionei com algumas conclusões e aprovei o modo de como se deram, também tive uma certa sensação de algo ter ficado incompleto. Acredito que, a meu ver, alguns conflitos foram resolvidos sem que houvesse uma conversa suficiente para isso, ou até mesmo que outros permaneceram em aberto. De qualquer maneira, compreendo também que o final seja característico do próprio estilo de relacionamento entre as protagonistas, um tanto quanto fechadas umas com as outras. Nesse caso, fatores externos a elas acabaram por ter uma influência bastante forte e compreensível nelas.
Em linhas gerais, embora Em Busca de Abrigo não tenha sido uma leitura completamente envolvente, foi bastante agradável, tranquila e rica em toda sua construção. Há uma bela história sendo contada e com uma positiva mensagem sobre as dificuldades encontradas nos relacionamentos familiares.
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