Pergunte ao Pó

Pergunte ao Pó John Fante




Resenhas - Pergunte ao Pó


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pardons 26/02/2010

Arturo Bandini.
Que desgraçado tu és, Arturo Bandini.
Sim, tu mesmo, o escritor de "O cachorrinho riu", tirou meu sono desta noite.

Amaldiçoarei-te, caro Bandini. Não mereces a pequena latina, não mereces nem mesmo os dólares que Hackmuth te enviava... Não mereces Vera.

Mas tu, Arturo, tu definitivamente merecias uma porrada do Sammy.
E merecia ter apodrecido no Colorado.
Merecia ter sido cuspido, e chamado de CARCAMANO, milhares de vezes.

Psicologismos baratos... um loser, um loser, que aos fortes brados se intitulava o maior.
Não dormi esta noite, cara, insônia dos infernos, por pensar em Vera - pobre Vera - e por pensar em como os homens são assim mesmo, podem deitar-se com uma mulher, sentindo algo de pequeno, enquanto AMAM outra mulher. Vera, a desfigurada, lembra muito a mim.

Não dormi esta noite, porque roubaste o leite, tomaste, e leitelho era.
Ri da tua desgraça. Mas essa insônia foi infernal.

Porque és o que há de mais vil, de mais integralmente desumano, e o pior, é saber que és como eu, como cada um de nós, grandissíssimos filhos das putas. Oscilamos entre as boas ações, entre o bom coração, entre as melhores intenções e... somos escrotos, mal educados, mentirosos, e principalmente sádicos com os que nos cercam.
Mag 28/04/2010minha estante
Mandou bem!


Joice (Jojo) 17/11/2017minha estante
Adorei!


Alexandra 18/08/2020minha estante
Foda!


MF (Blog Terminei de Ler) 05/03/2021minha estante
Melhor resenha do livro no Skoob.


Amigo Imaginário 02/07/2022minha estante
Incorporou total!


BArbara776 12/12/2022minha estante
Ainda não terminei o livro mas por Deus que resenha incrível. Por um instante até pensei ser uma citação do próprio livro.


kescia.sousa 24/03/2024minha estante
Nem terminei de ler, mas descreveu tudo que senti até agora...


Heloísa Delfino 27/03/2024minha estante
FENOMENAL!




Gabriella 19/06/2012

Tendo lido tantas resenhas positivas sobre esse livro que não pude deixar de me manifestar.
Foi a primeira vez, e espero que seja a última, que me decepcionei com Bukowski. (autor da introdução do livro)
O livro revela o alter ego de John Fante, um norte-americano típico, preconceituoso, esnobe, egocêntrico e violento. As ações da personagem são revoltantes e seus pensamentos patriotas e xenofóbicos podem deixar um leitor desavisado desgostoso.
Apesar disso, o livro retrata a luta da perseguição do sonho de ser escritor de um jeito bastante único e interessante, com bastante autenticidade, que na minha opinião é o ponto mais alto do livro.
Uma leitura proveitosa á vocês que gostam de tudo que os filhos do tio Sam fazem.
royal 06/07/2012minha estante
Não concordo


royal 06/07/2012minha estante
Não concordo


Gabriella 06/07/2012minha estante
disserte, meu caro.


Arsenio Meira 21/09/2012minha estante
Gabriella, respeito sua opinião. Discordar, mesmo que muitos não saibam, é salutar. Posto isto, vou dissertar, contrapondo seu tópico. A obra não pode ser situada nesse contexto simplório: a do personagem principal raivoso, preconceituoso e etc.

É preciso, a meu ver, observar o tempo em que foi escrita. Pessoas como Fante sofreram, fortemente, o fardo da marginalização, o desemprego, após o crash da bolsa de valores de Nova York em 1929, que foi arrasador para milhares de pessoas naquele tempo. Miséria, morte, desemprego, desesperança, pobreza, enfim, todo o trágico cardápio de mazelas.

Talvez resulte desse fator, a amargura do alter ego de fante. É um ódio a si próprio, que termina ecoando contra os seus iguais. Pode ser um velho lero-lero freudiano, mas dou crédito 90% do tempo.

Acho uma simplificação gratuita a menção aos leitores que gostam de Fante como vaquinhas de presépio, ou seja, de que aceitam tudo o que vem da terra de Tio Sam. Não é isso. O próprio Bukowski, americanizado até a raiz dos ossos, percebeu a parcela ou a grandeza do escritor; sua verve, ironia e a grandeza literária que nos faz odiar o personagem (ruim mesmo é quando um personagem nos deixa indiferente.)
Abraços.


Raul 18/01/2013minha estante
Mas Gabriella, o objetivo do autor é mostrar um personagem com todas estas fraquezas. Trata-se de uma pessoa insegura que se defende de um mundo que não lhe dá chances através de uma atitude arrogante. Vc falou de Bukowski.. É a mesma coisa. Ou vc acha que ficar brigando em bares e pulando de emprego em emprego é uma atitude louvável? hehehe


Nilson 13/07/2018minha estante
Não concordo...xenofobia...blá blá blá.. respeito sua opinião...mas nada ver.


Cleber 19/07/2019minha estante
Achei uma bosta esse livro.




Pedro Nabuco 26/08/2015

Um livro que grita
O sentimento de que falta algo, de que se pode mais, de que isso tudo é muito pouco; isso é batido, tem em todo lugar, mas aqui não vem apenas com uma bela escrita e reflexões teóricas e puramente metafísicas, não, Fante coloca sangue e alma em sua obra.
Uma leitura mais visceral, mais "outsider" do que eu estava acostumado, foge um pouco às clássicas "inquietações burguesas".
Como obra literária, fazendo uma parca comparação, eu diria que não supera alguns dos livros de "inquietações burguesas", vide o "Cadernos de Malte Laurids Brigge" de Rilke, contudo seu valor vai além da estética e da pura literatura, seu valor está em sua humanidade crua e sem floreios.

Recomendo a todos. Fica de incentivo um trecho que considero excepcional e dá um pouco o tom da obra:

"Assassino ou barman ou escritor, não importava: seu destino era o destino comum de todos, seu fim o meu fim; e aqui, nesta noite, nesta cidade de janelas escuras, havia outros milhões como ele e como eu: tão indistintos quanto folhas de grama. Viver já era duro. Morrer era uma tarefa suprema."
Arsenio Meira 26/08/2015minha estante
Romance estupendo, resenha idem!
Abs


Pedro Nabuco 26/08/2015minha estante
Obrigado Arsenio!
Realmente é um romance sensacional, enquanto o lia, eu imaginava que, se fosse vivo, seria o tipo de coisa que Dostoiévski leria ou poderia escrever, haha


Arsenio Meira 26/08/2015minha estante
É isso aí, Pedro. O Dosto é para sempre. Sua analogia é certeira, na minha opinião. Os personagens criados por Dostoiévski, para além de serem bons ou maus, guardam, dentre tantos, um atributo: o que prevalece é o seu caráter de criaturas fragmentadas e com idéias fervilhantes em suas mentes. O russo sempre teve como preocupação maior, o seu tema mais relevante, ao qual consagrou a sua força criadora, o homem e o seu destino... Para ele o homem é um microcosmo, o centro do ser, um sol em torno do qual tudo se move. Graças a Dosto, somos beneficiários da filosofia caracterizada
principalmente como uma tentativa de repensar a posição do ser humano numa época contrária a seu pleno desenvolvimento. Abraços!


Pedro Nabuco 26/08/2015minha estante
Perfeito comentário. Realmente Dostoiévski é um dos imortais da literatura universal.
Abraços!




Victor 29/12/2009

A sugestão de leitura veio de uma desconhecida no Orkut. Ela deve ter visto no meu perfil uma pequena lista de autores que eu curtia e percebeu que ali faltava o nome do Fante, de acordo com o contexto. Ela não poderia estar mais certa. Até hoje, considero "Pergunte ao Pó" um dos melhores livros que já li e a melhor coisa que o Orkut já me trouxe.
Patricia 14/03/2011minha estante
assino embaixo, só dou graças que nao precisei do orkut para descobri-lo. =)


AzuosatraM 24/11/2012minha estante
Nossa! To me sentido mal... ainda não li. Já sei o que vou me dar nesse Natal.

=)


AzuosatraM 24/11/2012minha estante
Nossa! To me sentido mal... ainda não li. Já sei o que vou me dar nesse Natal.

=)




Luiz Miranda 25/08/2018

Obra-prima
Independente da opinião de crítica e público, independente de vendas ou de qualquer outro fator externo, tem livros que mexem com a pessoa, falam direto pra alma e dão a impressão de que foram escritos pra você.

Eu poderia tentar te convencer que "Pergunte ao Pó" é um dos melhores livros de todos os tempos, mas imagino que a experiência de lê-lo seja bem particular.

A primeira coisa que me chamou atenção foi o encontro de Bandini e Camilla. A dinâmica entre os dois é apresentada de forma tão sensacional que pensei: "uau, é o grande momento do livro".

Mal sabia eu que praticamente TODOS os capítulos trariam momentos tão os mais geniais. Fante é capaz de transformar qualquer banalidade em algo sublime.

A escrita é brilhante, a trama, imprevisível. Perto do fim, fiquei rezando pra que Fante conseguisse finalizar esse turbilhão de maneira satisfatória. Pois ele mais uma vez se supera. Vai ser bom assim lá em Los Angeles...

Livro do ano? Não, não, livro da vida.
AnandaAldridge 25/08/2018minha estante
Fiquei com vontade de ler


Luiz Miranda 25/08/2018minha estante
Caso você leia, Ananda, não esqueça de me dizer o que achou.


AnandaAldridge 27/08/2018minha estante
Pode deixar




Héber Luciano 06/10/2018

Eu sou Bandini, Arturo Bandini!
Fiquei interessado no livro por conta de dois de seus influenciados (Bukowski e Gessinger).

Logo nos primeiros capítulos percebi que estava diante de uma obra-prima, que certamente invadiria o pódio dos meus livros favoritos. De fato, foi o que aconteceu.

A escrita de John Fante é visceral, dotada de uma melancolia profunda. Mas, ao mesmo tempo em que é profundo e melancólico, seu fluxo de consciência é cômico devido a construção genial do protagonista, que vive na corda bamba entre a presunção e o pessimismo. Juntamente com Holden Caulfield, de O Apanhador no Campo de Centeio, Arturo Bandini é o melhor personagem literário que conheci até então.

Pergunte ao Pó é um livro fabuloso, do tipo que você se pergunta porque não é exaltado como se deveria (por que eu nunca tinha ouvido falar dele?!?!). Acredito que seja ainda melhor para escritores e aspirantes a escritores, que certamente se verão representados nas cenas relacionadas ao exercício da escrita - a angústia do bloqueio criativo, o sangue nos olhos nos momentos férteis, a ansiedade em relação a como o seu trabalho será recebido pelas outras pessoas...

Confesso que já sinto falta do grande Arturo Bandini, o autor do empolgante O Cachorrinho Riu...
Adri.RMonteiro 11/02/2019minha estante
Também me interessei pelo livro por conta da música do Humberto Gesinger.


Fabiana 02/09/2020minha estante
Não tem como não sentir "Ando só" lendo esse livro.


Adri.RMonteiro 17/09/2020minha estante
???




Maíra Marques 23/03/2021

Esperava um livro espetacular, arrebatador, com personagens fortes, não apenas por ser um clássico, mas por ter influenciado grandes escritores. Encontrei um personagem escritor vivendo um amor não correspondido e que não sabe lidar com seus sentimentos, nem com a pessoa amada. Isso me lembrou das aulas de literatura do Ensino Médio, quando conhecíamos as biografias de autores (e suas musas).
A escrita reflete aspectos psicológicos do personagem e talvez esse seja o ponto forte dessa leitura: a forma como Fante construiu os parágrafos, como conhecemos os personagens por essa escrita, que tem altos e baixos conforme o que acontece com o personagem principal.
Recomendo não pela história, mas pela escrita.
Joao 23/03/2021minha estante
A escrita desse autor é maravilhosa!! Quero muito ler esse!


Maíra Marques 24/03/2021minha estante
Sim... Fiquei com vontade de conhecer outras obras dele, especialmente "Espere a Primavera, Bandini".


Joao 24/03/2021minha estante
Esse eu não li. Tô lendo "O vinho da juventude" e tô achando maravilhoso.




monica_ash 07/01/2009

das obras de Fante, Pergunte ao Pó é é mais cultuada. Talvez porque a maioria se identifique com Arturo Bandini, o personagem central e alter ego de John Fante, ou talvez porque a mesma maioria nunca tenha lido qualquer outro livro do autor.

"Pergunte ao Pó" é um bom livro e é consideradaa obra máxima de Fante, mas acredito que toda a sua excelência está em "Espere a Primavera, Bandini" , "1933: Foi um ano ruim" e até mesmo "Sonhos de Bunker Hill".

O prólogo de "Pergunte ao Pó" vale o livro todo (mais não vale sem o livro)e nunca chegou a ser publicado, busquem na net, não é muito difícil de encontrar e cada uma daquelas palavra vão te fazer chorar pra diabo.
cris reis 13/01/2009minha estante
li Pergunte ao Pó há 3 anos e acabei lendo todos do Fante. Gosto da forma simples que ele escreve e o personagem central é de fácil identificação. Impossivel não se emocionar.


Luiza 27/07/2017minha estante
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jota 17/02/2013

Jovem aprendiz
Pergunte ao Pó (1939), segundo livro de John Fante (1909-1983) não é exatamente a continuação de Espere a Primavera, Bandini (1938), embora nos dois livros o protagonista central seja Arturo Bandini, alter ego do escritor.

Arturo não está mais no Colorado, seu estado natal (como o de Fante), mas na California - tem vinte anos, não é mais o adolescente do outro livro, embora os problemas continuem a perturbá-lo em sua nova vida em Los Angeles.

Por lhe faltar dinheiro leva uma vida um tanto à margem da sociedade. Deve aluguel, alimenta-se mal, não tem praticamente lazer algum que imaginar-se rico e famoso escrevendo livros. Já teve publicada sua primeira "obra-prima": um conto chamado O Cachorrinho Riu. Mas que às vezes, o torna motivo de riso.

Além dessa pretensão artística, quer conhecer o amor, mas a vida não parece sorrir para Arturo Bandini. Apaixona-se pela garçonete de um café da cidade, Camilla. Que, no entanto, ama outro homem, que também quer ser escritor...

Antes eu havia lido 1933 Foi Um Ano Ruim (1985, publicado postumamente) e esses três livros têm como característica a presença, aqui e ali, de traços autobiográficos de Fante, mas sobretudo, contam histórias simples e muito humanas. Isso agrada a um grande público leitor. A mim também.

Lido entre 13 e 17/02/2013.
Arsenio Meira 26/02/2013minha estante
Concordo com você. Um grande romance de John Fante. Bandini, em "Pergunte ao Pó", deixa-se levar pela acídia, e não raro, o descarraga suas frustrações num misto de ódio e rejeição para com tudo e todos.

No entanto, como você bem ressaltou, o romance de Fante tem por base um pé em sua própria vida e consequentemente reflete a vida da milhares de pessoas.

Na madureza, o aspecto humano que guarnece a história, desponta aos olhos, de fato.


jota 26/02/2013minha estante
Arsenio: Depois de ler 1933 foi um ano ruim, em seguida, Espere a primavera, Bandini e finalmente, Pergunte ao pó, todos livros ótimos, descobri que se fosse para haver, a continuação de Espere a primavera... seria o 1933..., embora o personagem deste, com 17 anos, se chame Dominic Molise. Mas o pai também é pedreiro, a mãe devota, etc. E mais ainda: o nome completo do alter ego de John Fante é Arturo Dominic Bandini. Bem, de fato o que estou querendo dizer mesmo é que esses livros nos levam para além do simples prazer de se ler uma bela história. Eles nos deixam querendo mais, querendo saber mais acerca dos próprios livros, seu autor e também seus personagens. Que, para nós, se tornam como que pessoas reais e conhecidas, a quem apreciamos. Fale-se em Holden Caulfield ou em Arturo Bandini e sempre haverá alguém que os conheça... Acho que é mais ou menos por aí.




Rodrigo1001 02/08/2019

Essa resenha não cita Bukowski (Sem Spoilers)
Levou dois anos para que eu me sentisse dessa forma de novo.

Em 2017, tive que fazer uma resenha deveras polêmica sobre um livro de Neil Gaiman. Assim como naquela ocasião, me sinto em uma sinuca de bico com "Pergunte ao Pó", segundo livro e magnum opus do escritor norte-americano John Fante.

Não faltam fãs e resenhas por aí exaltando o livro, não faltam autores citando a obra como revolucionária, não faltam elogios, reviews entusiasmados e rasgação de seda - tanta, que me senti praticamente obrigado a comprá-lo e tirá-lo da estante na primeira oportunidade.

O resultado? Conflito.

Vamos lá!

Primeiramente, o grande destaque da obra é o estilo de escrita de Fante. Cru ao extremo, tortuoso, pouco ortodoxo, caótico e ácido, é fácil identificar a fúria e a agressividade nos parágrafos. Cuspindo as palavras com a rapidez de uma metralhadora, o leitor é imediatamente arrastado para a história e só sai de lá depois da última página. E isso é total mérito do autor, essa prisão que ele mesmo constrói, prendendo-nos lá dentro. Sozinhos. Acuados.

Então, se você está procurando um livro agradável de ler, definitivamente não é esse. Esse livro vai te arrebentar os nervos, vai provocar raiva, despertar ojeriza, vai criar revolta, vai revirar teu estômago.

Se isso é positivo ou negativo, deixo a seu critério avaliar.

Livro de poucos personagens, o principal se chama Arturo Bendini. Um escritor de Los Angeles com uma personalidade muito, mas muito exótica. Com uma forte inclinação para a autocomiseração, para o devaneio e para a auto-análise, a história acontece muito mais dentro da cabeça de Arturo do que fora. É ali o lugar da revolução. Com um estilo convulsivo na melhor vibe estica-e-puxa, bate-e-assopra, Arturo divide o livro com Camila, uma garçonete que interage com o escritor em praticamente todo os momentos, causado uma catarse experimentada pelo leitor através das diversas emoções transmitidas pelo relação entre eles.

Então, se você procura um livro que discorre sobre um relacionamento ideal, onde você doa e recebe na mesma proporção, com afeto e carinho, desista. Esse livro é uma história agridoce, que, como sempre acontece com Fante, nunca se torna sentimental

E, de novo, se isso é positivo ou negativo, deixo a seu critério avaliar.

Em um outro prisma, o livro lembra vagamente o fantástico Servidão Humana, de Somerset Maugham, tamanha a co-dependência e opressão que orbita entre os personagens. Causa tanto mansidão quanto cólera. Causa, na verdade, reações das mais diversas.

Se isso é positivo ou negativo...

Bem, você já sabe.

Enfim, em resumo, a sentença está em suas mãos. E não há como ser diferente: em um livro com tanta dubiedade, mesmo os pontos negativos podem se tornar positivos. E vice e versa.

Confuso? Bem-vindo ao conflito.

Leva 3 de 5 estrelas. E se isso é positivo ou negativo... ah, deixa pra lá! ?
José Vitorino 03/08/2019minha estante
Pela resenha, ao contrário das premissas por aí espalhadas, me pareceu uma narrativa cuja ação se cumpre por reminiscências e divagações, sem perder a dinâmica, e costumo me dar bem com esse tipo de texto, é de fato isso?


Rodrigo1001 04/08/2019minha estante
Muito mais divagações do que reminiscências.




tragicpendragon 12/10/2020

O tédio da alma e a obrigação de gostar de clássicos (ou não)
Todo leitor passa por um período de desilusão com sua lista de leitura, aquele intervalo em que nada parece agradar seu paladar crítico ou satisfazer as vontades urgentes de sentir-se preso em um emaranhado de fios de uma trama bem elaborada, ou vinculado nas reflexões de uma obra existencial.

A verdade é que nosso estado de espírito influencia substancialmente na aprovação de um livro. Não é todo dia que conseguimos devorar um clássico filosófico, principalmente se o autor for o mestre da prolixidade, e tendemos a preferir algo mais leve - ensaios, crônicas, contos, best-sellers - por quê não? Se você torceu o nariz para o último item da lista, calma. Nem todo best-seller é ruim, assim como nem todo o clássico é magnífico.

“Mas se o livro sobreviveu aos anos e foi tão digno de nota a ponto de ser considerado um clássico, alguma boa razão deve existir, não é mesmo?”

De fato. Alterando um pouco a frase de Hamlet, nenhum livro é de todo bom ou mau, depende daquilo que pensamos, do momento que estamos vivendo. Tal linha de raciocínio é aplicável tanto para best-sellers como para clássicos da literatura.

Mas vamos ao que interessa: Pergunte ao Pó. Antes de tudo, se você decidir procurar dados sobre este livro, será assombrosa a quantidade de resenhas positivas e negativas equilibrando uma balança que você encontrará, o que especifica a ideia de que não existe livro ruim e que, muitas vezes, nós - ou nosso estado de espírito - somos o problema.

Em uma dessas crises literárias, esbarrei com a obra de John Fante. Logo no princípio, fui atraída pelo fato de ser sobre um escritor em crise; pesquisei mais um pouco e eis que vejo o prefácio extremamente elogioso feito por Charles Bukowski. Mesmo sem ter lido nada de Bukowski, tenho certeza que já deve ter esbarrado com alguma de suas citações na internet, porém, o que a maioria não sabe, é que ele abominava alguns dos monstros da literatura. Sim, isso mesmo que você acabou de ler. O escritor declarou não gostar de Shakespeare e Tolstói. Surpreso?

O fato é que, antes de mesmo de começar a leitura, tinha certeza de que aquele livro que contava a história de Arturo Bandini fora escrito para mim.

Nas primeiras páginas, você se depara com algumas citações interessantes e a ideia da formação do escritor. Arturo defende que os romances nascem da experiência e sai buscando seus próximos contos nas ruas de Los Angeles. Fante não tem medo de expor a mesquinharia ou o egoísmo da alma humana e isso é um ponto ao seu favor, contudo - na opinião dessa leitora, vale ressaltar - também não teme discorrer páginas e mais páginas sobre um grande nada. Confesso que, em muitos pontos da leitura, acabava me questionando qual o sentido de toda aquela enrolação e forcei-me a chegar ao final do livro para saber se aquilo parava em algum lugar.

“Meu conselho para todos os jovens escritores é bastante simples. Eu lhe recomendaria que nunca evitassem uma nova experiência. Eu os instigaria a viver a vida em estado bruto, a atracar-se com ela bravamente, a golpeá-la com os punhos nus.”

Você vai encontrar por aí pessoas dizendo que Pergunte ao Pó mudou suas vidas e que se trata de uma grande obra, dentre elas o grande Bukowski; em contrapartida, também irá se deparar com gente que não vai medir palavras na hora de expressar o horror ao estilo de Fante, mas - clássico ou não - é necessário ler e construir seu próprio conceito.

Não se sinta intimidado pelos clássicos, muitos são maravilhosos e vão, de fato, mudar a sua vida se você conseguir vencer algumas páginas, mas a regra não é aplicável a todos. Não gostar de uma obra de renome não faz ninguém menos leitor. O livro que influenciou uma geração foi, para mim, uma leitura insossa e decepcionante, mas não deixou de agradar milhares de outros espíritos.

Clássico ou não, um livro precisa martelar minha alma, agarrar meu tornozelo e me jogar um balde de água fria e nisso, caro Fante, você falhou, amigo.

“Que bem faz a um homem se ele ganha o mundo inteiro, mas sofre a perda de sua própria alma?”
John Fante.

site: http://www.rascunhocomcafe.com/2014/10/pergunte-ao-po-o-tedio-da-alma-e.html#more
Marcus Reis 04/01/2022minha estante
Estava pronto para tecer críticas sobre a sua resenha, mas terminei de ler e achei bem coerente. hahaha

Achei muito interessante quando você discorreu sobre o 'peso dos clássicos', porque me fez refletir um pouco. E é curioso porque li Pergunte ao Pó sem a alcunha de estar lendo um grande clássico, e a leitura foi realmente muito gratificante. Por outro lado, minha leitura anterior havia sido Dostoievski (Crime e Castigo), esse sim com todo o peso que um grande clássico da literatura pode levar, e foi uma leitura bem 'cansativa' em muitos momentos.





Mara Vanessa Torres 05/07/2009

ÚNICO.
Intensidade dantesca. Com duas palavras, a prima-dona de John Fante veio ao mundo. Pergunte ao Pó (José Olympio, 206 pág.) traduz a angústia que ocupou a mente da tumultuada geração beat. E não só. Fante conseguiu traçar personagens com vida própria, usufruindo da rara capacidade de sair das páginas fixas e construir história. Foi assim com Arturo Bandini (alter-ego de John Fante), a mexicana Camilla Lopez e até mesmo o excêntrico Hellfrick.

De um lado, o amor incontido de Bandini e Camila, lutando diariamente para superar pressões acima do bem e do mal - que eu traduzo como o contexto histórico, desespero social e emocional, e acima de tudo, um complexo das relações humanas. Sim, Pergunte ao Pó reflete a incerteza dos sentimentos; o perigo quase atômico de relações hierarquizadas. Um verdadeiro chute nas bolas do véu que todos nós - em menor ou maior grau - ostentamos, à medida que limitamos nossas possiblidades, nossos desejos, nossas necessidades e nossas prioridades em modelos pré-fabricados.

Bandini é um sonhador. De um lado, luta pela sobrevivência, levado ao tédio da espera, à desolação do instante que não passa. Tudo isso ao lado da vontade sacramentada de ser escritor. Um grande escritor. Emoções que Fante conseguiu transmitir com genialidade. Irresistível a cena em que o italiano acompanha seu vizinho Hellfrick em busca de um pedaço de carne - nessa altura o estranho velhote, que gastava seu dinheiro em gim e andava enfiado em um roupão velho, desperta para uma nova fascinação: um bom bife, fígado, filé... Carne, muita carne. Bandini acompanha Hellfrick em sua empreitada por um bife suculento e, sem maiores delongas, observa horrorizado o parceiro acertar um bezerro e carregá-lo, semi-morto, na traseira do carro, completamente banhado em sangue.

Outro ponto forte está no antológico banho à beira mar, em estado de libertação total, de Arturo e Camilla. Uma cena de amor - sutil, exatamente como deve ser - como poucas na história da literatura. E, claro, a despedida de Bandini, ao lançar para a desaparecida mexicana seu primeiro romance; lançar aquele amor e presentear o deserto; o mesmo deserto que o tragou.

Recomendo acima de qualquer dúvida ou apatia. ;)


Emanuel.Silva 19/03/2017

Do pó viemos, ao pó voltaremos
Estava para ler Pergunte ao pó a um bom tempo (recomendado diversas vezes por meu irmão), finalmente o coloquei na frente de algumas outras prioridades e o li este ano (motivo: faculdade). Confesso que adorei, era realmente o que eu esperava de algo escrito por John Fante, aquele que inspirou e jogou uma luz no sonho de se tornar escrito de nada mais nada menos que Charles Bukowski (meu escritor favorito).
Pergunte ao pó é uma historia puramente existencialista, seu protagonista Arturo Bandine é um escritor de um conto só, um jovem adulto com a vida toda pela frente. Mas, um jovem adulto incompreendido por muitos e principalmente por ele mesmo. Não é culpa dele, nem da sociedade, nem da literatura, creio que não seja culpa de ninguém este dilema melancólico da incompreensão, esta mais para uma consequência da condição de sujeito que existe.
Em um momento de nossa vida somos crianças jogadas no barro e na chuva, rindo felizes com as mãos sujas, chegando em casa cheios de poeira e pensando em ser jovens, livres, bonitos, esguios, intelegentes, estudiosos e trabalhadores. Nos tornamos jovens e não satisfeitos queremos ser adultos, nos livrar das amarras de nossos pais, das pressões sociais, das demandas de se levar uma vida acadêmica, profissional e social. Depois disso, como num piscar de olhos nos tornaremos adultos, teremos o companheiro que quisermos, o trabalho que batalhamos para ter, a casa de construímos e os filhos que serão nossa responsabilidades, porém o vazio, a falta de sentido constante, as questões que tanto martelam sua cabeça irão fazer sentido somente para você, e o desejo de retornar ao barro, na condição de criança sorridente suja de poeira voltando para casa será mais forte que tudo, essa vontade de retornar ao momento mais prematuro de sua vida, para findar o sentido de toda a sua existência e finalmente perguntar ao pó o motivo de tudo isso, estará sempre dentro do ser que existe.
Rick Muniz 01/12/2018minha estante
Essa resenha me fez ver um ponto de vista que eu não tinha percebido na obra! ;)




Fabiana 24/08/2020

"Ando só, nem sei pq. Pergunte ao pó, desça ao porão...(EH)"
Daquelas OBRAS feitas para quem gosta de reflexões profundas acerca de si mesmo, acerca dos outros e sobre destinos...
Caio.Mata 07/04/2021minha estante
Uau! Exatamente por isso que quero ler este livro. A primeira vez que vi o título fiz logo a relação com a música dos Engenheiros. Aguardando ansiosamente para ler.




Isabel 13/05/2012

Mesmo o detestando, eu mandaria flores para o enterro de Arturo Bandini, personagem principal do livro Pergunte ao pó. Estas flores, porém, não seriam condolências, e sim uma doce ironia quanto às suas negadas origens. Explico: o talzinho insultava a sua amada latina, Camilla, por suas raízes, mesmo que suas duas únicas caracteristicas em comum fossem sua nacionalidade e imigração recente de seus antepassados.
Portanto, assim como os gangsteres italianos, eu mandaria flores para o enterro de Arturo Bandini, mesmo sabendo que se um dia nos encontrássemos, a inimizade seria despertada a primeira vista. Bandini é odioso: é daquele tipinho de artista (no caso, escritor) que não entende como o mundo ainda não se curvou perante a sua obra (mesmo que ela se resuma a um só conto) e ao invés de praticar, lamenta-se pelos cantos as injustiças e obstáculos que as musas, seu editor e quase inexistentes leitores estão lhe impondo. Pior: Bandini é um gastalhão, e não guarda um só centavo dos seus pagamentos pelas suas poucas publicações, gastando-os com futilidade e com a certeza de que, futuramente, aqueles trocados de direitos autorais serão substituidos por milhares e milhares de dólares graças a sua genialidade literária.
Eu poderia ter jogado o livro pela janela se Jonh Fante, autor do livro, não fosse tão bom. Por algumas horas, eu FUI Bandini, e assim como ele, vaguei confusa por debaixo do sol da Califórnia, martelei inutilmente uma máquina de escrever e desenvolvi uma relação de amor e ódio com uma garçonete latina. Na arte de fazer com que o leitor se sentisse no lugar do personagem Fante era mestre, e os sentimentos contraditórios de Bandini me acertavam repetidamente como vagões de um trem em alta velocidade. Não havia espaço para respirar: quando eu imaginava que Bandini havia se cansado de todo o seu drama, uma âncora de alguma de suas ações estúpidas me puxava para baixo, fazendo com que eu me afogasse de novo no mar da angústia desse tão estranho personagem. Desde as primeiras páginas, um enredo ou até mesmo o começo meio e fim do livro parece inexistente, mas isto acaba se revertendo em virtude: tive a sensação de que tudo estava ocorrendo enquanto eu estava lendo, tornando o livro muito mais real.
Não conhecia a obra de Jonh Fante, e nunca me interessei muito pelos escritos da Geração Beatnik, que foi inspirada por ele - a escrita sem fôlego de Jack Kerouac (o mais famoso escritor beat) me fez desistir de Os Vagabundos Iluminados na quinta página. Contudo, Pergunte ao pó é tão bom que resolvi parar de ignorar, em termos literários, o século XX.
Originalmente publicada em http://distopicamente.blogspot.com.br/
Marcus Reis 04/01/2022minha estante
Pelo visto John Fante conseguiu alugar um apartamento na sua mente. haha




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