Juliana 14/07/2013Cruel, macabro e desconcertante | Mentecaptos Por Livros"Carne morta e bisturis afiados não me incomodam. Afinal, sou a filha de meu pai. Meus pesadelos são feitos de coisas mais sombrias."
Essa resenha não vai ter nota, por que sinceramente, esse livro meio que me surtou.
Juliet foi abandonada pelo seu pai. Na sociedade londrina de 1894, uma jovem garota sem dinheiro, sem família e sem contatos tem poucas opções na vida, por isso Juliet- nascida e criada na alta sociedade inglesa- passa seus dias esfregando pisos e paredes. Juliet também é grata por ninguém saber quem é seu pai, o lunático Doutor Moreau que foi condenado pelos seus experimentos e está desaparecido. Até que as coisas mudam, e novamente, Juliet está sem eira nem beira, procurando uma forma de escape, que ela encontra em um antigo amigo de infância; suas suspeitas são confirmadas: o Dr. Moreau realmente está vivo. E ainda está experimentando. Mas a garota não tem opções, então ela decide ir atrás dele, subindo em um navio e partindo em direção uma ilha tropical esquecida no oceano.
A grande questão: seu pai fora um gênio a frente de seu tempo, ou um monstro insano?
Antes do começo do livro, deveria ter uma introdução da autora sabe, dizendo algo do tipo: "Bem-vindo ao mundo da literatura Gótica, ó vós que entrais, abandonai todo o estômago fraco." Sinceramente.
Esse livro é um reconto do clássico gótico A Ilha do Dr. Moreau, de H. G. Wells, só que ao inverso: em The Madman's Daughter, quem narra a história é a filha do Dr. Moreau, a Juliet.
Gente.
Esse livro não me tirou da zona de conforto. Ele me arrancou dela, de uma vez só.
Faz meses que eu li esse livro, e até hoje não sei lidar (como vocês podem perceber) com os feels; grotesco, macabro, doentio são alguns adjetivos para a história e para os personagens. Veja bem, temos o elemento do romance aqui, com certeza. Mas não é rosas, borboletas e sorrisinhos tímidos. Oh, não. Juliet, assim como Edward, seu pai e Montgomery são terrivelmente sinistros. E, em algum deles, é tão sutil, que torna tudo muito mais tenso (sim Juliet, estou olhando para você, sua esquisita).
Ok, então Juliet chega na ilha de seu pai. E parece que toda a sua população sofre de alguma espécie bizarra de deficiência física. Aí a trama se desenrola com a Juliet tentando descobrir o que diabos está acontecendo na Ilha.
Moral, ética, monstros ou gênios? The Madman's Daughter levanta questões ao leitor, com a escrita sombria, sensual e atrevidamente macabra de Sheperd como plano de fundo. E, no centro, Juliet, uma protagonista cuja mente é a medida certa de "perturbado" para deixar o leitor com uma orelha em pé. Juuuro que na narração é como se você pudesse ver a loucura e selvageria correndo pelas veias da protagonista, como uma espécie de veneno. Sem sacanagem.
Não é um livro para quem tem o estômago fraco; os experimentos, os personagens... Apesar das falhas que o livro teve no ritmo de algumas partes, recomendo esse livro para 1) fãs de literatura gótica; 2) fãs de coisas macabras; 3) leitores que gostam de desafiar a si mesmo; 4) os curiosos de plantão, sempre à procura de lançamentos diferentes.
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