Tonio Kröger

Tonio Kröger Thomas Mann




Resenhas - Tonio Kröger


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Andre.Santana 03/10/2022

Pequena autobiográfica
O livro conta a história de Tonio Kroeger, que, assim como Thomas Mann, é de uma família burguesa. Filho de um respeitado comerciante de grãos e de uma mãe latina que não se preocupa com os valores burgueses, Tonio Kroeger é um homem dividido e um pouco deslocado de seus contemporâneos do norte da Alemanha.
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bruna.nosferatu 27/05/2022

one flew over the cuckoo's nest
ícone bissexual dividido entre dois mundos. quem conhece um pouco da história do thomas mann, como o fato de que a mãe dele era brasileira, vai perceber que pelo menos uns 90% desse livro deve ser autobiográfico, e mesmo assim pode ser muito relatable e universal. esse mano tá virando um dos meus escritores favoritos, vou adotar a obra do thomas mann como forma de terapia. o final é aberto a interpretações, mas gosto de imaginar que no final o tonio aceitou sua dualidade de origens. é um livro curtinho e de leitura fluida, mas nem por isso deixa de ser menos grandioso, promove reflexões muito profundas e cheias de dualidade. mais uma obra-prima do autor, por mais que seja uma de suas obras mais subestimadas e colocada abaixo de outras do seu currículo por ele ser tão jovem na época em que escreveu. na verdade, me surpreende que ele tenha escrito um livro tão pessoal com tanta coragem, ele se abriu quase que inteiramente aqui. é maravilhoso!

recortes de alguns trechos do livro:

"sentia a distância que o separava dela, pois seu modo de falar não era o dela. e mesmo assim era feliz, pois a felicidade, dizia para si mesmo, não é ser amado; isto é uma satisfação misturada com asco para a vaidade. a felicidade é amar e talvez colher pequenas aproximações ilusórias da pessoa amada.?

"...boas obras só se formam sob a pressão de uma vida dura. (...) é preciso ter morrido para ser um completo criador."

"e tonio kröger foi para o norte. viajou com conforto, pois costumava dizer: "alguém que interiormente tem uma vida tão mais difícil que os outros tem direito de reivindicar um pouco de conforto exterior."

"esta foi a estranha estada de tonio kroger em sua cidade natal" (passagem em que ele é confundido com um ladrão e quase é preso em sua própria cidade natal).

"estou entre dois mundos. em nenhum dos dois estou em casa e, por conta disso, tenho uma vida um tanto difícil. vocês, artistas, me chamam de burguês, e os burgueses se sentem tentados a me levar para a prisão... não sei qual dessas coisss me mortifica mais amargamente. os burgueses são estúpidos; mas vocês, adoradores da beleza, que me acusam de ser fleumático e incapaz de qualquer ânsia, deveriam pensar que existe uma vocação artística tão profunda, tão imposta pela origem e pelo destino, que nenhum anseio lhe parece mais doce e digno do que aquele que sentimos pelo êxtase da trivialidade."

"não repreenda este amor, lisavieta; ele é bom e fértil. contém saudade e uma inveja melancólica, um pouquinho de desprezo e uma felicidade de absoluta pureza."
azimute 27/05/2022minha estante
vc bilíngue


bruna.nosferatu 06/06/2022minha estante
mas eu li traduzido, gata




Sílvia 31/12/2021

Mescla
Curioso como essa novela parece uma mescla de outros textos do autor. O começo lembra muito Os Buddenbrooks, depois dá uma leve pincelada em Morte em Veneza, um toque de Doutor Fausto, um quê de A montanha mágica, e sempre a paixão homoafetiva tão característica do Mann. Temos quase que uma jornada do heroi, pois o texto segue o personagem principal da adolescência até a idade adulta, retratando o conflito entre o burguês e o artista, o sulista apaixonado e o nortista focado. Dualidade em todos os aspectos do personagem. Uma delícia de ler, como quase tudo o que Thomas Mann escreveu.
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Peterson Boll 27/10/2021

Demonstrações de um jovem gênio literário
De um ritmo completamente irregular, Mann, então aos 28 anos consegue ser muito convincente no que se trata de imagens nostálgicas (a sua descrição da visita na antiga casa paterna é espetacular), como de vislumbres dolorosos sobre felicidades inatingíveis, mas tediosamente prolixo quando quer impressionar por seus dotes filosóficos (no extenso diálogo entre ele e Lisavieta Ivanóvna que faz as vezes de terceiro capítulo e que ocupa 1/5 de todo o livro). O Kröger apaixonado por Hans e Ingeborg remete diretamente a Werther, embora é claro com os pés no mundo moderno, e a sua paixão por Hans deve ter sido inspiração clara para Ray Davies do grupo britânico 'The Kinks', na música "David Watts"
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Will 31/03/2021

Depois de Morte em Veneza minha expectativa estava alta mas isso costuma não interferir tanto na minha leitura. No livro percebemos o tom autobiográfico/pessoal que o autor quis passar, descrevendo seus incômodos e suas paixões. Porém não consegui me identificar tanto com personagem principal e há dilemas retratados muito superficialmente o que não tira a habilidade de Mann de prender o leitor com suas palavras.
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SSandes 20/09/2020

Que livro lindo, tive que parar varias vezes para assimilar o que estava escrito, me fez pensar e refletir muito. Não me canso de dizer, que esse livro transborda poesia, ele é poético em qualquer página (pode abrir em uma página qualquer).
Mais uma vez, vejo semelhanças entre o livro e a minha vida, coisas em que preciso pensar e mudar. Lindo, lindo, lindo!!
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jota 06/09/2020

Avaliação: 3,8/5,0 – BOM (confissões de um artista alemão quando jovem)
O nome do personagem-título desta novela de 1903, lançada dois anos após a publicação do romance Os Buddenbrooks, vem de Antonio, nome do irmão de sua mãe, a exótica Consuelo, mulher do “sul” casada com um comerciante alemão. O nome dela parece espanhol, mas pode ser que tenha nascido em terras brasileiras, descendente de europeus e índios, talvez também de negros, de uma mistura de várias etnias. Assim como no romance de 1901, Tonio Kroger tem um pouco da vida do próprio Thomas Mann (1875-1955) e igualmente de sua família burguesa (eram comerciantes em Lubeck). Família que foi profundamente estudada pela escritora e psicanalista alemã Marianne Krull num ótimo e volumoso livro (que todavia se lê como um longo romance, tão bem escrito e interessante que é), Na Rede dos Magos: Uma outra história da família Mann (edição Nova Fronteira, 1991), que li já faz algum tempo.

Tonio Kroger cobre cerca de dezesseis anos da vida do personagem e se inicia com um leve homoerotismo: o rapaz está platonicamente apaixonado por um colega de classe, Hans Hansen, mais interessado em desenhos de cavalos do que em literatura ou poesia, coisas que Tonio aprecia profundamente. Ao mesmo tempo ele também é apaixonado pela loura Inge, Ingeborg Holm; com ela gostaria de se casar e ter um filho parecido com Hans, conforme vai confessar mais tarde. Numa outra confissão à amiga pintora Lisavieta Ivanova acerca de suas paixões Tonio escreve, após observar escondido Hans e Inge se divertindo pra valer num baile: “Meu mais profundo e recôndito amor pertence aos louros de olhos azuis, aos de vida radiosa, aos felizes, amáveis e triviais.” Assim eram Hans e Inge, ao contrário do melancólico, solitário e pensativo Tonio, o jovem alemão de negros cabelos (tal qual Mann) que queria ser escritor. E que, por suas origens, se via dividido entre dois mundos, o da arte e o da burguesia comercial, temas que Mann explorou mais detidamente no já citado Os Buddenbrooks.

Através de Mann, filho de uma brasileira de Parati e de um alemão de Lubeck, Tonio via na mistura familiar uma imensa gama de possibilidades e também de perigos. Ele escreve: “Meu pai era de temperamento nórdico: compenetrado, metódico, correto por puritanismo e com um pendor para a melancolia; minha mãe tinha um indefinido sangue exótico, era bonita, sensual, ingênua, ao mesmo tempo indolente e apaixonada, e de uma licenciosidade impulsiva.” Tudo isso resultou para Tonio que ele se via no mundo como um burguês desencaminhado pela arte e desse modo não se sentia confortável em seu meio. Parece entender que seu destino é mesmo a solidão de quem escreve. Decide então viajar para o exterior, não para o sul, a Itália, que já visitara uma vez, terra de calor, beleza e sensualidade, ao gosto da mãe. Parte então para o norte, mais ligado às características paternas, primeiro para a cidadezinha onde nasceu e ali constata que a casa da família foi transformada numa biblioteca pública, coisa que estranhamente o desagrada, uma vez que era ligado aos livros. Em seguida segue rumo à Dinamarca, seu destino final por uns tempos. Lá, antes de regressar à Alemanha, através de suas confissões abre a alma para a amiga Lisavieta. Para o leitor, na verdade.

Mas durante todo o tempo seu irrequieto espírito de artista burguês coloca-lhe questões ligadas à “profissão” de escritor, à marginalidade do artista vivendo em sociedade, caso dele, e outros questionamentos que vão surgindo em sua mente. Grande parte da novela é assim mesmo: são muitas páginas em que há bastante reflexão, queixas, confissões e bem pouca ação. Daí que encontramos pensamentos como o seguinte: “A felicidade (...) não é ser amado; isto é uma satisfação misturada com asco para a vaidade. A felicidade é amar e talvez colher pequenas aproximações ilusórias da pessoa amada.” E por aí vai; há alguns outros ditos como esse, que por vezes nos dão a impressão de que estamos a ler outro autor alemão, Hermann Hesse, conforme acertadamente apontou mais de um leitor.

Algumas edições brasileiras de Tonio Kroger trazem outra novela na sequência, a conhecidíssima A Morte em Veneza (1912), na qual muitos críticos igualmente encontram traços autobiográficos enquanto Mann vai retratando a paixão platônica de um homem mais velho por um adolescente (no livro de Marianne Krull há mais informações sobre isso). E onde Mann novamente enfoca com maestria as relações entre a arte, o artista e a sociedade burguesa. Na edição da Companhia das Letras de 2015 há uma boa fotografia de Mann em 1906, aos trinta e um anos, languidamente posando com um livro nas mãos, com seus bem penteados cabelos negros. Talvez nessa foto houvesse um pouco de Tonio Kroeger por volta dos trinta e poucos anos, idade com que estaria o personagem no momento em que a narrativa se encerra. Pode ser...

Lido entre 03 e 05/09/2020.
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Maria Clara 09/07/2020

Delicadeza impressionante!
Foi meu primeiro contato com Mann, fiquei impressionada, mesmo curto, o livro tem grande profundidade e permite muitas reflexões sobre o amor, amizade, família, alegria e melancolia.
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spoiler visualizar
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Leila de Carvalho e Gonçalves 15/07/2018

A Formação De Um Escritor
Publicada em 1903 e com fortes traços autobiográficos, "Tonio Kroger" narra o amadurecimento de um poeta em busca da consagração. Um homem que abdica da vida mundana, passando a ser prisioneiro de seu ofício e que, curiosamente, sua genialidade reside nas contradições em adaptar-se a esse modelo.

Filho de um rico comerciante e de uma mãe com alma de artista, são seus vínculos afetivos que dominam boa parte da narrativa como sua paixão por Han Hanssen, um colega de escola, e pela bela Inge Holm que acabam sendo trocados pela amizade com a pintora Lisavieta Ivanova.

Por sinal, o ponto alto da novela são suas reflexões filosóficas, como uma carta endereçada a amiga, enquanto Kroger passa uma temporada isolado num pequeno balneário no interior da Dinamarca.

Finalmente, vale mencionar a semelhança entre a mãe de Tonio Kroger, Consuelo, com Júlia da Silva Brunhs, mãe Thomas Mann. De naturalidade brasileira e descendente de índios, sua importância foi fundamental na formação do escritor.
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Jeca 31/12/2014

Tônio Kroeger
O personagem principal como ser humano dentro do mundo em que fora criado não consegue enfrentar a vida como ela é, ou seja, não quer, preferiu viver a sua vida , a sua maneira.

Burgues, filho de pais de diferentes culturas o personagem aparece na infância e depois na fase adulta.
Em ambas as fases as crises aparecem, na busca de emoções e sensações através de leituras(na infância) e num segundo momento a busca de uma identidade já como escritor(fase adulta) enquanto que seus amigos de infância agora casados continuam lendo as mesmas revistas e dançando quadrilha.

A decepção acontece quando encontra seus amigos de infância num balneário fazendo as mesmas coisas dos tempos de escola, dançando quadrilha no salão de festas do balneário enquanto que ironicamente Tonio fica olhando pela vidraça na sala ao lado em companhia de um piano.

Tonio observa tudo aquilo e prefere ficar como observador ao invés de se reapresentar aos seus amigos, percebe que após anos fora do convívio pode ver que muita coisa não mudou e outras que mudaram exemplo de ter sido abordado como bandido em sua própria terra natal após 13 anos no trajeto ao balnearia na Dinamarca.

Podemos nos perguntar: Como um policial e um dono de hotel podem não reconhecer um escritor já com uma certa fama, esta cena que mostra a tensão social e a alienação das pessoas ao trabalho numa época pré guerras e a ganancia de ganhar dinheiro e estar bem como os donos do regime,donos do controle social na Alemanha.

O artista, uma pessoa simples, que se preocupa com a arte, com os sentimentos e acredita ser difícil ser entendido por esta ótica no ambiente em que vive e diante das mudanças do incio do século numa sociedade com novos padrões de convivência, as aparências, a etiqueta, a estética estão presentes na formação deste novo carácter humano.
Boa leitura!

O livro traz outros elementos de comportamento e atitudes como o amigo escritor que detesta a primavera, que prefere uma xícara de café do que discutir sobre aspirações da vida.

A amiga pintora confidente que não se depreende da tela enquanto Tonio tem suas crises existenciais e analíticas e o qualifica como um estereotipado burguês.

A importância que as pessoas dão para o refugio na cidade de Aalsgaard onde ironicamente é a terra dos Deuses nórdicos, um paraíso para reflexão da alma e que se tronou uma micareta no fim de semana em que Tonio estava em seu descanso espiritual.
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Bruno Pinto 19/08/2013

Por que li esse livro?
Depois de minha fissura no alemão Hermann Hesse fiquei curioso pela obra de seu conterrâneo e contemporâneo Thomas Mann, também ganhador de um Nobel. Procurei pelo óbvio A Morte em Veneza, mas acabei sem querer comprando um "livro duplo", com Tônio Kröeger como sobremesa - que acabou virando prato principal.

A história
O livro explora os acontecimentos e pensamentos que cercam a infância, a adolescência e o início da fase adulta de Tônio, um jovem burguês, propenso artista, cheio de conflitos. Tal descrição já deixaria um forte traço autobiográfico de Mann, mas ele preferiu ser explícito: Tônio é filho de um pai europeu com uma mãe "do sul", de onde veio seu "estranho nome"... Estranho? Pois é, não para nós brasileiros. E qual relação disso com os traços autobiográficos? Thomas Mann tinha uma mãe brasileira!
Curiosidades à parte, a temática geral é muito semelhante à abordada por Hesse - existencialismo, sexualidade, desenvolvimento emocional - porém de forma mais direta e concisa, como se fosse uma versão para leitura rápida (não chega a uma centena de páginas!), sem deixar de ser profundo.

Vale a pena ler?
A qualidade da narrativa de Mann é indiscutível, a leitura flui tranquilamente e o livro é curto, ou seja, ainda que não goste da obra, não vai ter gasto muito tempo lendo.
Os pontos de vista do protagonista são surpreendentes e seus pensamentos geram boas reflexões dos leitores.
Para o meu gosto, perfeito!


Trechos do livro Tônio Kröeger, de Thomas Mann:

"...a felicidade, dizia para si mesmo, não é ser amado; isto é uma satisfação misturada com asco para a vaidade. A felicidade é amar e talvez colher pequenas aproximações ilusórias da pessoa amada."

"...boas obras só se formam sob a pressão de uma vida dura; (...) é preciso ter morrido para ser um completo criador."

"...um sorriso nervoso, que tinha um secreto parentesco com soluço, começou a dominá-lo."

"Não repreenda este amor, Lisavieta; ele é bom e fértil. Contém saudade e uma inveja melancólica, um pouquinho de desprezo e uma felicidade de absoluta pureza."

site: http://estantedopinto.blogspot.com.br/2013/08/tonio-kroeger-thomas-mann-1903.html
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