Matheus 05/03/2016Diomedes é tudo aquilo que esperaríamos de uma história de um detetive brasileiro. Mutareli imprime muito bem as piores características possíveis em seu personagem, talvez sendo isso que nos faça simpatizar tanto com aquela figura. Diomedes não tem nenhum dom ou talento especial, muito menos aptidão para o que faz, falando sem pudor que nunca foi capaz de resolver um caso. Mas mesmo assim o acompanhamos em sua saga atrás do mágico Enigmo, ansiosos para descobrir como uma figura tão patética poderá resolver tamanho mistério. E Diomedes não nos decepciona, nos entregando não respostas, mas sim um caminhão de piadas da pior qualificação, palavrões, e figuras de um submundo muito bem retratado por um desenho caótico, onde por muitas vezes temos que olhar com muito cuidado para entendermos o que se passa na cena. Mas, apesar de todos seus méritos, ao meu ver a história acaba perdendo muito de seu encanto em sua última parte, onde Diomedes é envolvido em uma investigação internacional, e a história começa a crescer demais para seu pequeno detetive. Diomedes é uma figura que exemplifica muito bem o submundo em que a história se passa, e acredito que a história deveria ter permanecido ali, explorando mais as figuras que o cercam. A última parte da história acaba tomando ares filosóficos que não combinam muito com o caminho traçado até ali, o que acabou me causando uma certa estranheza. Uma pena, pois esse personagem tão interessante merecia um fechamento melhor para sua história (ou talvez, mais história).