O Misantropo

O Misantropo Molière




Resenhas - O Misantropo


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Adriana Scarpin 10/05/2024

De louco e de misantropo todo mundo tem um pouco.
Em primeiro lugar quero elogiar a tradução da Barbara Heliodora que é absolutamente magnânima, em segundo o humor sutil de Molière em que todos podemos nos identificar, digo isso porque todo tipo de gente está exemplificado nesses poucos personagens e talvez o modo que os lerá dependerá se você fica ofendido ou vai rir da própria condição.
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Procyon 07/04/2024

O misantropo ? comentário
?A nossa preferência sempre escolhe a alguém:
Quem gosta de todos não gosta de ninguém?. (p. 16)

Peça de 1666, O misantropo critica e satiriza a sociedade francesa do século XVII através da comédia, ridicularizando costumes, valores e hipocrisias através de Alceste, que confronta diversos personagens que incorporam tipologias sociais de sua época. A peça advém da influência doutra peça, do poeta Menandro, cuja obra também fazia uma estereotipificação da sociedade. Apesar do comportamento um tanto intragável e imaturo do protagonista, ele serve basicamente como um bom objeto de crítica às manobras e falsidades de pessoas que atuam na lógica do melindre e do cinismo a fim de ascensão e aceitação social e pertencimento de grupo (tanto no ambiente pessoal quanto corporativo). A peça em si não me cativou muito, porém é bastante claro uma aproximação crítica ao contexto contemporâneo, visto o acirramento das dinâmicas virtuais, mais especificamente as redes sociais, onde se imperam o ódio e a demonstração de virtude e bom-mocismo, uma espécie de amplitude virtual dos grandes salões e das festas promovidas pela ?alta? sociedade dos séculos passados (o que a torna, sem dúvida alguma, mais interessante, tendo em vista a habilidade com esses grandes autores franceses, como Moliére ou Balzac, tinham para descrever as usuras de seu tempo).

?Por Deus, como é covarde, indigno e condenável
Trair-se e ter a alma assim tão maleável.? (p. 14)

?Só encontro, em toda parte, vil bajulação,
Injustiça, mentira, calúnia e traição?. (p. 18)

?Para a sabedoria não ser condenável;
Razão perfeita evita radicalidade
E devemos ser sábios com sobriedade.? (p. 21)

?E é preciso olhar pra si mesma bem fundo,
Antes de se querer condenar todo o mundo?. (p. 75)

?Mas nada do que eu disse pode ser mudado:
Do que é perverso o mundo está tão recoberto,
Que me afastar dos homens pra mim é o certo.? (p. 104)
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Dudu 25/11/2023

As aparências
Notar que a obra foi escrita em versos me surpreendeu bastante, já que ainda não estou habituado à leitura de peças de épocas tão variadas ainda. Fora essa, a outra em versos que li havia sido só a de Joaquim Manuel de Macedo, O Cego. Sendo a intenção de Molière criticar tipos de sua época, acredito que ele tenha conseguido isso com bastante êxito. Entre a desonestidade e a honestidade total e sem critérios, é interessante que ele não pende a balança apenas para um lado. Alceste pela honestidade total, Célimène e Arsinoé pelo disfarce das aparências, são os três representações vivas e que atraem o interesse do leitor sobre suas características e ações. Não saber ao certo a índole de Célimène, por exemplo, até mais ou menos o final (ainda que houvesse fortes indícios de quem ela realmente era) foi uma boa surpresa, porque não estava tudo entregue logo de cara. A trama é bastante original e me encantou ver também como o protagonista não romantizava a figura da mulher amada frente à defesa da tese oposta por Clitandre e Acaste. Enfim, diversos embates na trama, além deste, trazem grande divertimento e empolgação, como aquele a respeito do soneto de Oronte e a engraçadíssima conversa — nada falsa, por sinal — entre Célimène e Arsinoé. Entretanto, e aí já entra meu gosto pessoal, devo dizer que a 'rimaiada' e a versificação depois de um tempo ficam cansativas e, em determinados momentos, me perdi acerca do que estava ocorrendo exatamente. Fora isso, é uma ótima peça.
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Samuel Sander 05/12/2022

Muito bom
Nunca tinha lido uma peça mas gostei bastante da experiência, a história é interessante e os personagens por vezes tem falas despretensiosas que na verdade são repletas de reflexão. A linguagem não é tão simples como a que estamos acostumados mas nada que impeça a compreensão. Enfim, leitura curta e prazerosa!
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Paulo 28/06/2022

Gênio do teatro
Li este livro logo após “O Tartufo” e achei-o superior. Com tradução fluida e rimada de Bárbara Heliodora, a peça é dividida em 5 atos.
O misantropo Alceste é uma personagem quixotesca, de moral rígida, radical, que só fala a verdade e não respeita sequer as regras básicas de convivência social, por entendê-las hipócritas. Paradoxalmente, é apaixonado pela viúva rica Célimène, de caráter oposto ao seu, dissimulada e mentirosa, que se diverte recebendo e tapeando seus diversos pretendentes. Devido à grande incompatibilidade de gênios, Alceste termina sozinho e decide banir-se da sociedade para viver no deserto.
Em contraste, o relacionamento entre Philinte e Éliante termina com um final feliz. Philinte, amigo de Moliére, é o raisonneur, que acompanha a trama com suas observações justas e razoáveis: “sofra menos com a moda da semana, perdoe um pouco mais a natureza humana; vamos examiná-la com menos rigor, sejamos mais gentis até com o pecador”. É o representante da burguesia futura, que sabe se adaptar ao meio para prosperar. Éliante, a personagem mais sensata da peça, é prima de Célimène e aceita se casar com Philinte no final.
Em um dos vários diálogos geniais da peça, Alceste recusa-se a elogiar, apenas por conveniência, um péssimo soneto declamado por Oronte. Essa passagem ilustrou para mim o atual fetiche das pessoas em querer se entregar à vida intelectual, ainda que sem qualquer vocação, e a abundante e medíocre produção textual que daí advém. Segue: “Qual a necessidade que tem de rimar? Que raios o levam a querer publicar? Perdoa-se o mau livro apenas, pode crer, aos infelizes que publicam para viver. Creia-me, e resista enfim à tentação de revelar a todos tal ocupação; não chega a abandonar, manchando todo o resto, a fama que na corte tem de homem honesto, para receber da mão de um ávido editor a de homem risível e péssimo autor.”
Em outro brilhante diálogo, Cèlimène e Arsioné (uma fingida amiga) conversam sobre a reputação e fama de ambas perante a sociedade. É um diálogo ferino de acusações e ofensas mútuas, disfarçadas sob juras hipócritas de amizade … um primor.
Como já dizia Aristóteles, o homem é um animal político. Por meio do caráter inabalável de Alceste, Molière mostra na peça que a sinceridade incondicional impossibilita o convívio social e que as regras de trato social existem para permiter o funcionamento da sociedade. O êxito do casal Philinte e Éliante, que sabem como viver (“sofra menos com a moda da semana, perdoe um pouco mais a natureza humana; vamos examiná-la com menos rigor, sejamos mais gentis até com o pecador”), em oposição ao destino de Alceste, inadequado ao meio social, reforça a percepção de que é necessária pequena dose de hipocrisia para o convívio humano.
Não obstante, durante toda a narrativa, a pena de Molière desnuda com maestria as idiossincrasias da vida de aparências da sociedade francesa, marcada pela hipocrisia social e pela fatuidade. Alceste, por ser sincero, moral e correto, destoa do meio em que vive, arruma confusão com todos ao redor e é um sujeito difícil de lidar, mas deve-se reconhecer que ele apresenta algumas verdades que não deveriam ser ditas por incomodar os demais e perturbar a paz social.
Ao ler essa segunda peça, entendi porque Carpeaux disse ser Molière o maior comediógrafo de todos, comparando-o a Homero, objeto de admiração unânime.
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maria 14/02/2022

a história é interessante, mas não sei se gostei ou não do livro, quero reler ele depois com mais calma quando tiver tempo
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Mama 17/01/2022

Livro interessante, mas um pouco chato
Dos livros que li de Molière esse foi o mais confuso e chato. Apesar das críticas sociais carácter da escrita do autor, eu muitas vezes me perdi na leitura.
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Michele Soares 11/09/2021

"De coração aberto façamos sumir..."
Peça de qualidade. As interações entre os personagens são muito divertidas com destaque para as interações Alceste/Celimène e Alceste/Philinte. E o que dizer do momento em que Alceste julga o soneto de Oronte ou de quando Arsinoé e Celimène entram numa disputa, primeiro terceirizando as opiniões negativas que tem uma da outra e depois se atacando diretamente?

Logo vemos alguma ordem de tensão perpasssando cada palavra que um personagem diz para o outro, mas como se trata de uma comédia, é justamente essa tensão, esses desencontros e desajustes entre fala/pensamento, ação/caráter que botam a peça pra funcionar. Borrando os limites entre qualidade e defeito, a ideia de tornar alvo de riso uma personagem virtuosa e colocá-la no seio de uma sociedade e de uma corte na qual a dissimulação e até de bajulação está na base de toda ordem de sociabilidade, é uma ótima ideia ? e muito atual, de qualquer modo.

Outra coisa que me chamou a atenção é como a peça, escrita antes que Boileau sugerisse que uma boa peça é aquela que torna até os vícios dos seus personagens heroicos, apresenta justamente essa dimensão de vício heroico. Me chamou a atenção como o personagem, tão desconfiado da dissimulação de todos, acaba recebendo como falso até um sentimento expresso com verdade e a confusão que isso gera ? e podemos julgá-lo, se a dissimulação é a tônica do seu tempo? A peça toda me fez tecer associações livres com a "Quadrilha", de Drummond, com o "Entre Quatro Paredes", do Sartre, com Machado, sobretudo, "Dom Casmurro" e, principalmente, com aqueles versinhos ácidos do Augusto dos Anjos de "Versos Íntimos": "Apedreja essa mão vil que te afaga,/Escarra nessa boca que te beija!". Depois dessa peça, fiquei muito interessada em ler o Díscolo, do Menandro, cuja tradução mais corrente é justamente "O Misantropo". Vamos ver o que acho...

Mas em linhas gerais faz igualmente bem pensar como o período em que Molière apresentou a peça era um período de pouca liberdade artística, no sentido do artista precisar se sujeitar à camisa de força das formas, trilhando com cuidado pelo campo minado dos costumes e da moral. "Bom senso" é a palavra dourada da poética de Boileau. Agora posso ver por que Boileau elogia o Misantropo e coloca como contraposto negativo O Escapino. O humor do Misantropo não ofende ou é ácido, a despeito do seu personagem principal ser bastante amargo ? mas até ele não se enverga ao amor? Compondo sob a égide do rei, a sociedade francesa de corte não alimentaria um Aristófanes.

A Bárbara Heliodora na sua introdução fala um pouco sobre essa comédia enquanto uma comédia de caráter e como o riso de Molière não é uma chacota barata direcionada a Y ou Z. Com a leitura, isso fica bastante nítido e quase pude ver na minha imaginação a audiência de corte rindo de este ou aquele personagem, sendo, eles mesmos, não muito diferentes de modelo em cena. Todos podem rir de todos. É uma comédia, portanto, mergulhada nas questões da sociabilidade do seu tempo, mas atemporal no sentido de que ela faz muito sentido pra nós ainda e, como leitores, ainda conseguimos nos reconhecer um tanto nos cárateres apresentados.

Achei a Celimène sensacional e nela vê-se um rol de ecos de figuras femininas da literatura francesa e de outras nacionalidades. Uma nota menorzinha, mas que gostei de saber, é de que Molierè e sua esposa Amande encenaram Alceste e Celimène nas montagens de O Misantropo. Alguns aspectos da tradução não me agradaram muito, mas nada que atrapalhasse muito.
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Mauricio Gonçalves 21/08/2021

Fica a reflexão
A peça é muito divertida, as situações simples e a dinâmica entre os personagens é na medida correta para a obra e a mensagem. Os versos são fáceis de serem lidos e não possuem muito "peso" gramatical.
No início do livro há uma nota sobre a vida e obra do autor, nela é apontada a forma como Molière tende a ridicularizar ou exagerar as condutas ou crenças de seus personagens.
A reflexão que fica a partir dessa característica do autor, na obra, é o quanto nos deixamos moldar pela sociedade e quais os reflexos nas nossas vidas de nossas discordâncias dela.
Creio que hoje em dia seja mais fácil "abandonar" a sociedade, vivemos em grupos cada vez mais seletos de interesses e interações. É relativamente fácil abolir um comportamento que você discrimina ou reprime do seu meio social. Com isso conseguimos deixar parte da sociedade, mas sem abandoná-la. Na época em que foi escrito a sociedade tendia a ser mais engessada e homogênea, o que justifica o fervor do protagonista às suas opiniões.
O livro também nos questiona até que consequências estamos dispostos a chegar para nos mantermos firmes aos nossos comportamentos ou convicções. Será que a sociedade nos castiga por eles? Será que sermos mais flexíveis podem nos trazer mais tranquilidade? Ou esse sossego não sobrepõe o ego contrariado? Fica a reflexão.
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Mariana 12/05/2021

O tipo de pessoa que fala a verdade, doa a quem doer. Perde o amigo, mas não perde a razão. Abomina a hipocrisia e preza pela honestidade acima de tudo, corta qualquer bajulação. ? Assim é Alceste, ou o misantropo, que se considera tão íntegro a ponto de acreditar que o restante do gênero humano é falso e causador de aversão.

Embora muitas vezes ele, de fato, esteja certo, esse homem rude e sem habilidades sociais perde pela inflexibilidade. No entanto, tem como ponto fraco justamente uma bela viúva manipuladora e traiçoeira, "coquete e maldizente", que o leva contra os próprios ideais, pois, segundo o próprio Alceste, "não é a razão que regula o amor".

Movido pela sinceridade sem limites, sobretudo consigo mesmo, o protagonista acaba encontrando uma solução, afinal, uma sociedade tão indigna não poderia ter a companhia de um homem como ele.

Vícios e virtudes se embaraçam nessa peça, composta em 5 atos contados por versos rimados, ora poéticos ora cômicos. Encenada pela primeira vez em 1666, é divertida, crítica e cheia de reflexões! Molière prova por que é considerado o maior dramaturgo francês.

Por fim, fica o conselho de Philinte - personagem que traz mais leveza e novas perspectivas sobre as duras condenações do misantropo -: que a gente "perdoe um pouco mais a natureza humana". Só assim é possível viver em sociedade, ainda que frustremos as nossas expectativas.

@23livros
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Cinara... 09/05/2021

Odeio os homens todos, e ela é total...
Uns por serem desonestos, maus, e safados;
Outros por complacência com os pecados,
Sem sentir pelo ódio vigoroso
Que o vício deve ter o que é virtuoso."

Voltaire disse "A obra-prima da alta comédia. " Aqui pra nós ele só disse isso por que não conheceu o Ariano Suassuna.
Não achei graça de nada, não me tirou nem um sorrisinho mequetrefe.
Achei bem sem graça.
Bem razoável.
re.aforiori 16/06/2021minha estante
?




alex 22/04/2021

O misantropo, de Molière (1666)
Minha primeira leitura do autor.

Trata-se de uma peça teatral rimada e bem divertida (os diálogos finais entre Alceste e Oronte são magníficos), escrita no (complicado) século XVII.

(como ainda estou impactado pela leitura de "Grande Sertão: Veredas", confesso que li a peça com divertimento, mas sem grande apego ao seu significado histórico ou conteúdo artístico)
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Vinícius 09/09/2020

Excelente!
Para mim, superou O Doente Imaginário e Don Juan de longe... Muito poético com rimas do início ao fim. Vale a pena ler.
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Bruno.Dellatorre 09/04/2020

Uma obra interessante
Foi meu primeiro contato com Molière, e já adianto ter sido uma experiência positiva. Gostei dos diálogos, todos tem uma dose humorística muito boa. Acho que talvez seja mais interessante encenar essa obra do que ler, embora a leitura também tenha sido prazerosa.
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Rodrigo Queiroz 03/04/2020

Minha cara rsrs...
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