Resenhas - Marighella

ana :) 24/04/2024

Incorruptível brasileiro, um moço baiano de riso jovial e coração ardente
Conheci a figura de Carlos Marighella no filme protagonizado por Seu Jorge junto da música escritas por Racionais MC's "Mil Faces de um Homem Leal". Com isso, uma curiosidade imensa sobre quem foi esse revolucionário baiano que agitou a resistência e a luta armada no Brasil antes e durante 64.
Filho de um italiano branco imigrante e de uma negra brasileira, dentre os 8 filhos, Mariga escreveu seu nome na história sendo um patriota que amava e lutava dolorasamente pela pátria que o cassava.
É um livro rico de relatos, entrevistas, consultas a acervos do DOI, matérias de jornais, fotografias etc. Nele foi possível conhecer o Marighella filho de Maria Rita, estudante de engenharia, craque de poemas e galanteador. Também conhecemos o Marighella comunista, crente da revolução armada, homem que sabia se esconder tanto quanto sabia comandar a Aliança Nacional Libertadora.
Algo que me tocou profundamente nessa obra foram as inúmeras descrições de torturas que os militantes sofreram tanta na Era Vargas quanto nos anos de chumbo. Não aponto a necessidade de censurar isso, pelo contrário, ressalto a importância de testemunhos assim serem compartilhados. Em tempos de exaltação do regime militar, pedidos de cerceamento da liberdade de existência e vivência, Carlos Marighella É um homem o qual devemos admirar e aprender com o que ele teve para ensinar.
A revolução comunista no Brasil será pelo povo armado e um de seus padrinhos não deve ser esquecido: viva Carlos Marighella!

opiveteinvisivel 18/03/2024

Um brasileiro que amou, lutou e morreu por seu país.
Filho de Oxóssi, resistindo a prisões e torturas na capoeira ou na bala, vivendo a maior parte da vida forçado a clandestinidade, Carlos Marighella ergueu uma fogueira que se espalhou por todo o mundo e ainda hoje clareia a chama no coração de homens e mulheres que sonham e lutam por um mundo melhor.

Mário Magalhães mergulha não apenas na trajetória de vida do guerrilheiro, mas nas histórias de um Brasil marginalizado que até hoje tentam esquecer ou apagar, como é exposto nas diversas tentativas dos fascistas de reescrever a história. E nessa o autor soma a resistência através de quase uma década de dedicado trabalho para construir essa biografia.

Desde a origem da Bahia de Todos os Santos e suas insurreições como a Revolta dos Malês, começamos a entender como suas raízes estavam ligadas a mais constituinte de um brasileiro comum. E assim se autodenominava o neto de escravizada Haussá, filho de mãe negra e pai operário anarquista. Mas foi além, escreveu a suor e sangue as páginas mais brilhantes e poéticas de um país que sonhou ser livre e revolucionário.

Conhecemos um humano de peito aberto e as pessoas que ao seu lado andaram e lutaram. O autor se abstém de julgamentos morais, mas sabemos que na selva de pedra capitalista é olho por olho, dente por dente, principalmente em momentos de repressão. O capitalismo sempre se escora no fascismo e a população da metade do séc. XX assim percebeu. Jamais houvera momento de tamanha ebulição política e cultural no mundo.

Um livro indispensável a quem deseja aprender a verdadeira história desse período, a quem deseja lutar e, se preciso for, morrer sorrindo a murmurar tal nome: Liberdade.

harumi 19/02/2024

"a única luta que se perde é aquela se abandona"
Um livro muito denso e rico em informações. de uma maneira objetiva e até um tanto detalhista com as informações coletadas, a história de carlos marighella é narrada. um livro necessário para todos que tem interesse por uma história de resistência e de coragem que muitas vezes não é contada.

Maria 10/02/2024

Mil faces de um homem leal.
Marighella tinha três princípios:

¹o primeiro é que o dever de todo revolucionário é fazer a revolução;
²o segundo é que não pedimos licença para praticar atos revolucionários;
³terceiro é que só temos compromisso com a revolução.

acho q existem dois tipos possíveis de leitor para esse livro, e para cada um deles será interessante em pontos diferentes. para o ?não iniciado? no assunto, que tem pouco contato com a história do Brasil, dos movimentos de esquerda etc., o livro é rico, consegue dar um panorama da história dos movimentos progressistas brasileiros com ênfase na história do marighella. para aqueles que já têm contato com o assunto, estudam (ou viveram) esse período, a obra tem o valor de juntar informações, cruzar histórias e elaborar uma síntese de alguns dos acontecimentos mais importantes da luta contra a ditadura.

recomendo demais a leitura. ?

Felipe1503 21/01/2024

Marighella
Simplesmente a minha biografia favorita, além de ter me dado uma bagagem enorme sobre a história do Brasil, me apresentou o meu revolucionário favorito. Marighella é o retrato do que de fato é um herói nacional, que infelizmente foi injustiçado, mas que tem sua história registrada para mostrar que:?a única luta que se perde é a que se abandona?.

Lucão 10/12/2023

"A única luta que se perde é aquela que se abandona"
Ler "Marighella" é mais do que conhecer a história de um brasileiro brilhante, que teve ideias que influenciaram militantes de múltiplas gerações. Ler "Marighella" é também ter a oportunidade de acessar análises de diversos momentos da esquerda do século XX, é saber a respeito de diversos revolucionários que muitas vezes são esquecidos. Ler "Marighella" é se sentir revoltado com o sistema que matou Carlos e observar que aquele ainda mata, por mais que não seja a partir da repressão de uma ditadura militar. O autor Mário Magalhães trata a missão de escrever sobre o guerrilheiro que incendiou o mundo com muita seriedade e cuidado e merece aplausos por construir uma narrativa tão verossímil e tocante do homem que era calmo como uma bomba, do homem que não teve tempo para ter medo.

Marília 09/11/2023

Essa biografia é muito bem pesquisada e feita. Só faltou uma lista de quem sobreviveu 'as prisões e torturas.

Adriana854 11/10/2023

Excelente
TÍTULO: Mariguella - o Guerrilheiro que Incendiou o Mundo.

AUTOR: Mário Magalhães

EDITORA: Companhia da Letras

SINOPSE: A vida de Carlos Marighella (1911-69) foi tão frenética quanto surpreendente. Militante comunista desde a juventude, deputado federal constituinte e fundador do maior grupo armado de oposição à ditadura militar - a Ação Libertadora Nacional -, esse mulato de Salvador era também um profícuo poeta, homem irreverente e brincalhão.
Nesta narrativa repleta de revelações, o jornalista Mário Magalhães investiga as várias facetas do biografado. Em ritmo de thriller, reconstitui com realismo desconcertante passagens pela prisão, resistência à tortura, operações de espionagem na Guerra Fria e assaltos da guerrilha a bancos, carros-fortes e trem-pagador. Mas também recupera a célebre prova de física respondida em versos no Ginásio da Bahia e poemas de amor.
A controversa vida de Marighella é também uma história dos movimentos radicais e da esquerda no Brasil e no mundo. Coadjuvantes de peso, que tangenciaram a vida do protagonista, povoam estas páginas: Fidel Castro, Getúlio Vargas, Che Guevara, Carlos Lacerda, Stálin, Luiz Carlos Prestes e Carlos Lamarca, além de figuras-chave da cultura, como os escritores Jorge Amado e Graciliano Ramos; os pintores Cândido Portinari e Joan Miró; os dramaturgos Augusto Boal e Dias Gomes; e os cineastas Glauber Rocha, Jean-Luc Godard e Luchino Visconti.
Proclamado pela ditadura militar como seu inimigo número um, o guerrilheiro foi morto em uma emboscada policial em São Paulo, na noite de 4 de novembro de 1969. Esta biografia de tirar o fôlego apresenta informações inéditas sobre a trajetória de Marighella e o atribulado e apaixonante tempo em que ele viveu.

Bolena 15/09/2023

Nada contra esse livro, foi ótimo, mas quando acabou fiquei sentindo que faltou alguma coisa. Depois de refletir sobre isso percebi que na verdade eu queria também um livro sobre a ALN. A história de Mariguella é interessantíssima e muito importante, mas eu queria muito saber sobre os rumos da organização e do pessoal que fazia parte dela. A morte de Marighella aconteceu em 1969, olhando para a luta armada no Brasil como num todo, parece como num daqueles filmes em que o personagem que é o principal (ou a gente pensa que é) se vai num dos primeiros atos e você fica sem entender.

Felipi Fraga 09/06/2023

Este é um livro que merece revisitas para consultas em futuros não muito distantes. De minha parte, fica a inveja da coragem, dedicação e desapego que teve Marighela, para lutar por suas causas, e se opor a ditadura capitalista, muito mais do que seus contemporâneos Brizola, João Goulart e até mesmo Luiz Carlos Prestes. Como figura simbólica na América Latina só pode ser comparado a Che Guevara e Fidel Castro, guardas proporções de contexto.

Ainda sobre o livro concordo com a frase do autor Mário Magalhães: "Este livro não é uma HAGIOgrafia, promovendo o personagem principal, ou um libelo de oposição a ele. E sim uma reportagem que escrutina seus triunfos e tropeços, grandezas e pequenezas, os altos e baixos próprios da espécie humana. Ninguém precisa amar ou odiar Marighella. Mas é difícil ficar indiferente ao seu épico."

bella 04/06/2023

A vida de quem não teve tempo pra ter medo.
Aquela coisa né, impossível falar da história do Brasil sem citar Carlos Marighella e sua incrível trajetória como guerrilheiro, militante e intelectual. ainda que o livro seja meio maçante, é muito bem escrito ─ não é atoa que levou 9 anos pra ser finalizado ─. ademais, não tenho muito a dizer sobre a vida dele (até pq eu seria muito tiete). foi uma ótima companhia durante esses 3 meses.

Fabrício 14/03/2023

Muito completo
Essencial para conhecer a respeito de tudo que envolveu a vida de Mariguela. Relatos históricos bastante relevantes e todos embasados em fatos documentais e relatos dos participantes e envolvidos.

Helena 03/02/2023

Patriotismo
Do começo ao fim do livro, eu só tive uma certeza: Marighella é muito valente. Além de corajoso, otimista, patriota e... poeta.

O que mais me deixou reflexiva é o quão recente essa escrita é, mesmo sendo publicada em 2012. Conseguimos fazer várias analogias com atualidade do Brasil após uma polarização de esquerda e direita nas últimas eleições.

É irônico notar os comunistas serem chamados de traidores da pátria por defenderam um novo sistema econômico e por lutarem contra um governo autoritário e sanguinário. É irônico, pois os que auto se consideram 'patriotas' são os que rasgam a constituição e clamam por mortes das pessoas da esquerda ? perseguida desde sempre.

Marighella é um revolucionário a favor da luta armada e ele a defende com unhas e dentes, afinal não existe revolução sem sangues e mortes. Conhecido como "inimigo público número um", o "terrorista" e o homem mais caçado do mundo. Bem, conhecido dessa forma pela direita que sempre tenta distorcer os ideais socialistas/comunistas, como: esquerdistas são contra a família e religião, terroristas e qualquer outra baboseira que inventarem.

Marighella foi um revolucionário, lutou a favor e pelo povo. Ele incendiava o mundo se fosse necessário, faria isso se essa medida tão radical trouxesse mais pessoas para lutar ao seu lado pela democracia.

Ah, vale ressaltar: Marighella pregava violência somente com quem era conivente com a ditadura e o fascismo. Não espalhe notícias falsas sem antes saber ou consultar.

"O governo demonizava Marighella, que retrucou: 'a pecha de assaltante ou terrorista é uma condição que enobrece qualquer homem honrado, pois significa exatamente a atitude digna do revolucionário que luta à mão armada contra a vergonha e a monstruosidade da atual ditadura militar'".

[Coloquei 4 estrelas por esse livro ser repleto de fatos e pessoas, fazendo com que fique maçante em algumas partes ou demorado por nos fazer pesquisar em outros lugares para entender, mas é PERFEITO]

Carol 24/01/2023

"Não tive tempo para ter medo"
Durante o Ensino Médio estudei ditadura militar, ouvia falar sobre as torturas e perseguições políticas, mas nenhum professor nunca deu nome a ninguém que fazia oposição. Sempre falavam que havia oposição, mas nunca falavam os nomes das pessoas que lutaram nela, e menos ainda das que pereceram diante do terrorismo de Estado.
Se Marighella errou ou acertou em suas escolhas, nunca serei capaz de fazer esse julgamento. Nasci e fui criada em um país democrático, que embora tenha sua democracia ameaçada por um monte de fascista, continua sendo democrático. Não tem juízo de julgar decisões de ninguém, em tempo algum, mas uma coisa é certeza: Marighella é uma figura histórica admiravel e esse livro mostra que antes de militante, ele era um ser humano.
A direita teme e tenta deslegitimar pessoas como Marighella e Lamarca porque elas são tudo o que eles não são: humanos. Eles não pensam em coletivo, somente no individual. Não pensam no povo, somente em si mesmos. Por isso eles nunca terão heróis para se admirar: porque herói é quem luta pelo bem coletivo e não quem luta somente por seus interesses pessoais.

Ricardo de Andrade 15/01/2023

Guerrilheiro brasileiro
Demorei um tempo pra ler pois foi uma leitura a qual não me planejei para ler. Mas foi muito proveitosa. A biografia é escrita de uma forma nem um pouco cansativa e é rica em detalhes. Mostra-se um trabalho interessantíssimo, dado que não deve ter sido fácil achar detalhes da vida de um guerrilheiro que se mantinha a margem da ditadura militar.

Em certos momentos, chega a ser uma escrita quase que literária, acredito que pelas escolhas do autor de contar essa história. Marighella, apesar de ter sido conhecido por grande parte da população brasileira como um terrorista, hoje com a dissecação de notícias e registros falsos, atualmente pode ser enfim reconhecido como um dos heróis da história brasileira.

Vale a pena a leitura.